domingo, 28 de outubro de 2012

Seoldo e Judith visitam Senhora de Oliveira




Seoldo e Judith posam ao lado da Seoldo's
traveller tree (sítio meia-dúzia)

Por que Senhora de Oliveira?

Senhora de Oliveira fica nos limites entre a Zona Metalúrgica, onde as montanhas de ferro são exportadas para que se transformem em aço, e a Zona da Mata, onde as árvores nativas cedem espaço para o eucalipto que também contribui para que o ferro torne-se aço dentro de nosso próprio país. Se a estrada real tivesse acostamento, Senhora de Oliveira seria nele, pois no mapa do "caminho velho" a região aparece como um cantinho da Zona da Mata que foi influenciado pelas entradas dos que vieram procurar ouro para levá-lo a Paraty e depois para Portugal. Nós, ex-seminaristas oliveirenses, habitamos uma terra lateral que tangencia a história mais rica de Minas Gerais e do Brasil. Como parte de um povo que recebeu um legado de seus antepassados, somos coadjuvantes, nunca protagonistas, de boa parte do que aconteceu em Minas em épocas mais remotas: a guerra dos emboabas chegou bem perto daqui, um dos episódios ocorreu em Piranga, ou melhor, num de seus distritos de nome Bacalhau — a cidade era esperta o suficiente para empurrar os combates para fora de seu centro, preservando os bens patrimoniais de seus líderes —; o ouro brotava com facilidade em Ouro Preto, aqui em Senhora de Oliveira só encontraram esse metal no Ribeirão Podre, um riacho de águas claras e potáveis que era podre de tudo quanto fosse preciosidade, diziam os garimpeiros; Aleijadinho, o famoso escultor barroco, entalhador em pedra sabão, esteve a dezesseis quilômetros daqui, na cidade de Rio Espera — construiu ali um altar e o levou, em lombo de burro, para uma das igrejas da então capital de Minas. Numa história farta de acontecimentos, ser coadjuvante não é demérito, ao contrário, coloca o município numa posição de vantagem estratégica quando os eventos se associam a guerras, poluição, evasão de riquezas minerais e vegetais, e perda de autonomia. Esse é um acostamento onde vale a pena viver ou parar para dar uma espiada: ainda temos, nas montanhas, um restinho da Mata Atlântica que por aqui foi empurrada para os cumes dos morros, e, por todo lado, um povo genuinamente do interior, a maioria descendente dos portugueses que venceram a guerra dos emboabas. Temos ainda... Bem, não vamos esticar as preliminares, vocês perceberão, ao longo deste texto, um pouco do que temos.


A partir de 1959.


Senhora de Oliveira nos anos 50 do século XX
Pois bem, finalmente vamos à história que nos interessa: esse é o lugar onde o Padre Marino veio buscar, a partir de 1959 , um boa quantidade de gente fina, meninos inocentes, filhos de mães que queriam um padre na família. Nisso éramos lugares-comuns: crianças inteligentes, bem comportadas, mas caipiras e batateiras. E nossa lista é bem grande: Rosalino, Lulu, João Saturnino, Zé Engrácio, Zé Milagres, Edgard, Zé Agnaldo, Ildeu, Quinzinho, Zé Cesário, Oiser Mário, Canhão e José Maria Coelho (não confundir com José Maria de Carvalho Coelho, este é de Belo Horizonte). É por isso, por ser o berço de tantos ex-seminaristas Crúzios, que o casal quis conhecer o lugar que, sem demora, gostou dele: da refinada filosofia e do humor de coroinha do leopoldinense Geraldo e da simpatia cativante de Judith. Ele, um brasileiro com jeito de americano, do que deu mostras ao lado do motorista, transformando-se em eficiente copiloto: perto dele ninguém desobedece as regras de trânsito. Nosso estimado amigo gosta de tudo certinho, é um legalista acima de tudo, com ele podemos aprender muito. Ela, uma americana quase brasileira, a exceção do leve sotaque. É fácil  gostar deles, mesmo que ambos não conheçam o ora-pro-nóbis, um pecado dos grandes para o Seoldo, pois além de ser mineiro, viveu bastante tempo em BH e haveria de conhecer nosso prato mais famoso (ou será que só conhecia o quiabo?). Pecados debaixo do tapete, e virtudes coladas no teto mais alto: gente que gosta do sol do meio-dia e do luar da madrugada, que aprecia um bom vinho e que na cachaça dá uma talagada quando precisa e duas quando não precisa (culpa da provocante qualidade de nossa pinga). Judith e Seoldo são do melhor remate: amam as árvores, os pássaros, os filetes d’água e o céu estrelado; gostam de uma boa conversa, de fotografar nosso canário-da-terra, sanhaço, tico-tico, sabiá-barranco, seriema, beija-flor, tesoura-do-campo, quero-quero, anu-preto,  maria-preta, maria-branca e todas as marias de asas; Seoldo aprecia filosofar sobre assuntos diversos, desde o misterioso sentido da vida até as práticas mais simples da agricultura. 

Um caso de empatia difusa.


Geraldo — desculpem-me chamá-lo de maneira tão estranha, isso porque a Judith fez com que nos acostumássemos ao seu primeiro nome — empolga-se ao concluir que os ex-seminaristas deram-se bem na vida. Não importa que o interlocutor não saiba bem de como andou cada um em particular, parece que ele usa do princípio estatístico de que basta degustar uma colher de vinho para definir a qualidade de toda a videira. O caso é de uma empatia difusa que nos é tão rara quanto cara. Seoldo fica feliz quando dizemos que o sucesso de que falamos não é apenas o do lado financeiro, olhamos, principalmente, pelo lado da existência, num sentido mais amplo, pelo viés humano. Não há dúvida, ele agora tem certeza de que os antigos colegas realizaram-se: não temos relatos de drogados, nada de alcoolismo — olha que não somos apologistas da abstemia, uma dose aqui e outra ali é sempre sinal de que se está vivo, além de dar um certo barato que não se encontra na água benta —. Não é preciso tanto para viver com dignidade, mas temos um quadro positivo: alguns dos ex-seminaristas Crúzios estão ricos e bem de vida, o que é bom, mesmo que isso não chegue a ser essencial, nem para a felicidade, nem para o respeito público; as suas famílias são bem estruturadas. A vida corre como deve ser, numa sequência que para alguns parece um encadeamento de metas; para outros, uma fila de acasos, e há os que pensam que a vida é um script de Deus do qual não se pode fugir: estudos, sonhos, formaturas, mais sonhos, casamento, trabalho, constituição de família, casamento de filhos, netos, idade e, finalmente, a grande incógnita do eterno retorno, como diria o Alemão, que apelidamos de Nith. 

Seoldo na fazenda do colega Edgard, no córrego do
Pega Bem
Visitando os amigos

Do geral para o particular: em Senhora de Oliveira, Geraldo fez questão de visitar o ex-colega José de Lurdes, o Canhão, este temporariamente afastado dos Encontros da EASO, pois preparava-se para uma cirurgia que ele, como todos nós, esperava que lhe trouxesse de volta a plenitude física ( como de fato veio a ocorrer,  posteriormente, conforme informações de novembro de 2012). Conversaram demoradamente sobre os velhos tempos: Canhão a dizer que Seoldo é que fora o verdadeiro Canhão, pois tinha um chute muito forte; Seoldo, com a modéstia que combina com seus textos no Blog, a dizer que talvez o Reginaldo merecesse tal título. O certo é que Zé de Lurdes, que da bola mal sabia que era redonda, ficou com o cobiçado apelido, e segundo disseram, por uma casualidade, quando aplicou um efeito tipo folha seca que fez com que a bola molhada estourasse com o impacto oblíquo contra um pé coberto de barro, e o apelido surgiu na hora e pegou, e foi o Edgard que o colou nele. Canhão é apelido circunscrito ao tempo e lugar, anos 60 e seminário da EASO. Ninguém jamais ouvira falar do Canhão em Senhora de Oliveira, até o dia em que o Nonato apareceu por aqui, em 2010, e foi visitá-lo e, ao ser recebido pela   irmã dele, perguntou onde estava o Canhão. Nosso ilustre paraense correu o risco de matar a moça de susto, ela poderia ter imaginado que uma briga de proporções ganhasse curso e que as armas pesadas estivessem sendo procuradas, de casa em casa, pela força armada do norte. Mas voltando ao diálogo concreto entre nosso também ilustre visitante de 2012 e o Canhão, podemos observar como o tempo muda o comportamento das pessoas: ali naqueles sofás, frente a frente, mergulhados numa atmosfera de emoções contidas, os dois trocam informações como verdadeiros colegas, sem as amarras que as diferenças de idade (quatro anos - vide link) e de nível escolar lhes impuseram naqueles anos de seminário. Aquelas barreiras não mais existem, o tempo nivelou as idades e o conhecimento; evaporaram-se as razões dos constrangimentos daqueles tempos em que esses dois colegas mal podiam trocar algumas ideias. O mais velho perdeu os penachos, e o mais novo, os cabelos; agora, 50 anos depois, estão na mesma sintonia: ambos estão aposentados e podem andar gratuitamente de ônibus e têm fila preferencial em Bancos, Cartórios e em todo tipo de órgão público. Mas nenhum jovem os inveja, a vida parece ser assim, quanto mais regalias e privilégios nos dá o governo, menos razões temos para deles gostar.

Um pé de ipê.

Judith, sob a supervisão de Seoldo, prepara-se  para
descer a muda à cova já pronta (no sítio meia-dúzia)
Em Senhora de Oliveira, Seoldo e Judith só passaram duas noites e um dia, pois chegaram à tarde no dia 12 de Setembro e retornaram bem cedo a BH no dia 14, onde as mulheres arrumaram os cabelos e os homens tiraram uma soneca, pois no mesmo dia todos foram para Nova União. Em tão breve estada na pequena cidade do interior, puderam, contudo, provar da Minas rural: comeram queijo; degustaram um suculento ora-pro-nóbis que o Seoldo chamou de miserere nobis (do que rimos muito, pois em nossa ignorância do Latim, achamos que ele quisesse dizer: "que miséria! Tanto falam na tal comida e nos servem este tantinho", é claro que não teríamos rido tanto se soubéssemos, naquele momento, o verdadeiro significado dessa frase de contrição.
Na primeira noite em nossa cidade, o casal visitou um comitê eleitoral e, no outro dia, a casa da fazenda do colega Edgard. No sítio ½ dúzia, Seoldo só não tirou leite, ou porque não queria pisar em bosta de boi, ou por não gostar de se levantar cedo, mas não foi o que disse, disfarçou com elegância: "perdi o jeito".
Um dia e meio, pouco tempo para os da terra aproveitarem a experiência do casal e botarem o papo em dia com tão rara visita, mas tempo suficiente para que Judith plantasse um pé de ipê-amarelo, que ficará aqui para Maria José lembrar-se da irmã que ganhou e para fazer companhia a uma outra árvore que do marido já tem o nome, tudo em inglês, para os parentes e amigos americanos entenderem: Seoldo’s traveller tree.
E, assim, termino este pequeno relato e digo que o Seoldo ao vivo pareceu-me o mesmo Seoldo que conheci nos tempos do seminário, mas confesso que não o conhecia tão bem naquela época, embora tenhamos convivido diariamente durante quatro anos, e o motivo é o mesmo que relatei quando me referi ao encontro do Zé de Lurdes e Seoldo: a convivência dos grandes com os pequenos tinha seus limites impostos pela sabedoria Holandesa. Acho, mesmo com poucos dados para melhor cotejo, que o Seoldo de hoje é um pouco mais tímido e obviamente mais vivido. Se individualmente são ótimos, juntos, Seoldo e Judith, são excelentes e gostam do que nós também gostamos, e como a vida é feita, também, de coisas simples que muitas vezes revelam mais do que as mais pomposas, foi pena não termos fotografado o momento em que eles esfriaram os pés no laguinho que temos bem perto de nossa casa.

PS: Durante todo o tempo, mantive sob vigilância o caderninho preto que o Seoldo trazia no bolso da camisa. É que o Santana nos alertara, com sabedoria e esperteza santanense, que o homem do Arizona o sacava, como se fosse uma arma perigosa saída de algum filme do faroeste, e nele anotava tudo. Para mim ele disse: "nada disso! Isso é coisa inventada pelo Santana, e mostrou-me a caixinha de seus óculos que trazia no bolso, mas depois confessou em e-mail: "O Santana estava certo".




No sítio meia-dúzia: Seoldo, Judith, Maria José e Lulu.



terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Santa Cruz voltou?



 O Santa Cruz em 2012 -  A partir da esquerda, agachados: Rosalino,
 Lulu, Nonato, Alfredo e Marquinhos; em pé: Chicão, Max, Benoni,
José Geraldo, Tião Coelho e Seoldo.
No dia 15 de Setembro de 2012, em local totalmente fora do contexto e das canchas de futebol, no restaurante da Serra da Piedade, o esquadrão do Santa Cruz posou para uma foto histórica. O interessante é que todos os jogadores lembravam-se das posições em que jogavam nos anos 60 do século passado. Mas, a bem da verdade, o time nunca teve essa exata formação, pois alguns jogaram em épocas e níveis diferentes: uns no primeiro time, outros no segundo. O Santa Cruz poderá ter novamente essa formação em 2013, isso se os nossos arquiadversários, o Sparta de Campo Belo ou mesmo os ex-alunos do Colégio Dom Cabral, aceitarem um novo e definitivo confronto. O difícil será encontrar aqueles jogadores, pois, como nós, certamente se espalharam.
  Prova cabal de que todos acima jogaram  bola naqueles tempos:

Nesta temos o Seoldo, o José Geraldo Freitas,
o Max, o Chicão, o Nonato, o Alfredo e o Marquinhos.

Mas a prova não se resume numa só foto, temos outras:

Nesta foto, vamos encontrar o Rosalino, o Lulu, o Alfredo e o
Nonato, estes de cócoras. De pé: o Max e o Chicão.


O Benoni é o terceiro de pé, a contar a partir da esquerda, e,
 na linha de frente, vamos encontrar o Nonato , o Alfredo e
  o Marquinhos
Nem sempre a tese inicial pode ser provada, não encontramos o Tião Coelho em nenhuma de nossas fotos , mas temos que tirar esse coelho da cartola, então, o Tião ou qualquer um que tenha uma foto daqueles tempos em que ele aparece ficam convocados a nola enviar (por e-mail, no formato jpg).

Fotos de outros times de futebol da EASO cujos jogares não compareceram ao IV Encontro:




A foto abaixo foi incluída nesta postagem em 24/10/2012, pois nela encontramos, entre outros, um dos presentes no IV Encontro que não entrou na primeira foto desta postagem (colorida): trata-se de  José Geraldo d'Assunção, o segundo, em pé, da esquerda para a direita. Esta é a  foto 114 já  publicada no blog em 6 de novembro de 2010 (link; aqui ).



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Algumas das belíssimas obras de arte do Caraça em fotos do MR


Entre as atrações que mais me fascinam no Parque do Caraça e no conjunto onde está o antigo Colégio e Seminário, no município de Santa Bárbara (MG), estão os vitrais da igreja em estilo neogótico  de Nossa Senhora Mãe dos Homens e, sobretudo, o quadro A Santa Ceia, que é considerado uma das obras-primas da pintura brasileira de todos os tempos.  E, durante o nosso IV Encontro, tive a oportunidade preciosa de fotografá-las em detalhes, que divido aqui com os nossos colegas easistas e demais leitores deste blog.

[Clicando em cima de cada uma das fotos, ela pode ser vista ampliada, mostrando mais detalhes dessas obras, o que as torna ainda mais maravilhosas).



A Última Ceia, quadro datado de 1828 de Manuel da Costa Ataíde, o mais importante pintor do Barroco Mineiro (Séculos XVII e XVIII), é com certeza a obra de arte mais valiosa e mais famosa do antigo Seminário do Caraça. Esta pintura fica exposta permanentemente em local de destaque na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens. O detalhe curioso é que o apóstolo Judas Iscariotes, com o seu saquinho de moedas, está sempre olhando para o observador -- esteja este onde estiver. Sobre esta pintura, vale ler o que está escrito na minibiografia do autor, na Wipédia (link aqui).


Os belíssimos vitrais da igreja  em estilo neogótico de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no antigo Colégio Caraça, também são verdadeiras obras de arte. Aqui, a foto mostra um detalhe da cena bíblica do Nascimento do Menino Jesus.



Este outro vitral apresenta a cena bíblica do Menino Jesus aprendendo o ofício de carpinteiro, com seu pai, São José, sob o olhar de Nossa Senhora.



Neste terceiro vitral, Jesus, ainda menino, aos 12 anos, 
prega aos sábios, no Templo de Jerusalém.


Neste quarto vitral, o Menino Jesus é apresentado no Templo (leia
a atualização abaixo feita a partir de um puxão de orelhas que o Santana, corretamente, me deu e eu aceito de bom grado, pois, de fato, devo ter fugido da aula de História Sagrada a que ele se refere -- rs rs rs) 


Este quinto vitral mostra a cena bíblica em que Jesus realiza o milagre 
da transformação da água em vinho, durante as Bodas de Caná (eu havia dito aqui, nesta legenda, anteriormente, até o já citado puxão de orelhas, que teria havido também a multiplicação dos pães durante as tais bodas bíblicas 
-- vejam a minha ignorância).
[Nesta foto dá para se ver a parte superior do vitral, que também é muito bonita]


Este sexto vitral mostra um Anjo com as Tábuas da Lei (Os 10 Mandamentos).


E neste sétimo vitral, também em formato circular, como o anterior, um Anjo com a inscrição das palavras iniciais do Evangelho de São João, "In principio erat verbum" (No principio era o Verbo). Eu havia escrito anteriormente que se tratava das palavras iniciais do Gênese. Santa ignorância a minha! Vide a observação 3 abaixo.

Atualização em 19/12/12:

Eu havia feito esta postagem no dia 18 de outubro e, como houve poucos comentários, acabei nem voltando aqui para ver se estava tudo em ordem.  Acontece que dois dias atrás, recebi um e-mail do caro easista Santana (Antônio José Ferreira), nosso colega residente em Lavras e também sub-editor deste Blog), fazendo uma série de correções nas legendas do meu post, as quais resolvi incorporar com destaque.

   Primeiro, transcrevo logo abaixo (em azul) o seu e-mail e, na sequência, farei um rápido comentário:

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Caro Marcos Rocha,
Olá como vai, tudo bem? E o Concurso de fotos, recebendo boa votação?
Estou mandando esta mensagem para sugerir-lhe algumas correções nas legendas das fotos da Igreja do Caraça, que observei, agora, revendo a postagem.
Parece que o amigo faltou a algumas aulas de religião (História Sagrada) do Pe. Humberto, ou então, é o efeito do tempo (risos).
Penso que algumas imprecisões deveriam ser corrigidas. Brincadeira à parte, acredito que tenha sido nada mais que um lapso do amigo, que pode acontecer a qualquer um de nós. Se passou pela revisão, desculpe-me não ter percebido e lhe alertado a tempo.
Seguem as sugestões:
1. Na quinta foto (quarto vitral), onde consta na legenda "Jesus é apresentado aos Reis Magos", o correto é: "Jesus é apresentado no Templo" (quarenta dias após o nascimento). Conforme costume entre os judeus na época, todo primogênito devia ser apresentado no Templo aos 40 dias após o nascimento, levando o pai e a mãe um casal de pombos, como uma oferta a Deus.
2. Na sexta foto (quinto painel), o milagre foi apenas da transformação da água em vinho nas Bodas de Caná e não da multiplicação dos pães, que se deu em outra ocasião (Sermão da Montanha).
3. Na última foto, as palavras citadas "In principium erat Verbum" são do início do Evangelho de João e não do gênese. O gênese começa assim: No princípio criou Deus os céus e a terra ...
Outra sugestão (todavia, não essencial) seria colocar os vitrais em ordem cronológica da vida de Jesus. Ou seja, após o quadro da Santa Ceia (obra prima do Mestre Ataíde), apresentar primeiro a foto do vitral do nascimento de Jesus (aliás como já está), vindo, em seguida, os vitrais da apresentação no Templo, de Jesus entre os Doutores da Lei, de Jesus aprendendo o ofício de carpinteiro, do Milagre de Caná, do anjo com as Tábuas da Lei e, por último, o vitral com a inscrição "In principium erat Verbum".
Na oportunidade, parabéns pelas excelentes fotos. Não sei porque não as inscreveu no concurso. Acho que você ficou com dó de "nosotros". Seria até covardia (risos). Ganharia todos os três prêmios e mais ... se houvesse!
Um abraço,
Santana
                                                --------------------- 
Meu comentário: 
Realmente, caro Santana e demais leitores, fiz a postagem sem submetê-la aos outros integrantes do Conselho Editorial, porque se tratava apenas de textos-legendas (explicativos) das fotos que havia feito na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Caraça, e que, na verdade, eram o que queria destacar neste post.  Não imaginei que estivesse dando uma bola fora tão grande...
Peço desculpas ao demais integrantes do Conselho Editorial e a todos os leitores que acabaram sendo contaminados pela minha desinformação bíblica. E agradeço de modo especial ao caro Santana por estas correções.  Só lamento não poder atender à sugestão que ele faz de mudar a ordem das fotos, para que estivessem na ordem cronológica da vida de Jesus, porque aí, por causa das minhas dificuldades com as ferramentas de edição do blog, seria muito mais complicado.  Abraços a todos.  
Marcos Rocha

   







Reportagem fotográfica sobre o IV Encontro, por Marcos Rocha





quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ECOS DO IV ENCONTRO, por Tupy




IV - ENCONTRO DOS EX-SEMINARISTAS DA EASO
 
DIAS 14 A 16 DE SETEMBRO DE 2012

 

 

Os homens de cabelos brancos (Foto enviada pelo Lulu)
I-À cabeleira espessa do Eustáquio e  à rala do Rafael foram acrescidos mais cabelos brancos, antes e durante o evento, devido as suas preocupações com a realização e com o sucesso do Encontro: e-mails, telefonemas, faxes,  quantas  perguntas, quantas respostas a serem dadas e o programa não saía. Por fim, um programa lacônico, pouco esclarecedor. O nosso querido “Lua” sonegava informações (queria impressionar?!).  Agora, a preocupação do Eustáquio foi ampliada:mais cabelos brancos, mais preocupações. O próximo Encontro será em Campo Belo. Vão embranquecer mais os seus cabelos, e também os do Ázara, do João Henrique, do Olímpio, do Baliza, do Santana e outros campobelenses. “Meu cansaço que a outros descanse.”

 


Casal Waltinho (Lua) e Shirley
II-Por falar em cabelos, certamente a cabeça do “Lua” ficou desprovida de muitos deles, aumentando o brilho de sua cabeça. Não fora a Shirley, sua querida esposa, a comandar todos os passos referentes à recepção: caldos, torresmos, pessoal para cuidar do atendimento, o chapéu passaria a ter seu maior e melhor efeito.  Certamente que o sanfoneiro e o violeiro foram escolhidos a dedo: capricharam, mas foram prejudicados pela ousadia do Tupy e da Dita, que resolveram “dar uma” de seresteiros. O “Barman” fez sucesso com a caipirinha e com a caipijá: deliciosas. O Chope da melhor qualidade e personalizado. Todos os tipos da “marvada”, quero dizer, da “Bendita” GERMANA corriam “a rodo” pelo salão.

 
   Medina, Tupy e Dita na primeira noite do IV Encontro
Video enviado pelo Eustáquio. Edição amadora por
Lulu
 

III- “Ó tempo bão que não vortamais, sordade é que leva e trás”. “Recordar é viver!” – “Recordar é sofrer duas vezes”. Será que é verdade? Todos estavam ali, presentes, recordando o tempo passado, lembrando e vivendo. Sofrendo? Que nada! Estavam todos felizes e alegres, relembrando os bons e maus momentos, as rusgas, as brigas, os prêmios, os castigos, os passeios. Mágoas? Nenhuma. Só paz e alegria.

Tudo isso porque você é “meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas, cabeça de homem, mas coração de menino, aquele que está a meu lado em qualquer caminhada. Me lembro de todas as lutas meu bom companheiro. Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro. O seu coração é uma casa de portas abertas. Amigo, você é o mais certo das horas incertas”.


Lua faz a cachaça e mostra a cana - foto de Lulu
 (clique na foto para ampliá-la)
IV-“Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não!”. Assim nos provou o doutor em cachaça, o nosso querido “Lua”. Terreno para o plantio da cana. Cana especial. Maquinário moderno. Pessoal qualificado. Produção em série. Embalagens personalizadas. Armazenagem especial para cada tipo. Higiene e limpeza. Amor pelo que faz e pelo resultado desejado só pode resultar em um produto de primeiríssima qualidade. Degustar? Vivendo e aprendendo:abrir a garrafa; sentir o cheiro;passar um pouco do produto nos lábios;levar um pouco à boca. Sentir o líquido descer pela garganta. “Nesta casa tem goteira? (tem não, mas), pinga em mim”. “Carro de boi que não geme, não é bom. Carro de boi, só é bom o gemedor”. Falha nossa. Não de carro de boi e sim de um “luxuoso e moderno ônibus com ar condicionado, frigobar e música ambiente” que fomos para o Alambique e depois para o “Divino”. Estrada asfaltada. Curvas reduzidas. Nada de poeira. Um bando de “peões da cidade” passeando “nesta longa estrada da vida”. Foi maravilhoso.

Lua, o professor, dando uma verdadeira aula de como
degustar uma boa pinga. Ao fundo, algumas das varieda-
des da Germana. (Foto enviada pelo Lulu)



V- “Os devotos do Divino vão abrir sua morada, pra bandeira do menino ser bem-vinda, ser louvada .... dando água (ardente, chope) a quem tem sede, dando pão (cabrito e frango) a quem tem fome”. A morada do Divino foi aberta para os Encontristas. Local agradável. Tudo varridinho, multiespaço. Verde e água por todos os lados. Como disseram alguns: “um pedacinho do céu”. Após uma viagem por estrada tão estreita e poeirenta ... “chegou a turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto...”. Nada como uma boa cachaça, um chope gelado para animar os “garotos e as garotas”! Refrescante.
O Divino fica no meio de uma capoeira com água cristalina e cascatas de água fria. (Foto enviada pelo Lulu)

 

VI-Grupos, grupinhos, “panelas e panelinhas”. Cada um ou cada uma buscou aquele ou aquela com quem mais gostaria de trocar ideias. Fofocas? Não. Apenas confidências. Esposas, mães, avós, todas falando dos seus. Maridos, esposos, avôs, todos querendo ouvir causos, falar do passado, sentir a presença dos velhos tempos: dos padres mais amigos, daqueles mais rígidos, dos colegas externos do “Dom Cabral”, dos times do Sparta e do Comercial, dos passeios, das pescarias, das recomendações para as férias; do porquê deixaram o Seminário e de como se viraram para serem o que são hoje. Como conheceram suas esposas. Ah! Se as árvores, o vento e os pássaros pudessem relatar tudo o que ali foi dito! Oh! Campo Belo! Ah! EASO: “Amo-te muito como as flores amam o frio orvalho, que o infinito chora. Amo-te muito como o sabiá da praia ama a sanguínea e deslumbrante aurora. Oh! Não te esqueças de que te amo assim. Oh! Não esqueças nunca mais de mim”.

 

VII- Quantas crianças e jovens passaram pela EASO! Não foram poucos. A semente brotou, a planta cresceu, produziu frutos, a semente se espalhou. Antônio de Araújo Bessa foi fruto “cem por um”. Planta rara, vida efêmera. Vida dedicada. Deixou exemplos de dedicação, persistência e devoção à Ordem da Santa Cruz e à Igreja do Brasil. Foi ordenado sacerdote em sua terra, lá no Pará. Nesta “terra de ricas florestas, fecundas ao sol do Equador...” lá faleceu e lá repousa seu corpo. Com certeza: Bessa descansa em paz.

 

VIII- A maioria de nossos mentores já encontraram “in cruce salus”, cumpriram sua missão, guardaram a fé, hoje ostentam a coroa da glória. Ainda convivem entre nós, no Brasil, em Santa Tereza, Belo Horizonte, os mais antigos: Guilherme, Teófilo, Leonardo, Haroldo, João Maria e Tiago. Que tenham vida longa com saúde e paz. Os Crúzios marcaram nossas vidas ecriaram em nós o espírito de disciplina, de firmeza, de moral e de ética.

Estudantes de 1961 na frente da porta que seria fechada em
1968 - (foto do arquivo do Blog)
 

IX-“Roma locuta, causa finita!”. “Ordens ... são ordens!” “Manda quem pode, obedece quem tem juízo!”. E, assim, a Escola Apostólica Santa Odília, a EASO,fechou suas portas. O Seminário deixou de existir. Tudo acabado! Epa! Epa! Epa! ...Ôpa! Ôpa! Ôpa! “Que, que é isso, minha gente!” Das trevas sempre brota uma luz. Por cima dos escombros sempre surgem novas construções. “Quero falar de uma coisa. Advinha onde ela anda? Deve estar dentro do peito. Ou caminha pelo ar. Pode estar aqui do lado, bem mais perto do que pensamos. A folha da juventude é o nome certo desse amor. Já podaram seus momentos. Desviaram seu destino, seu sorriso de menino quantas vezes se escondeu! Mas renova-se a esperança, nova aurora a cada dia. E há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e frutos”.

 

X-“Hic et nunc”. No aqui e no agora, das trevas está brotando uma nova luz.

Após acertos e desacertos, foram ordenados quatro novos Padres Crúzios brasileiros. “Vitória, tu reinarás! Ó Cruz Tu nos salvarás!”

 

Os padres Crúzios nos anos 60
XI- Velhos tempos! Grandes sonhos! Vidas doadas! Missão cumprida! Esquecer? Jamais! Os primeiros Crúzios foram verdadeiros missionários. Aqui chegaram. Aqui deram suas vidas. Aqui construíram famílias. Aqui lançaram sementes.A semente lançada nasceu naroçada da terra mais fértil. Foi sal e fermento. É luz que ilumina a estrada do povo fazendo história (a nossa história). Dando vida às palavras sem medo: é libertador! Nasceu a esperança nas suas andanças, colhendo, contente, os frutos mais belos, falando de paz, justiça e verdade, da fraternidade. Assim vivem, assim vivemos nós, os Encontristas. Frutos dessas vidas dedicadas, um pouco de cada um deles ficou e ...permanece. Hoje o que se vê são homens dignos, excelentes profissionais, maridos amantes de suas esposas, grandes e amorosos pais de família. A semente brotou? Ou não?

 

XII-Surpresa! “A semente brotou e cresceu, porque eu (no caso: cada um deles, os missionários Crúzios) acolhi a voz do Senhor!”. Uma nova semente brotou na roçada da terra fértil. Só neste ano foram ordenados quatro novos Padres Crúzios. Todos brasileiros. Todos mineiros da gema. Um de Campo Belo: padre Elione; um de Juiz de Fora: padre Júlio; dois de Astolfo Dutra: padres José Cláudio e padre Wilson.



Padre Wilson no IV Encontro (Foto
enviada pelo Lulu)
Este último, padre Wilson, esteve presente em nosso encontro representando os seus confrades. Wilson dissertou sobre a formação que eles tiveram, as dificuldades por que passaram, mas que agora estão residindo em Campo Belo, nas dependências do Colégio Dom Cabral. Continuam como missionários voltados para a vida religiosa em sua essência, no trabalho pastoral e na busca de novos integrantes para a OSC do Brasil. Nesse propósito, já contam com três postulantes, os quais ocupam pequenas e espremidas celas provenientes da divisão de alguns dos quartos do antigo convento. Há uma perspectiva de, no próximo ano, acolherem outros candidatos, inclusive de outros países. “O caldo entornou!”. Onde abrigar os próximos candidatos?

Por outro lado, o visível crescimento do Colégio Dom Cabral, a utilização de novas técnicas e metodologia de ensino ali implantadas desde a chegada do diretor Eustáquio, o nosso Eustáquio, exigem novas salas. O que fazer?

 

XIII- Silêncio. Estupefação. Proposta. Utilizar todo o segundo andar para salas de aula e para a administração do Colégio. Os novos padres, junto com seus postulantes e noviços, deverão se alojar em outro local. Qual? Não existe. Precisa ser construído. Onde? Bem, pode ser ao lado da Igreja e o mais rápido possível. Sua Eminência, o Bispo da Diocese de Oliveira já autorizou. O Mestre Geral também e já se dispôs a enviar uma ajuda financeira. A população de Campo Belo encampou a ideia e já está se mobilizando. Graças a Deus!

 

XIV- Que felicidade! Os Crúzios ressurgem das cinzas com força jovem, sangue novo. Vamos colaborar? Claro! Afinal, ali está um pouco da história de cada um de nós. Assim, tomando a palavra, o Tupy (este escriba) sugeriu que cada um de nós presente poderia colaborar.Inicialmente com o valor de um salário mínimo, a começar já em outubro, contribuição esta que poderia ser dividida em duas, três, quatro ou cinco parcelas. Ou até, em doze vezes, ficando a critério de cada um, contanto que seja já para que sejam apressadas as obras. Cada um que venha ler este “ECO”, mesmo que não tenha participado deste 4º Encontro, poderá colaborar também. Decidimos também que poderemos buscar outros fundos com amigos, empresários, etc.. Um recibo será emitido e poderá ser abatido no imposto de renda. Haverá uma auditoria permanente e todos os contribuintes receberão demonstrativos de como está evoluindo a obra.

 

Nossa casa de formação, o Colégio Dom Cabral de Campo
Belo (Foto enviada pelo Tupy)
XV– Estamos sendo chamados à responsabilidade. Falamos tanto de Campo Belo. Muito reverenciamos a EASO, nossa casa de formação, o Colégio Dom Cabral. Pois bem, chegou a hora de podermos contribuir com um pouco do que temos, acredito que dessa forma não ficará pesado para ninguém. O importante é colaborar.

“Boca fechada não entra mosquito”, velho ditado. O Tupy falou demais e ficou encarregado de “chefiar” essa missão. Conto com todos. Aliás, brotou a ideia de se fundar uma Associação dos antigos alunos da EASO para, cada grupo em sua cidade, promover jantares, bingos ou outra forma de angariar fundos para nossos futuros encontros e para essa grande obra dos novos padres Crúzios. O Marquinho ficou de estudar a ideia e depois repassar.

Como passar essa contribuição já agora?

 

Banco do Brasil: Ag. 0176-7, Conta Corrente: 3841-5 – Campo Belo, MG

Bradesco – Agência 1884-8 – Conta corrente 018015-7 – Campo Belo, MG

Para maiores informações: ORDEM DA SANTA CRUZ – CRÚZIOS

www.cruzios.org.br

 

O Seoldo e o Tupy já deixaram sua contribuição.

 

A Capela da Serra da Piedade ilumina a noite fria de setembro
de 2012 (foto enviada pelo Lulu)
XVI- Bem, a visita noturna à Serra da Piedade foi maravilhosa. A vista magnífica. O frio cortante. A confraternização muito farta e regada com umas boas doses de Germana. Outros deverão discorrer sobre essa visita noturna à Serra da Piedade.

 

Igreja do Caraça vista dos fundos. (foto enviada pelo Eustáquio)
XVII- A visita ao Caraça também teve seu imenso valor. Como bons cristãos e até mesmo católicos de carteirinha fomos participar da Santa Missa, pois era domingo, dia 16. Curioso foi o celebrante que procurou ser muito gentil. Falou ao povo que ali estava presente um grupo de ex-seminaristas. Pediu que nos levantássemos e a assembleia bateu palmas para nós. Ficamos satisfeitos, mas muito sem graça. Entretanto, o pior veio depois. Em sua homilia, o Padre disse que ali poderiam estar 21 padres ajudando a Igreja a levar a sua missão, a Boa Nova do Evangelho, a muitas criaturas, mas desertaram. “Toin”.

Ficamos sem graça. Contudo, nossas mulheres não ficaram caladas, protestaram na hora dizendo: “não foram padres, mas ...realizamos um bonito trabalho missionário na família, nos ambientes de trabalho e dentro da própria Igreja, a qual não serviram como sacerdotes”. Que coragem!

O padre logo mudou seu discurso, dizendo que assim se pode servir muito a Deus e até melhor que muitos padres. Saímos de “cara lavada”. Êta mulheres corajosas e maravilhosas!

Rafael nomeia a comissão organizadora do V Encontro (Foto
enviada pelo  Lulu)
O almoço foi ótimo. Após a refeição reunimo-nos em um canto e começamos a falar do Encontro, da amizade, do valor de podermos estar juntos, da ausência dos companheiros, do sentimento pelos que já ”passaram para o degrau de cima”. Houve a despedida, pois, alguns já partiriam dali mesmo para suas casas. Por fim, ficou decidido que o 5º Encontro será realizado em Campo Belo, dessa vez dentro da semana dos festejos do Dia da Cidade.Foi nomeada a Comissão Organizadora, composta por: Eustáquio, Baliza, Antônio de Ázara, Olímpio, João Henrique e Santana. Estes convocarão outros de perto para colaborarem no planejamento. Ficou decidido também que ficaríamos todos hospedados no Hotel Fazenda Álamo. Indo a Campo Belo, poderemos verificar como estão as obras do novo convento. Nossa contribuição é importante. Contribuam.

Ficamos por aqui. Esperamos ter sido fiéis aos acontecimentos. “Amigos para sempre”.

 

Tupy e Marina – tupypedro@yahoo.com.br

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Assim falou José Geraldo d'Assunção


José Geraldo, entre Lua (E) e Rafael (D),
fala para os colegas que não via há 40 anos.

José Geraldo atendeu ao pedido deste Blog e reproduziu o que disse no dia 15 de setembro de 2012 às 20 horas e 50 minutos no restaurante da Serra da Piedade e, além disso, acrescentou ao seu texto um agradecimento aos colegas que o receberam tão bem:

Como encontrei os ex-seminaristas:
       
Em 2009, após comentar com uma das minhas filhas que eu gostaria muito de um dia revê-los, ela deu-me a ideia de pesquisar na internet. Foi quando tomei conhecimento do blog que haviam criado.
 A partir daí, passei a ter todas as informações necessárias para procurar por vocês.  Na minha pesquisa inicial contei muito com a ajuda do Raimundo Nonato, do José Rafael, do José Tito e do Lulu.

44 anos depois... Como seria?
       
Como confessei durante a minha apresentação, eu havia guardado as minhas fotos e recordações com muito carinho, ao longo desses 44 anos. Todas as minhas lembranças estavam paradas no tempo quando deixei o seminário, cristalizadas naquela época em que criamos fortes laços de amizade.
Éramos todos garotos e, revendo minhas fotos, as recordações vinham como se o tempo não tivesse passado.
Eu queria rever os meus amigos e conhecer pessoalmente aqueles que eu só conhecia pelos nomes, mas me assustava a ideia de deparar-me com todos já velhos, sem as simpatias e afeições do passado. O que seria?
       
Em busca da minha turma:

Na ocasião, consegui falar com algumas pessoas tentando encontrar os amigos que pertenceram à minha turma. Nessa busca, consegui contatar poucos.
 Nos meus contatos houve muita receptividade por parte da maioria e alguma frieza de outros. Mas foi muito gratificante falar com velhos amigos como José Tito, Olímpio, Lua, Canhão e Adrianus. Porém, foi muito triste saber que dois amigos muito queridos já haviam partido (Pelé e João).
       
O medo de me decepcionar:

Eu temia ir a este encontro e ficar deslocado. Realmente tinha medo de correr o risco de destruir recordações tão importantes para mim. E pensei que talvez fosse melhor deixar as coisas como existiam em minha imaginação poética.
Nos encontros anteriores, não fiz nenhum esforço para comparecer, e provavelmente não teria comparecido a este também.



O carinho e a atenção:

Pesava para mim o fato de não ter respondido a uns textos tão carinhosos que recebi, lamentando a minha ausência no encontro anterior, principalmente o do José Rafael, do Nonato e de outros. Não respondi por não querer expor minhas razões.

Coragem:

Adquiri coragem para ir ao encontro graças a uma ligação do Olímpio, quando ele foi sabiamente insistente e convincente, deixando-me sem condições de dizer não. (Fica aqui uma sugestão: vale a pena a comissão organizadora nomeá-lo como caçador de seminaristas desgarrados. Esse cara é bom para­ convencer a gente).
       

Surpresas e agradecimentos:

Inicio meus agradecimentos a todos aqueles com os quais tenho mantido contato desde que tomei conhecimento do blog dos ex-seminaristas e que sempre me incentivaram a comparecer aos encontros. Ao Olímpio, pelo grande empurrão que me colocou novamente entre vocês.
        Foi muito gratificante poder abraçar cada um e saber que os anos não enfraqueceram os laços de amizade que nos uniram há tanto tempo naquele colégio lá em Campo Belo. Fui ao encontro preocupado pelos poucos amigos que iria encontrar da minha época, estava receoso.
No entanto, foi grande a minha surpresa quando cada um que chegava abraçava-me, tratando-me como se fôssemos velhos amigos.
É como o Nonato comentou no texto dele: “não havia distinção de época ou de coisa alguma, éramos apenas amigos e irmãos”.
        Tínhamos ali alguns amigos de projeção social, do que só tomei conhecimento posteriormente, porque em todos os momentos em que estivemos juntos só pude ver humildade e simplicidade.
 Quando tive a honra de abraçar o José Maria e perguntar se ele lembrava-se de mim, imagino que naquele momento ele não lembrou, mas foram tamanhas sua generosidade e simplicidade que ele fez questão de repetir que sim, lembrava.
        A atenção que tive também do Seoldo e de muitos outros que não foram da minha época deixou-me emocionado e muito feliz. Pude constatar que os valores morais ensinados pelos nossos pais e reforçados no convívio com os padres crúzios fizeram de todos nós pessoas boas. Isso é muito importante. Não conseguiram nos formar padres, mas parte da missão foi cumprida; eles nos deram boa base para nos tornarmos o que somos hoje.
        Neste encontro, pude sentir que somos uma irmandade, que naturalmente se formou pelos laços de amizade que nos uniram há tanto tempo no convívio que tivemos naquele seminário. Vocês surpreenderam-me muito, a receptividade foi tão boa que superou minhas expectativas.
        Adorei a aula do Lua sobre cachaça e nunca poderia imaginar que aquele meu amigo de 44 anos atrás fosse estar ali, naquele momento, como um dos donos e profundo conhecedor de uma das maiores marcas de cachaça do mundo, ensinando-me a forma correta de tomar a bebida. Poxa! Fui aprender a tomar cachaça depois de 60 anos de idade (obrigado ao Lua e Shirley).
        Seria uma falha gravíssima se eu não falasse da simpatia das esposas, filhas, filhos e até netos dos meus amigos. Tive a oportunidade de conversar com algumas das esposas e foram todas muito simpáticas.
         Valeu muito a pena ter ido a esse encontro. O meu medo de encontrar um bando de velhos, sem que eu pudesse reconhecê-los como meus grandes amigos do passado, e o pior, nem ser reconhecido por eles, realmente preocupava-me.
 Mas foi tão bom ver que envelhecemos um pouquinho, mas só fisicamente, e que a vitalidade, o humor, o companheirismo e a amizade ganharam mais força com a maturidade.
        Fico rindo sozinho só de lembrar-me das molecagens do Lua imitando o padre Humberto, do Tupy fazendo a dança do índio para o neto do Rosalino e tantas outras brincadeiras e momentos de descontração por parte de todos.
        Gostaria de mandar um recado aos meus amigos de 1965 a 1968 que lerem esse texto: façam contato com a gente! É muito gratificante poder falar com cada um que ressurge daquela grande família que fomos um dia no seminário.
 Meus amigos, continuem assim e que Deus os abençoe. Saibam que agora vou sentir mais falta ainda de vocês, e quero vê-los no mínimo uma vez por ano nos nossos encontros.
Um grande abraço a todos que compareceram ou que não puderam comparecer ao nosso encontro.

José Geraldo d´Assunção.