sexta-feira, 12 de julho de 2013

Vale a pena ver de novo: Santana do Jacaré


Rio Jacaré no entorno de Santana do Jacaré. Foto, possivel-
mente,  de 1961.
Uma pesquisa para medir o interesse dos Encontristas da EASO em visitar Santana do Jacaré - MG está posta na coluna à direita. Essa pesquisa pode ser respondida pelos Easistas que pretendam ir ao V Encontro em Campo Belo. Uma boa programação para eventos dessa natureza exige que tudo seja planejado com antecedência, motivo da urgência e do tempo limitado em que a pesquisa ficará ativa no Blog, apenas 6 dias.

Aquele que quiser colocar sugestões ou mesmo, simplesmente, acrescentar uma mensagem ou opinião a respeito desse passeio e de falar de suas lembranças de Santana do Jacaré pode fazê-lo com um comentário no rodapé desta publicação.

Para os não Easistas, leitores deste Blog, cabe uma explicação que esclareça a importância de Santana do Jacaré para nosso grupo: essa cidade é parte importante da história de cada um dos ex-seminaristas da EASO, isso pode ser exemplificado pelo texto abaixo, escrito pelo ex-seminarista Antônio de Araújo Bessa, em agosto de 1959, e que já foi publicado no Repórter Crúzio e neste Blog.

Assim disse Bessa:

"Quinze dias de férias em Santana: de onze a vinte e cinco de julho. Que dias felizes! Estes foram vividos e sentidos por nós. Não desperdiçamos um só minuto. Estes nos deixaram mais novos, com mais disposição e com mais coragem para enfrentarmos as aulas e para continuarmos a caminhar nesta estrada tão longa e tão difícil, em busca do ideal, maior e o mais sublime: o sacerdócio. Mas, depois que alcançarmos esse ideal, seremos os heróis do mundo.

Só houve uma coisa que não preocupou as nossas empregadas em Santana: arranjar água para bebermos, porque não passávamos nem meia hora sem chupar laranja, e, assim, não tínhamos sêde.

Estas férias em Santana até nos deram o gosto pelo voleibol, que ainda não tinha brotado no nosso meio. Jogamos muito lá e foi o primeiro esporte que praticamos quando voltamos.

Se alguém nos perguntar quais foram os passeios de que mais gostamos, é claro que responderemos logo, e sem receio de errar: foram aqueles nas fazendas em que fomos almoçar ou jantar. Olhe bem: tomamos vinho e até conhaque nessas refeições. Só faltava pinga. Quem não gostaria? Acho que ninguém ficou tonto, graças a Deus. Isso seria muito feio. Ficou-se mais alegre; quem estava com frio ficou um pouquinho de calor, sòmente.

O povo de Santana admiradíssimo ficou conosco. Ora, tinha razão. Preste bem atenção: íamos a umas fazendas de oito até nove quilômetros de distância da cidade, para chupar laranjas. Chegando lá, chupávamos até a barriga esticar o mais que podia, e ainda cada um voltava com quase meio saco de laranjas. Pensando bem, meditando bem no assunto, somos, deveras, corajosos. O dono de uma fazenda nos reservou vinte litros de leite. Mas, ainda que cada um tomasse três ou quatro copos, não houve jeito de darmos cabo do leite. Na verdade, nossas barrigas são bem grandes mas havia muito leite; Também havia biscoito e muito. Biscoito é o que mais sobra na roça. Pode faltar tudo, mas o biscoito não falta.

Até ao cinema fomos em Santana. Mas houve um grande perigo: numa das vezes, começou o filme e olhávamos atenciosamente para a tela, quando se nota um alvoroço dentro do cinema. Foi a força elétrica que aumento e a fita pegou fogo. Na carreira em que fomos saindo do cinema, quebraram-se muitas cadeiras; uns quebraram a perna, outros saíram machucados e um seminarista fêz um "galo" na cabeça. Para quem estava fora, foi bonito o espetáculo. O povo mergulhava da porta à estrada, como quem mergulha num rio qualquer.

É de admirar: os queridos times de Santana não nos convidaram para jogar com eles. Acho que ficaram com muita vergonha no princípio do ano e tiveram mêdo de apanhar novamente. O time do seminário é o segundo "Galo" da cidade".
Fonte: Repórter Crúzio, autor: Bessa, em agosto de 1959.