quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Uma visão pessoal e inesquecível - VIII Encontro da EASO



Edgard, Cátia, Maria José e Lulu
                                                                                Por Tupinambá Pedro Paraguassu Amorim da Silva

A preocupação sadia, porém demasiada, dos casais Luiz Alfenas-Maria José Alfenas – Edgar-Cátia Maria Alfenas e colaboradores mais próximos em sediar o VIII EASO, por certo lhes tirou mais cabelos da cabeça, como fez surgir um punhado maior de rugas e, quem sabe, de mechas de cabelos brancos nas distintas senhoras.


A bucólica Senhora de Oliveira, mesmo diante de uma cerrada campanha política, parecia não entender. Mas  recebeu, assim mesmo, um relevante número de visitantes provenientes de várias partes do Estado e também de outras partes do Brasil, como da distante Belém do Pará.
O que foram fazer na tão cantada Senhora de Oliveira?
Pergunta desnecessária, mas pertinente: participar do VIII Encontro dos Ex-seminaristas da Escola Apostólica Santa Odília, Campo Belo – MG – VIII EASO-2016.

Senhora de Oliveira? Onde está situada? Como chegar até lá?

 
Senhora de Oliveira é perto

Maria e Edmundo
Edmundo Antônio Dutra do Vale, sua esposa Maria de Jesus Gaspar do Vale e este “escriba”, sem sua querida Marina Terezinha Rigotto da Silva, exatamente às 9h00 do dia 23, partimos de Belo Horizonte; optamos por seguir em direção a Conselheiro Lafaiete e daí seguir o caminho sugerido pelos coordenadores do evento. Lá pelas 12h00, após algumas dúvidas  durante o trajeto, pois a estrada não apresentava muitas informações, chegamos ao destino:
 
                 
Dirigimo-nos ao Hotel “São Judas Tadeu” para saciar nossa fome



Comida caseira da boa “a la fogão à lenha”. Maravilha! Fomos informados que havia algumas pessoas não conhecidas da região que ali estavam hospedadas, logo inferimos que deveriam ser nossos companheiros.
Pousada/ hotel São Tadeu -
 Senhora de Oliveira
 (anexar fotos).
Senhora de Oliveira - Sede
 oficial do VIII Encontro da EASO
Local aprazível, silencioso, acomodações ótimas e de fazer inveja a apartamentos de “cinco estrelas”. Fazer o que, né! “Tirar uma palhinha”, descansar e se preparar para a primeira etapa da programação.
Após essa breve, porém salutar hibernação, dirigimo-nos para o local da recepção da turma. Tratava-se de um antigo alambique desativado, mas que apresentava as peças do mesmo, um monjolo funcionando e resquícios de um pequeno estábulo.

Pousada Roda D'água -  um local bom para confraternizações
Que emoção! Os Easistas, gradativamente, foram chegando. Formamos uma turma de 22 amigos que viemos confraternizar-nos junto com esposas, filhos, filhas e até netos. Torresmo, linguiça, mandioca, caldinhos, uma variada qualidade de petiscos, tal como foi prometido pelos queridos anfitriões. Mas, não ficou só nisso, a leitoa e mais outros comes foram servidos.
A “marvada” da casa rolou por todos os lados. A especial do Lua não ficou de fora. A “batida” do Chicão, importada de Belém do Pará, completou a “carta de bebidas”.
Desta vez os discursos ficaram apenas por conta do “eterno presidente”, seguido dos anfitriões e uns valentes e corajosos amigos que usaram da palavra. Entre estes uma mensagem do Seoldo foi pronunciada. A mensagem do Padre Tiago e do Padre Leonardo, últimos dos “moicanos” da Província Senhor Bom Jesus Crúzios, ficou para uma outra oportunidade, a qual não me lembro de tê-la ouvido.
Nonato deu seu recado.
“Comida no papinho, pé no caminho”. Assim foi. Todos satisfeitos: “Cada macaco pro seu galho”, ops! Cada um voltou para seu canto buscando uma boa noite de descanso, pois o amanhã seria muito mais pleno. Assim se passou o primeiro dia do VIII EASO.
Noite tranquila. Manhã suave. Levantar cedo foi um problema. Café da manhã. Bate-papo agradável. Programação alterada. Assim mesmo todos se apressaram para ouvir a explanação do Siovani (“O poder do Mito”). Muito elucidativa.  Muita atenção! Uns (umas também) e outros dormitando. Efeito da “marvada” e da cervejada da noite anterior? Não! Cansaço mesmo.
Rosalino não está só, o  Lua
 também se inclui entre os
 acumuladores. 
O Rosalino  
arrematou ao tratar da “mania compulsiva”, em ambos os casos houve debate. Imaginem, até a Rosemere encorajou-se e deu um banho de confiança no grupo ao se expor de forma simples, porém sincera sobre aspectos pessoais. Bom! Muito bom!
Rosemere, um banho de
confiança.
Imaginem o sempre tímido  Ildeu explanando sobre a transmissão de conhecimentos dentro da área de Engenharia Agrônoma. O Raimundo e o Lua também deram seus recados.
Ildeu: a transmissão de
conhecimentos. 
Cuidar do espírito, buscar conhecimentos novos é muito bom. Saímos edificados ao absorvermos palavras sábias e verdades até então impensadas. Mas... Mas... O melhor estava por vir! O quê? Ora, a ida e visita ao Sítio “Meia Dúzia”, onde teríamos uma bela e grande surpresa. Sítio de quem? Ora, da família Lulu, Maria José, filhos e noras. Como tudo sói acontecer, o netinho do Alfredo e da Marina, menino vivo e ativo, caiu e se machucou; nada de grave. Mas nos assustou. Medicado que foi, logo soubemos que estava bem e levado para Belo Horizonte.
 “Sítio Meia Dúzia”: lugar aprazível. Um recanto agradável. Um pedacinho do céu! Bela varanda. Sala ampla. Cozinha de fazer inveja.
Um bosque verdejante, pomar, horta e árvores
frutíferas  variadas
Um bosque verdejante, pomar, horta, árvores frutíferas variadas. Uma bem preparada área com estacionamento, churrasqueira, tendas, mesas e cadeiras para nosso conforto. Ressalte-se a delicadeza, a bondade e a alegria do pessoal em servir-nos. Bebida “à vontade”. Música de acordo com o ambiente.
Como símbolo da presença dos easistas neste VIII, para perpetuar o evento, cada um de nós plantou uma muda de árvore. Músicos chegaram, animaram o ambiente. A Dita nos abrilhantou com uma música de seu repertório. Até que uma chuvinha vinda do céu,  trouxe bênçãos para ‘a terra, a boa terra’. Nem a falta de luz abalou nosso ânimo. A conversa e a comilança continuaram do mesmo jeito. Brindes e lembranças foram ofertadas a cada um presente. Que delicadeza! E olhe que ainda haveria uma lauta macarronada. Foi o suficiente para este dia o qual se prolongou até de madrugada.
Como o tempo passa! “Tudo que é bom, dura pouco”! Chegamos ao terceiro e último dia do
O autor, uma presença forte e bem colocada no altar. 
Encontro. Ressaca, não. Cansaço, não. E sim, pitadas de saudades. Mas, vamos lá!  Celebração Eucarística, às 9h00 na Matriz de Nossa Senhora da Oliveira. Lá estávamos todos nós. Recebemos e usamos uma camisa especial, doada pela Tatiane. Para não fugir à regra, este “escriba” foi indicado para fazer-se presente no altar. Foi maravilhoso ver que os muitos distantes da vida seminarística, jamais deixamos de participar da Eucaristia. Um manual da peregrinação da visita de Nossa Senhora de Nazaré do Pará foi entregue ao Pároco, como uma lembrança pela acolhida.
Fechado com chave de ouro na casa do Edgard.
Espiritualizados e santificados, fomos para a residência do casal Edgar/Cátia Luchezi Alfenas. Lá nos esperava, mais uma vez uma “recepção de babar”: petiscos, churrasco e um excelente almoço. A Dita conseguiu cantar a música especial para o VIII Encontro. Reunidos, após uma calorosa discussão, ficou estabelecido que o IX Encontro será na cidade de Juiz de fora. Agradecemos a Deus pela oportunidade de estarmos juntos. Uma oração especial foi proferida pelas família.
O VIII ENCONTRO FOI UM SUCESSO
TODOS EM JUIZ DE FORA EM 2017

O editor pede que as lembranças e considerações sejam postadas como mensagem. Caso achem conveniente, podemos mudar as legendas das fotos. 

sábado, 8 de outubro de 2016

O bosque easista de 2016

       Jardim em vasos. Criação e execução de Maria José, 
                             foto de Flávia Linhares.

Por Lulu e Siovani

Os easistas agora são bosque, e eu 


Sou jardineiro imperfeito
Pois no jardim da saudade
Quando planto amor perfeito
Nasce sempre uma saudade.
     (quadrinha popular) 




Alberto Medina e Maria da Conceição cuidam
da laranjeira.





Meus zelos
    Rosinha de Valença
               Ouvir 


Quando eu acordar
De manhãzinha
A primeira coisa que vou fazer
É ir buscar pra você
No fundo do quintal
Uma gota de sereno
Na folha da laranjeira
Na folha da laranjeira
Na palma da minha mão
Vou te levar um segredo
Vou te mostrar os meus zelos
Numa gota de sereno
Molharei teu corpo inteiro
Na folha da laranjeira

Marina e Alfredo plantam um abacateiro.



Refazenda 
      Gilberto Gil
     (ouvir)

Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
Ildeu de Souza plantou um abacateiro. 
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba



Cutia, o José Maria Fontes,  e Zazá, a Maria  
das Graças, marcaram o bosque com um
 pinheiro 


Pinha no Pinheiro  

     com Sérgio Reis.
        (ouvir )
O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Arrasta pé dá em Minas em Minas dá mineiro
Uê, uai lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro

Sou violeiro, catireiro e folgazão
Cantador de profissão, viajado como o quê
Vou em Fandango, danço tango
E se tiver um gostoso arrasta pé
Eu danço até o amanhecer

O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Benone e Jorcélia, e o início da produção de
pinhão.
Arrasta pé dá em Minas em Minas dá mineiro
Uê, uai lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro

Estou pensando e matutando sobre a Rosa
Uma cabocla formosa, natural de Guaxupé
Já fiz meus planos e até o fim do ano
Com a Rosa eu junto os panos
Vamos ter arrasta pé

O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Arrasta pé dá em Minas em Minas dá mineiro
Uê, uai lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro.



                     


Trepa no coqueiro 
                          Ary Kerner
com Nei Matogrosso:
(ouvir)


refrão:
Oi! Trepa no coqueiro!
Tira coco!
Jipe, jipe! Nheco, nheco!
No coqueiro olirá
(bis)
Efigênia ajudou o irmão, Canhão (José de
 Lurdes Oliveira), no plantio de um coqueiro.

Papai, cadê Maria?
Maria foi passiá.
(bis)
Os passeios de Maria
Faz papai e mamãe chorar.
(bis)

(refrão)

Cátia e Edgard contribuíram com um coqueiro. 
Maria é moça nova
Sortera, num tem juízo
(bis)
Os passeio de Maria
Só pode dar prejuízo
(bis)

(refrão)

Maria sobe ladeira,
Maria pula o regato
(bis)
Mas com essa brincadeira
Gasta a sola do sapato!
(bis)

(refrão)

     Francisco Sales, o Chicão, fincou aqui uma  
                                mangueira.

A MANGUEIRA
                   Gonçalves Dias
Já viste coisa mais bela
Do que uma bela mangueira,
E a doce fruta amarela,
Sorrindo entre as folhas dela,
E a leve copa altaneira?
Já viste coisa mais bela
Do que uma bela mangueira?

Nos seus alegres verdores
Se embalança o passarinho;
Todo é graça, todo amores,
Decantando seus ardores
À beira do casto ninho:
Nos seus alegres verdores
Se embalança o passarinho!

O cansado viandante
A sombra dela acha abrigo;
Traz-lhe a aragem sussurrante,
Que lhe passa no semblante,
Talvez o adeus d'um amigo;
E o cansado viandante
À sombra dela acha abrigo -

A sombra que ela derrama
Todas as dores acalma;
Seja dor que o peito inflama,
Ou voraz, nociva chama
Que nos mora dentro d'alma,
A sombra que ela derrama
Todas as dores acalma.

O mancebo namorado
Para ela se encaminha;
Bate-lhe o peito açodado
Quando chega o prazo dado,
Quando ao tronco se avizinha,
E o mancebo namorado
Para o tronco se encaminha.

Sob a copa deleitosa
Mil suspiros se entrelaçam,
E d'uma hora aventurosa
Guarda a prova a casca anosa
Nas cifras que ali se abraçam:
Sob a copa venturosa
Mil suspiros se entrelaçam.

Grata estação dos amores,
Abrigo dos que o não tem,
Deixa-me ouvir teus cantores,
Admirar teus verdores;
Presta-me abrigo também,
Grata estação dos amores,
Abrigo dos que o não têm.







Tangerina ou mexerica, é tudo igual, por isso José 
Geraldo e Marta deixaram aqui uma lembrança.





José Rafael Cabral plantou também um pé de 
mexerica/tangerina.




O CHEIRO DA TANGERINA
                             (Ferreira Gullar)
...
Rígidos em sua cor
os minerais são apenas
extensão e silêncio.
Nunca se acenderá neles
– em sua massa quase eterna –
um cheiro de tangerina.

Como esse que vaza
agora na sala
vindo de uma pequena esfera
de sumo e gomos
e não se decifra nela
inda que a dilacere
e me respingue
o rosto e me lambuze os dedos
feito uma fêmea.

E digo
– tangerina
e a palavra não diz o homem
Olímpio também deixou um pé de mexerica. 
envolto nessa
inesperada vertigem
que vivo agora
a domicílio
(de camisa branca
e chinelos
sentado numa poltrona) enquanto
a flora inteira
sonha à minha volta
porque nos vegetais
é que mora o delírio...
Tião Coelho e Cibele e seu pé de mexerica
 ou tangerina.



(durante séculos
no ponto do universo
onde chove
uma linha azul de vida abriu-se em folhas
e te gerou
tangerina
mandarina
laranja da China
para
esta tarde
exalares teu cheiro
em minha modesta residência.




Canto dos Ipês Amarelos
(formado pelas músicas Roda Gigante de Guru Martins e Dandô e Vento Bandoleiro de João Bá e Klecius Albuquerque)
Com Dércio Marques:  
(ouvir)        
        
na cabeça do tempo
eu plantei um Ipê amarelo
bem no centro da vida
Lua aproveitou a lua nova para plantar um Ipê
amarelo.

eu finquei o meu mastro de ferro
e na palma da mão
do meu pai
vi o mundo de perto
minha irmã me cantava
as canções que eu viria
cantar pra vocês
ói eu aqui viu
veja de novo e crê
que nao tem mais mistério a criação
meu canto é claro
e agora Aissa diz
pai me bote
na palma de sua mão
eu também quero ver
este mundo de perto
***
Nicodemo plantou um ipê amarelo.

Ô dandei..
Olha o vento que brinca de dandar
Ele vem pra levar as andorinhas
E quem sabe a canção pra uma janela
Saciar o ipê que se formou
E roubar suas flores amarelas
Senhor vento
Eu não quero ser primeiro
Mas preciso uma ponga pelo ar
Quero ser bandoleiro como vós
No balanço do mar poder cantar
Vou levar o meu circo colorido
Vou armar bem pra além das ilusões
Vou contente acenar pro continente
E dandar nas porteiras das canções...



Nonato e Nazaré plantaram
um pé de abiu.

Abiu

Cláudio Poeta

A quinze passos da porta da minha cozinha,
Em um plano inferior, há um pé de abiu.
Como ele está abaixo, explode a sua copa,
Bem em frente a porta.
Adornando o quintalzinho do fundo,
E, embelezando, enfaticamente, o meu mundo.
Mundo esse que me sorriu,
Tão sinceramente,
Tão convincentemente,
Que me é impossível não adorá-lo,
Não amá-lo.
A fonte de minha alegria.

Gosto demais de ficar admirando,
Mentalmente, conversando,
Com o pé de abiu, meu amigo,
Enorme, antigo, sábio e lindo.
Agora está cheio de frutos,
Alguns, já bem maduros.
Está com seis ninhos de tamanhos diferentes.
É disputadíssimo pelos passarinhos,
E também pelos saguizinhos,
Contra os quais, os sabiás oferecem forte resistência.
Mas, na maioria das vezes é pacífica a convivência.

O pé de abiu, como quase tudo na floresta,
É motivo para uma interior festa.
A sua presença nobre e imponente,
Potencializa a energia do ambiente.

Grande companheiro,
Que me conforta, apazigua,
Ao mesmo tempo em que me estimula
O peito.



     Quinzinho e Rosa Helena no
      esmero do plantio de um pé 
                   de graviola. 
Feira de Mangaió
Clara Nunes (ouvir)

Fumo de rolo arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá (2x)

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
   Rosalino José Miranda plantou
              uma muda de açaí 
             (doada por Nonato).
Farinha rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pavio de candeeiro panela de barro
Menino vou me embora
Tenho que voltar
Xaxar o meu roçado
Que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar (2x)

Eiii forró da mulestia..

Fumo de rolo arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Mais é que tem um Sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Eitaa Sanfoneiro da gota serena...



Maria José e Lulu, dois imperfeitos,
 plantando pândano. Felicidade (ouvir).


Siovani e Rose cavaram fundo para seu pé
de Limão Tahiti
 Meu Limão, meu Limoeiro
          Inesita barroso (ouvir)

Meu limão, meu limoeiro
meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
outra vez eskindolálá

Meu limão, meu limoeiro

meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
outra vez eskindolálá

la la la la la la la

                                                                    la la la la la la la la...

 
Mas o jardim não nasceu hoje, quem prestou atenção notou duas árvores já frondosas que têm titularidades reconhecidas e cantadas em prosa: a árvore do viajante e o ipê amarelo, esse plantado em setembro de 2012 por Judith (vide postagem aqui). Impressionante como esse ipê negou todas as estatísticas e começou a florir já em 2014. Amplie a foto e observe os flocos amarelos em pelo menos dois galhos. 



'
Judith aqui é ipê Amarelo. (amplie ao 
abrir em nova guia). 
Plantada em 2002, batizada em 2012
com o nome de Seoldo's traveler tree.

















RUBEM ALVES 


Os ipês-amarelos


Muitas pessoas levam seus cães para passear; eu levo meus olhos para passear, eles se encantam com tudo



Uma professora me contou esta coisa deliciosa. Um inspetor visitava uma escola. Numa sala ele viu, colados nas paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus livros infantis. Como que num desafio, ele perguntou à criançada: "E quem é Rubem Alves?". Um menininho respondeu: "O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês-amarelos...". A resposta do menininho me deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são aquilo que elas amam.
Mas o menininho não sabia que sou um homem de muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Encantam-se com tudo. Para eles o mundo é assombroso. Gosto também de banho de cachoeira (no verão...), da sensação do vento na cara, do barulho das folhas dos eucaliptos, do cheiro das magnólias, de música clássica, de canto gregoriano, do som metálico da viola, de poesia, de olhar as estrelas, de cachorro, das pinturas de Vermeer (o pintor do filme "Moça com Brinco de Pérola"), de Monet, de Dali, de Carl Larsson, do repicar de sinos, das catedrais góticas, de jardins, da comida mineira, de conversar à volta da lareira.
Diz Alberto Caeiro que o mundo é para ser visto, e não para pensarmos nele. Nos poemas bíblicos da criação está relatado que Deus, ao fim de cada dia de trabalho, sorria ao contemplar o mundo que estava criando: tudo era muito bonito. Os olhos são a porta pela qual a beleza entra na alma. Meus olhos se espantam com tudo que veem.
Sou místico. Ao contrário dos místicos religiosos que fecham os olhos para verem Deus, a Virgem e os anjos, eu abro bem os meus olhos para ver as frutas e legumes nas bancas das feiras. Cada fruta é um assombro, um milagre. Uma cebola é um milagre. Tanto assim que Neruda escreveu uma ode em seu louvor: "Rosa de água com escamas de cristal...".
Vejo e quero que os outros vejam comigo. Por isso escrevo. Faço fotografias com palavras. Diferentes dos filmes, que exigem tempo para serem vistos, as fotografias são instantâneas. Minhas crônicas são fotografias. Escrevo para fazer ver.
Uma das minhas alegrias são os e-mails que recebo de pessoas que me confessam haver aprendido o gozo da leitura lendo os textos que escrevo. Os adolescentes que parariam desanimados diante de um livro de 200 páginas sentem-se atraídos por um texto pequeno de apenas três páginas. O que escrevo são como aperitivos. Na literatura, frequentemente, o curto é muito maior que o comprido. Há poemas que contêm todo um universo.
Mas escrevo também com uma intenção gastronômica. Quero que meus textos sejam comidos pelos leitores. Mais do que isso: quero que eles sejam comidos de forma prazerosa. Um texto que dá prazer é degustado vagarosamente. São esses os textos que se transformam em carne e sangue, como acontece na eucaristia.
Sei que não me resta muito tempo. Já é crepúsculo. Não tenho medo da morte. O que sinto, na verdade, é tristeza. O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é o meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos...

***
Caio, Edmundo e Tupy. Montagem feita a partir de fotos de 24 de setembro de 2016.


O editor pede desculpas aos easistas Caio, Edmundo  e Tupy por não ter encontrado nenhuma foto deles plantando uma árvore no nosso bosque. Mas informa que quando voltar ao paraíso vai procurar  indícios de que tenham fincando suas marcas por lá. 


Créditos: fotos de Flávia Linhares, Lulu, Jorcélia (ou Benone), José Rafael, Tupy, Rosimere, Caio e outros.