quinta-feira, 14 de julho de 2011

Entrevista com Eustáquio

Entrevistado: Eustáquio de Azevedo Silva (67)
Formação: Filosófo, teológo e pedagogo
Diretor do Colégio Dom Cabral de Campo Belo, Minas Gerais
Participante do Pro - Alto (Grupo de apoio para assessoria aos dirigentes das Associações do Alto do Morro).
Criou a COMTUR  para o desenvolvimento do potencial turístico em Campo Belo, Minas Gerais, com atuação destacada no distrito de Porto dos Mendes.


Apresentação:
O Blog dos Encontristas da EASO, através de sucessivas trocas de e-mails, foi ao Encontro do diretor do Colégio Dom Cabral de Campo Belo, Eustáquio Azevedo da Silva, para saber um pouco mais de sua vida e obra. Eustáquio é o incansável e prestativo colega que tem contribuído na organização e realização dos Encontros: em 2008,  fez a conexão dos coordenadores do I Encontro, José Rafael Cabra, Raimundo Nonato Costa e Antônio José Ferreira com os padres Crúzios na busca de espaços físicos para as reuniões, refeições e cultos. Naquele ano, foram utilizadas as salas de aulas e o refeitório do mesmo prédio onde os Encontristas haviam estudado nas décadas 1950/1960; em 2010, no II Encontro, já como diretor do Colégio Dom Cabral,  tornou-se anfitrião, cedeu aos Encontristas algumas salas para reuniões e refeições, ajudou-os na escolha e reserva de hotéis e restaurantes na cidade de Campo Belo e colocou os pés de valsa num animado baile da “melhor idade”, e, por fim, levou-os ao distrito de Porto dos Mendes para um passeio de balsa na Lagoa de Furnas. Ao inteirar-se de sua trajetória, fica claro que o que ele faz por seus colegas, nos encontros, é uma pequena amostra do que vem fazendo, há tempos, em favor das pessoas mais humilhes de Campo Belo, Minas Gerais. Sua presença nas obras sociais se concretiza junto às comunidades do Alto do Morro, local muito conhecido na cidade, e no distrito de Porto dos Mendes, na Lagoa de Furnas, na organização de pescadores e na instalação de equipamentos de lazer e esportes em praças públicas.  Desde os tempos de Santa Tereza, depois de uma crise existencial, já ensaiara, na periferia daquele  bairro de Belo Horizonte, os passos que o levariam a uma catequese baseada na valorização do homem e, por consequência, às obras que viria a desenvolver em Campo Belo.

1 Perfil do entrevistado
Período em que esteve no seminário: por convite do padre José Maria da paróquia de Santa Tereza, vim para o Seminário em 1963, para aprofundar nos estudos religiosos, enquanto terminava o Ensino Básico, fiquei até 1966.
 Formação acadêmica: Filosofia, Teologia e Pedagogia (Teologia foi, para mim, o melhor   curso)
 
Pedro Henrique (neto), Érick (filho)
Cida (esposa) e Eustáquio (o entrevi-
tado)
Família: Eu e Cidinha comemoramos 39 anos de casamento, temos quatro filhos (dois casais), todos formados, dois em BH, um em Lavras e outro aqui em Campo Belo. Temos um neto. Vim de uma família muito católica tradicional. Na família temos padres, bispos, arcebispos. Meu tataravô foi padre casado e vigário em Carmópolis de Minas. (Acho que é DNA).
Juliana (filha), Cida (esposa) Pedro (neto) e Eustáquio (de pé)
Daniela (a filha caçula) e seu filho  Pedro

Érick (filho) e sua esposa Rita









 *** Clique nas fotos para ampliá-las***


Entretenimento e lazer/ hobby/músicas/ filmes: esportes (praticar, assistir não muito), principalmente natação. Dança (dizem que sou pé de valsa). Sou muito eclético com relação à música, aprecio todos os estilos. Filmes, os de ação e/ou  ficção científica, e documentários.
Passeios: viagens para lugares com significado histórico e naturais. Gosto muito de Salvador.

Filosofia: política, religiosa, pessoas que inspiram você; leitura de preferência: valorização da pessoa, incentivo à participação, respeito às diferenças, respeito à vontade da maioria (democracia), respeito aos direitos humanos. Sou muito crítico e observador dos acontecimentos, tirando deles lições para o dia-a-dia. Não tenho dificuldades em aceitar mudanças. Atualmente tenho lido mais livros técnicos. São inúmeras as pessoas que me inspiram: amigos, colegas, mestres, pessoas com as quais tenho interagido no caminhar dos dias, e muitos não contemporâneos pelos seus exemplos de vida.

Citações que assinaria debaixo: são inúmeras, vamos citar uma: “No torvelinho das posições importa não perder a questão fundamental e manter a suficiente serenidade para ver claro”. Leonardo Boff.


   Igreja de Santa Tereza na
   Praça Duque de Caixas, Santa
   Tereza, BH (o início de uma ca-
   tequese diferente)
 Vida profissional (formação e prática); (Fique a vontade para destacar tudo que você acha de importante na sua vida): minha vida profissional está ligada a uma questão familiar. Fui educado numa catequese que provocou em mim uma crise existencial e uma conseqüente revolta contra a Igreja. Perturbei os padres, os Congregados Marianos, as Filhas de Maria de Santa Tereza, fazendo com que turmas da praça os infernizassem. Quando estava no primeiro ano do ginásio (hoje sexto ano), resolvi atacar a Igreja de maneira diferente. Comecei a ler os Evangelhos buscando fundamentos para atacar. Percebi que o que buscava estava ali, o que não condizia com o que me foi passado. Criei por minha conta, na periferia de Santa Tereza, uma equipe de catequese diferente daquela em que fui educado. A catequese era libertadora, voltada para o reconhecimento do valor da pessoa humana, isso foi em 1960. Padre José Maria me apoiava, era o meu “diretor espiritual”, penava com minhas colocações. Vim parar na EASO. Chegando ao seminário, percebi que não era bem aquilo que esperava. Somente os que estavam nos últimos anos podiam sair para as paróquias nos fins de semana. Para amenizar os dias, criamos de 15 em 15 dias o “Cateretê”. Alguém se lembra? Fizemos teatro, dublagens, coral, quadros do tipo “Balança, mas não cai”, aulas de violão, corte de cabelos... Eu ficava muito preocupado com os menores que às vezes sofriam nas mãos dos “maiores”.
Saindo de Campo Belo, não fui para o convento. Fiz os estudos filosóficos e teológicos como leigo, atuei na Paróquia de N.S. Mãe dos Homens onde os vigários, eram consecutivamente: Padre Guilherme, Thiago, João Maria, Honório e Leonardo. Terminado os estudos teológicos fiquei atuando (já casado) em tempo integral, graças ao apoio e incentivo do padre Thiago, que achava que eu poderia me dedicar integralmente ao trabalho de pastoral, por quatro anos foi ótimo. Pedi demissão ao Dom Serafim, que aceitou sem questionar. Percebi ao longo do trabalho que a Igreja (pelos seus sacerdotes) tinha dificuldades em aceitar um “leigo” atuando diretamente como “pastor”. Aceitam bem o leigo, como ajudante. Como havia estudado Pedagogia com intenção pastoral para catequese e juventude, passei a atuar em escolas. Não abandonei a pastoral, continuei no trabalho de desenvolvimento de liderança comunitária voltada para a evangelização, catequese, pastoral familiar. Aos poucos, fui restringindo o trabalho, só me restou os fins de semana, a família não podia ficar relegada. Antes de atuar em tempo integral na pastoral , eu era professor do Estado. Voltei a trabalhar como professor e orientador educacional. Frequentemente, vinha a Campo Belo para visitar o grupo de catequistas, que continuavam a dar o catecismo na chácara das irmãs (Alto do Morro). Era um catecismo alegre, muitas músicas, representações elaboradas pelos catequistas e crianças. O catecismo durou muito tempo ainda, sem interferências. Cidinha, minha esposa, foi uma das catequistas. No trabalho de pastoral, viso à comunidade para que ela continue a trabalhar por si própria. Este é o meu trabalho e minha maneira de ser. A Teologia da Libertação faz parte da minha vida, (da minha história de vida). Preocupo-me com a Igreja, fico triste com muitas coisas, principalmente aqui em Campo Belo (Diocese de Oliveira).

2- Perguntas gerais


Blog dos Encontristas da EASO:   fazendo uma retrospectiva da sua vida e do ser humano que você é atualmente, o que a EASO- Escola Apostólica Santa Odília significou neste contexto? Qual a importância para você, suas lembranças mais marcantes? 
Padres Lucas, Justino e Humberto, visões
marcantes.
Eustáquio: Não fui para a Escola Apostólica Santa Odília, como a maioria, com 11 anos de idade (sempre achei isto um absurdo) Procurei me adaptar. Quando cheguei a Campo Belo gostei da maneira como os padres, principalmente Justino, Humberto davam aulas. Não havia aquele “magister dixit”. Padre Justino com sua visão ecológica voltada para a Pessoa como responsável pelo meio ambiente e agricultura sustentável (bem a frente do seu tempo). Padre Humberto que tinha uma visão diferente nas suas aulas de História Sagrada, mais tarde se revelou no trabalho catequético (sua especialidade), com sua dinâmica a partir de fatos da vida real. Hoje fico pensando o quanto ele sofreu na função de diretor do seminário e quantos seminaristas com ele. A EASO foi muito importante para mim, foram períodos de muita reflexão, muitos amigos, muitas lembranças agradáveis. Meu sofrimento foi com o latim, somente decorei para as provas. Saudades do Padre Lucas com seu charuto: “corta que, sujeito no acusativo, verbo no infinitivo”.  Às vezes ficava vermelho de raiva, percebia que eu não entendia nada. O que sei de Latim? O exemplo de vida dos padres e a visão deles me marcaram muito.

Blog dos Encontristas da EASO:  Para você o que é ser bem sucedido na vida?
Eustáquio: Não vejo como algo que deva ser alcançado ou que já tenha atingido. É viver o momento, procurando ser coerente com os ideais, maneira de ser, estando atento para novos rumos, adequando conforme as necessidades, vivendo.

Blog dos Encontristas da EASO: Como é um dia típico do diretor do Dom Cabral? (rotina diária)?
Eustáquio: No fim de ano, dezembro e janeiro é um sufoco, durante o ano é mais tranquilo. Um dia é diferente do outro. Nada acontece do mesmo modo. Conversa com alunos, professores, atendimentos aos pais, verificando se tudo está bem (aqui um pouco de síndico), “despachando” com a coordenação, secretaria, tesouraria. Atendendo telefone, cumprindo agenda do dia. Assinando documentos. Planejando. Lendo o que acontece no país sobre a educação... .  Cada dia é uma preparação para o ano seguinte.

3 Perguntas específicas

      Blog dos Encontristas da EASO: Quantos alunos o Colégio Dom Cabral tem atualmente?
Eustáquio: 615 alunos.


Teatro do Colégio Dom Cabral
Blog dos Encontristas da EASO:  O que significa, em termos pedagógicos, a parceria do Colégio com o sistema “COC”?  
Eustáquio: O Colégio tinha parceria, no Ensino Fundamental, com o sistema Pitágoras, e no Ensino Médio com o COC. Hoje somente com o COC. Qualquer sistema de ensino é melhor que nenhum (várias pesquisas comprovam). Todos os sistemas fazem a integração entre os diversos conteúdos. Há uma sequência, uma interdisciplinaridade. Uns são melhores que outros. O COC é disparado o melhor e mais avançado sistema, do infantil ao básico. O COC está sempre pesquisando e inovando. O sistema COC permite 30% das aulas para atender as especificações da turma e do colégio. Veja no Lin sistema COC o que ele oferece ao aluno e ao professor. Veja no site link Colégio Dom Cabral, mais informações.

Blog dos Encontristas da EASO: Que pedagogias vocês usam para promover maior integração entre os alunos no compartilhamento e desenvolvimento do aprendizado? Há como medir os resultados em relação a anos anteriores?
Eustáquio: Procuramos seguir os princípios da pedagogia de Freinet: “EDUCAR É CONSTRUIR JUNTOS”.
A pedagogia de Freinet se alicerça em quatro eixos fundamentais: Cooperação (como forma de construção social do conhecimento; Comunicação (como forma de integrar esse conhecimento); Documentação (registro da história que se constrói diariamente); Afetividade (elo entre as pessoas e o objeto de conhecimento). E as Invariantes Pedagógicas de Freinet. Muitos de nossos mestres ainda não estão afinados com esta pedagogia. Na prática é a que nos orienta. O colégio não tem uma proposta política pedagógica pronta, a que temos é a que a maioria dos colégios tem (só para cumprir a legislação). Com toda a comunidade escolar estamos preparando a nossa. Bimestralmente, temos o simulado para todos os níveis de ensino. É feito um comparativo do aluno em relação a si, em relação a turma e comparativo da turma por disciplina. No boletim do aluno, os pais e o aluno recebem um gráfico de rendimento comparativo. No Ensino Médio, temos  ainda o simulado ENEM. No ano passado, a aprovação dos concluintes do Médio, nos vestibulares,  foi de 71%, neste ano foi de 83%..

Quadro Digital "Touch screen"
     Blog dos Encontristas da EASO: Como é a sala de aula mais moderna do Colégio Dom Cabral (que usa a tecnologia “Touch screen”?
Eustáuio: Todas as 15 salas de aula do colégio possuem o quadro digital “touch screen”, conectados à internet. Os quadros digitais oferecem agilidade na interação com os conteúdos. O professor ganha mais tempo para explicações, levando para as salas as inúmeras possibilidades do Portal COC, do Livro Eletrônico e das Aulas Digitais. Através do quadro o professor faz a chamada que é enviada imediatamente para a secretaria, registrada no diário eletrônico do professor e  imediatamente os pais tem acesso a essa chamada. O professor tem ainda uma ferramenta tecnologica: o ClassBuilder, com a qual ele pode construir e personalizar os conteúdos apresentados aos alunos. O Sistema COC produz aulas com a tecnologia 3D, com temas relacionados aos conteúdos estudados.

Blog dos Encontristas da EASO:   Como tem sido a utilização efetiva dos netbooks na sala de aula (outros tipos de computadores) e para acessar os livros eletrônicos disponibilizados pelo colégio aos alunos?
Eustáquio: Quando utilizamos os netbooks a Internet ficou lenta. Estamos providenciando uma capacidade maior de Banda Larga. Os nets estão sendo usados pelos professores para uso pessoal, enquanto não temos mais acesso à BL. São usados pelos alunos na biblioteca. O Livro Eletrônico está disponível para o aluno em CD-ROM ou on-line, no Portal COC. O Livro Eletrônico oferece ao aluno recursos como: hipertexto, animações, palavras explicadas, gráficos, mapas, ilustrações e atividades lúdicas. O Livro Eletrônico é mais que e-books. Para alunos carentes o colégio tem dado, gratuitamente, todo o material: apostilas e computadores, com recursos doados por terceiros e pelo colégio.

     Blog dos Encontristas da EASO: Como os professores, alunos e pais têm reagido à modernização do Colégio?
Eustáquio: Os professores, os pais e os alunos ainda não conseguem aproveitar tudo o que a tecnologia oferece. A cada dia descobrem mais essa ferramenta auxiliar do ensino-aprendizagem. Ficam maravilhados. Houve um acréscimo do número de alunos para 2011. Fomos forçados a retirar descontos nas mensalidades e a resposta foi o aumento das matrículas, graças à modernização do Colégio.  O Colégio, através do Portal COC Educação, faz parte de um pool de escolas de diversas regiões do país, que oferecem plantão On-line a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, os alunos podem ter contato com professores dessas escolas para esclarecer dúvidas em tempo real, em casa, no momento da dificuldade. Nós disponibilizamos professores para atender essas escolas. Os alunos têm usado este recurso com sucesso.

Laboratório de ciências - tradicional
qualidade do Colégio Dom Cabral
     Blog dos Encontristas da EASO:  O Colégio Dom Cabral sempre teve um excelente laboratório, e essa tecnologia também beneficiou o laboratório? Como?
Eustáquio: Desde a época do padre Justino, o colégio tem um ótimo laboratório para executar aulas práticas na área de ciências. A tecnologia complementa, facilitou o entendimento ao aluno, proporcionando-lhe a visualização das aulas teóricas dentro das mais atualizadas descobertas, debates e estudos científicos.

     Blog dos Encontristas da EASO: O que você vê de bom e de ruim no ENEM como meio de inclusão social? Você teria alguma proposta?
Eustáquio: O ENEM veio tirar do Ensino Médio a preocupação do professor de ensinar “macetes’ e “decorebas” provocados pelo vestibular. O ENEM privilegia a compreensão, o raciocínio, há mais leitura. As avaliações, simulados seguem a mesma linha de raciocínio e compreensão. O ENEM muda o perfil do bom professor. Não vejo o ENEM como inclusão ou exclusão social, não é essa a finalidade do ENEM. Inclusão social é dar mais recursos (condições) para um ensino de qualidade para todos. Reservar 10, 20, 40 ou 50% do ENEM por qualquer motivo, como inclusão para acesso à faculdade é provocar futuro desajuste no ensino superior. Pessoas carentes ficam fora das federais por não poderem pagar boas escolas ou preparatórios. É uma injustiça social. Quem pode pagar, estuda gratuitamente. É complexo, há controvérsias, acho que deveria cobrar um valor justo de quem pode pagar. É no Ensino Básico que está o problema. Soluções paliativas de forma alguma é solução, não resolvem.

      Blog dos Encontristas da EASO:  O que você pensa do ensino formal como meio de inclusão social? Quais os desafios?
Eustáquio: Inclusão social fora do ensino é esperar que uma fada com sua varinha mude tudo. Recurso humano é tudo que precisamos para o desenvolvimento de nosso país. Como conseguir isto sem a Educação formal de qualidade, diversificada, que possa atender às necessidades, orientada para o trabalho, como determina nossa Constituição? O grande problema está com nossos políticos não compromissados. São três os recursos necessários ao desenvolvimento: Humanos. Naturais e financeiros, qual nos falta?

      Blog dos Encontristas da EASO: Que recomendações, a partir de sua experiência, você daria aos educadores a respeito de questões melindrosas como: bullyng, homofobia e preconceito em geral?

Eustáquio: Bullyng, homofobia e preconceitos, são resultados da falta de respeito à pessoa humana, prepotência, injustiça. Agir e repudiar, imediatamente tais atitudes. Muitos já sofreram irreparavelmente, alguns seminaristas da nossa época sofreram com isso e já aconteceu de alguns abandonarem por este motivo.  Muitas vezes isto parte também de professores, não apenas de alunos. Ficar bem atento às atitudes agressivas, injustas.  É necessário o respeito incondicional à pessoa humana. Para reconhecer que ninguém é mais que outro, e que quem se valoriza, valoriza o outro e que na desvalorização do outro está a desvalorização de si próprio, somente com educação.
      Blog dos Encontristas da EASO: Obras sociais: fale-nos do que você tem feito em Campo Belo e em sua redondeza (exemplo, Porto dos Mendes):


Tanques-rede para criação de peixes num braço da Lagoa
 de Furnas em Porto dos Mendes, Minas Gerais
     Eustáquio:  Quando vim para Campo Belo pensei em trabalhar com grupos de pastoral. Encontrei uma situação tal, que achei melhor ficar fora. Decidi trabalhar com Associações Comunitárias. No Alto do Morro: Pro - Alto (Grupo de apoio para assessoria aos dirigentes das Associações do Alto do Morro). O Pro - Alto ajudou a integrar as ações em benefício da região. Foram várias benfeitorias, dentre elas a construção de um salão comunitário para a comunidade usar para encontros, festas, reuniões, teatros,... O motivo da construção do salão foi a proibição pelo pároco do uso do salão paroquial para movimentos “de igreja” e não “da igreja”. São mentalidades deste tipo que me fazem ficar fora. Campo Belo é uma magnífica cidade com muitas atrações turísticas no seu município. Procurei incentivar a administração pública. Criamos o COMTUR. Porto dos Mendes é a principal atração turística, está agora preparada para ser uma área de lazer para as famílias campobelenses. No Porto a associação está procurando criar meios de trabalho para os moradores como: cooperativas de doces, de artesanato, de pescadores para a criação de peixes, e frigorífico de peixes. Já está em funcionamento um restaurante, um bar junto à balsa. Estamos restaurando o muro do cemitério e a igreja. Já está quase pronta a avenida que margeia a represa. O campo de futebol receberá alambrado, arquibancada, iluminação. Está sendo construído um alojamento para a Polícia Militar, uma biblioteca distrital para funcionamento nos fins de semana e feriados, um pesqueiro flutuante, uma área de camping e outra para pousadas. Meu trabalho é provocar e despertar a comunidade.

Parque infantil na praça de Porto de Mendes, Campo Belo, Minas Gerais.


Durante o II Encontro, Setembro de 2010, o Padre João Maria
e o Eustáquio guiaram os Encontristas da EASO na escalada   
            para o Cruzeiro de Porto dos Mendes.                                            
Eustáquio inseriu este Post scriptum:
PS – Fiquei sabendo hoje,no Conselho Municipal de Educação, que todo o ensino municipal de Campo Belo terá a tecnologia em suas salas de aula. Na secretaria de Educação será implantada uma telessala. O sistema será implantado já em Agosto no Ensino Infantil e em Fevereiro em todo Ensino fundamental do município. O sistema será o Positivo. É o Dom Cabral incentivando melhoria no ensino.
                                                                                                                         

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Entrevista com Tião Rocha

Entrevistado: Tião Rocha (62)
Antropólogo, Folclorista e Educador Popular. Presidente do CPCD - Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento.
Articulador e criador de tecnologias e métodos de ensino de uma escola aberta (não formal).
Ganhador de diversos prêmios de órgãos nacionais e internacionais;
Membro do Fórum Econômico Mundial, pela Fundação Schwab, Suiça.


Tião Rocha nos tempos de Campo Belo,
Minas Gerais, de 1961/1964
Descendo a  Rua Paraisópolis, na divisa do Bairro Santa Tereza com o Horto, em Belo Horizonte, fomos ao encontro do nosso ex-colega de seminário de Campo Belo, Minas Gerais, o Tião Rocha. Temos com ele um forte laço de estima atado nos tempos da Escola Apostólica Santa Odília, desses difíceis de desamarrarem-se. Agora que organizamos esses Encontros periódicos que reúnem amigos da adolescência, estamos em busca de um pouco da história de cada um, na medida em que o tempo nos permitir, esperamos que cada um de nós possa se revelar e mostrar por onde anda sua vida e por onde caminham suas realizações, que valores tem e o que pode nos ensinar. Este que estamos procurando agora é o resultado da transformação e desenvolvimento daquele menino que nos anos 1960 corria conosco nos campos de pelada, ou atrás das frutas do mato, das laranjas e das águas da Usina Velha, e que caçava passarinho com o Geraldo Lemos e colhia jatobá e araticum em árvores altas. Aconteceu conosco que as amizades esmaeceram com um longo tempo de afastamento, mais de quarenta anos, mas que, suprimida a distância e reativados os contatos, logo se reacenderam. Estes Encontros, sem nos tirar do que somos hoje, fazem-nos relembrar das brincadeiras da sala de recreio, dos jogos de finco no pátio em frente, das pelejas para derrubar ou rachar os piões dos menos peritos, e de tantos outros brinquedos.
Tião Rocha, já de muito, é um grande educador com visibilidade no meio educacional, já publicou diversos livros, concluiu muitos projetos nas áreas sociais e está em plena atividade operacional e intelectual. Reconhecido pela mídia e pelos setores das comunidades mais exigentes em termos de desenvolvimento humano, ele coleciona, o que não é um fim, muitos prêmios nacionais e internacionais. (Vide link Tião Rocha premiações)

Terminada a entrevista, toda gravada em áudio para reprodução em computador, Tião Rocha dirigiu uma mensagem aos seus colegas Encontristas da EASO (única gravada em vídeo) que, nesta edição, colocamos em primeiro lugar:  



Compondo o perfil do Entrevistado

Sentados embaixo de um quiosque de sapé, sombra fresca e ambiente muito agradável, guarnecidos com uma garrafa de café ao estilo mineiro, iniciamos nossa conversa com a intenção de traçar, pela palavra do próprio entrevistado, o seu perfil.

Tião Rocha, o educador popular. 

Frases: "Especializei-me em cultura popular"; "Sou educador popular por opção política";
"Minha área de graduação é história e pós-graduação na área de antropologia cultural".


Filosofia política, religião e pessoas inspiradoras

Queríamos também passar para o leitor uma visão mais profunda sobre nosso entrevistado e pedimos-lhe que falasse sobre sua filosofia política e religiosa, e quais são as pessoas que o inspiram.
Frases: "O meu desencanto é no geral com os partidos, hoje eu sou defensor do Setor Zero que é governado pela ética"; "Hoje eu sou Líder Social Brasileiro (2007) pela Fundação Schwab e Folha de São Paulo"; "Eu acredito em Deus, mas não acredito nas religiões que estão aí"; "Inspiram-me: Guimarães Rosa, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Leonardo Boff e Nelson Mandela. Guimarães Rosa diz que temos que beber de todas as águas, eu procuro fazer isso. Paulo Freire (para mim é um verbo que se conjuga no presento do indicativo : eu paulofreiro, tu paulofreiras, ele paulofreira...)"
.



O trabalho, o aprendizado e os prêmios

Frases: "Fui professor durante muitos anos, há 30 anos eu tive um “insight” (como dizem os americanos) e nós  mineiros chamamos  de "clarão" mesmo"; "Eu fui o primeiro professor da Universidade Federal de Ouro Preto a pedir demissão. Segundo eles, a gente só podia sair de lá com o pé na cova"; "Em 1984 criei o CPCD"; "É possível fazer educação em qualquer lugar, só não é possível fazer educação sem bons educadores"; "O projeto Araçuaí: Cidade Sustentável (Vale do Jequitinhonha), foi escolhido, em 2011, como um dos cinco projetos de cidades em sustentáveis do Mundo, em Estocolmo, Suécia"; "Minha dedicação é absoluta para o CPCD"; "Hoje, trabalhamos no Maranhão, no Projeto Cuidando do Futuro, para reduzir a mortalidade infantil neonatal em 17 municípios"; "Em Moçambique, onde trabalhei na década de 90,  aprendi que para educar uma criança é necessário toda uma aldeia"; "Aprendi com eles a convocar 'a aldeia', seja para salvar crianças da morte, seja pra zerar o analfabetismo, seja para tirar da ideologia do auto-desprezo as populações marginalizadas (em Moçambique as pessoas morriam de melancolia), mas para isso eu tive que desaprender".



Os tempos do seminário

 


Ele nos falou do período em que esteve no seminário e sobre suas lembranças daquele tempo.
Frases: "Eu estudei lá de 1961 a 1964"; "Até 2008 eu não me lembrava de quase nada, essas memórias apagadas voltaram dentro do I Encontro"; "As boas lembranças que vieram sempre com relação às amizades e ao companheirismo, principalmente no futebol. De resto, eu achava aqueles padres muito chatos, prepotentes. O único que tornou-se, posteriormente meu amigo e companheiro de ideal foi o Justino, com quem bebi boas e honestas cachaças. Grande figura: o primeiro ambientalista que conheci".





Uma vocação?

Mostramos ao Tião Rocha algumas fotos antigas que foram enviadas pelo Raimundo Nonato Costa em 2008 para que fossem utilizadas, na medida em que aparecessem as oportunidades ou necessidade, ouça o que ele disse no áudio abaixo:



O que é um ser humano bem-sucedido?

Perguntamos-lhe o que é um ser humano bem-sucedido. A resposta está no áudio abaixo.
Frases: "O ser humano bem-sucedido é aquele que consegue viver a sua vida com dignidade"; "A vida é uma dádiva que a gente recebe e que tem que ser vivida plenamente; a vida não tem segundo tempo, nem segunda divisão ... tem que ser vivida a cada momento"; "Como diz Guimarães Rosa, 'viver é perigoso, porque não se viveu ainda'.  A gente está aqui de passagem, somos inquilinos da Terra, para realizar quatro coisas: para ser livre, para ser feliz e para ser educado, a outra coisa para isso é ter saúde. A única coisa que precisamos “ter”  é saúde, o resto temos que 'ser'  ”.

O aprendizado transformador

Pergunta: o que distancia você daquele Sebastião acadêmico?
Frases: "Eu tive, em 1974, um aluno chamado Álvaro..... um dia eu cheguei na escola, eles me disseram, temos um problema, o Álvaro se matou... aquilo me marcou de tal ordem (não saber porque ele havia se matado) que me prometi, nunca mais vou perder um (aluno)...O Álvaro ficou encantado, tornou-se um anjo que me acompanha todos os dias de minha vida... Se tornei-me um educador (aquele que aprende) e deixei de ser professor ( aquele que ensina), devo isso a ele..."



Perguntas relacionadas ao ramo de conhecimento e desenvolvimento do entrevistado.

Como medir o sucesso na educação?

Que medições podemos aplicar para avaliar o sucesso na educação?  Foi nessa linha de questionamento que entramos na próxima pergunta.
Frases: "É uma pergunta que eu já me fiz em 1995: o que garante qualidade na educação? construímos e  aplicamos, até hoje, 12 indicadores, chamados de IQPs; Estes Indicadores (IQPs) (link) ... se transformaram em tecnologia social certificada: indicadores sociais"; "O ponto do doce é quando as pessoas descobrem que podem; os gringos chamam de “impowerment”...lá no sertão nós dizemos é “empodemento”, quer dizer ...”nóis pode”...rsrsrsrsrs. Muito antes do Barack Obama nós já usávamos o “nós podemos”... mudar o Mundo".



O  conceito de família

Ele não foge das perguntas, é fácil arrancar-lhe uma opinião, um ensinamento que nos leve a uma reflexão, em nenhum momento se fechou em copas, mostrou-se por inteiro. Confira o que é a família na visão deste Educador (áudio abaixo).
Frases: "Família para mim significa lugar do acolhimento. Quem nunca teve colo ou cafuné não sabe dar cafuné para o outro"; "Eu fui criado em casa e na rua; eu adoro a rua e fiz nela meus grandes amigos, até hoje,  e parte importante da minha aprendizagem de solidariedade"; "Como educador eu não quero tirar os meninos da rua, eu quero mudar a rua...se é nelas que nos formamos como cidadãos e como povo, por que privar os meninos disto..."; "Nós, adultos, deveríamos ser “pais e responsáveis “ por todas as crianças, independentes se nascidas da  gente ou não ..."

O ENEM como meio de inclusão social

Tião Rocha, o que você acha do ENEM como um meio de inclusão social? A resposta está no áudio abaixo.
Frases: "O modelo do ensino que temos está perdido"; "A pergunta é: nós queremos criar um mundo dos espertos ou de gente ética?"; "Pobreza, para mim, não é defeito"; "O modelo (de ensino) vai só se modernizando, mas não se transforma; existe, hoje, uma lógica mercantilista: a escola tornou-se o 'aparelho ideológico do mercado'... e que mercado!"; "E se todo o sistema hoje de avaliação está preso à esta ótica mercantilista, portanto o ENEM cumpre apenas este papel. É uma pena!"


Bullying, homofobia e preconceitos em geral


Frases: "O nó da questão é quando as 'diferenças' entre as pessoas são transformadas em "desigualdade', o outro deixa de ser 'diferente' e torna-se um 'desigual', um inimigo. Pronto! Encrenca! precisamos ouvir e aprender com as diferenças"; "Ser diferente é bom, nos enriquece como humanos; se nós não pegarmos e ir a fundo nesta questão... vamos viver em guetos"; "A solução: todas as escolas – do prezinho ao pós-doctor – deveriam se construir a partir da Carta da Terra "








Tião Rocha, o antídoto

Tião foi recentemente entrevistado num programa de televisão chamado "Antídoto", pegando a deixa, nós lhe perguntamos: Tião, você é antídoto para qual tipo de veneno? Confira a resposta no  áudio abaixo:


O folclore e a história dos meninos

Perguntado sobre a importância do folclore na história local, Tião Rocha respondeu e fez os desdobramentos que passam por sua histórica pessoal como motivo de sua inquietação com a falta de conhecimento da história das crianças, e da herança cultural de cada uma delas; falou sobre os motivos que o levaram a cursar história e, posteriormente, pós-graduar-se em antropologia. Tudo começou quando ele afirmou em sala da aula: "Eu sou sobrinho de uma rainha". (Escute o áudio abaixo).


Obrigado!

Terminada esta entrevista, agradecemos de coração ao nosso amigo e colega Tião Rocha que emprestou-nos alguns minutos de suas preciosas 30 horas diárias de trabalho. De nossa parte, saímos do CPCD certos de que valeu a pena tornar aquele dia 22 de junho de 2011, véspera de feriadão,  um pouco mais elástico.

Os Crúzios, um encontro de irmãos. Uma bela visão.

por Tupinambá Pedro Paraguassú Amorim da Silva

1-INTRODUÇÃO

                Meus caros amigos e companheiros de caminhada: Encontristas, melhor seria dizer turma dos “ex-seminaristas” da família crúzia, atendendo aos insistentes pedidos de saber mais a respeito da vida dos crúzios no Brasil. Dizem os Padres que eu sou a testemunha viva dessa história. Então aí vai. Certamente que fatos aqui narrados poderão não estar completos (vocês podem completar), todavia procuramos nos ater à veracidade dos mesmos. O que importa é que o nosso testemunho como “membros vivos”, possamos contribuir com a nova vida que se delineia para os Cruzios do Brasil, radicados em Campo Belo, nossa antiga e querida casa. Como é uma longa história, talvez seja melhor publicar por partes. Ok!


2-   HISTÓRICO

                Pessoal, para início de conversa, saibam todos que foi no dia 14 de fevereiro do ano de 1963, na parte da tarde que cheguei a Campo Belo. O Raimundinho veio comigo.  A recepção foi calorosa. Todos estavam no pátio do Colégio “Dom Cabral” nos esperando. Ansiosos e temerosos recebemos as boas vindas do Padre Humberto, diretor da Escola Apostólica “Santa Odília”. Quem foi dessa época deve lembrar como chegamos cansados e apreensivos. Lembro-me bem do Raimundo, do Chicão, do Carraro e do Antônio de Ázara, os demais fui conhecendo gradativamente, assim como os padres Justino, Agostinho, Clemente, Lucas e Cornélio os mais presentes no nosso meio. Os demais quando por lá apareciam ou porque davam aulas no Colégio. Foi o caso dos padres Pedro, João, Artur e Luiz.

                Nesse ano houve uma grande seca, nada de chuva. O Sertão estava muito seco. Um dia numa estrada que passava pelo lado do Seminário ocorreu um fogaréu nas margens dessa estrada. E lá fomos nós, os seminaristas maiores ajudar a apagar o fogo. Quem se lembra desse fato?

                Quanta coisa boa para nos lembrarmos, não é? Vivências, convivências, dificuldades, peladas, passeios, diversões, férias.

                Falando em férias, recordo que não sabiam para onde me mandar. Santana do Jacaré, Belo Horizonte ... Por fim optaram por Leopoldina. Fui adotado pela família do Carraro. Em Leopoldina fiquei conhecendo o Bessa e o Seoldo. O José Maria de Carvalho Coelho já tinha ido para Roma continuar os estudos. Fiquei em Campo Belo nos anos de 1963 a 1964. Em 1965 fui para Leopoldina. Lá, eu, o Carraro e o Antônio de Ázara fomos introduzidos no Noviciado. Mas isso é para outra história.



Sobre os Crúzios convém lembrar que os primeiros Crúzios a chegar ao Brasil vieram respondendo a um chamado e assim assumiram a sua vocação missionária na Terra da Santa Cruz, em Belém do Pará. Isso lá pelos idos de 1934. “Só mesmo a fortaleza na Fé, Dom de Deus, ao lado de uma confiança ilimitada no futuro desta terra... após sofrerem epidemia de malária que causou a morte de muita gente e entre elas de santos Padres Crúzios... os impediu que deixassem o Brasil...” (documento encontrado).

              Foto 212 No pátio do Colégio Dom Cabral, Campo Belo - MG




             Estes primeiros missionários Crúzios se destacaram por sua vivência religiosa, por sua indumentária (hábito branco, cíngulo preto, escapulário preto com a cruz vermelha e branca no peito e a capinha preta - vide foto 215) e trabalho pastoral. Eram conventuais. Todos aqueles que se propuseram a viver a vida religiosa crúzia, não foi por verem como viviam, mas sim como atuavam e pela bondade e amor com que assumiam sua vocação e atuação pastoral.


Poucos conviveram com eles na intimidade da vida conventual para dizerem que gostariam de viver como eles. Apenas desejavam ser como eles, viver como eles, trabalhando pelas almas como eles o faziam. Aliás, diga-se de passagem, parece que não se preocupavam em formar religiosos nativos do Brasil. Os primeiros candidatos foram recrutados pela observação de suas qualidades e virtudes e não por um aprofundamento de conhecimento vital. Também isso era pouco provável, pois os candidatos eram crianças, jovens imaturos que gostavam dos padres João Maria Verkuylen, João Batista Verkade, Pedro van Bree, Henrique Cuppen, Geraldo van der Weiden, Teodoro Arnoldus, José van Duijnhoven, Martinho Arntz, Henrique Plag, José van Duijnhoven, Cornélio Huijgens, Francisco Jutte, Geraldo van der Weiden, Martinho Arntz, Sebastião Sweerts, Teodoro Arnoldus (1934-1939). Padres Antônio Broersen, Guilherme Ivits, Humberto Nienhuis, Francisco Nllesen, Alberto Jagger, Marino Verkuylen, Arnaldo van Kuyk, Egídio Donkers, Luiz Huitema, André Bleeker, Jerônimo Barten, Jaime Meekel (1946-1950). Padres Pedro Schreurs, Cornélio van Vroonhoven, Jorge Custers, Hilário de Jong, Lucas Boer, João Marcelo van Grunsven, Bernadro Rutten, Teófilo Dalessi, Arthur de Haan, Clemente Pepping, Luis Fransen, Geraldo Copray, Justino Obers, Henrique Weinands, Henrique Duimel, Guilherme van de Lokkant, Paulo Bot, André Zegers, Antônio Reijnen, Honório de Laat, José Maria Bakker, Tiago Boets (1951-1959). Padres Francisco Dortmans, Jõao Maria van Doren, Agostinho Reijken, Leonardo Bogaartz, Harolo Hubers, Bernardo van de Vem, Guilherme Potveer, Tiago van Winden, Cristiano Kuppens, Geraldo van Kemenade, Pedro Dekker, João Antônio Beukboom, Cornélio van Stralen e Teodoro Verbruggen (1951-). A maioria passou por Belém-Santa Izabel do Para, outros por Belo Horizonte, Leopoldina, Miracema, Juiz de Fora, Astolfo Dutra, Rio de Janeiro e Campo Belo.
Foto 213 Casa da Barão

Ao todo, salvo maior engano, foram sessenta Padres Crúzios que pela Terra da Santa Cruz passaram. Hoje contamos com os padres Leonardo Bogaartz, Guilherme van de Lokkant, Teófilo Dalessi, Haroldo Hubers, Tiago van Winden e Teodoro Verbruggen. São os “Últimos dos Moicanos” originários da Província Holandesa (européia). QUAIS DESSES INFLUENCIARAM EM SUAS VIDAS? QUEM LHES SERVIU DE EXEMPLO? SEJAMOS GRATOS!

2.2-      O DESEJO DE CONTINUIDADE


Somente a partir de l948 os Crúzios chegaram a Minas Gerais e ai se desencadeou todo um processo racional de recrutamento elaborado, empreendido e desenvolvido pelo Padre Marino Verkuylen e, de forma muito resumida pelos demais padres em suas paróquias.



Em termos de “produção”, o trabalho foi um pouco infrutífero. Em uma primeira instância, apenas um brasileiro chegou ao sacerdócio. Foi o Padre Antônio de Araújo Bessa. Um grande hiato tomou conta da história da formação de novos Crúzios no Brasil.

Até que, de repente, uma luz brilhou no túnel e houve um novo começo. Padre Francisco Sinvaldo, Padre José Antônio, Padre Carmito (?), Padre José Maria e agora, nos dias de hoje alguns professos dão maior alento e esperança à continuidade da Província. Como é o caso do Padre Julio, do Padre Wilson, do Padre José Cláudio e do Padre Elione, este último filho de Campo Belo e ordenado no dia 18 de junho desse ano.

Circunstâncias pessoais ou de divergências internas, os Padres Crúzios brasileiros: José Antônio, Carmito, Francisco Sinvaldo e José Maria e agora o Padre Teodoro estão vivendo sua vocação como Padres Diocesanos. Há um dito interno que nos consola: “Os Crúzios do Brasil não perderam seus padres. Eles os prepararam para bem servir à Igreja do Brasil”.  Só isso já bastaria para fundamentar a presença dos Crúzios no Brasil e seu trabalho pastoral e missionário. Mas só isso não bastou; a semente da Cruz ficou em Belém do Pará, Campo Belo, Belo Horizonte, Leopoldina, Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Miracema, Astolfo Dutra e nos diversos lugares por onde nossos queridos Padres Crúzios passaram.



Coisas novas estão acontecendo na Família Cruzmaltina, na Família Crúzia da qual de alguma forma nós participamos. Chegou a hora de nós, como partícipes dessa família, nos coloquemos a disposição dessa nova dimensão de fazer brotar  uma NOVA FAMÍLIA CRÚZIA, POIS AFINAL “IN CRUCE SALUS MEA”, traduzindo: “NA CRUZ ESTÁ A MINHA (NOSSA) SALVAÇÃO” e “PELA CRUZ A VIDA”





3-                  CONCLUSÃO

Essa narrativa vale para nós também. Nós não nos perdemos. Hoje somos cristãos autênticos. Bons pais de família. Excelentes profissionais em quase todas as áreas de conhecimento. A disciplina, o conhecimento, a cultura e o sentido de saber enfrentar a vida com dignidade, dedicação, trabalho e fé nos inspiraram a sermos o que hoje somos. SOMOS GRATOS.



Mas não ficamos por aí. Através de um trabalho silencioso, criterioso e paciente de nossos amigos e dedicados ex-seminaristas conseguiu-se encontrar um bom número de adolescentes e jovens daqueles que passaram pela Escola Apostólica “Santa Odília” e pelo colégio “Dom Cabral”, em Campo Belo.



Nesse esforço de resgatar as imagens, as lembranças dos bons e velhos tempos, conseguimos nos reencontrar. Já nos reunimos por duas vezes. Onde? Ora, só poderia ser em Campo Belo. Foram dias maravilhosos. Alegria, comemorações, conto de “causos”, passeios, almoços, jantares, bate-papo e umas biritinhas para festejar os encontros. No primeiro só estiveram presentes os “ex’s”. Foi bom, muito bom. Mas queríamos muito mais. Já no segundo, quem quis trouxe esposa e filhos.



Meus irmãos, amigos de caminhada e companheiros de ideal:

FELICIDADES PARA TODOS – CONTAMOS COM SUAS “ESTÓRIAS” PARA SEREM PUBLICADAS – REPORTAGENS – FOTOS E PRESENÇA AMIGA NO PRÓXIMO ENCONTRO

Um fraternal abraço.
                             

Foto 214 Autor               
Tupinambá Pedro Paraguassú Amorim da Silva (vulgo Tupy)

tupypedro@yahoo.com.br – 021 – 31 – 34824069 // 021 – 31 96354069

Sabará, 20 de junho de 2011



CE/AJF/EMA

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ordenação do padre crúzio Elione Correa.

No dia 18 de Junho de 2011, sábado, houve em Campo Belo MG a ordenação Sacerdotal do diácono Elione Correa, pelo Bispo da diocese de Oliveira,  Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro.

Encontristas da Easo que compareceram: o presidente do Encontro de 2011 e diretor do Colégio Dom Cabral, Eustáquio de Azevedo Silva e sua esposa Maria Aparecida Silva Azevedo, O casal José Tito Gonçalves e Marly Gomes Alvarenga, e Tupinambá Pedro P. Amorim da Silva.
Elione Correa (31) nasceu em Campo Belo MG (52000 habitantes, 210 kg de BH), mas viveu alguns anos na zona rural do município de Aguanil (3500 habitantes). Graduado em Fiosofia pela PUC de Minas Gerais, e em Teologia pela Universidade Angelicum de Roma, fez também especialização em formação para a vida religiosa em Chicago, EUA.
As fotos são de autoria do Conselheiro Editorial  deste Blog, José Tito Gonçalves, que disse: "toda a cerimônia foi emocionante principalmente para aqueles que sabem o que está acontencendo, e acho que o momento mais importante foi o da entrega do candidato, quando o mesmo colocou as suas mãos dentro das mãos do Bispo, num sinal de doação total a serviço da Igreja (foto 208)"


Foto 201 Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro (o que tem a cabeça
coberta por uma mitra característica dos bispos)
Foto 202 O Diácono Elione é abençoado pelo Padre João Maria sob o olhar
do padre Haroldo

Foto 203 - do fundo para o primeiro plano: padre José Cláudio, padre João Maria,
padre Haroldo e padre Theodoro
Foto 204 Padre Haroldo (no centro da foto)
Fato 205 O casal Marly e José Tito, durante a cerimônia de ordenação
Foto 206 Tupi ao lado do padre Theodoro
Foto 207 O diácono Elione recebe a benção
do padre João Maria.




Foto 2008 O momento que simboliza a doação que o novo padre faz de si mesmo para os serviços da igreja.

Foto 209 O Padre José Cláudio a aben-
çoar o diácono Elione
Foto 210 O diácono Elione, momentos antes de ser ordenado padre, em humilde meditação.



******Bastidores da Ordenação ********
Foto 211 José Tito, Marly e Tupi


Foto 212 Tupi e o bombardão da
sancristia