sábado, 5 de maio de 2012

Entrevista com Marcos Rocha


Marcos Rocha

Apresentação


Não é difícil de perceber que o nosso entrevistado, Marcos Antônio Rocha, o Marcos Rocha, desde a juventude vem trilhando um caminho de sucesso. Ao longo de sua vitoriosa trajetória profissional, agregou à profissão de jornalista outros conhecimentos e habilidades que ampliaram suas competências, como a formação em comunicação e marketing. Houve também uma consistente participação na arte cinematográfica, de que é profundo conhecedor.

Marcos considera de suma importância a sua vida em família, fala de sua esposa Liana, seus filhos e sua neta de maneira tão carinhosa que evidencia o quanto os ama. Com sutileza, mostra tratar-se de uma família formada nos novos padrões da sociedade brasileira. Marcos Rocha e sua esposa, a engenheira civil Liana, demonstram, em nossos encontros setembrinos, o verdadeiro exemplo de como conviver com simplicidade, simpatia e carisma. Aqui vale lembrar a frase “não digas ao mundo do que és capaz, demonstre-o, se necessário for”. A frase se aplica a nosso colega e sua esposa que, nas reuniões, nos transmitem uma enorme sabedoria, porém cultivada em humildade. Católico por opção, nunca esqueceu a base de sua formação religiosa, sobre a qual fala com carinho, relembrando os tempos em que frequentou a Escola Apostólica Santa Odília, onde cursou o antigo ginasial, e o Colégio Dom Cabral, onde cursou o primeiro clássico.

Desnecessário dizer que nosso entrevistado é um profissional polivalente e bem resolvido em todos os sentidos da vida. Trata-se de um jornalista de sucesso, criativo profissional de comunicação e marketing, e ativo cineasta, que foi um dos fundadores do Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE), chegando a ser presidente daquela instituição. Por ocasião do golpe militar de 1964, mostrou-se firme em suas convicções ideológicas, participando intensamente da militância em oposição à ditadura, quando foi preso. Apoiou a luta pela anistia e pelas diretas na esperança da redemocratização do país. Trata-se de alguém que exercita plenamente sua cidadania, acreditando ser a política instrumento de transformação da sociedade, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem intencionadas, o que endossamos por princípio.

Sendo leitor de bons livros e apreciador de bons filmes, prefere as obras que trazem em sua mensagem conteúdos que o levem às reflexões filosóficas e existenciais. Preocupado com a solidariedade, mostra-nos profunda sensibilidade com a desigualdade social. Acredita que a fraternidade e a busca permanente da paz e da justiça poderão tornar muito melhor a humanidade.

Este é o Marcos Rocha que, do alto de sua sólida experiência de vida, nos concede esta preciosa entrevista, mostrando-nos a diversificação de suas atividades, como consultor de comunicação da presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e de grandes empresas e entidades de classe; como assessor de políticos renomados, redator de marketing político, publicitário, empresário, fotógrafo (que se afirma amador, mas acaba se contradizendo com as belas fotos em nossos encontros anuais) e muitos outros predicados.


"Fiz cursos que levaram a me tornar um    
profissional especializado simultaneamen-
te nas áreas de Jornalismo, Cinema, Co-   
municação e Marketing".                          

Blog: - Como foi sua formação escolar e acadêmica, abrangendo o período em que esteve no Semiário? 


Marcos Rocha em 1972, aos 26 anos,
quando organizou o Seminário de
Propaganda e Marketing.
 Marcos Rocha: - Entrei para a Escola Apostólica Santa Odília em 1957 e saí em 1961, tendo cursado o antigo ginasial e o primeiro ano clássico no Colégio Dom Cabral. Concluí o segundo grau no Colégio Municipal de Belo Horizonte e fiz cursos que levaram a me tornar um profissional especializado simultaneamente nas áreas de Jornalismo, Cinema, Comunicação e Marketing. Considero os cursos, estágios e as produções de cinema feitos no Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), no Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE) e na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica (que, posteriormente, se transformou na Faculdade de Comunicação da PUC/MG) as bases teóricas e práticas da minha formação cultural e profissional − isso sem levar em conta o período no Seminário, que considero importantíssimo na minha formação. Embora não tenha feito faculdade específica de jornalismo, tornei-me jornalista profissional − devidamente registrado no Ministério do Trabalho – desde a regulamentação da profissão, em 1970.

Blog: - E como é sua vida familiar? Como se constituiu ao longo do tempo?


Os quatro filhos e a neta de Marcos
Rocha, em foto de 2001.
M. R.: - Considero-me um exemplo típico daquilo que, em Sociologia e Estatística, é enquadrado como “novos arranjos e padrões da família brasileira”. Estou casado desde 1986 com Liana Borges Amaral, engenheira civil, com quem tenho um filho de 22 anos, Lucas Amaral Rocha, atualmente no último ano do Curso de Esportes da Escola de Educação Física da USP, em São Paulo. Este é o meu terceiro casamento. O primeiro casamento foi em 1969, aos 23 anos, com Aparecida Maria e Silva Rocha, socióloga e funcionária pública, no qual tivemos dois filhos: Georgiana Rocha, atualmente com 42 anos, formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo; e Flávio Silva Rocha, 37 anos, advogado pela PUC/MG e atualmente trabalhando na área jurídica da Caixa Econômica Federal, em Brasília. Desquitei-me em 1975 (na época ainda não existia o divórcio no Brasil), e vivi durante oito anos em união estável com Sandra Maria Masi, assessora de Relações Públicas, com quem tive um filho, Marcos Masi Rocha, atualmente com 35 anos, publicitário. Sandra faleceu aos 33 anos, em 1983, vítima de um tipo de câncer altamente letal, o melanoma maligno − estava com 37 anos quando fiquei viúvo deste casamento. Dois anos depois, conheci a Liana, que é mineira de Uberaba, e nos casamos no ano seguinte. São, portanto, quatro filhos, oriundos de três casamentos. Tenho também uma neta, atualmente com 12 anos, chamada Alice (é filha da Georgiana).


"Nessa época, já era fanático por cinema, paixão que  
começou quando fiz o Curso de Iniciação Cinemato-  
gráfica por sugestão e insistência do Padre Humber-  
to. Este curso aconteceu nas férias de Julho de 1961"

Blog: - Conte-nos um pouco sobre o início de sua vida profissional.


Marcos Rocha logo que saiu
do Seminário.
M. R.: - Iniciei minhas atividades profissionais logo no ano seguinte ao que saí do Seminário (1961), pois meu pai havia falecido e precisava contribuir para o orçamento doméstico − minha mãe recebia uma pensão, como viúva, insuficiente para a manutenção da família. Comecei a trabalhar como auxiliar de Departamento de Pessoal, em maio de 1962, aos 16 anos, na Bemoreira Máquinas S/A., antiga loja de departamentos de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Um ano e meio depois, em outubro de 1963, aos 17 anos, fui convidado por um amigo para mudar de emprego, passando a ganhar um pouco melhor como auxiliar administrativo na Sucursal do Jornal do Brasil em Minas Gerais. Esta foi uma mudança de emprego que marcaria os rumos da minha vida. Convivendo com jornalistas consagrados e outros profissionais de áreas afins, descobri que minha verdadeira vocação era o jornalismo e a área de comunicação.


Blog: - Foi a partir daí que surgiu seu interesse por cinema?

Marcos Rocha operando uma filmadora
de vídeo (a paixão pelo cinema)
M. R.: - Nessa época, já era fanático por cinema, paixão que começou quando fiz o Curso de Iniciação Cinematográfica por sugestão e insistência do Padre Humberto. Este curso aconteceu nas férias de julho de 1961 e foi ministrado em Belo Horizonte pelos padres Edeimar Massote e Guido Logger, ambos altamente especializados em cinema (naquela época, a Igreja Católica dava mais atenção ao papel da chamada sétima arte na formação cultural do que hoje). Este talvez tenha sido um dos momentos mais importantes da minha evolução e aperfeiçoamento cultural – que devo (e reconheço isso) ao Padre Humberto. Como resultado dessa iniciação, comecei a ler e a estudar tudo que me caía às mãos sobre a arte cinematográfica. Tornei-me leitor habitual das revistas Cahiers du Cinèma e Positif, que eram feitas pelos melhores críticos de cinema franceses e serviam como referência de qualidade para as mais importantes publicações culturais brasileiras. Aos 18 anos, comecei a fazer resenhas críticas de filmes, que foram publicadas em jornais de Belo Horizonte − mais por consideração e amizade dos editores do que pela qualidade dos textos, devo acrescentar.

Blog: - A partir daí, para se tornar um cineasta, foi só um pulo...

M. R.: - Continuava fazendo cursos, estágios, pesquisando e tentando aprender na prática aquilo de que mais gostava: a arte e a técnica do cinema. Dediquei-me ao cineclubismo, através do CEC, do qual mais tarde fui vice-presidente; criei com dois amigos as sessões de arte do antigo Cine Pathé, na Praça da Savassi, em Belo Horizonte; ajudei a fundar o Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE), do qual fui presidente e através do qual produzimos vários filmes de curtas-metragens; e fiz cursos de especialização na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica, fundada e dirigida, então, pelo já citado padre jesuíta Edeimar Massote, faculdade que, posteriormente, deu origem ao Curso de Comunicação e Marketing da PUC/MG.

Blog: - E como foi sua trajetória profissional até se tornar este jornalista de sucesso atualmente?

M. R.: - No início da década de 60, havia pouquíssimos cursos superiores de jornalismo no Brasil. A profissão ainda não era regulamentada. Os jornalistas vinham com bagagem cultural de outros cursos superiores, principalmente de Letras e de Direito, ou eram simplesmente autodidatas, como alguns dos melhores profissionais que se destacaram na profissão naqueles tempos e continuam em destaque ainda hoje. Todos, independente da formação, eram treinados nas técnicas de jornalismo dentro das redações − começando sempre como “focas” (gíria que designa jornalistas principiantes).

Como sempre gostei muito de escrever, desde os tempos do Seminário (era um colaborador frequente do nosso Repórter Crúzio), possuía uma boa base cultural e tinha um texto considerado bastante razoável pelos meus professores de Língua Portuguesa - entre os quais o saudoso Mariante de Oliveira -, comecei a pedir aos colegas da Sucursal do JB que me dessem algumas matérias mais simples para apurar e redigir. Foi assim, aprendendo na prática e no dia a dia das redações, que me tornei jornalista. Sem nunca deixar de estudar e de ler muito - sobre literatura, poesia, cinema, jornais, revistas, propaganda, marketing, enfim, tudo que me caísse às mãos.


MR  entrevista Ulysses Guimarães,  na
 época das "Diretas Já!", aos 37 anos.
Um ano e pouco depois de ter começado como auxiliar de escritório no Jornal do Brasil, já apurava e redigia matérias jornalísticas com desenvoltura e logo fui registrado na própria empresa como repórter. Pouco depois, mostrando versatilidade, passei a ser Chefe da Divisão de Publicidade e exerci também, durante um período, a chefia de redação da Sucursal do JB em Minas Gerais. Decorridos mais dois anos, desliguei-me do Jornal do Brasil e passei a chefiar a redação do jornal “O Sol” em Belo Horizonte por um curto período; e, na sequência, em 1968, aos 22 anos, fui contratado pelas Empresas Bloch, onde permaneci quatro anos, sempre atuando como jornalista – como repórter, chefe de reportagem, chefe de redação e diretor da sucursal. Produzi dezenas de reportagens para as revistas Manchete, Fatos e Fotos, Enciclopédia Bloch, Pais & Filhos e outras publicações da Bloch Editores S/A.

Blog: - Foi a partir do exercício do jornalismo que começou sua militância política?

Foto do Blog Plano-Geral-Marcos Rocha,
sendo julgado pela Justiça Militar, em
1972. Ele é o primeiro à esq., na parte de
baixo.A atual presidente da República
está na parte de cima, à direita. O de
óculos na parte de cima é o atual
ministro Fernando Pimentel. 
M. R.: - Sim, paralelamente às minhas atividades jornalísticas, tive uma atuação como militante de organizações políticas de esquerda armada que lutavam contra a ditadura militar – isso no período de 1965 a 1970. Fui integrante da POLOP (Política Operária), que depois se transformou na OPML - Organização Popular Marxista-Leninista, cujo braço armado era o COLINA - Comandos de Libertação Nacional. Entre os companheiros de militância desta época, em Belo Horizonte, estão a atual presidente da República, Dilma Vana Rousseff, e seu primeiro marido, o também jornalista Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que era meu amigo pessoal. Essa resistência à ditadura militar, sobretudo depois do Ato Institucional n° 5, em dezembro de 1968, teve como consequência uma dura repressão, que resultou na minha prisão por três vezes, em 1969 e 1970, durante as quais tive de enfrentar traumáticas sessões de tortura e de isolamento em celas solitárias, inclusive no terrível DOI-CODI do Rio de Janeiro e de São Paulo, de triste memória. Foram seis meses, ou, para ser exato, 200 dias, somadas as três temporadas , em diversas unidades prisionais. Exatamente por isso, decidi, em 1971, afastar-me temporariamente do jornalismo, para ficar menos exposto à violenta repressão da ditadura militar, que tinha uma preferência toda especial por reprimir jornalistas, intelectuais e formadores de opinião pública em geral. Mas resolvi também não sair do Brasil, apesar de ter tido várias oportunidades para isso, por entender que a redemocratização tinha que ser conquistada aqui, dentro do próprio país. Optei, então, por trabalhar em agências de propaganda e em departamentos de marketing e assessorias de comunicação, apoiando, paralelamente, movimentos como a luta pela Anistia, as Diretas-Já, o Fora-Collor e outras iniciativas no campo da política.

Blog: - Bem, então a partir daí houve um redirecionamento para as áreas de propaganda e marketing...

M. R.: - Sim, são áreas que têm grande afinidade com o jornalismo e estão inseridas no vasto universo da comunicação. Gostei da atividade porque oferecia menos riscos e era mais bem remunerada que o jornalismo. E, também, porque podia dedicar-me a áreas com as quais sempre tive muitas afinidades: criação e planejamento estratégico, produção de filmes publicitários, além de me permitir algumas incursões no atendimento. Exerci a profissão de publicitário ao longo de praticamente quatro décadas, passando por grandes agências no eixo Belo Horizonte–São Paulo. E também no Triângulo Mineiro, onde morei durante aproximadamente 20 anos em várias épocas – foram, no total, quatro anos em Uberlândia e 16 em Uberaba -, onde comandei minhas próprias agências de propaganda ou produtoras de vídeos e de filmes. O jornalismo passou a ser uma atividade apenas eventual ou complementar. Fazia matérias como free-lancer ou como colaborador-articulista em diversas publicações. Em algumas épocas, exerci um tipo de jornalismo mais especializado, quando as áreas estavam muito interligadas. Por exemplo: quando fui contratado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, de Uberaba, atuava como assessor de imprensa e fundei e dirigi a Revista ABCZ, que existe até hoje, especializada em pecuária. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, fui assessor de imprensa de um deputado e, mais tarde, consultor de comunicação da presidência durante dois anos (de 1999 a 2001). Da mesma forma, praticava técnicas de jornalismo quando fui coordenador-geral ou redator principal em dezenas de campanhas de marketing político.

"Gosto de Política, com P maiúsculo mesmo, pois acredito    
que, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem inten-
cionadas, é um poderoso instrumento de transformação da    
 sociedade, de melhoria da qualidade de vida, de busca da     
 justiça social."                                                                          


Blog: - Além destas atividades, você atuou em outras frentes de trabalho? Há algo que ainda deseja fazer?

M. R.: Nessa já longa carreira profissional de quase meio século, fui sócio de empresas ou trabalhei como contratado em Belo Horizonte, Uberaba, São Paulo, novamente Uberaba, Belo Horizonte (segunda temporada), São Paulo (segunda temporada), Uberlândia, Belo Horizonte (terceira temporada), Uberaba (terceira temporada) e novamente São Paulo, onde resido atualmente pela terceira vez e ainda atuo profissionalmente, prestando consultoria a empresas nas áreas de comunicação e marketing. Estas sucessivas mudanças de cidade são encaradas com bom humor, pois tenho espírito meio cigano e não gosto de criar raízes em nenhum lugar. Uma das minhas metas atuais é poder morar pelo menos dois anos em Barcelona – cidade pela qual me apaixonei nas duas viagens à Espanha, a última delas em 2010, quando fiz o Caminho de Santiago de Compostela, percorrendo 850 quilômetros a pé, ao longo de 35 dias, e, depois, permanecendo por lá mais duas semanas em viagens turísticas, estas em companhia da Liana.


Blog: - Voltando ao nosso assunto preferido, por que você entrou e por que saiu do Seminário?


Foto da primeira comunhão com toda a
 família. Note as  irmãs freiras.
M. R.: - Minha família sempre teve forte formação católica. Meu pai era congregado mariano e atuava em obras assistenciais e de caridade como vicentino. Junto com o pai, participei de muitas vigílias chamadas de “adorações noturnas”, na Igreja da Boa Viagem, em Belo Horizonte, isso a partir dos 7 ou 8 anos. Quando entrei para o Seminário, em 1957, aos 11 anos, tinha duas irmãs que eram freiras há mais de 10 anos e que também me influenciaram nesse sentido. Outra influência importante aconteceu quando passei a frequentar a Cruzada Eucarística, na Paróquia de Santa Tereza, sob a coordenação dos Padres Crúzios. A ida para o Seminário em Campo Belo foi, portanto, quase uma extensão dessa trajetória e a intenção era, realmente, no início, tornar-me padre. Mas os cinco anos de vivência na Escola Apostólica Santa Odília, em Campo Belo, mostraram-me que não tinha a verdadeira vocação para a vida religiosa, dom que é dado a poucos. E, para precipitar a saída, contribuiu a morte do meu pai em agosto de 1961, fazendo com que fosse obrigado a começar a trabalhar para ajudar a família.

Blog: - Entre as diversas experiências que a vida lhe reservou, quais as de que mais gosta?

M. R.: - Aos cinco anos incompletos, fui levado por meu pai para assistir aos grandes comícios da eleição presidencial de 1950, realizados na Praça da Estação, em Belo Horizonte, quando o ex-ditador Getúlio Vargas, então candidato pela antiga coligação PTB/PSD, derrotou o Brigadeiro Eduardo Gomes (antiga UDN). Meu pai era udenista e democrata convicto, odiava o ex-ditador, que havia sido simpatizante do fascismo e do nazismo, além de ter governado o Brasil por 15 anos de forma autoritária. Vem provavelmente daí o meu gosto-quase-paixão pela política e pelas liberdades democráticas, aqui entendidas em seu sentido original, totalmente em desuso nos dias atuais: a arte de chegar ao poder pelas vias democráticas para servir ao interesse público. Gosto de Política, com P maiúsculo mesmo, pois acredito que, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem intencionadas, é um poderoso instrumento de transformação da sociedade, de melhoria da qualidade de vida, de busca da justiça social.

Hoje, continuo gostando de escrever e mantive na internet até recentemente um blog no qual escrevi cerca de 1.300 posts e tive mais de 500 mil acessos, isso em apenas três anos. Mas parei de atualizar o blog http://www.planogeral-marcosrocha.blogspot.com/ porque constatei que os filtros e barreiras colocados pelos provedores estavam funcionando como censura de minha opinião sobre temas políticos brasileiros contemporâneos. Ainda pretendo voltar a ter um blog ou site pessoal em que possa escrever sobre temas de atualidade, mas preciso ter mais tempo para me dedicar a isso, pois dá trabalho.

Continuo, também, viciado em leitura de todos os tipos, sobretudo bons romances, biografias de grandes personalidades, revistas e jornais em geral; gosto de assistir a programas jornalísticos e documentários nas TVs a cabo; continuo cada vez mais apaixonado pelo cinema, que considero a base da minha formação cultural – gosto de filmes de todos os gêneros, mas sobretudo daqueles considerados obras de arte e que levam a reflexões filosóficas ou existenciais. Alguns diretores cujos filmes não perco: Ingmar Bergman, Fellini, Antonioni, Tornatore, Bertolucci, Truffaut, Godard, Akira Kurosawa, Kenji Mizoguchi, Michael Curtiz, Orson Welles, Howard Hawks, Billy Wilder, John Ford, Sam Peckimpah, Hitchcock, George Stevens, Nicholas Ray, Clint Eastwood, Francis Ford Coppola, Woody Allen, além de dezenas de outros cineastas importantes na história do cinema universal. Entre os brasileiros, destaco Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, todos ligados ao Cinema Novo.


2011 em Campo
Belo (MG).
Gosto, também, de fotografia – considero-me um amador avançado; de surfar aleatoriamente pela internet, tendo o hábito de acompanhar alguns blogs e sites que tratam de política nacional e internacional; de música clássica, jazz, tango, bossa-nova e MPB de qualidade; de conhecer cidades e culturas diferentes das nossas; de futebol quando bem jogado, embora seja torcedor - talvez fosse melhor dizer sofredor - do Villa Nova Atlético Clube, de Nova Lima, glorioso Campeão Mineiro de 1951, ano em que comecei a gostar de futebol; de cerveja e chope gelados; de vinhos de boas safras; de cozinhar quando estou inspirado (minha especialidade é a moqueca capixaba de badejo, feita em panelas de barro); de ver e apreciar mulher bonita em todas as suas manifestações de beleza; enfim, sou bastante eclético em minhas predileções.

Blog: - E a religiosidade, como se compõe com esta vida dinâmica que você tem?


Caminho de Santiago, um dos
marcos do caminho, em Palência
M. R.: - Depois de ter ficado afastado durante anos das práticas religiosas, por influência direta dos estudos de marxismo e da militância política de esquerda que tive nos anos 60 e 70, venho, em anos recentes, sobretudo após ter feito o Caminho de Santiago de Compostela, me aproximando novamente do catolicismo. Ainda estou longe de voltar a ser um católico exemplar, como cada um de nós já foi no passado, mas pretendo chegar lá. Graças, principalmente, à ajuda e ao estímulo da minha esposa, Liana Amaral, que é católica praticante, participativa e possui uma fé contagiante. Mas os valores morais e éticos cristãos transmitidos nos tempos do Seminário jamais foram esquecidos e pautam minha vida em todos os momentos.

Blog: - Quais são seus sonhos e projetos para o futuro?

M. R.: - Tenho como princípios fundamentais de vida os valores e as crenças expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos , proclamada solenemente pela ONU em 10 de dezembro de 1948. Em minha opinião, ali, naquele documento basilar, estão os fundamentos e princípios que sintetizam 10 mil anos de civilização. As bases da verdadeira democracia e da construção do futuro estão todas alinhavadas no documento. E mais: o texto é belíssimo, sobretudo no preâmbulo e quando descreve com brilhantismo as liberdades, os direitos e os deveres individuais e coletivos que devem ser perseguidos insistentemente pelo ser humano para a sua plena realização. A ética do trabalho, a solidariedade, a fraternidade e a busca permanente da paz e da justiça constituem as forças propulsoras que devem nortear a vida em sociedade e só elas conduzem indivíduos, povos e nações pelos caminhos da prosperidade e do bem-estar social. Que o mundo inteiro, todos os povos e nações, um dia não muito distante coloquem em prática a Declaração Universal dos Direitos Humanos - este é o meu sonho.


"Não me lembro de "meninos matutos, meninos revoltados,
meninos pios" -- acho que éramos todos iguais, ingênuos   
e bem intencionados. A convivência entre pessoas vindas   
de locais e formações tão diferentes era muito saudável e   
enriquecedora, sobretudo pela presença e contribuição      
dos padres holandeses..."                                                      

Perguntas do Seoldo

- Marquinhos, meio século passou, hein?!!! Chegou a hora de nos contar pelo menos 50% de suas aventuras (claro que “os segredinhos" não virão a tona... todavia, gostaríamos de saber o máximo possível). Parte de um mandamento da Bíblia diz: "Amar o próximo como si mesmo..."; no livro do Pequeno Príncipe alguém disse: "Você e responsável por aqueles que você conhece”; e o cotidiano nos parece forçar para o lado popular dos "Salve-se quem puder; o resto que se dane". Como você se colocou e se coloca dentro destes princípios?

- Caríssimo Seoldo: minha vida não tem tantos segredos quantos você imagina e, talvez, nem sejam tão interessantes. Sou um cidadão pacato, até hoje meio tímido e introvertido. Entre o "amar o próximo como a si mesmo ", o princípio de Saint-Exupéry -- "Tu te tornas eternamente responsável por aqueles que cativas" -- e o "salve-se quem puder, o resto que se dane", eu fico na posição do meio, entre o primeiro e o segundo, pois é onde geralmente mora o bom senso. Já o terceiro aforismo eu repudio, porque é típico dos oportunistas e destituídos de caráter.


- A memoria é uma capacidade do nosso cérebro que somente a própria pessoa parece controlar ou ter acesso. E ela que vai definindo a gente a cada momento. Então, sua memoria de quando chegou na EASO vindo do dinâmico Bairro de Santa Tereza da capital para um ambiente fechado do interior...algum comentário sobre choque cultural com relação a meninos matutos, meninos revoltados, meninos pios, meninos que "metiam o pé" nos jogos de bola, etc...Vai listando 3 coisas de que gostava/não gostava; 3 coisas que o incomodavam; 3 colegas com quem se dava bem; seus dois vizinhos no dormitório; os nomes das 3 empregadas que cozinhavam, lavavam e limpavam (pedir ajuda ao Raimundo Nonato).

Férias em Santana
 do Jacaré (MG).
Acima, futebol,
abaixo, hora do rio.

- Não me lembro de "meninos matutos, meninos revoltados, meninos pios" -- acho que éramos todos iguais, ingênuos e bem intencionados. A convivência entre pessoas vindas de locais e formações tão diferentes era muito saudável e enriquecedora, sobretudo pela presença e contribuição dos padres holandeses, representantes de outra cultura. Já os que "metiam o pé", nas nossas peladas, como os prezadíssimos Antônio Bessa e o Carraro (que Deus tenha os dois ao seu lado!) e o botineiro Zé Geraldo, por exemplo, que vivia me chamando de "chorão" , esses eu tinha vontade de capar e de jogar o bilau deles para os porcos...(rs rs rs) A sorte deles é que a gente não podia usar navalha ou canivetes afiados...(+ rs rs rs) Quanto aos dois vizinhos de dormitório e aos nomes das três empregadas que cozinhavam, eu passo...Minha memória, depois de meio século, não chega a tanto. Coisas de que gostava? Posso listar muito mais do que três: de jogar bola, das férias de julho em Santana do Jacaré (corríamos enorme risco ao nadar em alguns trechos do rio, mas como era gostoso!), das sessões de hipnotismo promovidas à noite pelo Padre João (lá em Santana), das aulas de canto do Padre Marino, dos nossos retiros espirituais, das solenidades da Semana Santa, das paradas e desfiles no Dia 7 de Setembro e no aniversário de Campo Belo, de apanhar araticum no meio do mato quando íamos até a Usina Velha ou fazíamos algum outro passeio (até hoje é a minha fruta predileta)... Já citar só três colegas com quem me dava bem é sacanagem da sua parte, pois vou ficar mal com quem eu omitir... Mas incluo você entre os três, está bom assim?

- Pena que você "estacionou" seu Blog... Ai, sim, é que tem "veneno"! Você chamou o presidente daqui de "Bunda Mole". Como você interpreta o mundo agora e como você o imagina daqui a 50 anos?

- Chamei o Barack Obama não apenas de "Bunda Mole", mas o acusei também de "Pênis Flácido", poltrão, acovardado e outras expressões que ele merece, porque -- metaforicamente falando -- acho que, de fato, é tudo isso. No episódio do contragolpe que as forças democráticas de Honduras deram para evitar o golpe de estado que o bolivariano-de-mierda, chamado Mel Zelaya, pretendia dar para permanecer no poder como ditador, as atitudes do Obama e dos demais líderes dessa pseudoesquerda corrupta e liberticida da América Lat(r)ina, entre os quais o Lula e o "maricón" Chávez, só podem ser classificadas como pusilânimes. Da mesma forma tem se mostrado um frouxo e um não-líder com relação à Líbia no episódio da queda do Kadafi, ao Irã, à Síria, à Coréia do Norte, a Cuba e a outras ditaduras que precisam ser derrubadas pelas forças internas desses países, mas com o apoio decisivo dos Estados Unidos e da União Européia. Torço, realmente, para que ele, Obama, seja derrotado fragorosamente na eleição deste ano. E´ mesmo um fraco.

- Finalmente, seria interessante que você mesmo explicasse por que ganhou o apelido de "MAMONA" e que também descrevesse com detalhes o gol mais bonito que você fez com seu "canhotaço".



   






De além-mar e além-areia, fontes
dignas  de credibilidade nos
informam que o apelido Mamona
se deve ao fenômeno chamado
estouro da mamona - quando os
frutos da mamona secam, eles
explodem com um estampido
inconfundível e as sementes são
arremessadas ao longe - Dizem
que o Marcos Rocha era assim:
estopim curto e intempestivo.
(Na foto acima - mamonas verdes
se misturam com as secas que
podem estourar a qualquer
momento - cuidado!).
 - O apelido de "Mamona", sinceramente, não sei quem me deu. Só sei que foi ainda em 1957, quando teve um surto de piolhos no Seminário antigo, na Praça Cônego Ulisses, ao lado da Igreja Matriz Velha, quando todos fomos obrigados a raspar a cabeça com máquina zero e a usar mata-piolhos. Quando meus cabelos começaram a nascer, todos espetados, é claro, o formato de minha cabeça foi associado ao de uma mamona, com suas pontas que parecem espinhos, por algum sacana. Quem sabe não foi você, Seoldo? Acho que há grandes possibilidade de ter sido, já que é um grande gozador. Mas, de fato, não me lembro. Quem se lembrou desse apelido, que eu já tinha esquecido há décadas, foi o Benone, no nosso Encontro de 2008...

O ponta esquerda Marquinhos, pri-
meiro agachado do lado direito, e o
autor da pergunta, Seoldo, primeiro
no canto esquerdo da foto.

Quanto ao gol mais bonito que marquei com o meu canhotaço, prezado Seoldo, sinceramente e mandando a modéstia às favas, foram tantos que fica difícil responder (rs rs rs). Mas me lembro de um jogo em que não marquei nenhum gol, mas comandei uma vitória que ficou na história do Seminário. Em 61, formamos dois times para disputar um campeonato contra o Sparta, o Comercial e as equipes do Dom Cabral. Uma das equipes foi considerada o primeiro time da EASO e tinha os melhores futeboleiros do Seminário. Por alguma razão eu fui excluído desse time titular e encarregado de montar a segunda equipe, com os jogadores que sobraram. Lembro-me de que era uma meninadinha -- eu, com 15 anos, o mais velho, além de capitão e técnico do time. O detalhe importante foi que, no mata-mata, acabamos tendo que jogar contra a equipe titular do Seminário e...ganhamos por 2 a 1! Fiquei no meio-de-campo comandando a meninada, distribuindo o jogo, fazendo lançamentos em profundidade e demos um show nos marmanjos do primeiro time, entre os quais, com certeza, estava você. Idem, o Raimundo Nonato, o Max, o Alfredo, o João Henrique e outros considerados bons de bola. Foi a minha consagração como craque nos tempos do Seminário. Você se lembra desta partida? O pior de tudo foi que, depois de termos eliminado a equipe titular da EASO, perdemos a final, acho que para o Sparta...E, aí, tive que aguentar a maior gozação. Mas valeu!


Perguntas do Lulu


- Marcos Rocha, por que você guardou tanto tempo todos aqueles artigos de O REPÓRTER CRÚZIO? Como você colecionava as folhas e como as manteve tão bem conservadas durante tanto tempo? Conte-nos, como você prometeu, a história desse Jornalzinho.

A lata de Biscoitos Piraquê onde estão
guardados os exemplares de O Répórter
Crúzio e as cartas recebidas da família,
por mais de 50 anos.
- Caro Lulu: no meu primeiro ano no Seminário, meu pai estava fazendo um trabalho, como topógrafo, em Formiga, que fica pertinho de Campo Belo. Num domingo, ele pegou um trem da antiga Rede Mineira de Viação e foi até a EASO me visitar, e me levou um mimo: uma latinha de biscoitos Piraquê, dentro da qual os biscoitos tinham o formato de bichinhos. A partir daí, passei a guardar nesta lata, em formato de um pequeno baú, que tenho até hoje, todas as correspondências que recebia da minha família, de amigos, de ex-colegas de Seminário. E, quando "O Repórter Crúzio" começou a ser produzido por nós, mimeografado, comecei a guardar todas as edições dentro da latinha. Infelizmente, ao longo desses mais de 50 anos, algumas edições se extraviaram, por causa das minhas muitas mudanças de endereço. Mas guardo com o maior carinho, ainda, dentro dela, dezenas de cartas e as edições do nosso jornalzinho que restaram (e que você reproduziu no nosso blog). Para mim, essas relíquias têm um valor afetivo enorme.


- Marcos Rocha, no dia 4 de abril de 2012, realizou-se uma Audiência Pública para debater sobre o Acordo Ortográfico, isso aconteceu na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Sabe-se que no dia 31 de dezembro deste ano termina o período de transição para que todos os países que assinaram o acordo adotem a nova ortografia. Você, que critica com veemência esse acordo, poderia nos expor suas razões? O que você acha que o legislativo deveria fazer a respeito do assunto?


- Lulu: fui e sou radicalmente contra esse acordo ortográfico picareta. No dia 21 de março de 2009, publiquei no meu blog um post em que explico claramente o que penso dele: “Aviso aos blognavegantes: este PG será o último espaço da web a adotar o Novo Vocabulário Ortográfico da Língüa Portuguesa. Porque é uma picaretagem”. Quer conhecer a íntegra? O link é este aqui. Mas, em resumo, devo dizer que é uma reforma feita nas coxas, às pressas, sem levar em conta as opiniões de notórios especialistas, repudiada totalmente pelos portugueses, que não a colocaram em prática nem o farão agora ou no futuro. Os angolanos e outros povos de fala portuguesa na África e na Ásia também a renegam. Alguns dos estudiosos da Língüa Portuguesa que eu mais respeito, aqui no Brasil, também a repudiaram. A abolição do trema, por exemplo, é um atentado ao bom gosto e uma estupidez. Exigir a colocação de um hífen na palavra vagalume, que era e é consagrada nos dicionários e na literatura sem esse tracinho, outra burrice. O resumo da ópera é o seguinte: as editoras de dicionários, de livros em geral, de softwares de textos e a própria Academia Brasileira de Letras devem ter faturado bilhões com essa irresponsabilidade. Mas não houve benefício algum para a nossa “última flor do Lácio, inculta e bela”, nas palavras do poeta, que eu, pessoalmente, não considero inculta e acho belíssima, apesar de maltratada por quem deveria cuidar dela. Para finalizar, entendo que nem o Legislativo nem o Executivo deveriam meter o bedelho nessas questões e, muito menos, transformar isso em leis. Em países civilizados é assim que se procede.


Resenha fotográfica a Marcos Rocha

Registros de fatos e da história de vida  

001

001 – Marquinhos, aos 7 anos, no dia da sua Primeira Comunhão, com toda a sua família, inclusive as duas irmãs freiras.

002
002 – Equipe titular do Seminário, na qual Marcos Rocha ocupava a posição de ponta-esquerda (é o primeiro agachado à direita).



003


003 – MR aos 16 anos, em 1962, apenas 4 meses após ter saído do seminário. Esta foto foi usada na sua primeira carteira profissional. E, no mês seguinte, começou no seu primeiro emprego.

004
004 – MR aos 23 anos, em agosto de 1969, ano em que se casou pela primeira vez.



005
005 – MR aos 26 anos, em 1972, quando criou e organizou o 1o. Seminário Brasileiro de Propaganda e Marketing, em Belo Horizonte, trazendo os mais consagrados profissionais do país para conferências que tiveram grande repercussão nos meios especializados.

006
006 – Marcos Rocha entrevistando Ulysses Guimarães, em 1983, na época da campanha das “Diretas Já!” .



007
007 – Os quatro filhos e a neta, em 2001, no aniversário de um ano dela.
008

Foto 008 – MR e a neta, na mesma data.

009
009 – No seu aniversário de 60 anos, em 2005, junto com suas cinco irmãs. A que ele está abraçando, Penha, faleceu em 2007.


011
010
010 – Com os dois filhos do primeiro casamento, Flávio e Georgiana, e a neta Alice, no seu apartamento de S. Paulo, em 2011.



011 - MR e três de seus quatro filhos, em setembro de 2010.

012

012 – Com o seu filho do segundo casamento, Marcos Masi Rocha, em 2005.





Registros de viagens



013


013 – Viagem à Europa, em 2000. À esq., em Roma; à dir., em Viena, às margens do Danúbio, com a temperatura 5 graus abaixo de zero.

014

014 – Liana e MR em Aruba, em 1996.



015
015 – Liana e MR no dia em que comemoraram Bodas de Prata, em 2010.


016


016 – Liana e MR em Buenos Aires (2010).





017
017 – MR e Liana em Madri, em 2010, em frente ao Portão de Alcalá.




018



018 – MR e Liana, em setembro de 2010, nas Bodas de Prata.


019


019 – MR e Liana em São Paulo, 2011.

020

020 – Liana e MR em Aruba, em 1996, no Charlie’s Bar.


021
021 – Reunião de negócios com empresários da Coréia do Sul, em Seul, em 1994.


022
022 – MR, o primeiro à direita, integrando uma delegação de empresários brasileiros que foram a Taiwan (Formosa) e à Coréia do Sul, em 1994.


023
023 – MR e seu amigo Renato Lucatelli fazendo o Caminho de Santiago de Compostela, em 2010.
024




024 – MR num dos marcos do Caminho, em Palência.

025


025 – MR e seu amigo Renato Lucatelli em frente ao marco de entrada na Galícia, etapa final do Caminho de Santiago de Compostela.



026 – Gesto de vitória, ao final do Caminho, em Finisterra,
às margens do Mar Cantábrico, na Galícia, após 35 dias,
tendo percorrido 850 km. a pé.

Créditos: esta entrevista foi coordenada pelo Edgard Miranda Alfenas que também redigiu a apresentação. A edição contou com a coloboração especial do entrevistado e de todos os Conselheiros  do Blog.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Seoldo é o primeiro a garantir presença no Encontro de setembro de 2012


Judith e Seoldo, em  foto cedida por
Marcos Rocha

"Antes de mais nada, não vamos buscar fogo e, sim, LEVAR E BOTAR FOGO na Nova União!".
                                                                                         Seoldo


Seoldo já está de malas prontas, roubou uma chama da Estátua da Liberdade e a trará para o Encontro de Nova União.

O amigo e colega Seoldo é o primeiro a confirmar presença no IV Encontro que se realizará em Nova União em Setembro de 2012, já comprou passagem e virá acompanhado da esposa, Judith (foto acima). Diz que vem com pressa, só tem tempo para o encontro e visitas a alguns amigos de longa data (velhos amigos, alguns tão velhos que não podem esperar muito, sugere ele na sua maneira bem humorada de se expressar - Minas não descola dele.). Pela extensa lista de pessoas e cidades que pretende visitar - Leopoldina, Petrópolis, Rio, São Paulo e Lavras; irmãos, primos, primas e, acredito, toda a família italiana dos Ceoldos (o "C" é proposital em respeito ao nome original de sua família) - parece que não ficará aqui tão pouco.

Seoldo tem sido, desde 2008, quando realizamos nosso primeiro e concorrido Encontro, o ausente mais presente em nosso meio: está sempre enviando e cobrando notícias; faz sugestões, sempre boas e bem recebidas pelos colegas; foi um dos primeiros a conceder uma bela entrevista ao Blog; depois, mandou um "brado retumbante" para ser lido pelo Marcos Rocha durante o III Encontro, o chamado primeiro grito de Seoldo para os encontristas da EASO... e tem mais, sua entrevista repercute até hoje e ocupa uma posição de destaque entre as postagens mais acessadas. Mas um pecado venial ele vem cometendo: nossos Encontros anuais ainda não o viram ao vivo e em cores, e já era hora de ele expor seus quase um metro e noventa de altura e sua eloquência de filósofo em nossas tertúlias.

Perguntado por que viria com tanta pressa, se vinha apenas buscar fogo, disse que, ao contrário, vinha trazê-lo para incendiar Nova União. Muito bem Seoldo! Com esse discurso de Nero e atitude de Prometeu, roubando o fogo da liberdade de que os americanos tanto se orgulham, nós, seus velhos companheiros de estrada, de repente teremos que protegê-lo contra a ira de Zeus e, talvez, consigamos soltá-lo da rocha do Caraça e presenteá-lo com um anel de ferro cravado numa lasca de pedra, símbolo da Nova União, não mais agora como velho ex-seminarista, mas como novo encontrista.

E agora, falando sério, cabe a nós encontristas calejados, que já somos os donos da festa há mais
tempo, recebê-lo como se fosse o filho pródigo. Depois de mais de 40 anos sem vê-lo, a extensão das comemorações não precisa de limites e nem de gestos tímidos: nenhum abraço deve ficar pra depois, que venham os apertos de mãos, os casos e causos quase esquecidos, as piadas atualizadas e as boas gargalhadas. Carpe diem, como ele gosta de dizer para mostrar que tem uma filosofia de vida, que não esqueceu o latim e nem as origens.

Assinado

Conselho Editorial do Blog.

terça-feira, 13 de março de 2012

Fotos enviadas por José Maria Coelho

As fotos abaixo foram gentilmente cedidas pelo nosso colega José Maria Coelho, natural de Senhora de Oliveira (a naturalidade grifada procura destacar este do José Maria de Carvalho Coelho, natural de Belo Horizonte).

Todas as fotos estão a espera de legendas que serão acrescidas tão logo recebamos as contribuições dos membros e leitores deste blog. A numeração também é provisória e segue a sequência sugerida pelo remetente.

Foto 1

Na foto 1 esquerda para a direita no alto
NI, Pelé,, José Maria,,NI, José Geraldo, João Batista, João Pereira, Jose Gabriel (o Mirinda)
entre os baixinhos
NI:NI:José Maria (pimentinha), Clayton
Sentados
Raimundo Rocha (Juiz de Fora), Rafael, José Carlos Santos (caneta), Adrianus (Holandes) Jose Alirio

Foto 2
Foto 2 - Colégio Dom Cabral

Foto 3

Foto 3 Em pé, da esquerda para a direita: João Pereira, Raimundo, Afonsiho, José Maria, João Batista. Agachados da esquerda para a direita, o quarto é o Dimas
 Primeiro agachado a partir da esquerda é o Rafael Cardoso. Ao lado do Dimas(4) estão Cotia(?) e Zé Afonso Aguiar (Estes foram identificados pelo Rafael Vilela, filho de Dona Marina Vilela que aparece na foto 5)


Foto 4
Foto 4, da esquerda para a direita: José Maria, Carraro (este é mais novo) Joaquim, José Carlos Santos (Caneta) NI, José Geraldo (este é de Campo Belo) Agachados o ponta esquerda é o Raimundo.

Foto 4: Em pé, a partir da esquerda: José Maria Coelho, ni, Joaquim Macabeu de Souza (Quinzinho)...

Foto 5

À esquerda, Dona Marina Vilela professora de trabalhos manuais do Colégio Dom Cabral, Campo Belo MG nos anos 1960. À direita, José Maria Coelho (Identificação feita pelo  próprio José Maria, vide comentário abaixo desta postagem. Posteriormente, Rodolfo Rodarte confirmou e completou a identificação de Dona Marina Vilela, isso no facebook, grupo Campo Belo nos anos 60 a 80 cliaque para o link com facebook)













Créditos: Edgard identificou 2 ex-seminaristas na foto 4.
Tito fez a identificação de 13 ex-seminaristas da foto 1, 6 da foto 3 e 6 da foto 4

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Entrevista com José Orlando Baliza

Perfil:
           Nome: José Orlando Baliza (68)
           Família: casado com Maria José Aparecida Baliza com quem tem  2 filhos e 4 netos.
           Formação: Técnico em Contabilidade
Realização profissional: alfaiate, 1958/61; auxiliar de  contabilidade de 1962/63;  escritório da cerâmica São Judas Tadeu Ltda (1964/76); Sócio da empresa Trasavante Ltda (1974/76); representante comercial da Coreminas (1977/78);  Lajes Improcil Ltda de Santo Antônio do Monte (1979/82); Lajes CBL Ltda de Campo Belo (1983/2000);Proprietário de ponto de Táxi em Campo Belo desde 1990.
Foto de 1972 - 1º caminhão - José Orlando Baliza e Antonio Marcos
Filantropia: Tesoureiro da Vila Vicentina de Campo Belo (2005/07); Presidente da Vila Vicentina de Campo Belo (2007/11).
Apresentação       
Ele é da turma de 1954, chegou ao seminário um ano após a sua fundação completando uma turma de uma dúzia. O pouco tempo que ali permaneceu foi suficiente para marcar sua existência a ponto de afirmar: "a EASO - Escola Apostólica Santa Odília foi tudo na minha vida". Esse técnico de contabilidade soube valorizar e multiplicar os talentos recebidos do Criador: fez-se sobre os alicerces da família, do trabalho e de obras sociais. Muitos de nós já sabiam que ele construiu uma bela família, pois fala dela com indisfarçável orgulho, outros que é artesão, motorista de taxis dede 1990, mas poucos, que fora alfaiate, empresário, caminhoneiro e comerciante no ramo de cerâmica e, para aprender a defender suas metas, goleiro do São Luiz Futebol Clube.

Em nossos encontros, sempre traz algum artesanato para nos presentear nos sorteios de sábado à noite: terços de arame a nos instigarem para a oração; e, para nos vender a preço de banana, uma pinga envolta em símbolos da história que compartilhamos nos anos de seminário, gravados por jatos de areia: a vida laica engarrafada pelas lembranças do tempo da inocência, da aplicação nos estudos, dos prazerosos recreios, dos passeios nas redondezas, do futebol diário, do comedimento e da meditação religiosa. Parece sacrilégio beber uma cachaça tão barata protegida por lembranças tão caras e pela cruz dos Crúzios, muitos a têm, ninguém dá notícia de seu gosto, germanamo-nos sob os efeitos de outros líquidos.

Apenas um de seus colegas de turma tem frequentado nossos encontros periódicos, o Janjão, mas Baliza goza da amizade dos ex-seminaristas Crúzios de todos os tempos e turmas: é que os encontros fazem surgir novos elos de camaradagem que vão se construindo, naturalmente, sob o elmo de memórias, valores e princípios comuns. No caso particular dele, agrada-nos sua presença tranquila (quase tímida) e participativa em todas as ocasiões importantes. Nas mensagens trocadas para compor esta entrevista, ele revela alguns traços de seu jeito mineiro arrematado de falar: frases curtas, algumas concisas, outras nem tanto. Isso é notório em suas respostas ao questionário da entrevista e nos memorandos, num deles, para afirmar que gosta de estar conosco, ele diz : "no próximo encontro, em Nova União, estarei presente". Essa predileção por estar junto com os amigos já se revelara muito antes dos encontros dos ex-seminaristas da EASO: é assíduo às romarias que partem de sua terra, poderíamos medir sua fé pelo tanto de sola de sapato que já gastou indo a pé de Campo Belo a Aparecida do Norte.

Baliza tem feito pela Vila Vicentina o que muitos de nós gostariam de fazer por aquela instituição de caridade ou por outras semelhantes em nossas comunidades. Não há como ficar insensível à sua participação nessa obra social incrível que se destaca, há anos, como modelo para outras cidades. Paira um sentimento de esperança e conforto espiritual na atmosfera suave daquelas ruas frequentadas pelos humildes, necessitados e assistidos, e por almas generosas que os amparam e lhes dão a vida digna que merecem. Aquele chão que, ainda jovens, pisamos tantas vezes e que sabemos testemunhar, de um lado, a mais triste carência e, do outro, o melhor que há nos seres humanos: o amor incondicional ao próximo, pois é nesse chão que se assentam as razões por sermos gratos ao nosso entrevistado e a todos aqueles que ali aplicaram parte importante de suas energias e de suas vidas. 

 Aspectos da vida esportiva:
Colagem de fotos comemorativas de campeonatos do São Luiz Futebol Clube de Campo Belo. Na foto da esquerda (1970), Baliza é o goleiro (segundo em pé da direita para a esquerda). Na foto da direita (1976), Baliza com seus filhos Lisley e Wesley.


Perguntas gerais
Blog: fazendo uma retrospectiva da sua vida e do ser humano que você é atualmente, o que a EASO - Escola Apostólica Santa Odília significou nesse contexto? Qual a importância que ela teve para você?
Baliza: a EASO foi tudo na minha vida, foi a única escola que frequentei, de 1953 a 1954, quando tinha cerca de 10 anos, educando-me de forma que sobrevivo até hoje baseando-me na religiosidade, respeito mútuo e honestidade como estilo de vida.

Blog: quais as lembranças que você tem da EASO e das pessoas com as quais conviveu lá que são as mais marcantes e significativas para você?
Turma de 1954 - José Orlando Baliza em destaque
Baliza: do João Moreira de Campo Belo; do Adelino de Melo Freire de Santana do Jacaré; do Edson de Recreio; e do José Maria Carvalho Coelho de Belo Horizonte. Como éramos poucos, todos me marcaram de uma forma ou outra.
.
Blog : para você, o que é ser bem-sucedido na vida?
Baliza: ter conseguido atingir meus objetivos e formar minha família.
Blog: por que você entrou no seminário e por que você saiu?
Baliza: entrei pela oportunidade de estudar e saí porque não encontrei ali a realização do objetivo de tornar-me sacerdote.
Perguntas enviadas pelo Antônio José Ferreira, o Santana.

Blog (Santana): durante que período você passou no seminário, quais foram seus contemporâneos e que lembranças você tem desses colegas ou que fatos pitorescos você pode nos contar daquela época?
Baliza: lembro-me de todos porque nossa turma era pequena. No quarto dia de seminário, fomos nadar no ribeirão São João, nos fundos da Vila Vicentina. Na euforia de sair, passear, pois não estávamos acostumados com aquele regime, em frente à cadeia, na rua João Pinheiro, tropecei e foi aquele tombo. Padre Marino me deu a primeira lição com as seguintes palavras: "Abra o olho meu filho".

Blog (Santana): você se lembra de algum caso interessante do Padre João Batista de quem você foi coroinha em Santana do Jacaré?
Padre João, força incomum.
Baliza: Sim, de muitos. O mais interessante foi que ele comprou um Chevrolet ramona verde para ir celebrar nas comunidades. Certo dia, com chuva, ele caiu num mata-burro, como nós estávamos sós, ele me mandou dirigir e levantou o car-ro. Tiramos o carro do buraco e continuamos a viagem.
Perguntas enviadas pelo José Gonçalves Tito:

Blog (Tito): qual a sua comparação entre a vida de "seminário" e a sua primeira profissão?
Baliza: Nenhuma. Quando saí do seminário fui trabalhar de alfaiate.
Blog (Tito): Qual a sua perspectiva para o atendimento social no Brasil, no contexto atual do governo?
Baliza: vejo que vem melhorando e precisa mais e mais.
Perguntas enviadas pelo José Rafael Cabral:

Blog (Rafael): quantos filhos você tem? Fale um pouco deles.
Foto de 1974 - Aniversário dos filhos
O casal Maria José Aparecida e José
Orlando Baliza com os filhos Wesley
e Listey. No canto direito, alguns
amiguinhos.
Baliza: tenho dois filhos e quatro netos. Lisley (45), que é professora graduada em Letras e pós-graduada em Educação e Análise Ambiental, exerce a profissão de professora há 25 anos, sendo os 10 últimos no Colégio Dom Cabral e demais segmentos do Estado e do Município. É casada, tem uma filha com 18 anos, Rafaela, que cursa Agronomia na UFLA, em Lavras.
Wesley é Técnico de Contabilidade e exerce a profissão de Representante Comercial. É casado, tem três filhos: Bruno, com 24 anos, que é formando de Engenharia Elétrica na UFSJ em São João Del Rey; Karolinne, 21 anos, cursa Fisioterapia em São Paulo, onde reside; e Matheus, 15 anos, que iniciará o Ensino Médio neste ano.
Blog (Rafael): vejo que você, Baliza, é um homem trabalhador e batalhador, uma vida de trabalho, sendo assim, pergunto:  o que mais o realizou e por quê?
Baliza: trabalhei em diversas empresas e em diversas funções. Minha realização profissional advém da minha capacidade de me entregar à função que desempenho naquele momento, portanto, todas foram importantes.
Blog (Rafael): como você vê as chances de trabalho para os nossos jovens nos dias atuais? Antigamente era mais fácil encontrar emprego? O país está no caminho certo?
Baliza: A oferta de emprego é grande, mas é necessário que o jovem se encontre bem preparado. Antigamente era mais fácil. Começava-se a trabalhar ainda crian-ça, adquiria-se experiência antes mesmo da escola. Minha fé diz que o país está no caminho certo.
Blog (Rafael): você já participou várias vezes de uma romaria a pé, que a cidade de Campo Belo faz anualmente à Aparecida do Norte. Fale um pouco dessa expe-riência.
Foto de 1978, caminhada a
Aparecida do Norte.
Baliza: em 1978 fomos a pé à Aparecida do Norte pela primeira vez. Ataíde da Silva, Anézio Ribeiro Rosa e eu. Foi a melhor caminhada. Nos anos de 1979, 1980 e 1981, tornei a fazer a mesma caminhada com outros companheiros, no máximo seis. Foi muito bom também. Em 2006 tive a experiência de ir na Romaria com aproximadamente 200 pessoas e retornei nos anos de 2007 e 2008. É muito bom, embora seja difícil de organizar.
Perguntas de Luiz Alfenas, o Lulu:

Blog (Lulu): depois de tantos empregos e tanta experiência, o que você diria para a juventude atual?
Baliza: que estudem para ter capacidade e diploma, perseverança, confiança no que fazem, humildade, fé, esperança e caridade.
Blog (Lulu): o que tem alicerçado sua vida e a tornado tão útil para sua família e para o próximo?
Baliza: a escola EASO ensinou-me os princípios básicos para a minha formação como cidadão: respeito, integridade, fé, caridade.
Blog (Lulu): o taxista encontra muita gente em seu dia a dia, escuta muitos casos e histórias diversas. Qual o caso mais engraçado que você já ouviu dentro do seu táxi? Baliza: o taxista às vezes é um confidente. O mais engraçado são as piadas, espe-cialmente a do português que comprou um táxi em sociedade e passeava o dia todo, pois o táxi era de graça.
Blog (Lulu): em que consiste o seu trabalho na Vila Vicentina e como você conse-gue conciliar tantas atividades?
Baliza: consiste em ajudar aos que lá residem, pois já fizeram muito por alguém, cada um tem sua história. Dedicando toda capacidade ao que faço em cada momento.
Blog (Lulu): você se considera um homem caridoso?
Baliza: sim, considero-me caridoso.
No Encontro de 2011, os ex-seminaristas foram recebidos, na Vila Vicentina,
pelo então presidente José Orlando Baliza. Foto em frente da Igreja local.
Blog (Lulu): para você o que é amar ao próximo?
Baliza: amar ao próximo é amar a todos num só momento não discriminando. Evidente. Para mim sem amor e caridade não existe vida.





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Os 60 anos do Lua

Por Siovani

A manhã parecia abrir um belo sorriso para nós, ainda que encharcada com as marcas da chuva da noite, quando chegamos ao hotel onde nos esperavam Rafael e o Nonato. Um tímido sol procurava espaço entre as nuvens, mas coloria o ambiente cansado de chuva de Belo Horizonte. Era sábado, nove horas do sétimo dia deste janeiro de água. Estacionamos, a Rose me acompanhava. Abraços de reencontro prazeroso, Rafael, Nonato, Nazaré. Abraços de apresentação dos filhos de Nonato e Nazaré, Artur e Adriano. Logo em seguida, o Eustáquio também estacionava acompanhado da Cida, mais abraços e muito prazer.

Seguimos em dois carros para Nova União pela BR-381 que nos forçava a seguir com calma por causa dos buracos e pela longa fila de carros que se formou. Lá procuramos pelo nosso Lua, que ninguém conhecia, mas, o Waltinho, até o asfalto nos dizia: siga-me até que eu acabe. E lá chegamos, um casarão estilo sede de fazenda colonial que espantou os nossos olhos.E o Waltinho apareceu, segurando a surpresa para não verter lágrimas ao ver que o Nonato saiu mesmo lá de Belém para abraçá-lo em seu aniversário e, ainda, com um séquito que não temia a ameaça da chuva.Foi mais ou menos assim que, mais tarde, durante a festa, uma funcionária dele relatou para a Rose e a Nazaré sobre o seu estado emocional.
A partir da esquerda: Siovani, Walter, Rafael, Nonato e Eustáquio.

Tivemos que interromper a azáfama da Shirley, esposa do Walter, que coordenava a arrumação para a festa, e foi com muito carinho e alegria que ela e seus funcionários nos receberam. Fomos conhecer o casarão. O Rafael comentou que ele devia ter mais de cem anos e foi surpreendido pela resposta de que tinha apenas três. Ele foi, e ainda está sendo, construído com material de demolição de casas antigas e está destinado a uma futura pousada. As surpresas sucediam-se, as camas...! Os pés das camas eram feitos quase que de toras. Coitadas das camareiras, pois o Lua dizia que iria jogar pedaços de papel debaixo das camas para testar a boa limpeza. Tomara que existam por lá mulheres bem fortes.

Subimos o morro para conhecer a capela. Que charme! Um ambiente impregnado com o espírito sacro da mãe do Walter, que ele venera como santa. E ele nos contou, então, a história da pedra que erige o altar: quando o local foi trabalhado para a construção, deparou-se com a pedra ali enterrada e pronta como uma mesa, e, no mesmo local e posição, foi erguido o altar, torcendo um tanto a capela para preservar a pedra do jeito em que foi encontrada. Descemos o morro e voltamos ao casarão, e para ninguém dizer que conto mentiras, o Rafael fotografou o Walter com um copo de água. Quem disse que o homem não sabia mais para que serve esse líquido é mesmo intrigante!



Pegamos os carros e fomos para a fazenda Germana, onde se fabrica a tão famosa cachaça, quase escrevi “marvada”, mas isto seria um sacrilégio, pois ela não é para o
Vista da fazenda Germana
Cida e Eustáquio em frente à sede
bico de qualquer pinguço, para poder sustentá-la o pinguço tem que ser de muito nobre linhagem. E como disse a Rose, descrevendo a fazenda para minha filha: “Lá tem muita cachaça”! São seis rótulos diferentes, com diferentes envelhecimentos. Tem a Germana, a Brasil, a Caetanos, a Pracaip, e... ufa! Os vapores me pegaram, não consegui lembrar-me das outras duas.



O Waltinho nos presenteou com uma estupenda aula sobre o processo de fabricação, entremeada sempre com a sua histriônica maneira de ser e de falar, desde a moagem do fubá, que é utilizado para fermentar a garapa, até o processo de embalagem e expedição para o Brasil e o mundo. O galpão de envelhecimento foi o que mais atraiu a atenção de todos,o cheiro de carvalho e umidade nos deu já um certo entorpecimento e a sessão de degustação coroou a visita. O Waltinho nos ensinou a apreciar a cachaça: o odor tomando ação no paladar, o leve roçar dos lábios no líquido, o formigamento da língua anestesiada, e o espanto das mulheres que nunca haviam provado ao reconhecer que era até gostosa. Fiquei com receio de estar levando para casa mais um problema, por isto na lojinha da fazenda nem pensei em adquirir alguma garrafa. O Nonato, bombeiro que é, surpreendeu-se um tanto com a escassez de equipamento de combate ao fogo, o profissional não desgruda do amigo.



Acho que os apetites foram exacerbados pelo aperitivo e a hora era tardia quando voltamos para a casa do Waltinho, onde nos esperava uma galinhada bem ao estilo mineiro, com tempero perfeito. Lá conhecemos um pouco mais da alegre família do Walter, especialmente o filhinho caçula, com cerca de cinco anos que segue escarrado, como diz bem o mineiro, os traços do pai. Ele tem um sobrinho um pouco mais novo, e, quando este chegou, teve que cumprir o beija-mão do pedido de benção. Eu vi!... Engraçado foi também perceber que o pai cruzeirense só criou filhos atleticanos. Mineirice pura, esperteza velhaca que não quis correr risco, é melhor não arriscar em matéria de macheza! O menino ganhou do Eustáquio um cofre-bola do Atlético, que quando ganha uma moeda ainda toca o hino do Galo. Acho que o cofrinho vai ficar meio vazio porque o pai não vai querer comprar o hino. E para terminar bem o almoço, doce de leite e queijo, produtos de lavra própria, impossível de serem apreciados longe daquela família, servidos em pires de queijo para preservar os pratos limpos: uma boa fatia de queijo, uma colherada do doce e toma! Inigualáveis os dois!



Papo cheio, as mulheres foram repousar, e o Eustáquio também. Ficamos por lá na pousada conversando sobre o país, consertando os erros impossíveis, fazendo hora e aguardando a festa. E a chuva não deu trégua, fez um concerto extra para a festa dos sessenta anos do Walter, caiu durante toda a noite. E, além da chuva, uma dupla de cantantes animou o rega-bofe que fez a alegria do Eustáquio, que parecia movido a pilha. Antes dos parabéns, o Waltinho nos chamou, aos seus queridos amigos de infância, e apresentou-nos a todos, fazendo questão de chamar a atenção pela distância percorrida pelo Nonato e, não tanto quanto, pelos demais. Depois dos parabéns ele cismou de cantar, alertando que para parar exigia quinhentos reais. Bem que eu tentei, mas ele não aceitava cheque.



O filho do Walter nos vendeu pedras como lembranças, um real por pedra, mas se não tivesse o real, levava a pedra assim mesmo. Para mim, ele vendeu também um churrasco, assim:

-- Você quer comprar um churrasco? Um real.

-- Quero.

-- De que país?

-- Anh... Da Argentina.

-- Ih! Eu trouxe um brasileiro, espera aí que eu vou buscar um da Argentina.

Ele lá foi, e pouco depois retornou com um punhado de papel torcido:

-- Toma, da Argentina. Um real.

E fiquei eu a apreciar o meu belo churrasco de chorizo.



E a noite foi se aprofundando e cinderelas calçadas tiveram que molhar os pés para atravessar a enxurrada que não parava de correr na rua. Meia-noite e meia fomos descansar, deixando para trás os filhos do Nonato que ficaram tentando tocar um berrante de belotorneado, mas não fiquei sabendo se conseguiram.


Domingo de manhã. Debaixo de chuva retornamos a Belo Horizonte. Deixamos o Nonato e família no hotel, o Rafael na rodoviária. O Eustáquio seguiu para Campo Belo e voltamos para casa. A chuva fazia acentuar a saudade que já sentíamos dos momentos alegres que passáramos. Que alegria podermos contar com uma família como esta nossa dos ex-seminaristas.



Aguardaremos setembro esperando contar com uma grande presença em nosso próximo encontro. Nova União com certeza fará um encontro brilhante.

Homenagem prestada à mãe do Walter

Nova União Sediará o IV Encontro dos Ex-Seminaristas Crúzios

Segundo Rafael


 
Foi pensando no IV Encontro que Rafael, Nonato, Eustáquio e Siovani estiveram em Nova União neste início de 2012. Mas havia um propósito na escolha de uma data coincidente com as comemorações do aniversário do Walter Caetano Pinto: eles queriam homenagear o aniversariante. Embora convidados pelo Rafael, nem todos da coordenação dos encontros e Conselheiros do Blog puderam comparecer: as férias das crianças e dos netos, as atividades profissionais de rotina dos que ainda estão no mercado de trabalho, as praias e outros passeios já programados talvez sejam algumas das razões para as ausências, mas, tenham certeza, todos os ex-seminaristas foram bem representados por esse quarteto e suas esposas.

As impressões registradas no belo texto do Siovani (vide postagem neste blog)  não deixam dúvidas quanto ao acerto na escolha do local para um inesquecível encontro de amigos e quanto à generosidade da família do Walter: são peritos em receber bem. (Parabéns, Lua! E muito obrigado!).

Rafael nos trouxe, em breve e preciso relato, sua boa impressão dos locais para passeios e hospedagem, inclusive ele demonstra sua preocupação, por justa razão, com a questão dos custos com a estadia.

Localização: a cidade de Nova União faz parte da grande Belo Horizonte e fica a aproximadamente 50 quilômetros da capital. A zona urbana está a poucos quilômetros do antigo Seminário do Caraça, no município de Santa Bárbara, e também próxima  de Catas Altas, de Caeté, onde fica a Capela da Serra da Piedade (1.751 metros de altitude),   de Barão de Cocais   todos esses municípios considerados pontos turísticos de relevância, com suas atrações históricas e suas reservas ecológicas.Tamanho: o município é pequeno, com aproximadamente 6 mil habitantes.

Rafael descreve os locais mais indicados para a hospedagem, inclusive com fotos, e nos dá uma ideia de preços relativos (entre uma pousada e outra). Sobre o local para reuniões, diz ele: "Lua nos mostrou a
Fazenda onde poderemos realizar as reuniões do IV Encontro, nela existe um enorme salão que comporta muita gente. Aliás, a festa do aniversário do Lua, no sábado à noite, foi realizada nesse salão, e havia muita, mas muita gente".

Durante o encontro a se realizar em Setembro de 2012, segundo Rafael, está prevista uma visita ao Caraça, conforme programa já alinhavado. O Caraça fica a pouco mais de 40 quilômetros de Nova União (uma viagem de aproximadamente 40 minutos).

Mais precisamente, com relação ao próximo encontro, o Rafael informa: "Fizemos uma reunião (em Nova União) visando sugerir a data e o programa para o nosso próximo encontro, ficando assim a proposta:

DATA DE REALIZAÇÃO DO ENCONTRO: 14/09/2012 (SEXTA), 15/09/2012 (SÁBADO) E 16/09/2012 (DOMINGO).

SEXTA-FEIRA: apresentação na Fazenda em Nova União às 18:00 horas. Após as apresentações de rotina, haverá um jantar de recepção, com direito a moda de viola e dança.

SÁBADO: pela manhã, visita à Fazenda (da Zona Rural), onde é fabricada a Germana. Em seguida, de ônibus, iremos para o Caraça. Lá, almoçaremos e visitaremos todas as dependências do antigo seminário do Caraça e a reserva existente em seu entorno, que tem cachoeiras e locais para nadar. No Complexo do Caraça, outras duas atrações que os conhecedores do local recomendam com entusiasmo: o célebre quadro “A Última Ceia”, do pintor barroco Manoel da Costa Ataíde, o mais importante do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, e a Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de arquitetura singular e com vitrais maravilhosos.   Retorno ao final da tarde para Nova União, onde haverá um Jantar à noite com brincadeiras e bate-papo.

DOMINGO: visita à Serra da Piedade, de onde se tem uma vista cinematográfica de toda a região e onde há uma belíssima capelinha. Haverá uma missa para quem se interessar. Lá, almoçaremos e retornaremos, em seguida, para Nova União. Aqueles que desejarem retornar às suas casas poderão fazê-lo à tarde.

Rafael nos enviou diversas fotos com legendas, algumas já foram mostradas na crônica do Siovani e outras seguem abaixo:

Casarão no centro de Nova União

Capelinha dentro da sede da fazenda

Salão dentro da sede da fazenda

Alambique

Hotel Zeta

Pousada da Dadinha.

Nonato e Nazaré dançam na fazenda
Capela da fazenda

Loja com produtos da fazenda


Vista muito parcial de Nova União a partir da capela