terça-feira, 19 de agosto de 2014
Programação do VI Encontro da EASO - Belém do Pará
Realização: 19 a 26 de setembro de 2014
Programação do VI Encontro :
Dia 19/09 – Sexta- feira :
- 18:00 horas- Missa - Local, Basílica Santuário NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
- 20:00 horas – Apresentação - Local ALFAJOR Buffet (Rua Ferreira Cantão, 451 Bairro da
Campina, em Belém )
- 20:30 horas- Recepção com pequeno coquetel de confraternização, seguido de atividades com
oportunidade para performances individuais e grupais e o que ocorrer ( declamação de poesias,
danças, cantorias, contos de causos e piadas, etc. ).
- 22:00 horas – Jantar ( pratos quentes especiais ).
Dia 20/09 – Sábado :
- 09 as 14 horas – Ilhas e Trilhas.- Passeio pelo exuberante mundo das águas dos furos e florestas
com parada para o almoço (incluso), na Praia de Siritiba.
- O resto do dia livre. Sugerimos o jantar na Estação das Docas, mas antes, a partir das 17:00 horas, um
passeio com um fim de tarde deslumbrante ( Orla ao entardecer)
Dia 21/09 – Domingo:
- 7:00 horas, saída de Belém - Visita à terra do Pe. Bessa, (Vila São Jorge Município de Igarapé-
Açu, PA.)
- 10:00 às 16:00 horas – Recreação e almoço no Sitio “Espírito Santo”, (Município de Santa Maria
de Pará).
Dia 22/09 – Segunda-feira:
- 09:00 ás 14: 00 horas - Visita ao Distrito de Icoarací, maior centro de produção de cerâmica das
culturas Marajoaras, Tapajônicas, e Maracá
- O resto do dia livre.
Dia 23/09 – Terça-feira :
- 09:00 às 13:00 horas - City Tour Cultural, oportunidade de conhecer a cultura, a história, e a arte
de Belém. Passeio com visita aos principais patrimônios históricos-culturais de Belém.
- O resto do dia livre
Dia 24/09 – Quarta-feira :
- 8:30 às 15:30 horas Passeio a Ilha de Mosqueiro, com oportunidade para deliciar-se nas Praias e
tomar banho nas águas da foz do Amazonas com o Mar.
Dia 25/09 Quinta-faira :
- Dia livre. ( Você faz a programação )
- 19:30 horas – Jantar de despedida com a reunião de encerramento – Local a ser determinado
Dia 26/09 : Sexta-feira :
- Despedidas e regresso a seus lares....... Boa viagem !
B- Informações Complementares :
1 - Cada evento terá um custo que será repassado a cada participante :2 - Recepção com jantar : R$ 60,00 por pessoa.
3 - Os passeios com o aluguel de ônibus para Igarapé Açu e Santa Maria e os traslados serão
executados, pela Empresa Valeverde Turismo que fez um pacote ao custo de R$ 11.696,00 ( onze
mil ceis centos e noventa e seis reais) para uma média de 40 participantes, que sai a razão de R$
292,00 por pessoa, por todos os passeios durante a semana. Para os participantes que ficarem
somente por três dias o custo será de R$ 157,00 por pessoa. Estes valores ( Item 2 e 3 )deverão ser
recolhidos no início do evento de sexta-feira no '' ALFAJOR'' bufette.
4 – O local e os custos do Jantar de despedidas ainda não foram definidos o que será informado
oprotunamente.
Outras informações :
Hospedagem :
1 - Com o propósito de manter todos reunidos em um só lugar, para facilitar os deslocamentos, já
fizemos reservas no Hotel “ Grão Pará”, na Praça da República, local central de Belém, com preço
bem acessível ( R$ 121,50 a diaria de Casal e R$ 101,50 a de Solteiro ), está só na dependência de
cada participante fazer sua confirmação, mas cada participante ficará livre para escolher um hotel
de sua preferência.
2- Aqueles que ainda não confirmaram suas presenças poderão fazer sua reservas diretamente com
o Hotel Grão Pará através do fone : 91 3321-2121 ( Roberta Goulart – Enc. das Reservas ) ou
através de e-mail : www.hotelgraopara.com.br
3 – Para os psseios dos dias : 21, domingo, dia 24, quarta-feira, sugerimos que levem roupas de
banho, para banhos de Igarapés e de Praias,
Comissão Organizadora do Evento:
Francisco Sales de Paula – Fone : 91 23338470
Tupinambá Pedro Paraguassu Amorim da Silva - Fone : 031 3482-4069,
e-mail : tupyp@terra.com.br
Raimundo Nonato da Costa – Fone 91 3085-2706, cel 91 8124-7279
e-mail : nonatocmt@gmail.co
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Missa para o Marcos Antônio Rocha
Foto e poema para o Marquinho
Após a missa de sétimo dia
realizada às dezenove horas do dia 20/05/14, em Belo Horizonte, na Capela
do Colégio Santo Antônio, foi distribuída pelos familiares do Marcos uma foto
com um poema em seu verso:
Transcrevemos abaixo o texto do poema:
“A morte não é nada
Eu
somente passei
para
o outro lado do Caminho.
Eu
sou eu, vocês são vocês.
O
que eu era pra vocês,
eu
continuarei sendo.
Me
deem o nome
que
vocês sempre me deram,
falem
comigo
como
vocês sempre fizeram.
Vocês
continuam vivendo
no
mundo das criaturas,
eu
estou vivendo
no
mundo do Criador.
Não
utilizem um tom solene
ou
triste, continuem a rir
daquilo
que nos fazia rir juntos.
Rezem,
sorriam, pensem em mim.
Rezem
por mim.
Que
meu nome seja pronunciado
como
sempre foi,
sem
ênfase de nenhum tipo.
Sem
nenhum traço de sombra
Ou
tristeza.
A
vida significa tudo
o
que ela sempre significou,
o
fio não foi cortado.
Porque
eu estaria fora
de
seus pensamentos,
agora
que estou apenas fora
de
suas vistas?
Eu
não estou longe,
apenas
estou
do
outro lado do Caminho...
Você
que aí ficou, siga em frente,
a
vida continua, linda e bela
como
sempre foi.”
(Sto.
Agostinho)
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Marcos Antônio Rocha - Luto
NOTA DE FALECIMENTO
É com grande pesar que comunicamos o falecimento de nosso colega Marcos Antônio Rocha, Jornalista, Encontrista da EASO e editor deste Blog, ocorrido na manhã desta quarta feira (14/05/2014) em Uberaba - MG.
Nós, ex-seminaristas da EASO, estamos de luto pelo grande amigo que se vai e pelo profissional exemplar.
A família comunica que o velório ocorrerá em Belo Horizonte, na manhã de 15/05/2014 (quinta-feira), no Parque da Colina, de onde o féretro sairá às 10 horas para o crematório, onde o corpo de Marcos Rocha será cremado às 10:30 horas.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
EASISTAS, VAMOS ATÉ BELÉM!
Com a mesma mensagem com que os anjos convidaram os pastores
para visitar o Menino Jesus, também convidamos os nossos amigos easistas: vamos
à Belém!
Motivos não faltam: o nosso VI Encontro e a aprazível cidade
que nos espera. E os nossos amigos, Raimundo e Nazaré e Chicão e Dita, depois
de tantas vezes que nos visitaram, certamente estão ansiosos para nos receber e
ficarão orgulhosos de nos mostrar a sua terra natal, com toda a beleza e
cultura que lhe é própria.
Nonato, coordenador geral do Encon-
tro em Belém, e Nazaré, nossos
anfitriões.
|
A Comissão Organizadora, tendo à frente o anfitrião Raimundo
Nonato, já bateu o martelo e o VI Encontro foi marcado para Belém, no período
de 19 a 26 de setembro de 2014. Resumidamente, eis como ficaram definidos o
encontro e algumas de suas programações:
Dita e Chicão, nossos anfitriões em
Belém
|
- os dias 19, 20, 21, 22 e 23, considerados o núcleo do encontro, terão uma programação prevista somente para a cidade de Belém, findo o qual, os participantes que não quiserem ou não puderem ficar até o dia 26, poderão retornar a seus lares.
- Nos dias 24, 25 e 26, os que ficarem poderão optar por um passeio para a Ilha do Marajó (dias 24 e 25 ) ou irem visitar o túmulo do nosso querido irmão Pe. Bessa, seguido de passeio, no resto do dia, no Sítio do Espírito, onde poderemos ficar “in off” e voltarmos aos velhos tempos, podendo brincar uma pelada , tomar banho no açude ( Igarapé ) e outras pequenas aventuras.
- Na noite do dia 25 faremos o encontro de despedidas e prestação de contas
- No dia 26, regresso para os lares.
- Informamos que apresentaremos a programação completa no mês de julho ou agosto, isto porque, precisamos saber o número mais aproximado de participantes para poder tomar algumas decisões.
- Quanto às hospedagens em hotéis, a confirmação também ficará para julho ou agosto. Para terem uma ideia, o valor das diárias poderá variar de R$ 180,00 a R$ 280,00. Isto vai depender de encontrar um hotel que possa abrigar todos juntos ou mais de um hotel, desde que se formem grupos com maior número de participantes para se obter algum desconto. Preparem seus bolsos, não só para isso, mas também para tomar açaí com pirarucu frito e farinha d´água no Ver-o-Peso ou tomar bastante tacacá.
- Queremos ter certeza de quantos irão, por isso solicitamos a sua confirmação.
Então, meus amigos, o tempo urge. Como no
ditado: “quem chega primeiro, bebe água limpa”, o nosso é: “quem decide primeiro,
paga mais barato”. Assim, vejam o que disse o Luiz Alfenas (Lulu), o editor-chefe
de nosso blog, um dos primeiros a garantir a sua passagem: “... comprando agora, podemos achar passagens a
preço de banana (eu encontrei passagens de ida e volta por 240 reais, todavia paguei
283 reais porque preferi comprar em loja ...)”. Convenhamos ... foi uma
verdadeira pechincha!
É bem verdade que isso foi há quase dois meses. Mas hoje, 04/04/2014, existe uma oferta na edestinos.com.br
por R$210,00 mais taxas, o que totalizará cerca de R$300,00.
Lua e Shirley fazem parte da coordenação do Encontro em Belém. |
Para incentivar o nosso grupo e também divulgar
a outros easistas, dos quais não temos endereços nem e-mails, resolvemos fazer esta
postagem com as informações da programação do nosso VI ENCONTRO EASO em Belém. Outros dos objetivos desta comunicação são estar sempre atualizando as informações do
Encontro e dando notícias daqueles que já compraram as passagens ou daqueles que
ainda não reservaram voos, mas já confirmaram a sua decisão de ir; e inclusive as
informações de hospedagem, quando já as tivermos. Também quem tiver conseguido
uma boa promoção poderá informar, por meio de comentários, no final da postagem.
Uma informação dessas pode ser muito útil para quem ainda não tenha feito
reservas.
Assim,
segundo informação do Nonato, aqueles que já compraram passagens são: Lulu e Maria
José; Edgard e Cátia; Antônio
José (Santana) e Fátima e mais duas acompanhantes (Camila e Maria das Graças, respectivamente,
filha e irmã do Santana); Rosalino e a esposa, Leandra; Geraldo (José Geraldo) e Esposa; Siovani e Rosimere.
Também outros já confirmaram presença, apesar de
ainda não terem confirmado se já compraram passagem, como: Rafael e Leida, Tião
Coelho e Cibele, Tupy e Marina, Walter Caetano e Shirley e também o Benone.
Tupy é um dos elos entre Minas e Belém na organização do Encontro. |
Posteriormente,
o Lulu me informou que o Caio Milagres e sua esposa, Maria Auxiliadora, também já
reservaram passagens. Um easista que nunca participou de nossos encontros comunicou-me, por telefone, que desta vez irá: o Antônio Ramos de Lima (Antonião)
que vai levar também a sua namorada, Maria Lúcia.
Desta forma, contando com os casais residentes em Belém, nós já temos 31 pessoas confirmadas para o nosso VI Encontro. Tudo indica que teremos um recorde de participações.
Desta forma, contando com os casais residentes em Belém, nós já temos 31 pessoas confirmadas para o nosso VI Encontro. Tudo indica que teremos um recorde de participações.
A Coordenação do Encontro pretende negociar reservas em algum hotel que
nos ofereça desconto no preço. Detalhes serão fornecidos em data mais próxima
do evento. Para isso é necessário que aqueles que ainda não confirmaram a
presença, façam-no enviando um e-mail para o Nonato.
ATENÇÃO: CONFIRME ABAIXO SUA IDA À BELÉM. POSTE UMA MENSAGEM INFORMANDO SOBRE SUA INTENÇÃO DE IR. COLOQUE SUAS DÚVIDAS. VOCÊ PERGUNTA, E OS COORDENADORES RESPONDEM PRONTAMENTE. DIGA O QUE VOCÊ GOSTARIA DE VER EM BELÉM. AJUDE-NOS A TORNAR O VI ENCONTRO INESQUECÍVEL.
sábado, 15 de março de 2014
CORNÉLiO VON VROONHOVEN
Nasc. 11/08/1924
Votos 28/08/1944
Ordenação: 26/07/1949
Falecimento: 2013
À ESQUERDA DA CRUZ, DA JANELA DO MEU QUARTO
COM SORRISO LARGO DIZIA: “I LOVE YOU” CAMPO BELO
FALANDO INGLÊS/PORTUGUÊS/HOLANDÊS, AGORA PARTO
TOCANDO/CANTANDO FELIZ NO ETERNO CASTELO
Nota: estas são minhas memorias, cheias de imaginações, porem não mentiras, do Padre Cornélio com quem convivi 6 anos em Campo Belo nos fins de 1950 e início de 1960. Não tenho muito mais conhecimento sobre sua trajetória e atuação fora desse contexto. Fica a oportunidade para quem sabe mais sobre ele.
Era responsável pela banda de desfile do Dom Cabral... |
Muitas vezes ia com os seminaristas nadar na inesquecível Praça de Esportes de Campo Belo... |
Gostava de ficar na janela do seu quarto, no segundo andar, apreciando os jogos (sobretudo as 'peladas') dos seminaristas no campo de terra em frente do prédio (hoje um estacionamento asfaltado). E como se esforçava para criticar e dar palpites!!!
“Chuta esta bola pra frente, biscoiteiro Ázara!”
“Mais pontaria, Marquinhos... passou raspando!”
“Eta Nonato pra reclamar!!!”
“O Chicão também só fica chorando...”
“Olhe só a botinada do Carraro!”
“O chute do Bessa foi parar la no Brasil Vilela!!!”
“Que Benone desbocado. Pare de fungar o nariz,Benone!”
“Coitado do Santana! Ainda não viu o cheiro da bola!!!”(Santana era um 'menor' emprestado)
“O Rosalino só fica avacalhando o jogo!”
“Zé Aureliano não sai do lugar. Eta preguiça!!!”
“Pare de ciscar/piscar, Tião Coelho!”
“Puxa! Que goleiro frangueiro este Pandeló!!!”
“O João Henrique só fica na banheira. Um verdadeiro parasita!!!”
“Alfredo passou a bola no meio das pernas do Zé Geraldo. Que vergonha!!!”
“O Canhão só dá bicuda torta!!!”
“O Seoldo eh um verdadeiro craque de cabeça!!!”
“Olha só a 'folha seca' do Reginaldo... mas foi pra fora!!!”
“Que empurrão feio, Rafael! Expulsem o Rafael!!!”
….............................. e por ai continuava sua ladainha. Parava para beber um gole de água, mas seguia atento. Às vezes ficava chateado porque os menores (Lulu, Rogério, Chiquinho, Aloísio, Pigmeu, Edgar, Quadrado, Max, Edmundo, etc...) os quais ficavam na beira do campo para buscar a bola que, de vez em quando, caia no mato ou nas ribanceiras, quase sempre, de propósito, demoravam a devolver a bola para continuar o jogo. Nessa altura, Padre.Cornélio até berrava babando: “Mais depressa, cambada de Cata Piolhos... Parece que estão com fome!!!”---- Sua presença, lá na janela, estimulava mais a turma de maneira que cada um se esforçava e suava mais e mais para fazer bonito e ser lisonjeado por ele. Só dois grupos não apreciavam seu passa-tempo: o dos 'Menores' acima citado, e os padres cujos quartos ficavam na vizinhança. Uma vez, um padre (parece ser o Justino) gritou para ele: 'Potvordoma, Cor', cale a boca, poxa! Não está vendo que é hora da bendita sesta!!! Também presenciamos com nossos próprios olhos alguns dos 'Menores', escondidamente, dar 'bananas' para ele... o que não deixava de ser um pecadinho naquela época.
Padre Cornélio, só pra comparar a goma da batina. |
Padre Cornélio tinha os cabelos anelados/ondulados da metade para trás, dando-lhe um ar/aparência de artista medieval ou mesmo de compositor da era do Romantismo. Quando estava alegre, murmurava como tenor a Valsa do Lago dos Cisnes... Quando estava menos alegre, cantava baixinho, como barítono, o Danúbio Azul em alemão.
Agora que ele faça o possível para os que ainda estão aqui e que descanse em paz com toda a turma da EASO, presenciando o jogo que não tem mais bola no mato e cantando/tocando juntos o Luar do Sertão.
ADEUS PADRE CORNÉLIO DE SORRISO LARGO
QUE OUÇA EM SILÊNCIO A ETERNA CANCÃO
“DOMINUS VOBISCUM” SEM VINHO AMARGO
ADEUS, PADRE CORNÉLIO, VELHO NOBRE IRMÃO!
segunda-feira, 3 de março de 2014
O Meu Amigo da América
O Meu Amigo da América
por Siovani
I
No
silêncio da noite cruzou o rastro negro de uma sombra que falava
entre dentes: quem não tem memória própria se vale e capenga com a
memória alheia. E gargalhava, e repetia aquilo incessantemente. Um
espírito incorporado em um facho de luz projetava nas faldas da
montanha um atropelo de imagens acumuladas por um século.
Um
raio de luz brilhou na profunda noite e o espectro de Black Elk
desceu a encosta de pedra até o leito seco do rio, expulsando as
brumas dos maus espíritos. Sentando-se, cerimoniosamente acendeu o
sagrado cachimbo da sua tribo. Antes de fumarmos, saudou os quatro
ventos: uma longa reverência para o Norte, outra ao Leste, girando
mais um quarto reverenciou o Sul, mais outro quarto, o Oeste, e
retornando ao Norte disse: "Esses quatro espíritos, afinal, são
apenas um, e esta pena de águia é para este Um, que é como um pai,
e é também para os pensamentos dos homens, que devem se elevar tão
alto quanto as águias o fazem." Assim falou Black Elk e
deixou-se em silêncio.
O
espírito do velho xamã, tomando-me as mãos, levou-me em uma viagem
alucinada para as areias do deserto.
Sem dizer nada
mais deixou-me, esgotado e aflito ao lado de uma cascavel, que
chocalhava com persistente ameaça. Dos olhos da serpente, que me
fitavam em fogo, partiram dois fachos de luz, que, chocando-se
violentamente contra o meu peito, projetaram-me como uma flecha sob
os frágeis raios do sol que surgia. Como o avião que se lançava
contra o carro de Daria naquela estrada infinita que atravessava o
deserto em Zabriskie Point, voei também sobre a facha branca que
dividia a estrada sem carro e sem Daria. Caí no meio daquela
imensidão com a garganta árida, procurando nas quatro direções o
vento que me aliviaria, mas o único murmúrio era o crepitar da
areia. Depois, nada mais que o negrume da inconsciência.
Acordei
com o insistente barulho de cascos de cavalos a galope. Minha
primeira visão foram os gigantes de pedra que se erguiam na paisagem
silenciosa pela janela da diligência que
cruzava o Monument Valley.
Sentado no chão de madeira, Ringo Kid olhava-me com um leve sorriso
de zombaria nos lábios, um sorriso que me lembrava John Wayne
sacolejando em Stagecoach. O tropel dos cavalos se intensificou
quando o bando de apaches de Gerônimo perseguiu a diligência, e,
súbito, uma dor atroz jogou-me para fora entre as patas dos cavalos
índios disparados: uma flecha apache atravessara-me o ombro.
Os
roncos de duas motocicletas acharam-me perdido na estrada ao pôr do
sol. Perguntaram-me de onde vinha, eu só pude responder: é difícil
dizê-lo, acho que meu povo está enterrado sob a terra em vossos
pés. Montei na garupa de Peter Fonda e viajamos Sem Destino até o
tombar da noite, quando paramos e iniciamos uma outra viagem de
vertigens. Ao raiar do sol estava sozinho novamente nas Chiricahua
Mountains.
Estava
agora vagando na teia de Broken Arrow assistindo a cerimônia apache
de casamento. O xamã faz uma incisão na mão esquerda de
Sonseeahray e na direita de Jeffords, une as duas feridas com um
laço: "Não haverá mais chuva para vocês, pois serão o
abrigo um do outro; não haverá mais frio, pois darão calor um ao
outro; não haverá mais solidão, nunca mais haverá solidão, são
dois corpos, mas neles corre um mesmo sangue. Vão, guiem os seus
cavalos brancos para seu lugar sagrado de amor."
Quando
a consciência recobrou-me o controle, nada mais me dizia se tudo
aquilo acontecera ou se havia sido o delírio de uma mente sem
memória, mas em minha mão repousava uma pena de águia.
II
Quando
eu era criança pequena lá em Miracema, ouvia falar daquela terra
que ficava logo ali, além da divisa, embora nem imaginasse o que
fosse a tal divisa. E aquela terra que ficava a um beiço dali,
chamavam simplesmente de Minas. Via o ônibus passar por ali, bem na
frente de casa, levando pessoas que queriam ir para aquelas Minas:
para Palma, Laranjal, Leopoldina e Cataguases, itinerário do ônibus,
cidades, que logo aprendi, ficavam do outro lado da divisa.
E
foram muitos os ônibus que cruzaram aquelas ruas empoeiradas antes
que um dia eu também pegasse aquela estrada para adentrar Minas,
para cruzar o coração daquela terra desconhecida e aprender, na
prática, que aquilo que eu já então via nos mapas era muito mais
longe que a imaginação. E lá bem longe, cruzando dos pés ao peito
de Minas, léguas perdidas de tempo e estrada, cheguei em Campo Belo.
Em
Campo Belo eu aprendi que eu era um papa-goiaba, para a minha não
surpresa, pois me era algo muito natural, já que crescera no meio de
um quintal infestado por goiabeiras de todos os tipos, de goiabas
doces e suculentas, goiabas-pera, goiabas brancas, goiabas vermelhas,
que lá pelas Minas só existiam em arremedo, bichadas, areentas e
sem sabor. Goiabas que jogávamos nos tachos duas a três vezes por
semana, no verão, para ficar fugindo dos espirros que queimavam como
brasa até que o caldo grosso virasse a massa de saborosa
goiabada, que hoje em dia, saudoso, procuro sem encontrar o sabor.
E
lá naquela terra tão perto de Minas, e tão longe devido a minha
condição de criança, ainda ouvia que lá em Minas também existia
uma cidade de doidos, chamada Barbacena, para onde os doidos de cá
eram levados, e para lá nos ameaçavam levar quando fazíamos alguma
doideira! E corria pelas bocas satisfeitas do bom dito que o lugar
não era para os mineiros, pois "mineiro não fica doido,
piora!"
Naquelas
viagens, no espaço entre dois ônibus, parava em Leopoldina para
almoçar, e foi lá que conheci um ser estranho, estranho para mim,
pois muito comum naquelas paragens, um mineiro. Algo havia de
ameaçador naquele epíteto, pois ouvia falar de um tal Mineirinho,
bandido famoso que aterrorizava o Rio de Janeiro naqueles tempos. Mas
esse mineiro que conheci não metia medo, do alto do seu sorriso
franco e gozador mais parecia o Mineirinho do Ziraldo, o Comequieto!
Dizem
que criança quando cresce é como passarinho, tem que voar para
outras paragens para construir o seu ninho, mas esse mineiro, da
inusitada alcunha Geraldo Seoldo, não era um simples passarinho, era
uma ave migratória de asas potentes, sem medo da Águia, que não se
contentou com sua terra para tecer o seu berço e foi arribar em
terras longínquas. Para não deixar a saudade bater com muita força,
deixa as montanhas para trás e nidifica nas areias de um deserto,
onde sua mineirice dá faniquitos de saudades de quando em quando e
arremete-o nas lembranças:
Casas
entre bananeiras
mulheres
entre laranjeiras
pomar
amor cantar.
Um
homem vai devagar.
Um
cachorro vai devagar.
Um
burro vai devagar.
Devagar...
as janelas olham.
Eta
vida besta, meu Deus.
(Cidadezinha
Qualquer - Carlos Drummond de Andrade).
Há
momentos em que penso que ele foi atraído por aquela vastidão de
areia porque a sua alma mineira chorava de solidão pela ausência do
mar, e aquela praia sem fim refletia a miragem do seu sonho. Por
outro lado, em outros momentos, penso ter sido um ato de extrema
sabedoria, pois "a única verdadeira sabedoria vive longe da
espécie humana, lá fora, na grande vastidão, e só pode ser
atingida através do sofrimento; só a privação e o sofrimento
abrem o entendimento para tudo o mais que se esconde"
(Igjugarjuk - xamã de uma tribo esquimó caribou - citado por Joseph
Campbell em O Poder do Mito).
Mas
não há águia que possa carregar em suas asas a saudade de um
mineiro, as lembranças a ativam e o trazem de volta para sua gente
perdida entre as serras das Gerais. Aqui encontra seus antigos
camaradas num abraçar único de cinquenta anos de ausência, pois:
O
Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas
o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque
o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
...
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem
está ao pé dele está só ao pé dele. (Alberto Caeiro)
III
-
Mas por que você diz que não te querem lá?
-
Porque eles exigem que eu lhes peça autorização para lá entrar, e
põem empecilhos para minha viagem, prefiro ir para lugares que nada
me exigem.
Foi
em uma conversa assim que a Judite, esposa do Mineirinho, agarrada lá
naquelas terras com laço de sangue, tentava quebrar a minha arredia
intolerância em visitar a terra da águia. E também faltava
livrar-me do pavor que aquele dinheiro miúdo deles transmite com
aquele olho escancarado que tudo vê e tudo vigia.
O
tempo foi cuidando de quebrar as barreiras, até que em uma conversa
pelo Skype ruíram todas as objeções. Mineiro adotado que sou,
piorei! Já atiçado pelas memórias das fitas americanas que
mostravam aquelas paisagens estonteantes, concordei em irmos a
Tucson, eu e a Rose. Já estamos preparando a mala para partir no dia
09 de abril e permanecer com Seoldo e Judite por dez dias da
primavera.
Se
tiverem algum mimo que possamos levar para o casal, façam-no chegar
até aqui, desde que não seja um queijo minas, pois a imigração
decerto o localizaria pelo cheiro sem mesmo abrir a mala, e que não
seja muito pesado, pois minhas costas precisam ser preservadas para a
longa viagem.
***
Obras
citadas neste texto (em ordem de citação):
1.
Black Elk Speaks – livro de 1932 do poeta e escritor americano John
G. Neihardt, que narra a história e a espiritualidade de Black Elk,
um curandeiro da tribo Oglala Lakota (Sioux).
2.
Zabriskie Point – filme de 1970, dirigido por Michelangelo
Antonioni.
3.
Stagecoach – no Brasil, No Tempo das Diligências – filme de
1939, dirigido por John Ford, com John Waine interpretando Ringo Kid.
4.
Easy Rider – no Brasil, Sem Destino – filme de 1969, dirigido por
Dennis Hopper, com Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson.
5.
Broken Arrow – no Brasil, Flechas de Fogo – filme de 1950,
dirigido por Delmer Daves, com James Stewart e Jeff Chandler.
6.
Mineirinho, o Comequieto – personagem de cartuns de Ziraldo,
publicado originalmente na revista O Cruzeiro.
7.
Cidadezinha Qualquer – poema de Carlos Drummond de Andrade, do
livro Alguma poesia de 1930.
8.
The Power of Myth – no Brasil, O Poder do Mito – livro de 1988
que transcreve entrevista entre Bill Moyers e Joseph Campbell.
9.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia – poema
de Fernando Pessoa, publicado pelo seu heterônimo Alberto Caeiro em
O Guardador de Rebanhos.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Cartas easistas - carta de Bessa para José Geraldo
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