quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entrevista com Antonius Matheus Reijnen


Perfil


Nascimento:12 mai 1928

Casou-se com Maria do Socorro da Silveira Reijnen (7 set 1942 - 31 Mai 2003)
Professor Toon. Foto de 29 de agosto de 2013
Holandês, veio para o Brasil como padre, tendo atuado em Miracema – RJ, Campo Belo -MG e em Belo Horizonte. Deixou a batina para se casar com Socorro em 1971.
Psicólogo.
Ex-professor do Colégio Dom Cabral – Campo Belo
Ex-professor do Imaco – Belo Horizonte - nas disciplinas de História e Psicologia
Ex-Vice-Diretor da FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
Filhos: Alexandre Matheus da Silveira Reijnen e Renata da Silveira Reijnen.






Apresentação



Fomos novamente a Santa Tereza, em Belo Horizonte, um bairro que deixou sua marca na vida de muitos Easistas. Dessa vez, nosso interesse voltava-se para aquele antigo mestre do Colégio Dom Cabral dos anos 60, que chamávamos de Padre Antônio, mas cujo nome de origem é Antonius Matheus Reijnen e apelido Toon. Ele, já naquele tempo, gostava dos movimentos sociais, da juventude, de ensinar teatro e de viver no meio das pessoas. Fomos, também, movidos por um interesse específico: conseguir dele uma entrevista para o Blog. Já conhecemos um pouco de sua história: veio da Holanda como padre crúzio, no final dos anos 1950;  esteve inicialmente em Miracema, Rio de Janeiro; depois foi para Campo Belo de onde, finalmente, veio para Belo Horizonte; e já no final dos anos 1960, vamos encontrá-lo ajustando o curso de sua vida, largando a batina  e se casando com Socorro.



Comemoração dos 85 anos na Holanda.
Na foto de cima: Alexandre, de cócoras.
Ao fundo, Toon e os amigos.


Depois de muitos anos, queríamos aproximar-nos, ver como ele estava e dar notícias disso aos colegas, encontristas da EASO. Com isso na cabeça, havíamos marcado uma reunião na casa onde moram atualmente os padres Guilherme, Tiago, Teófilo e João Maria. Cumprindo com rigor o horário estabelecido, lá estava ele, às 15:30 hs de um sábado frio.  Viera de carro do Sion para Santa Tereza, nada demais para um psicólogo de 85 anos, que ainda abre a clínica para atender a alguns pacientes, pratica natação no Country Clube e quer trabalhar até quando puder.


Já no início da conversa — não sei se sempre foi tão direto — perguntou-nos: “o que vocês querem comigo, exatamente?”. Uma pergunta à queima-roupa ensejou igual reação: “Simplesmente revê-lo, mas de repente o senhor pode nos conceder uma entrevista para o Blog”, respondemos. Foi assim, tão simples, que conseguimos esta entrevista.


No dia 29 de agosto de 2013, fomos novamente ao seu encontro. Recebeu-nos, então, no salão de festas do prédio onde ele mora. Estava com a filha, Renata, e o neto, Toon, uma criança tipicamente holandesa: cabelos loiros e olhos claros e espertos.  Enquanto testávamos os equipamentos de gravação, o neto brincava com a mãe ali por perto, pois o salão de recepções se liga, no mesmo nível, aos jardins que rodeiam o prédio.


O neto em 2013, com dois anos.

E a entrevista teve início. Toon, o avô coruja, tem a vivacidade de um jovem, a sabedoria de quem vive intensamente e, acima de tudo, é paciente e receptivo. Transmite aquela confiança dos que vivenciam o que falam e falam o que pensam. Durante a entrevista, Toon responde a todas as perguntas, mas não gosta de falar sobre todos os assuntos; parece que a consciência é sua polícia, mas não a subordina ao interesse particular e à precaução pessoal. Quando se nega a um juízo de valor o faz pela própria certeza na limitação ou pela consciência de sua responsabilidade.


À medida que a entrevista vai se deslanchando, suas palavras, seus gestos e suas convicções vão desenhando um homem em que a grandeza se alicerça, exatamente, em não querê-la: não gosta do mito, da ostentação, das alegorias e da valorização do material. Quando fala de Francisco, o Papa, deixa isso bem claro: “gosto dele porque não é um homem do trono”.  


As palavras de Toon, nesta entrevista, mostram o ser humano que vive a plenitude da vida e que busca a felicidade sem a ilusão de que seja completa. Quanto mais avançamos em compreender suas ideias, mais elas se fecham em torno de uma linha de coerências: afinal, como poderia ser completo aquilo que se realiza numa jornada que não termina enquanto se está vivo? Perguntamo-nos.


Esta entrevista nos deixa convencidos de que o mais profundo para as pessoas está sempre no mais simples. Toon nos dá suas referências: a busca da felicidade está no trajeto; os outros devem ser considerados como companheiros de viagem; devemos valorizar o que temos e ter uma esperança.


 O pensamento de Toon certamente esquentará, um pouco mais, o nosso V Encontro. Um homem que vive por inteiro, que tem a coragem de mudar a trajetória de sua vida e moldá-la ao próprio querer,  e que busca a felicidade junto aos outros, não é alguém que se encontre todo dia. Toon não quer ser mito; mas certamente aceitará nosso respeito.


Pelo menos podemos dizer: salve Toon!


Os holandeses talvez digam: sparen Toon! 

  
Perguntas
1.   Editor: como o senhor definiria a vida com base em sua experiência familiar, profissional e religiosa?
Toon: a vida é uma preciosidade. A vida é, no fundo, como a gente a quer. Não pensando em coisa material, mas em relações humanas, a gente é feliz no que a gente quer; a felicidade total não existe, existe o caminho e nele podemos ser felizes. A felicidade está no caminho e não na chegada.
2.   Editor: na sua visão, o que é ter uma vida bem sucedida?
 


O casamento: um dos mo-
 mentos marcantes da vida
 do  entrevistado. 
 Toon e Socorro (Foto de 
 1971)
Toon: é uma pergunta bem difícil porque a vida depende das aspirações de cada um, pois se a pessoa conseguir, parcialmente, realizar o que sonhou, ela é feliz. Digo parcialmente, pois tudo na vida é relativo, a própria vida é relativa; a vida é um caminho; o tempo que a gente vive nesta terra, pensando bem, é pequeno. Nós fazemos parte de uma história e a contribuição para a história depende muito da gente. Eu sou feliz porque consegui realizar o que sonhei, gostei muito das pessoas que encontrei. Eu tenho até hoje muitos amigos em vários lugares deste país e da Holanda.

Padre Agostinho presidiu o 
casamento celebrado por 
Toon e Socorro, em 1971. 
Foto de 2008 (I Encontro da
EASO)
     3.  Editor: numa conversa anterior, quando conversamos lá em Santa Tereza, o senhor me disse, se entendi bem, que o que realmente importa é o relacionamento com as pessoas, é o outro. Eu peguei bem o seu pensamento? O senhor poderia desenvolver um pouco mais essa filosofia de vida?
Toon: o outro para mim é sempre aquele que segue o mesmo caminho que percorro e que, no fundo, tem as mesmas aspirações, ou seja, que quer ser feliz. Onde a pessoa coloca a felicidade, isso é muito relativo; para mim a felicidade é sempre estar satisfeito com o que se tem e ver o outro como colega, participando da mesma vida.



4.   Editor: nós, os Easistas, estamos na faixa dos 56 aos 72 anos; como psicólogo, que conselho o senhor nos daria para que possamos enfrentar bem o processo de envelhecimento?




Toon: ficar satisfeito com o que (se) tem. Pensar com alegria sobre as coisas que já teve e tentar viver em direção a uma esperança. E essa esperança é um reencontro com a nossa origem. Pode-se chamar isso de Deus  (vídeo abaixo).


   
 
5.  Editor: que fatos mais importantes marcaram sua vida?
Toon: na Holanda, primeiro foi a morte de meu pai, ele morreu de pneumonia, naquela época a cura era difícil; depois, a entrada dos alemães na Holanda e, também, a entrada dos ingleses e americanos, não tanto pela alegria, havia medo também. Puseram oitocentos canhões na minha rua. Isso perto da capital da província. Na época era uma pequena aldeia, com 500 a 800 habitantes, hoje deve ter mais de dois milhões. Minha família toda morava lá, éramos agricultores. Eu catei batatas quando menino.

No Brasil, o primeiro fato marcante aconteceu quando eu estava trabalhando em Campo Belo e me avisaram que minha mãe havia morrido. Eu fiz (celebrei) uma missa na igreja de Santa Efigênia, de Campo Belo; fiquei emocionado pelo apoio, principalmente, que a juventude de Campo Belo me deu.
Há muitas coisas que aconteceram no Brasil, mas eu destaco o meu casamento, que aconteceu também no meio de outros fatos, como, por exemplo, a difícil aceitação de meus colegas em relação à minha decisão de largar a batina e me casar; dos estudantes não, estes me apoiaram.

 
6.  Editor: como tem sido sua vida atualmente?
Toon: Boa, eu tenho ainda meia dúzia de pacientes, atendo um ou outro. A maioria da minha idade já nem existe e, dos que estão vivos, a maioria não tem mais atividade.  Eu pretendo assegurar essa minha atividade até quando puder; é bom, é importante, eu me sinto útil e também me sinto obrigado a fazer alguma coisa. Pratico também a natação.

 
7.   Editor: o que o senhor mudaria, em sua vida, se pudesse voltar o tempo e fazer diferente?
Toon: faria tudo do mesmo jeito.

 
8.   Editor: como o senhor vê a chegada do Papa Francisco?


Papa Francisco: "aceitou sua posição,
mas quis ser, realmente, alguém
para o povo".

             Toon: um homem pelo qual eu tenho admiração, gosto da simplicidade dele e ao mesmo tempo do seu idealismo. Afastou o mito (do cargo). Não é aquele tipo de papa distante das pessoas, não é aquele papa do trono. Aceitou a sua posição, mas quis ser, realmente, alguém para o povo. Eu sinto muita simpatia por este papa, é gente normal, pessoa normal!
 
 
9.   Rafael: como o senhor compararia o Brasil de hoje com aquele que existia quando de sua chegada ao Brasil?
      Toon: quando cheguei aqui, o Brasil era um país lá na América do sul, a ideia era assim, um país de índios, eu não tinha muito isso, mas a maioria pensava assim. O brasileiro é fundamental. O brasileiro é muito simpático. Eu encontrei um país a caminho da modernidade, o Brasil não era um paisinho assim... O Brasil é um país muito importante. Um povo alegre, muito diferente daquela visão europeia. Hoje o país melhorou muito, não sei se do ponto de vista humano também. Agora, me chamaram sempre de comunista, eu não gosto muito dos bancos... e agora eu apoio essa política de maior distribuição terras, eu gosto disso aí!

 
10.  Rafael: o Senhor hoje é um crítico da Igreja ou a vê como no caminho certo?
      Toon: a minha pergunta é: o que é a Igreja? A igreja não é aquela organização de Roma, não. A igreja é a presença de Deus, a consciência da presença de Deus no nosso meio, tentando fazer o bem que Deus sempre comunicou (apontou), o outro . Se a Igreja não está no caminho certo, pelo menos ela o procura; se está ou não certa, eu não sou autorizado a falar disso e, também, não gosto de falar disso. Só tem uma coisa que eu gostei: o papa é uma pessoa normal, isso eu gostei.

 
11.  Edgard: hoje, aos 85 anos, quais são suas melhores lembranças da época em que ainda exercia o sacerdócio e fazia parte do austero comando do Seminário de Campo Belo, junto àquela criançada?
Toon, à direita, prepara os jovens  para o teatro. Foto dos anos
1960 quando ele era padre e morava em Campo Belo MG
Toon: os próprios jovens, a amizade deles, que me tratavam de igual para igual. Eu tentei sempre acabar com o mito. O mito não é coisa boa, não. Um grande amigo meu, desse tempo, chama-se Vicente Odair Spindola, que mora atualmente aqui em Belo Horizonte.

 
12. Edgard: que filme passa por sua cabeça ao lembrar-se daquela linda batina branca com uma simpática capa preta e uma faixa, também preta, ostentando no peito a cruz vermelha, fazendo sermões nas festas de Semana Santa e em outras oportunidades?
Toon: a pergunta é muito comprida... eu não gostava muito daquela batina. Pra mim é coisa da idade média. O tempo mudou demais... o mundo  mudou. Não me lembro muito dos sermões. Muitos falavam que eu era meio comunista. A culpa (rsrsrs) de eu ter ido para Campo Belo foi do padre Justino Ele sabia que eu gostava dessas atividades com os  jovens e me convidou para ir para Campo Belo. Antes disso, eu estava em Miracema.

 
13  Edgard: tenho uma grande curiosidade: lembro-me claramente de seu emocionante discurso na Igreja Matriz de Campo Belo, em 1962, durante a comemoração do Dia das Mães, quando quase todos choraram. O senhor ainda se lembra disso?
Toon: eu não me lembro desses discursos. Eu falava o que sentia e pensava, e nem sei se os outros gostavam.
 
 
14. Edgard (Pergunta para a filha Renata):como você define seu pai?
Festa de aniversário das crianças. Foto dos anos 1980.
Na frente, Alexandre e Renata. Atrás, Socorro e Toon
Renata: ai meu Deus do céu!  (Toon: “eu não posso nem escutar” (rsrsrs) É, pois é, meu pai não pode escutar.  Eu o acho uma pessoa corajosa. Vir ao Brasil, largar a batina. Ele tem uma certa cultura; se adaptou ao Brasil, virou mais brasileiro que holandês. Um homem com sabedoria de vida, teimoso e sempre soube e sabe o que quer, mas tenta não desagradar a ninguém. É um bom pai, foi um bom marido. Uma pessoa extremamente independente que soube se virar na vida mesmo passando por situações muito difíceis.


 
15.     Marcos Rocha: qual a sua opinião sobre o celibato exigido pela Igreja Católica de todos os padres e, como desdobramento desta questão, o que o senhor pensa sobre o posicionamento da Igreja em relação ao papel que poderiam ter os ex-padres (que optaram pelo casamento, como é o seu caso) no atual momento do catolicismo? Pois é sabido que as vocações sacerdotais têm diminuído em todo o mundo e, portanto, faltam tantos padres em praticamente em todos os países do mundo...
Renata e o filho Toon, em  Arnhem,
 Holanda, onde morou com o marido
por 3 anos.
Toon: o mundo está em crise, nós estamos numa mudança de época, mudança de mentalidade. Como vai ser, ninguém sabe porque precisaria ser um profeta, mas que o mundo está em mudança nós sabemos que está. Não é só o Brasil, a Holanda e sei lá onde mais, agora é o mundo, um pouquinho oriental e ocidental, ... vamos ver como vai ser isso. Um país curioso é a Rússia, um lado ocidental, mas o outro lado muito oriental. Mas aquele presidente da Rússia, cala a boca! (Risos)
Neste contexto e voltando à pergunta: o celibato eu acho uma coisa boa, mas o celibato obrigatório, ligado a uma vocação, eu não acho certo, não. Agora, o celibato por opção livre da pessoa, aí sim. Quanto aos ex-padres serem convidados para atuar na igreja, não sei se seria uma boa coisa. Nem sei se seriam bem aceitos e também nem sei se eu mesmo seria bem aceito. Não sei qual seria a reação. Nunca pensei nisso.

 
16.     Marcos Rocha: ainda como desdobramento da pergunta anterior, o que o senhor pensa sobre os escândalos que têm surgido em vários países (EUA, Irlanda, Portugal, também aqui no Brasil e até no Vaticano!) sobre pedofilia e homossexualismo praticados por padres. O Sr. vê alguma correlação entre esses desvios de conduta de padres e até bispos católicos e a exigência ou obrigação do celibato?"
Toon: com relação ao celibato poderia ter alguma correlação.  Como já disse, o celibato obrigatório não é uma boa coisa.

 
17.     Santana: nos anos sessenta, o senhor nos incentivou muito ao gosto pelo teatro e pelas representações cênicas, gostaríamos de saber se, posteriormente em sua vida profissional, o senhor organizou peças teatrais ou se envolveu em outras atividades artísticas?"
Foto dos anos 1980. A partir da esquerda:
Alexandre, Renata, Mônica, Socorro e Toon.
Toon: não, eu tinha que trabalhar. Não tinha mais tempo para teatro. Eu sempre apoiei o pessoal que mexia com artes, mas eu mesmo não tinha tempo; tinha dois filhos pra criar... dava aulas de psicologia e história. Fui professor do IMACO. O diretor do IMACO, Raul Murad, era muito meu amigo. Por aquele diretor eu tenho a maior admiração, muito correto.  
 
 
18.     Seoldo: a gente cria raízes novas, adapta-se e tudo... Mas as raízes velhas cobram um preço alto pelo transplante. Como você se sentiu/sente como um imigrante holandês no Brasil? Saudades da Holanda? (Em geral, imigrantes sofrem bastante).

Toon: não, eu me senti muito bem aqui desde o início. Eu aprendi uma coisa que uma pessoa falou para mim, não sei mais quem, mas é o seguinte: quando você vai ao outro lado, você tem que olhar. Então, quando vim para o Brasil, eu olhei, não tinha uma ideia moralista do certo ou errado.

 
19.     Seoldo: nosso grupo de conscientização lá do Bairro Santa Tereza -BH (do qual você foi o guia/líder e Socorro uma ativa participante) parece que, de uma maneira ou de outra, empurrou-me para ir trabalhar na Colônia Pindorama - AL, um projeto de reforma agrária tipicamente de cunho socialista - participação no trabalho e no ganho. O que aconteceu com aquele grupo depois de 1968?
Toon: o grupo se dispersou pouco tempo depois de 1968. Ali pelos anos 70, se não me falha a memória, eu larguei a batina. Casei-me em 1971, e o grupo deixou de existir.

 
20.     Seoldo: creio que sua decisao de deixar o sacerdócio foi dura, penosa... porém, corajosa. Admiro muito sua arrancada e a opção de formar uma família com Socorro. Aonde vocês foram passar a lua de mel?
Toon:  no Rio de Janeiro.  

         Outras fotos do entrevistado
O neto, o xodó.

Renata e o marido, Hans.

8 comentários:


  1. Caros colegas da EASO,
    A entrevista está perfeita, tanto na apresentação como na formulação das perguntas, feitas com muita propriedade e dando oportunidade a que o entrevistado fornecesse informações relevantes para nosso blog.
    À primeira vista, o Sr. Toon, aos 85 anos, demonstra do alto de sua sabedoria, sua vivacidade e perspicácia nos surpreendendo com sua firme indagação: “O que vocês querem comigo exatamente?” Congratulações ao entrevistado, por reconhecer a necessidade de, nestes tempos de alto dinamismo, as pessoas têm de ser objetivas. Apesar de parecer tremer na base, o entrevistador não perdeu a linha e retrucou com seu estilo singelo: “Simplesmente revê-lo”.

    Esta diplomacia cuidadosa durante o quebra-gelo nos rendeu uma excelente entrevista, que foi se desenvolvendo aos poucos até chegar ao almejado: ouvir o melhor de quem sabe e se sente bem ao manifestar suas ideias com sinceridade. Desnecessário elogiar a coragem do ex-padre, se é que ainda existe algum vestígio da função sacerdotal no hoje simplesmente Toon, por opção.
    Os colaboradores, ao enviar suas perguntas, se revelaram, cada um a seu estilo, excelentes entrevistadores. Quanto ao entrevistado dispensa comentários de qualquer natureza, porém é preciso mencionar sua assertividade diante da vida, quando afirma: “Para mim a felicidade é sempre estar satisfeito com o que se tem e ver o outro como colega, participando da mesma vida”. Parece algo muito simples, mas, para chegar a este pensamento genuíno, existe uma base muito sólida e alicerçada em princípios. Assim se revela a competência de um homem que conseguiu alcançar um patamar na vida, do qual enxerga todos como iguais, em que a arrogância e a inveja não têm vez. Para o Sr. Toon não há seres humanos melhores nem piores, existe apenas o outro que, para ele, é alguém que flutua nas mesmas águas da existência. Pelo que demonstra ao longo da entrevista, verifica-se tratar de um psicólogo de alta qualidade, com plena consciência de sua missão no planeta.
    Um abraço a todos e até dia 20, permitindo Deus.
    Edgard

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  2. Importante ressaltar que o entrevistado fez questão de não ler as perguntas, nem antes, nem durante a entrevista e muito menos pediu tempo para respondê-las. Usamos um gravador de notebook. Formulávamos uma pergunta ele a respondia imediatamente, com ideias claras e bem alicerçadas. Interessante, e até de certa forma intrigante, é que ele não tem uma boa memória dos fatos mais recentes, ou seja, o que ele responde está entranhado, por assim dizer, no sangue. São conceitos e pensamentos feitos carne.

    Mano, pessoalmente eu me identifiquei muito com o entrevistado, não apenas pela sua forma cordial em nos atender, mas pelo conteúdo do que fala e pela franqueza. Se não gosta de contrariar as pessoas, como diz sua filha, ele deve ter sofrido bastante com isso, pois os amigos e familiares dificilmente aceitam que um de seus pares tenha uma trajetória totalmente independente. Nós os Easistas sabemos muito bem, em graus diferenciados -- cada um com sua história --, de como foi difícil falar com nossos pais quando de nossa saída do seminário, foi um enfrentamento penoso porque fomos obrigados a contrariar pessoas muito queridas. Então, é fácil imaginar o que significa largar a batina.

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  3. Velho amigo distante e arisco Toon. Falei de raízes na primeira pergunta. Você mencionou que veio de uma família de agricultores que trabalhavam também com batatas. Raízes de batata são um pouco diferentes... aliás, as batatas são raízes também!!! Interessante, agora quando vou ao supermercado, passando perto das batatas, penso na figura do menino CATADOR DE BATATAS, o psicologista ainda com casca, TOON REIJNEN. Isso tudo para dizer que imigrante/emigrante (ou melhor, qualquer individuo que se separa da família e dos parentes) paga um preço diferente pelo novo destino. O seu conselho de "olhar o outro lado" de uma maneira aberta, sem preconceitos e críticas, sem dúvida, ajuda... Falando em " olhar ", observando a foto de seu netinho todo lourinho veio-me a lembrança de que uma certa vez trabalhando no Projeto Pindorama - AL, visitando uma escolinha notei que uma menininha na classe tinha os olhos todos verdinhos. Pensei: -"nordestino de olhos verdes! É preciso de muita genética!!! Parece que a professora percebeu meu pensamento e foi logo dizendo: - "Sô Geraldão (assim me chamavam), não se espanta, não! Ela é descendente de missionários holandeses que há muito tempo viveram em Pernambuco!!!".Completei sem pensar muito: "Que ela cresça em sabedoria e que seja uma bondosa menina/moça/senhora porque bonita ela já é..."
    Renata parece bastante com sua mãe Socorro (que tinha os dentes de cima da frente um pouco separados). Que ela cuide do pai Toon e do filho Toon com muita sabedoria. Um grande abraço para o CATADOR DE BATATAS agora oitentão! Para terminar, um conselho: pare de fumar, pare de dirigir, mas nunca pare de sorrir muito. Parabéns ao Lulu e ao Siovani pela oportuna entrevista. Abraços. Seoldo.

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  4. Gostaria de saber onde o Sr TOON atende, fui paciente dele nos anos 90 e seria um grande prazer revê-lo! Márcia

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    1. Márcia, deixe uma mensagem com seu nome completo e e-mail para que eu possa enviar-lhe o telefone do Sr. Toon. A sua mensagem não será publicada, mas será por nós lida e deletada de forma a preservar sua privacidade e a do Sr. Toon. Importante que você cite seu sobrenome.
      O editor

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  5. Adorei a entrevista com o Antinius, assim eu o conhecia nos anos 80 como sua cliente. Ficamos amigos e ele foi padrunho de meu filho Romeo. Perdi contato com ele pois mudei de país. Como encontralo? Preciso falar com ele. Por favor me ajude.ele email: 786marcia@gmail.com

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  6. Gostei muito da entrevista dada pelo Sr. Toon ( nosso Padre Antônio ). Tanta vivacidade em sua idade é algo não comum. Dirigindo carro em sua idade, ótimo. Praticando natação, serve de estímulo para todos nos. Ja era admirador dele nos tempos do seminário, lembro-me de uma peça de teatro em que fui dirigido por ele, muito bom. De um modo geral tenho muito respeito pelas pessoas que tomam decisões tão sérias, como largar o sacerdócio para se casar. Decisão difícil, principalmente na década de setenta, hoje não.
    Outra coisa admirável é sua brasilidade mesmo sendo holandes. Sr. Toon você é digno de todos os elogios. Abs.

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  7. Olá! O falecimento recente do Frei Cláudio van Balen me fez pensar em três senhores holandeses que marcaram minha vida: o próprio Frei Cláudio, o Frei Hilário Meekes, diretor do Colégio Santo Antônio, onde estudei, e o Sr. Antonius (vou chamá-lo assim, já que nunca o conheci pelo apelido, Toon), que foi meu psicólogo no final da década de 90. Pesquisei sobre ele para saber por onde anda e acabei caindo nesta entrevista, que data de 2013. Escrevo de 2021. Alguém poderia me dar alguma notícia sobre ele? Estaria agora com 93 anos de idade! Espero receber notícias boas dele, de quem lembro com muito carinho.

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