terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tiradentes (Ipsis litteris)


TIRADENTES                                                                   

    Alguns estudantes brasileiras na França pensaram em alcançar a Independência do Brasil com um movimento amparado pelos E.E.U.U. Destacaram-se entre eles: Domingos Vidal de Barbosa, José Mariano Leal e José Joaquim Maia.
   No Rio de Janeiro, Álvares Maciel encontrou-se com o Sr. Joaquim José da Silva Xavier, homem nobre, de célebre caráter e de modesta origem. Êste exercia a profissão de dentista donde lhe puseram o nome de Tiradentes.
   Maciel continuou seus planos para a libertação do Brasil, que os abraçou com entusiasmo. No grupo principal distinguiam: Tiradentes, a alma principal, o coronel Andrade, o poeta Inácio José de Alvarenga, o Pe. José de Oliveira Rolim e o Dr. Álvares Maciel. Notavam-se ainda: o sargento-mor Luis Vaz de Toledo Piza, Domingos Vidal Barbosa, o poeta e desembargador Tomaz Antônio Gonzada, o poeta Dr. Cláudio Manuel da Costa e o Cônego Luís Vieira da Silva.
   Em casa dos chefes reuniam os conjurados: pensavam em fundar uma universidade em Vila Rica, abrir escolas para o povo. Tôdos temiam a derrama, isto é, a exigência do impôsto atrasado. Os conjurados concordaram em fazer romper o movimento quando fôsse lançada a derrama.
   Em Minas, o vice-rei Luis de Vasconcelos de Souza prendeu os principais conjurados, e Tiradentes foi preso numa casa na rua dos Latoeiros. Os denunciados em Minas foram remetidos para o Rio: Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão em Vila Rica.
   No dia 19 de abril, na cadeia pública do Rio de Janeiro, o Dr. Alves da Rocha entrou no oratório para ler a sentença aos réus. Eram doze os criminosos. Estavam cercados de fôrca embalada e esperavam as últimas palavras de seus destinos. A leitura da sentença durou duas longas horas. Pela sentença os infames eram condenados à fôrca  e a alguns cabia o horror de serem esquartejados e espetados em postes. Logo depois, o mesmo ministro lera a grosseira sentença, vem anunciar a clemência da rainha aos conjurados, que poupava do suplico da morte, exceto a Tiradentes.
   Tiradentes era de espírito grandemente forte. Na manhã de 21 de abril, ao despir-se, dizia: “Que o seu Redentor morrera por êle também nu”. No campo da lampadosa erguia-se um sombrio patíbulo, com 20 degraus, destinado ao memorável exemplo. Na frente da cadeia pública organizou-se a procissão com a irmandade de Misricórida e sua colegiada. Tiradentes tinha as faces abrasadas e caminhava apressado e sem mêdo com um cruxifixo que trazia à mão e à altura dos olhos. Nunca se vira tanta constância e tamanha consolação.
   É chegada a hora do suplício. Subiu ligeiramente os degraus, sem desviar seus olhos do santo crucifixo, e pediu ao carrasco para não demorar.
   Antes do suplício um dos religiosos falou: “Não atraiçoes o teu rei nem por pensamentos, porque as próprias aves levar-te-iam o sentido dêles".  Foi profunda a impressão do povo que abandonou suas casas para ver o espectáculo horroroso. As janelas estavam tôdas cheias de gente e nas praças era impossível o  movimento. As pessoas mais delicadas haviam abandonado a cidade desde a véspera pra não testemunharem a execução.
   Morto Tiradentes, esquartejaram-no e com seu sangue rescreveu-se a certidão do suplício. A cabeça do herói foi colocada num poste em Vila Rica.
  Assim morreu um mártir da Independência do Brasil
José Aureliano da Silva.
2ª. série.

Nenhum comentário:

Postar um comentário