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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O reboliço da cidade (Ipsis litteris)


O REBOLIÇO DA CIDADE
   Os veículos se cruzam nas ruas, cheios de passageiros; as locomotivas vomitam fumaças obtendo pressão capaz de as pôr em movimento para realizarem seus cursos; somos incapazes de dormir uma noite inteira sossegadamente, na cidade.
   Na madrugada êsses barulhos picantes e aborrecíveis, começam a bater de novo em nossos ouvidos, fazendo um zum-zum como dum enxame de abelhas.
   Os veículos quase voam; os homens andam às carreiras em busca daquilo que não lhes dá a vida (espiritualmente falando): o luxo, o orgulho que é uma consequência do primeiro e sempre mais preocupações.
   Alí, uma pessoa é atropelada; lá, uma casa arde em chamas; mais adiante, dois carros entrechocam-se. Assim dão-se acidentes a cada instante.
   O andar desenfreado dos carros, os silvos das sirenes, o vozerio dos ruídos das fábricas, fazem um barulho ensurdecedor.
   Agora falo com o silêncio. Oh silêncio, onde estás?  Por que foges da sociedade, que deves implantar-te? É devida à tua falta que os erros estão enraizando-se nos cérebos humanos. Bem sei que não és tu que foges! Não tens vidas, nem corpo, nem qualquer outro dom. És inanimado! És impercebível! Os homens é que  te abandonam; não crêem em ti; não querem "perder tempo" contigo. Coitados dêles! Não sabem que sem  ti não há paz na sociedade, não há vida espiritual, que é a mais importante para todos nós. Por isso, os homens sempre andarão errantes porque  só em ti encontram a paz que deverá existir no lar, na sociedade em todo o orbe. Esta paz é o Cristo que está sendo esquecido pelos homens, por quem deveria ser muito mais amado, pois êstes são as principais figuras dêste mundo. Sem Cristo nada podemos levar à frente. Não se constrói um edifício sem o alicerce, nem o alicerce sem o tijolo, nem o tijolo sem o barro e nem se tería  o barro se Cristo não tivesse formado os elementos de que é composto. Cristo é a cabeça  e nós os membros.
    Um braço desligado do corpo nada fará, assim como um galho separado da árvore secará por falta de alimento que lhe vinha do chão por meio da árvore.
   O funcionário chega em casa já de noite, cansado, ofegante, com a roupa úmida de suor e com o corpo quente, porque suas veias e músculos estão muito excitados, e cospe palavrões maldizendo a árdua vida; verbera o patrão de ladrão de seu tempo, e chega a blasfemar até contra Deus. Em seguida êle janta, ouve alguns programas de rádio, e vai estirar-se na cama, fechando as pálpebras para gozar das delícias de um sono.
   Mas, eis que a aurora já vem acordando tudo, abrindo-lhe os olhos e pondo-lhe em movimento. E o sol nem bem deitou seus infindos raios sôbre as cumeeiras das casas, quando o homem já anda em busca do pão de cada dia.
   Assim é hoje em dia a vida agitada do homem,  esquecendo-se que em Deus sòmente se encontrará a verdadeira paz, e de que só se encontrará Deus no silêncio.
                                                       Antônio Araújo Bessa
                                                                4ª. serie