quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Foto de 1967 enviada por Gabriel Neves de Souza

A foto que o Gabriel enviou a este blog é uma raridade para um período que foi pouco retratado, literalmente. Vamos esperar que outros, que estiveram no seminário neste período (1967 e anos colados) possam contribuir na identificação dos três não identificados inicialmente. 
Foto 153 de 1967 - Em pé, a partir da esquerda: Melchior, Ildeu de Souza,
Antônio Cândido (tartaruga de candeias), Gabriel (Cristais), Romeu, Geraldo Lemos (Curvelo)**.
De cócoras, a partir da esquerda: Mauro Renato Gomes Pimentel (meio corpo)***,
Marco Aurélio Santos (Rato), Francisco (Pelé), Edésio (com a bola)***, José Márcio
de Oliveira (Itaguara), Waldir (Caeté)*

*   O Waldir foi identificado pelo José Tito Gonçalves
** O Geraldo Lemos foi identificado pelo Ildeu de Souza
11 foram  identificados pelo Gabriel Neves de Souza
*** Mauro Renato Gomes Pimentel (vide comentários abaixo) identificou o Edésio (com a bola) e completou seu próprio nome na descrição acima.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O concílio Vaticano II (Ipsis litteris)


O CONCÍLIO ECUMÊNICO
VATICANO II

   Impressionou-se com o presságio de um novo Concílio Ecumênico publicado pelo atual Papa, cuja data da realização ainda não está definida, todo o mundo cristão. Alegrou-se porém, sabendo dos méritos, das fôrças e das influências que até agora têm exercido na Igreja. Sua Santidade está esperançoso e ciente de sua decisão, tanto que fala dêle em todas suas palestras.  Aguarda não o esquecermos até  em nossas mais simples preces para alcançar o êxito visado.

    Um Concílio Ecumênico usa o mais alto poder da Igreja, de maneira que lhe permite dar explicações de casos mais graves e instituições de normas que se estendem sôbre todo o orbe, sem que possa errar, falando sôbre matéria de fé. Sendo por isso  Papa a sua suprema potência, cabe-lhe confirmá-la; sem êle ou sem a sua ratificação não há Concílio Ecumênico.
   Êste a realizar-se é alvo de diversos fatôres que concorreram. Visa-se mais a união dos ortodoxos e protestantes com os católicos. O sumo Pontífice como delegado apostólico, permaneceu durante vinte anos no Oriente, e com êsse tempo conquistou a afinidade daquêle povo que ainda vive fora da nossa religião. Diz João XXIII: "Primeiramente uma aproximação do Oriente, depois o contacto e a reunião perfeita de tantos irmãos separados da antiga Mãe comum... Desejamos uma paz e entendimento entre católicos e êles.
   Ao dirigir uma carta ao clero de Veneza expressou-se sôbre o Concílio, que é a causa do aparecimento da submissão do clero, da dilatação da caridade, da fixação dos sacerdotes em seu terreno etc...
   Averigando Sua Santidade os fatos passados, deteve-se no período tridentino; ficou a par dessa era de perplexidade cujas calamidades foi um resistente adversário do Concílio de Trento em 1545. Olha agora também na época presente o perigo do comunismo e do materialismo, e como aquêle dera ótimas conclusões, talvez seja outra causa do próximo.
   Tratar-se-ão também de certas partes do Direito Canônico e alguns casos da doutrina Social da Igreja.
   Para preparar o necessário, há já várias comissões,  agindo, tendo por presidente o Secretário  do Estado  do Vaticano: Cardeal Domênico Tardini.
   Até o presente já houve vinte Concílios Ecumênicos, doze no Ocidente e os outros no Oriente. Oprimeiro teve lugar em 325 na cidade de Nicéia, então em terras orientais. Nele estava presente o Imperador Constantino; o último feito em Roma (Ocidente) com  o nome de Vaticano (I), não foi oficialmente terminado, por causa da invasão dos italianos no Estado do Sumo Pontífice em 1870.
   Tomarão parte dêste agora tôda a Cardinalícia, todos os Bispos, os Prelados, alguns Abades, Superiores Gerais de Or-


dens Religiosas, certos teólogos, além de outros. Segundo parece, será o primeiro que usará os modernos meios de comunicações, como rádio, o cinema, a televisão, etc.
   Os Protestantes, a respeito da união estão reagindo fortemente. Diversos líderes de seitas religiosas em suas revistas maldizem-no, não querem colidir-se de forma alguma, tendo até um Anti-concílio Mundial com o nome : "Concílio Internacional das Igrejas Cristãs". Com referência aos protestantes brasileiros, alguns  o vêem com bons olhos, como um dos bispos da Igreja Metodista do Brasil: Rev. Sucasas: "O Cristianismo uno é possível, porque Jeus Cristo jamais ensinou uma utopia ao homem e jamais exigiu do homem o que fôsse impossível ".
   Outros porém , dizem que o Papa está com receio do comunismo e que, para dar-lhe combate, quer a ajuda dos protestantes; que Roma quer o domínio das consciências, etc. Dizem também que são muitos os obstáculos que lhes impedem a coesão: 1) a infabilidade do Papa: para êles o humano é falho e possível de êrro.
2o. os dogmas da Igreja.
3o. a persuasão íntima da Igreja Católica de que está com a verdade, etc. Mas a obstância maior é de terem de palmilhar o caminho de Roma e ascenderem os degraus do Vaticano onde está o núcleo do Cristianismo.
   O pontífice Romano espera nossa colaboração nos seguintes âmbitos: a) nas orações; b) no lado financeiro; c)ns informações, a fim de que, através dêste Concílio possa se elevar a melhoria do mundo e, de  um modo particular, mostra o exemplo da união da Igreja a tôdas as seitas extraviadas da Santa Mãe comum.
                                                              Geraldo Hélcio Seoldo Rodr.
                                                                            4a. série
                                                       
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Você sabia que:
as formigas têm suas "vacas"?
Estudiosos afirmam que as formigas, ao passar as patas dianteiras nas costas de pulgas, que habitam nos formigueiros, dela retiram um líquido branco e muito doce: o "leite", com  o qual alimentam os filhotes da rainha. Em troca de tão relevante serviço as pulgas podem alimentar-se dos cogumelos que existem nos formigueiros. A êsse gênero de vida dá-se o nome de simbiose (vida em comum)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Crônica: a vida no seminário (Ipsis litteris)


CRÔNICAS
(Janeiro e fevereiro de 1960)

   Como o tempo e a oportunidade me permitem, começarei narrando um acontecimento muito digno de menção, principalmente para nós, os seminaristas: o nosso regresso dos queridos lares, cujo carinho nunca podemos esquecer, para um outro lar onde todos os jovens sonham com o grande ideal de pertencerem um dia à comunidade dos sacerdotes, serão bem recebidos.
   Nesse inesquecível dia de regresso, houve uma cena  tão sentimental e comovente como nenhuma outra realizada entre aquêles pais e respectivos filhos que viram as costas a um ambiente tão carinhoso e confortável e se dirigem para o seminário para aí cultivar em si a árvore da ciência e se preparar para mais tarde despertar do êrro aquêles que vivem mergulhados sempre no sono da ignorância e instruir os cegos de  espírito.
    Imaginemos aquêle espaço de tempo em que pais, filhos e demais parentes se abraçavam longamente, já na hora da partida. Então, depois dêsses instantes, tão prazerosos, um grande silêncio vem esmagar e sepultar aquêles gozos e todos voltam para casa com o coração carregado de saudades e tristezas.
   Estamos no seminário há mais de um mês. È incrível que  ainda nos restem vestígios da saudade de casa. Ainda não pudemos esquecê-la de todo. Para isso são necesários mais alguns mêses.
   Muitos perguntarão a si mesmo: "que será que êstes meninos fazem no seminário durante êsses dois mêses de férias?
   Meus amigos, leiam a minha resposta e  ficarão sabendo o que aqui fazemos, o que lhes será uma surprêsa. Durante êstes dois mêses não ficamos atôa um instante sequer. Fazemos  passeios pelos campos, que parecem um pouco com piqueniques, mas não são bem isto.  Nesses passeios deixamos o mato completamente limpo de frutas. Somos iguais a um bando de catitú quando entra numa lavoura de mandioca. Já provamos de todas as frutas que existem nesses matos daqui.
   Fomos algumas vêzes a uma tal "Usina Velha" para nadar e voltamos com um sortimento de frutas que durou muitos dias. Fomos também a "Vila Vicentina" de Campo Belo,  onde há muitos doentes inocentes, com os quais nos divertimos bastante. Não nos devemos esquecer do Pe. Alberto que dedica tôda sua vida aos doentes.
   Certa vez, quando voltávamos de um dêsses passeios, aconteceu um caso muito gozado comigo. Foi o seguinte: estava o sol Campobelense recolhendo seus últimos raios. Íamos andando por uma das belas ruas da cidade deliciando-nos com o frescor do crepúsculo quando deparamos com uma "furreca", cujo motorista estava preocupadíssimo e não sabia o que fazer. Lamentava-se de que sua "furreca" tinha afogado ao subir o morro.. Como já lidei alguns  anos com um motor de luz, posso assim dizer que tenho alguma experiência sôbre êste assunto. Convidei-o para queimar as velas que talvez houvesse jeito. Parece-me que êle não sabia o que eram velas. Pedi-lhe, então, uma chave para arrancá-las, mas êle respondeu que não havia. Resolvemos então empurrar a furreca, mas não houve jeito. Já estávamos quase deixando o pobre homem no mesmo  estado, quando chegou, por acaso, um caminhão com dois mecânicos. Um dêles examinou o carro e logo verificou que não havia gasolina. O dono disse  que havia pôsto gasolina havia poucos instantes. Mas em vez de tê-la colocado no tanque apropriado, êle a tinha pôsto no tanque de reserva.
   Dia 2 de fevereiro houve uma grande festa na Ordem da Santa Cruz, quando o primeiro seminarista crúzio brasileiro, José Maria, natural de Belo Horizonte, fêz a sua profissão religiosa. Essa profissão consta dos votos de pobreza, obediência e castidade. Isto aconteceu em Leopoldina onde está o nosso seminário maior.
   Os novatos (8) chegaram dia 28, chegada essa que muito nos preocupava, pois estávamos esperando desde o dia 24, mas só chegaram no dia 28 às seis da manhã, por trem. Quando saímos da capela depois da meditação e fomos ao dormitório para arrumar as camas, encontramos-nos com êles sentados nas malas, cansados e com muito sono, pois tinham viajado durante a noite inteira.
   Foi nomeado diretor do ginásio o Pe. Justino, pois o antigo Pe. Humberto, foi para Belo Horizonte a fim de restabelecer-se da doença que  o prostou no ano passado. Agora já está tudo arrumado e desde poucos dias começamos a fazer fôrça com os estudos, cada vez mais pesados.
                                                               Antônio Araújo Bessa, 1o. Cláss.


Carraro: Ah! ah....
Seoldo: Por que ris tanto?
Carraro; É porque Vicentão disse-me que andou 10 Km. à cavalo, e no fim estava morto de cansaço e suava mais do que o animal.
Seoldo: Puxa! O sol devia estar bastante quente.
Carraro: Ah! Ah! Não; é porque o cavalo dêle era de pau, ah, ah!
Vicente: Ô sô bobo; isto foi um sonho que tive, ontem no estudo.










Marquinho
Você acredita que os homens chegarão  a ver os astros de perto?
J. Geraldo: Pois se eu ontem na rua, com o dia claro, sem querer vi muitas estrêlas e        ainda um galo que cantava bem ao norte da lua, quando esbarrei com um poste!!

Miscelânia (Ipsis litteris)



 











ANO LETIVO DE 1960
   Iniciou-se êste ano com 29 semina-
ristas, distribuidos sôbre as seguintes
séries
1o. ano clássico ----- 1
4a. sérei ginasial----  4
3a.   ,,         ,,    -----  5 
2a.   ,,         ,,    -----  3
1a.   ,,         ,,    -----  5
Admissão----------   11

MISCELÂNIA

Advinhações:

        I   Há muito que tu me olhas.
             não sei o que queres ver:
            o que tu és, eu já fui,
            o que eu sou, tu vais ser.

       II   Seis mortos espichados,
             cinco vivos passeando;
             enquanto os vivos passeiam;
             os mortos estão cantando.
      III   
         1) Qual a diferença entre o ma-
             quinista e o alfaiate?
         2) Que faz a galinha quando se a-
              poia numa perna só?
          3) Que é que tem cinco dedos, mas
               sem carne e sem osso?
         ___________________







  A residência de Beethoven não prima-
va sempre pela limpeza. Certo dia,   um
amigo, não o encontrando em casa, espe-
rou por algum tempo no quarto onde Beet
hoven costumava trabalhar. Ao sair,    pas
sando pelo piano de cauda, por sinal, co-
berto de pó, fêz a brincadeira de,        no
móvel, traçar a palavra "porco".
   No dia seguinte, renovou a visita,
- "Estive ontem aqui, e não o encontrei"
- "Eu sei, respondeu Beethoven, achei o
     seu  cartão de visita no piano"

                $$$$$$$$$$$$

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crônicas de 1959 (Ipsis litteris)


CRÔNICAS     
    
   Correm os mêses de setembro e outubro com o céu nas mais das vêzes todo neblinado, dando-nos um aspecto chuvoso e a esperança de ver cair em breve a utilíssima chuva.
   No dia 13 de setembro foram recebidos em Campo Belo os Srs. Aloísio e Dermindo Pimental, ambos pertencentes à Universidade Católica de Minas Gerais, convidados pelo diretor do ginásio Dom Cabral para conferenciar aos alunos desta escola sôbre o ensino e a educação. Aproveitando desta oportunidade, um dêles foi também convidado pelo diretor do Seminário para falar aos seminaristas. Êle fêz duas conferências: na primeira, falou a todos os seminaristas sôbre a vocação; na segunda, explicou sòmente aos maiores o motivo porque um padre não pode formar família como outrora.
   Inaugurou-se no dia  20, na querida Campo Belo, uma livraria, fundada graças aos esforços do Revmo. Pe. Geraldo, e que possuiu aproximadamente 3000 volumes. Por motivo de doença ausentou-se por alguns tempos o diretor do ginásio, para descansar. Assim, precisou arranjar outros professores para as diversas matérias lecionadas por êle.
   No dia 27 fomos à cidade assistir ao encontro das imagens de Nossa Senhora de tôdas as capelas de Campo Belo como encerramento do mês catequético. Nesta noite, discursou o Pe. Geraldo, havendo logo após um pequeno discurso proferido pelo Vigário da paróquia em agradecimento ao padre que antes discursara.
   Dia 28 festejou-se o 80º. aniversário desta cidade. Neste dia fomos até a cidade para assistirmos ao grande desfile do qual gostamos imensamente. Em primeiro lugar houve o hasteamento dos pavilhões nacional e mineiro, depois do qual houve alguns discursos, seguidos do desfile. À frente dêste ia o Colégio Nossa Senhora Aparecida de Lavras, que se destacou por sua famosa bateria; vieram em seguida o Ginásio Dom Cabral, o Tiro de Guerra 75, o  Colégio São José, os grupos escolares e os representantes dos diversos clubes da cidade. Á tarde dirigimo-nos ao estádio do Comercial para assistirmos à empolgante partida de futebol entre o Comercial  e o Democrata de Belo Horizonte, na qual depois de muito trabalho a equipe visitante conseguiu vencer por 4 X 3.
   No dia seguinte, todos os alunos do ginásio vieram às aulas. Mas uma agradável surpresa os esperava: o diretor concedeu a êles um dia de descanso, por causa do cansaço  do dia anterior.
   Dia 2 de outubro passamos a frequentar novamente a piscina que há muito tempo não continha água e não era frequentada pelos seminaristas.
   Dia 4 de outubro, à tarde, os seminaristas apresentaram um teatro no clube de Campo Belo como encerramento do concurso das bonecas, feito em benefício do nosso seminário. A vencedora obteve 18 mil votos, e a renda dêste concurso foi de 80 mil cruzeiros.
   No dia seguinte levantamos com uma enorme ventania e à noite foi com imenso prazer que vimos descer do céu uma chuva que há muito tempo esperávamos.
    No dia 10 chegou de Belo Horizonte o seminarista Tadeu, que por motivo de doença no olho partira para lá, a fim de medicar-se, mas, pouco tempo depois de sua chegada, sentiu uma saudade tão grande que fugiu para um hotel da cidade, no qual se hospedara antes, a fim de ir para sua casa novamente. Um dos padres, porém, foi informado disto e o buscou no hotel. No dia seguinte partiu para casa.
   Dia 15, dia das missões, houve uma reunião da nossa congregação na qual o congregado Reginaldo discursou sôbre o "Catolicismo no Brasil".  Neste mesmo dia na hora do almoço, saboreamos um gostoso guaraná por ser dia de São Lucas.
Na manhã do dia 20 recebemos uma notícia desanimadora: o jornal do ginásio Dom Cabral, quando completava exatamente dois mêses de fundação, foi proibido de circular mais uma vez, pois ao invés de fazer propaganda em favor do ginásio, criticava-o de um modo não conveniente.
   Após 53 dias de "descanso”, no dia 24 à noite, os seminaristas insubordinados receberam novamente a permissão para jogar futebol. (Coitados! Tanto tempo sem bola! Red.)
                                                 Lýdio Costa Reis Filho 3a. Série

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O reboliço da cidade (Ipsis litteris)


O REBOLIÇO DA CIDADE
   Os veículos se cruzam nas ruas, cheios de passageiros; as locomotivas vomitam fumaças obtendo pressão capaz de as pôr em movimento para realizarem seus cursos; somos incapazes de dormir uma noite inteira sossegadamente, na cidade.
   Na madrugada êsses barulhos picantes e aborrecíveis, começam a bater de novo em nossos ouvidos, fazendo um zum-zum como dum enxame de abelhas.
   Os veículos quase voam; os homens andam às carreiras em busca daquilo que não lhes dá a vida (espiritualmente falando): o luxo, o orgulho que é uma consequência do primeiro e sempre mais preocupações.
   Alí, uma pessoa é atropelada; lá, uma casa arde em chamas; mais adiante, dois carros entrechocam-se. Assim dão-se acidentes a cada instante.
   O andar desenfreado dos carros, os silvos das sirenes, o vozerio dos ruídos das fábricas, fazem um barulho ensurdecedor.
   Agora falo com o silêncio. Oh silêncio, onde estás?  Por que foges da sociedade, que deves implantar-te? É devida à tua falta que os erros estão enraizando-se nos cérebos humanos. Bem sei que não és tu que foges! Não tens vidas, nem corpo, nem qualquer outro dom. És inanimado! És impercebível! Os homens é que  te abandonam; não crêem em ti; não querem "perder tempo" contigo. Coitados dêles! Não sabem que sem  ti não há paz na sociedade, não há vida espiritual, que é a mais importante para todos nós. Por isso, os homens sempre andarão errantes porque  só em ti encontram a paz que deverá existir no lar, na sociedade em todo o orbe. Esta paz é o Cristo que está sendo esquecido pelos homens, por quem deveria ser muito mais amado, pois êstes são as principais figuras dêste mundo. Sem Cristo nada podemos levar à frente. Não se constrói um edifício sem o alicerce, nem o alicerce sem o tijolo, nem o tijolo sem o barro e nem se tería  o barro se Cristo não tivesse formado os elementos de que é composto. Cristo é a cabeça  e nós os membros.
    Um braço desligado do corpo nada fará, assim como um galho separado da árvore secará por falta de alimento que lhe vinha do chão por meio da árvore.
   O funcionário chega em casa já de noite, cansado, ofegante, com a roupa úmida de suor e com o corpo quente, porque suas veias e músculos estão muito excitados, e cospe palavrões maldizendo a árdua vida; verbera o patrão de ladrão de seu tempo, e chega a blasfemar até contra Deus. Em seguida êle janta, ouve alguns programas de rádio, e vai estirar-se na cama, fechando as pálpebras para gozar das delícias de um sono.
   Mas, eis que a aurora já vem acordando tudo, abrindo-lhe os olhos e pondo-lhe em movimento. E o sol nem bem deitou seus infindos raios sôbre as cumeeiras das casas, quando o homem já anda em busca do pão de cada dia.
   Assim é hoje em dia a vida agitada do homem,  esquecendo-se que em Deus sòmente se encontrará a verdadeira paz, e de que só se encontrará Deus no silêncio.
                                                       Antônio Araújo Bessa
                                                                4ª. serie

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Crônicas: as boas férias e as boas aulas (Ipsis litteris)

CRÔNICAS                                                                     
   1º de Março!!! Acabaram-se as tão boas férias para darem lugar as tão boas aulas!
   Com o início das aulas nós passamos a frequentar menos vêzes a sala de recreio, e em consequência, passamos a frequentar mais vêzes a sala de estudos. Mas, aos poucos, fomos nos acostumando ao novo regime, dividido em oração, estudo e recreio.
   Dia 4 de março chegam mais dois novatos, perfazendo um total de 34 seminaristas, dos quais 32 estão no seminário menor e 2 no noviciado.
   Dia 15, o seminário completou o seu 6ª. ano de fundação. Êste fato foi comemorado alegremente, havendo até guaraná na hora do almoço.
   No dia seguinte houve outro motivo de alegria: o nosso Diretor completou seu 13º. ano de sacerdócio, dos quais êle passou 6 anos em nosso seminário.
   Como março é o nosso primeiro mês de aula, parece-nos que passa mais depressa que os outros. Assim, chegamos rapidamente à época das provas, que foram mais cêdo, porque a última semana do mês era a Semana Santa. Nesta época todos estudam animadamente, mas, passada esta, todos voltam ao seu antigo "amor" aos estudos.
   Com o dia 22, Domingo de Ramos, iniciou-se a Semana Santa. Pela manhã fomos à cidade, para assistir à Missa e à bênção dos Ramos. À tarde houve uma reunião da nossa Congregação Mariana, havendo nessa ocasião, um discurso pronunciado pelo congregado Lydio.
   Quarta feira à noite, descemos à cidade; para ouvir o Sermão do Encontro, pregado por um frei dominicano.
   Quinta feira Santa assistimos à Missa In Coena Domini, realizada em comemoração da instituição da Santíssima Eucaristia.
   Sexta feira à tarde fomos assistir às cerimônias da Paixão de Jesus Cristo, e à noite ouvimos o Sermão do Descimento da Cruz.
   Sábado, `s 10,30 hs. da noite, voltamos à cidade a fim de assistir à Missa da meia-noite.
   Domingo de manhã, quando chegamos no seminário, esperava-nos uma ótima ceia, composta de chocolate, dôces e ovos. Quando acabamos de ceiar, eram quase 3 hs. Fomos deitar para levantar sòmente às 9 horas.
   Segunda feira após a Semana Santa não houve aula, porque os padres ainda não haviam regressado de suas pregações em outras cidades.
   Na terça feira, após uma semana de férias, voltamos às saudosas aulas com novo ânimo.
   Dia 31, saiu o primeiro número do nosso tão querido "O Repórter Crúzio", de 1959, que, tendo pouco mais de um ano de fundação, continua e continuará sempre, se Deus quizer, a sua jornada, tão brilhantemente iniciada.
   Dia 6 de abril inaugurou-se um quadrangular, disputado pelo seminário, 2ª. 3ª.. e 4ª. séries do ginásio. Assim  após longo tempo, o seminário voltou a jogar.
   Nessa época houve uma falta de luz na cidade. A maior parte de nós ficou alegre com isto, pois não haveria estudo à noite. Só alguns estudiosos reclamaram.
   No dia 21, dia consagrado ao grande mártir da Independência, Tiradentes, não houve aulas, mas houve estudo por estarmos em época de provas.
   Dia 3 de maio, tôda a Igreja, e principalmente a Ordem da Santa Cruz, comemorou a Invenção da Santa Cruz, levada a efeito por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino.
   4 de Maio: o seminário consagrou-se campeão do quadrangular, e, em virtude dêsse feito, o Pe. Diretor concedeu-nos uma data de feriado no dia seguinte.
                  Max J. O. F. de Souza.     3ª. série.