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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ordem de Santa Cruz (Ipsis litteris)



A ORDEM DE SANTA CRUZ
NA HISTÓRIA.
______________________
(Continuação)
III
SANTA ODÍLIA

    No ano de 1287 vivia no convento dos Crúzios, em Paris, um irmão leigo, João de Eppa, simples e inculto, mas profundamente religioso. Numa  noite apareceu-lhe uma virgem em esplendores de luz, que lhe deu a missão de ir a Colônia na Alemanha para desenterrar os seus ossos. Em consulta com o superior da casa, o irmão fêz tudo para afastar o perigo de ilusão; a aparição, porém, continuava e se apresentou como sendo Santa Odília - uma das virgens que em companhia de Santa Úrsula foram martirizadas em Colônia no tempo do rei Átila, pela fé e pela pureza. Os ossos dela estariam debaixo duma pereira, no hôrto dum certo Arnulfo. Só depois de muita resistência, o superior deixou alguns padres saírem com João de Eppa, e de fato descobriram no lugar indicado os ossos com um pergaminho, inscrito com o nome de Santa Odília, conforme os avisos da Santa, as suas relíquias foram levadas em procissão à casa-mãe da Ordem da Santa Cruz em Huy, onde Santa Odília seria a padroeira da Ordem.
   Seja qual fôr a historicidade de todos êstes acontecimentos, certo é, que o oficial do bispado de Colônia fêz uma ata da exumação dos ossos, reconhecida como verdadeira por históricos. Como a casa-mãe de Huy não existe mais, foi no ano de 1946 uma grande parte das relíquias trasnferida ao atual convento de Diest na Bélgica.
   O culto de Santa Odília é aprovado pela Igreja e, onde há igrejas dos Crúzios, há também a veneração de Santa Odília. Ela é especialmente venerada como protetora contra doenças dos olhos. A festa de Santa Odília  é no dia 18 de julho.´

IV
"STAT CRUZ, DUM VOLVITUR ORBIS"
(A Cruz está firme, enquanto o globo gira)
      A história duma ordem religiosa pode-se resumir numa luta pela sobrevivência do seu verdadeiro espírito. Gira a orbe do mundo pelos séculos, sempre apresentando novos aspectos do seu espírito. Assim a Ordem da Santa Cruz traça seu caminho pela história, inspirando-se no Cristo Crucificado. Ela procura enriquecer o corpo místico de Cristo com novas manisfetações de amor. E contra o espírito do mundo às vêzes vence, as vêzes sucumbe.
   1. A reforma dentro da ordem de 1410
   Com surpreendente vitalidade a ordem se espalhou no século treze sobre a França e a Inglaterra. Porém, as cruzadas terminaram e parece, que a falta de ideal no ministério externo causou o assombreamento do amor ao Cristo pelo amor ao mundo. Dentro dos conventos notava-se um relaxamento do  espírito genuíno dos primórdios da ordem.
   Uma nova inspiração veio dos conventos novos, fundados na região do rio Rheno e na Holanda, no século quatorze. Destacou-se entre êles o convento de Santa Ágatha. Inspirou êstes conventos da parte da Ordem o mestre-geral Pinchar, que no seu livrinho: " A Veste Nupcial" nos deixou o ideal de "seguir despido o Cristo despido". 
   Inspirou-os também, o movimento espiritual contemporâneo da Devoção Moderna, que em seus internatos propagavam uma reforma interna da Igreja. O espírito desta devoção moderna do século quatorze achou sua expressão no livrinho: " A Imitação de Cristo". Por seus valores positivos duma grande intimidade com Cristo, êsse livrinho inspirou grandes atos e dos mais ativos. Para nós, Cristãos do século vinte, que julgamos ser bastante fortes em Cristo para poder entrar no mundo, a Imitação parece às vêzes  um pouco pessimista. Aos Crúzios do século quatorze, porém, parecia um reflexo do espírito genuíno da Ordem. De outro lado mandavam os mestres exigentes da escola "moderna"   os seus alunos mais estimados aos conventos dos Crúzios. De acôrdo com êles, os Crúzios da Holanda e da região do Rheno viviam mais uma vida devota na intimidade de seus conventos. Os mais habilitados se ocupavam com o trabalho  de copiar e ilustrar livros devotos. O antigo convento de Santa Ághata ainda guarda na sua biblioteca verdadeiras obras-primas dêsse tempo.
   Quando então aconteceu, que na casa-mãe de Huy se perdeu de tal modo o bom espírito, que um mestre-geral conseguiu ser eleito por dinheiro e bons amigos, saiu a reforma da Ordem dêsses conventos novos do norte. No capítulo geral de 1410 retirou-se o indigno, voltaram os estatutos a antiga redação de 1248 e entrou um novo mestre-geral na pessoa do superior de Santa Ághata. Daqui em diante o espírito novo da intimidade com Cristo entrou também na casa-mãe de Huy e penetrou assim na vida da Ordem inteira. Até o século dezenove, porém, os Crúzios ficaram sempre com certo receio de aceitar um ministério fora da clausura dos seus conventos.
   2. O humanismo Cristão
   Uma leve mitigação de espírito de Pinchar e da Devoção Moderna encontramos no tempo do grande mestre-geral Nicolau van Haarlem (1473 - 1482). Enquanto aquêles temiam o estudo das ciências humanas, reconheceu Nicolau van Haarlem  o valor dum humanismo cristão. Os primeiros livros impressos apareciam nas livrarias dos conventos com novas idéias dum renascimento na literatura e na arte. E os religiosos mais habilitados estudavam nas universidades da Franca e da Bélgica.
                                                (continua no próximo número)
                                                 Pe. Humberto Nienhuis, OSC
                                                 oooooooooooooooooooooooo
  

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Documentário de Viagem à Holanda - por Antônio José Ferreira



Foto 169 Fátima e Patric
em Frente à caverna (clique
 na foto para ampliá-la)
             Uma das páginas interessantes (entre tantas) de nossa viagem à Holanda-Europa foi a nossa passagem por Liverpool. Aqui não posso deixar de mencionar meu sobrinho e afilhado Patric. Patric mora em Dublin, Irlanda, há menos de um ano, com o único objetivo de aprender Inglês prá valer e uma das nossas metas da viagem à Europa era também visitar o jovem casal Patric e Marcela.   
          Assim que soube de nosso propósito de ir até a Irlanda e conhecedor que era do meu gosto pela música dos Beatles, o Patric tratou logo de programar um passeio até a cidade dos Beatles: Liverpool, na Inglaterra. Esperto como só ele, entrou na Net e conseguiu lá três passagens de voo de Dublin para Liverpool pela pechincha de 24 euros por pessoa, ida e volta. A Marcela não poderia ir, pois, naquele dia (18/04) já tinha compromisso agendado.       


               
Foto 170 Fátima e Antônio José em
em frente da Catedral Anglicana de Liverpool


                E, assim, no dia programado partimos os três bem cedo para Liverpool: a Fátima, minha esposa, o Patric e eu. Chegando a Liverpool, começamos nosso tour visitando a Catedral Anglicana, uma bela e portentosa igreja, construída sobre uma rocha, no Monte Saint James, num estilo tradicional de construção inglesa do início do século XX.




Foto 171 Altar da Catedral Anglicana de
Liverpool





Foto 172 Detalhes do altar da catedral
 Anglicana de Liverpool
 
Foto 173 Interior da Catedral Anglicana de Liverpool



Em seguida, visitamos também a Catedral Metropolitana Cristo Rei da Igreja Católica, esta uma construção moderna em estilo das décadas de 50 e 60, encimada por uma magnífica torre em forma de coroa e localizada a uns 500 m de distância e na mesma altitude da Catedral Anglicana. 


Foto 174 Antônio José e Fátima na frente da Catedral Metropolitana Cristo Rei de Liverpool



Foto 175 Órgão da Catedral
Metropolitana Cristo Rei de
Liverpool



               

Foto 176 Visão panorâmica do interior  da Catedral
Metropolitana Cristo Rei
Depois de visitar e tirar algumas fotos do interior da Catedral Metropolitana, descemos a pé, em direção ao museu dos Beatles, nosso principal objetivo em Liverpool.



Exibir mapa ampliado(Santana disse: localizei o percurso percorrido por nós da Catedral Metropolitana até ao Beatles Story: descemos pela Mount Pleasant, entramos na Rodney St (onde se localiza a casa bombardeada) e saímos na Leece St. Descendo por esta, contornamos Berry St, na esquina da Igreja Saint Luke. Próximo ao portal de Chinatown, entramos na Nelson St e entramos na Greenville St. Aí foi que erramos e acabamos voltando pela Kent St, descemos pela Duke St, atingido Hanover St, Canning PI e atravessando Strand St, em direção à Hartley Quay, viramos à esquerda passando ao lado de Salthouse dock, depois contornando à direita, na Gower St, chegamos no Beatles Story.
).

Foto 177 Casa bombardeada
Foto 178 Igreja de St Luke
No caminho para o museu, passamos por duas construções atingidas por bombas nos históricos bombardeios aéreos da 2ª Guerra, promovidos pelo Reich sobre a Inglaterra, por meio das temidas bombas voadoras V2, que tanto estrago fizeram, notadamente em Liverpool. Visitamos e fotografamos uma casa e uma igreja atingidas pelas bombas, que foram preservadas da forma como ficaram danificadas, para a reflexão das pessoas.  (Foto 178: a igreja de 1831 bombardeada em 1941 e que agora se transformou em lugar público, com belos jardins e locais para descanso e tranquilidade) 

Passamos também por uma área, compreendendo algumas ruas, em que predominavam construções, lojas e restaurantes chineses, bairro também conhecido como Chinatown.

Foto 179 Patric em frente ao pórtico
de Chinatown


Foto 180 Chinatown de Liverpool,
 Inglaterra.



À esquerda, o belo pórtico de Chinatown (estima-se que haja 10 mil chineses em Liverpool e seus arredores)


Foto 181 Antônio José Ferreira
e Maria Fátima S. Ferreira at The
 Beatles story Exibicion.

Enfim, chegamos a Albert Dock, que é um centro comercial próximo à área portuária de Liverpool, que se constitui na mais popular atração turística da cidade, compreendendo restaurantes, bares, boates e tours. Em Albert Dock, está situada a The Beatles Story Exhibition ou Museu da História dos Beatles. O museu foi instalado no subsolo do prédio, que imita em detalhes o The Cavern Club, ou a Caverna que era o local onde os quatro famosos roqueiros realizaram suas primeiras apresentações como banda musical. Anteriormente, a caverna era um conjunto de armazéns vazios que foram utilizados como abrigos antiaéreos por ocasião da segunda guerra mundial. Em 1957, Alan Sytner, um jovem admirador de jazz comprou a caverna e a transformou num local de apresentações musicais.

Foto 182 Comprando as entradas
 
Foto 183 Santana em frente a uma foto
de capa de disco ABBEY (Rua Abbey Road).
 

Foto 184 'representação dos Beatles
 em estúdio de gravação de discos'
 
Foto 185 The Cavern (The carvern-12)
Foto 186 Percorrendo a caverna
                A Caverna instalada no prédio da Albert Dock parece mesmo uma caverna, onde se entra pelo subsolo e segue-se por galerias, onde foram posicionadas passagens que contam a história da formação da banda, desde o encontro inicial de John Lennon com Paul MacCartiney. Este, depois, apresentou a John seu amigo, o formidável guitarrista e cantor, George Harrison, formando um trio que, posteriormente, agregou o baterista Ringo Starr, tornando-se, então, o quarteto musical mais famoso de todas as épocas. Abrindo um parêntese, lembro-me bem que, em nossa época de seminário, quem já gostava mesmo prá valer deste quarteto era o saudoso colega Marco Aurélio, o Rato. 


Foto 187 Tributo a John Lennom
                 Voltando ao roteiro de nosso tour, o turista percorre galerias ao longo da Caverna, munido de aparelho de áudio, que transmite as informações em oito línguas, infelizmente, não o Português (tive que me contentar com o Espanhol para poder captar o máximo).  Em cada passagem, há um símbolo de áudio, cujo número você aciona no mouse, em sua mão, para ouvir as informações de cada tópico. Assim, a gente vai percorrendo a galeria, passo a passo, até ao final da série de apresentações, rememorando a vida e sucesso da banda até ao desenlace do lamentável episódio de sua separação. Após a separação, os ex-membros da banda iniciaram carreiras-solo, cujos sucessos também são documentados nas passagens da Caverna. Ao final do percurso, depois de devolver os aparelhos de áudio, chega-se a um coffee shop com músicas e temas ligados aos Beatles e depois a uma loja de souvenir de produtos quase todos com motivos dos Beatles.


Foto 189 Volante do lado errado
             (pelo menos para nós)

Foto 188 - Em grande estilo
Encerrado o nosso tour pela Caverna, saímos passeando pela cidade a procura de novos hits e acabamos parando em um grande shopping, onde o Patric descobriu para nós uma loja de outlets, onde compramos roupas esportivas, tênis e até uma mala, por preços realmente vantajosos como em nenhum outro lugar dos que passamos na Europa. Os preços eram tão convidativos e os produtos tão bons que lá permanecemos até percebermos que já estava quase na hora de pegarmos o ônibus de volta para o aeroporto e de lá, embarcar no avião para a Irlanda, deixando ainda muitos pontos turísticos de Liverpool para serem visitados talvez em uma próxima oportunidade.
                Chegando ao aeroporto, ainda tivemos tempo de tirar umas fotos dentro de um carro inglês típico, com volante do lado direito (mão inglesa), que um taxista gentilmente nos cedeu para fotos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Padre Agostinho

 


Esta foto, de um documento de identidade, veio da Holanda recentemente (2010).

Foto 92 - Identidade do Padre Agostinho

O Blog Encontros localizou na internet a genealogia de van Jacobus JANSEN RIJKEN:
Antonius Wilhelmus Martinus Rijken(Anton, Toon), missionaris Brazilië (1960 -2005), rector kruisheren, geboren op 21-08-1931 te Niftrik, overleden op 09-11-2009 te Nijmegen op 78-jarige leeftijd, begraven op 14-11-2009 te Uden.

 (Traduzido pelo google:  Antonius Wilhelmus Martinus Rijken (Anton, Show),  missionário no Brasil (1960 -2005), Reitor Crúzios, nascido em 21/08/1931 em Niftrik, falecido em 11/09/2009 em Nijmegen, na idade de 78 anos, enterrado em 14 - 11-2009 em  Uden.)   

Link para a genealogia completa: http://www.gennet.nl/rijken1/rijken1/rijken1.htm

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CRÔNICAS acontecimentos de 1958 (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola apostólica Santa Odília
Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                                              Dezembro de  1958                                                     No. 7
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CRÔNICAS

   Normalmente e sem grandes acontecimentos corre quase todo mês de outubro.
   No dia 29, porém, rejubila a Igreja, quando lhe é dado o novo supremo chefe, o Papa João XXIII, cuja coroação houve dia 4 de novembro.
   No dia 18 o nosso diretor completou mais uma primavera. Sendo um dia de provas, oferecemos-lhe pequenas homenagens durante o café da manhã. No domingo anterior levou-nos êle à Usina Nova, onde nadamos e fizemos algumas refeições. O tempo esteve bom e todos nós gostamos muito do passeio.
   Estamos em vésperas de prova, êste momento de alta tensão, de grande expectativa, em que os alunos se agitam e os professores ficam folgados. Agora êstes últimos inspiram mais mêdo e respeito, pois têm a arma terrível, a bomba que poderão atirar nos seus pupilos menos aplicados.
   Os alunos se afobam e, agora, os que eram simples freqüentadores das autas, começam a trabalhar numa faina louca.
   Mas, em vão... Não há mais tempo.
   Mesmo os estudiosos e conscientes do seu dever passam tristes momentos, à espera inquietante das provas fatais e do momento em que ouvirão os resultados. São estes os maus momentos do fim de ano. Mas ao lado dêstes, há também os momentos de grande alegria.
   Alegrias para os bons alunos, aquêles que souberam aproveitar o tempo e não deixaram para outra época o que mandava a consciência do dever.
   Alegrias para os professores, aquêles que enfrentaram os trabalhos com espírito jovem, sem se irritar; que souberam manter com os alunos uma verdadeira amizade e que, com grande compreensão e paciência suportaram os defeitos de seus discípulos; enfim, para os que aceitaram cristãmente os espinhos que a difícil missão lhes impôs.
   Haverá a alegria das férias, descanso merecido depois de tanto cansaço, na qual os seminaristas e alunos internos terão a felicidade de voltar ao lar e rever os entes queridos, há muito distantes.
   Despediu-se de nós, nos últimos dias do mês de novembro, o Pe. Cornélio, nosso professor de Inglês, Francês e Canto, que foi a Holanda, em gôzo de férias e para fazer um tratamento cirúrgico. Enquanto êle viaja, pedimos a Deus que seja feliz na viagem, nas férias e no tratamento.
   Com as últimas provas no dia 5 de dezembro, começaram finalmente as nossas férias. Todos contam agora os dias que faltam para o esperado momento de visitar os parentes.
   Dia 8 de dezembro, a festa da Imaculada Conceição. Depois da missa, na própria capela, houve a posse da nova diretoria da Congregação Mariana, pela recepção de fita. Foram empossados Antônio Bessa e Reginaldo respectivamente presidente e vice-presidente; Geraldo Seoldo e Marcos Antônio, secretário e 2º. Secretário, respectivamente. Em seguida, em nossa sala de recreio, houve nova reunião da Congregação, na qual discursou o ex-presidente Edison Júlio da Silva, que passou o cargo ao novo presidente, e em seguida José Maria, ex-secretário leu a ata da reunião anterior. Com algumas palavras do diretor se encerrou a reunião.
   A noite do mesmo dia, no Colégio São José, houve a festa da formatura e da despedida de Edison, José Maria e eu, que faremos no próximo ano o noviciado em Leopoldina.
   Na primeira parte da festa dirigiu-nos algumas palavras o nosso diretor, que aproveitou a oportunidade para agradecer aos benfeitores do seminário, aos quais foi também oferecida a festa.
   Seguiram-se dois belos discursos. O primeiro foi feito pelo nosso colega Reginaldo Antônio Maia, em nome de todos os colegas; o segundo foi feito pelo nosso professor de Latim, o Pe. Lucas, nosso paraninfo. Ambos disseram belas palavras sobre a dignidade e a beleza da carreira cuja segunda etapa a iniciaremos.
   Agradeci em seguida a todos que conosco conviveram no seminário, aos nossos bem-feitores e, em nome dos colegas, fiz também a despedida.
   Com um número de canto encerrou-se a 1ª. Parte da festa.
   Antes de iniciar a 2ª. Parte, foram oferecidos refrescos e gostosos salgados.
   Na segunda parte nossos colegas nos brindaram com duas peças teatrais. A primeira se intitula: “ As Calças penhoradas”. A segunda foi uma criação dos nossos colegas juntamente com o Pe. Marino, na qual representaram, em caricatura, os primeiros dias do seminário: os primeiros seminaristas, o nosso diretor e o prédio do seminário.
   Embora os colegas que representaram, sejam principiantes e nunca se tenham apresentado em teatro, fizeram bem e superaram tôda a espectativa, agradando até ao Pe. Luís. O que mais de admirar é que, das duas peças, agradou mais a segunda, sendo a primaria tirada de um livro. Conclui-se, pois, que temos aqui não só atores, mas também bons autores. Parabéns, meus colegas, e continuem sempre, para desenvolver as qualidades, que lhes foram dadas por Deus.
   Nos diversos intervalos tivemos bonitos números de canto por quatro seminaristas: João Cristelli, Gerson, Alfredo e João Henrique.
  Depois do último número de canto “Canção do estudante”, encerrou-se a bonita festa, com as últimas palavras do diretor do seminário, que agradeceu a todos que colaboraram na sua organização.
   Aproveitamo-nos destas crônicas para fazer aqui novamente um agradecimento ao Pe. Marino, aos colegas, em particular ao Reginaldo, pelas suas belas palavras que nos dirigiu, e ao Pe. Lucas, de quem ouvimos também uma bela oração de paraninfo, às Irmãs do Colégio São José e a todos aquêles que estiveram presentes a nossa festa. Levamos para o Seminário Maior a grata recordação dêsse dia festivo em que mais uma vêz êstes  de quem agora nos separamos, mostraram a grande amizade que nos têm.
                                                                              Moacir Borges Beleza
                                                                                              6ª. Série
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AOS LEITORES
FELIZ NATAL
E
PRÓSPERO ANO NOVO
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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Alfredo Dias Costa


Alfredo
Alfredo Dias da Costa (66)
Período no seminário: 1958-1962
Formação acadêmica: Bacharel em Direito

APRESENTAÇÃO

Por meio de e-mails, o Blog dos Encontristas da EASO realizou uma entrevista com um dos melhores jogadores de futebol do nosso seminário e também da cidade de Campo Belo, no tempo de sua passagem por lá, no princípio da década de sessenta, apesar de sua pouca idade na época e de sua limitação visual. Nesta entrevista, podemos perceber a nobreza de caráter, a integridade, o senso de justiça e o espírito abnegado desse nosso colega, que sabe ler a alma das pessoas e é capaz de grandes gestos, como emprestar, despretensiosamente, uma boa soma de dinheiro para uma pessoa em dificuldade, mesmo sem conhecê-la e sem nenhuma garantia em troca. Uma pessoa sem preconceitos, que acredita nas pessoas, independentemente de suas crenças e condições financeiras. Esse é o nosso amigo Alfredo, consciente dos valores familiares e que tem por hábito cultivar a amizade e praticar a solidariedade. Por isso, sempre encontra e faz amigos por onde passa, deixando marcas profundas de respeito e admiração no coração das pessoas que tiveram a felicidade de conhecê-lo e de desfrutar de sua convivência.
O nosso amigo é um daqueles mineiros que tem bons causos para contar e é um otimista convicto e convincente que acredita que, dentro de pouco tempo, o homem poderá viver, no mínimo até aos 120 anos. Também crê que com os avanços que a humanidade terá em pouco menos de 50 anos, a obesidade, as doenças e os alimentos prejudiciais serão eliminados, dando a todos os homens e mulheres uma saúde melhor. Além disso, tem esperança que os novos conhecimentos a serem adquiridos nos proporcionarão ter moradias no espaço, realizar viagens no tempo e, por cima, que nós próprios, que já não tão novos, ainda seremos testemunhas desses acontecimentos. Juiz-forano bairrista, não tem dúvida nenhuma que o seu time de coração, o Tupi, nesse meio tempo, chegará a Tókio e se sagrará campeão mundial interclubes, é mole?

I – PERFIL

Nascido em Juiz de Fora em 24 de novembro de 1945; no início de 1958, com 12 anos de idade, Alfredo ingressou no Seminário da EASO, onde permaneceu até ao final do ano de 1962, período em que cursou até a quarta série ginasial.

Alfredo (de óculos na última fileira) entre outros seminaristas,
 no início de 1962, numa das primeiras caminhadas com o Pe. Agostinho,
 recém chegado da Holanda, pelo cerrado e pastos nas cercanias
do Colégio "Dom Cabral", catando goiaba e outros frutos silvestres
e, de brinde, muitos carrapatos


Segundo o próprio entrevistado, sua ida para o Seminário se deu pelo fato de ter sido coroinha, ter um bom convívio com os Padres da Igreja de Santa Rita de Cássia, em Juiz de Fora e achar que tinha vocação para o sacerdócio; já sua saída do seminário se deu por total incompatibilidade com o Padre Humberto e, talvez, por achar que não tinha mesmo vocação para o sacerdócio, o que ele julga ser um privilégio de poucos.





FAMÍLIA:
Alfredo e Marina na Bahia
Casou-se com Marina, em outubro de 1974 depois de sete anos de namoro e noivado, com quem constituiu uma bela família com quatro filhos: um homem e três mulheres, todos já formados e devidamente empregados, a saber:







Alfredinho com os pais e Bruna,        
sua noiva, em Tiradentes, MG          
Alfredo Dias da Costa Filho, nascido em 12 de agosto de 1976, formado em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando em uma termoelétrica, em Fortaleza – CE. Solteiro por enquanto, mas já pensando em assumir compromissos mais sérios depois que a cearense Bruna fisgou seu coração (fotos ao lado e abaixo) ;




Marina, Alfredinho e Alfredo














Aline Barbosa da Costa, nascida em 22 de maio de 1979 - casada, formada em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando como Gerente de Marketing da Sadia S/A., e residindo em Belo Horizonte (foto abaixo, à esquerda);



Aline entre os pais




Andréia Barbosa da Costa, nascida em 31 de dezembro de 1981, casada, formada em administração de Empresa, residindo atualmente em Vitória – ES (foto à direita);

Andréia com os pais












 e Adélia Barbosa da Costa, nascida em 18 de março de 1989, solteira, formada em Nutrição, exercendo essa função como contratada, na UFJF, em Juiz de Fora (foto abaixo).

Adélia com os pais
TRABALHO:
Com dezessete anos, logo após sair do seminário, fui trabalhar na empresa Moinhos Vera Cruz S.A. como “office boy”. Lá progredi chegando a escriturário; nesta empresa permaneci por cinco anos, saindo para me preparar para o vestibular de engenharia.
Com o insucesso no vestibular, fui trabalhar na Prefeitura de Juiz de Fora, no setor de cadastro imobiliário, permanecendo lá por um ano; em seguida fui contratado pela empresa Pedro Wilson Duarte, distribuidora de produtos farmacêuticos, nessa empresa permaneci por dois anos e meio; após, trabalhei como autônomo, comprando e vendendo remédio, por dois anos; em seguida fui para a distribuidora de cosméticos ORPEL, onde permaneci por dois anos e meio e por fim trabalhei na Farbrasil, por apenas dois meses, saindo para tomar posse como fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas, em Teófilo Otoni, em 1974;


Algumas Particularidades dignas de destaques:
Com o insucesso no vestibular de engenharia, participei de um concurso da Secretaria da Fazenda para desempenhar as funções de fiscal do Estado de Minas Gerais, em 1969, obtendo êxito.
O edital anunciava que havia 830 vagas, fui classificado em 285º lugar; porém minha nomeação só ocorreu cinco anos após, em 1974 (coisas do serviço público). Enquanto esperava por esta nomeação fui trabalhando com o que aparecia.
Quando exerci a função de autônomo, comprava produtos farmacêuticos em São Paulo, daqueles laboratórios chamados de porão, e os vendia para as farmácias das cidades próximas a Juiz de Fora.
Naquela ocasião, uma senhora de Leopoldina, tida como curandeira, estava fazendo muito sucesso naquelas redondezas, fui procurá-la e solicitei-lhe que receitasse os meus remédios, que, em troca, eu lhe daria 10% de toda a venda que ocorresse em Leopoldina, ao que ela me respondeu: “isto não é assim não, meu filho”...! Os produtos têm que passar pela aprovação do "Guia", deixe uma amostra de cada um dos seus produtos que eu vou submetê-las à aprovação do "Guia".
Naquele dia observei que ela mantinha no Centro Espírita várias bonecas, inclusive, quando me atendeu estava com uma boneca nos braços. Quinze dias após ter deixado as amostras com a Dona Marlene, esse era o nome da Curandeira, retornei à sua casa, com uma bonita boneca que lhe presenteei; ela ficou muito contente com o presente e disse que não houvera tempo suficiente, ainda, para o Guia se manifestar sobre os produtos, que eu voltasse daí a uns quinze dias.
 Foi o que fiz. Quinze dias após retornei e fui recebido efusivamente pela Dona Marlene, que disse eufórica: “seus produtos foram todos aprovados pelo Guia, meus parabéns. Pode procurar as farmácias tal.., tal... e tal, e dizer aos seus respectivos proprietários que eu lhes mandei comprar os seus produtos e que me responsabilizo pelas receitas (vendas dos produtos)”. E, assim foi feito.
A essa Dona Marlene eu agradeço o pagamento das prestações de um "Fusca 1966" e da laje da casa em que eu iria morar quando me casasse.
 Infelizmente, a fonte secou. O dono do Laboratório em São Paulo sofreu um derrame cerebral e seu genro, que o substituiu, não manteve as mesmas condições que seu sogro me dava na compra dos produtos e o negócio tornou-se inviável. Voltei a trabalhar empregado na mesma firma de cosméticos Organização Perez Ltda - Orpel.
Fui nomeado, em setembro de 1974, funcionário da Secretaria da Fazenda, na função de Agente Fiscal, Tendo sido lotado na Superintendência Regional da Fazenda Mucuri em Teófilo Otoni.
Em 1978, fui nomeado chefe da Administração Fazendária em Pedra Azul; em 1980, chefe da Administração em Diamantina e, em 1983, chefe da Administração em Curvelo.
 Em 1985, após estar apostilado como chefe de administração fazendária (apostilar é o direito que se adquire de continuar a receber o salário de chefe, mesmo fora da chefia), retornei para Juiz de Fora como fiscal, onde desempenhei essa função até 1996, ano em que me afastei do serviço público para aposentar.
Com o conhecimento que detinha, devido às experiências adquiridas no exercício das profissões anteriores à entrada na Secretaria da Fazenda, pude exercer minha carreira fazendária de uma maneira diferente. Eu era um fiscal consciente das dificuldades das empresas privadas e de seu papel social.
Em todos os municípios em que fui chefe, sempre imperou o diálogo com os contribuintes, contadores e outras autoridades;
Questionava sempre a legislação tributária e as ordens superiores quando as entendia arbitrárias e me preocupava com o crescimento econômico dos contribuintes; essa preocupação em fazer justiça, com certeza, foi fruto do aprendizado no seminário; obtive com isso alguns aborrecimentos com os meus chefes.


ALGUNS FATOS OCORRIDOS DURANTE O PERÍODO EM QUE FUI CHEFE DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA:


Em Pedra Azul – MG:
Logo que assumi o cargo nessa cidade, deparei-me com um fato preocupante. Os açougueiros se insubordinaram contra uma determinação da Superintendência de Teófilo Otoni, diga-se de passagem, determinação sem amparo legal, e queriam matar os agentes do fisco que os faziam cumprir aquela determinação.
A determinação consistia em que os açougueiros pagassem os impostos referentes aos abates de gado bovino e suíno, antes de os abaterem e, ainda, comunicassem ao fisco os dias em que iriam fazê-los. Caso não os abatessem no dia determinado e não comunicassem com antecedência esse fato ao fisco, perderiam o valor do imposto já pago.
Convoquei, então, uma reunião com todos os açougueiros e indaguei-lhes o motivo de tanta truculência contra os agentes do fisco.
A resposta foi: “Somos todos pobres. Compramos o gado fiado dos produtores rurais, eles nos dão prazo para pagá-lo. O pagamento é feito com o dinheiro adquirido com as vendas dos produtos dos abates dos bovinos e suínos. Não temos condições de antecipar os impostos conforme determina essa instrução de Teófilo Otoni; então, arriscamos o abate, sem o recolhimento dos impostos, quando vêm os fiscais e nos multam, dificultando ainda mais a nossa vida, pois aumentam os valores a serem pagos ao fisco e muitas vezes, inviabiliza o pagamento aos produtores, nossos fornecedores, aí, entramos em desespero....”
Sabendo que a determinação da Superintendência de Teófilo Otoni era ilegal, propus-lhes: Quando vocês não tiverem dinheiro para antecipar os impostos me procurem, que lhes autorizarei o abate, fornecendo-lhes os documentos fiscais necessários; após a venda do produto do abate recolham os impostos. Caso vocês não recolham os impostos devidos, eu terei que pagá-los do meu bolso. E assim ficou combinado.
Aqueles que me procuraram e solicitaram as benesses foram atendidos e todos eles, após os abates, efetuaram os pagamentos dos impostos devidos, nenhum me deu cano; a guerra contra os fiscais acabou, e, para minha surpresa, quando algum açougueiro era surpreendido cometendo algum deslize, pagava as multas e pedia aos fiscais para não me comunicarem o fato.


Outro fato pitoresco que aconteceu em Pedra Azul:
Quando lá cheguei, estava cursando o 4º ano de Direito na Faculdade Nordeste Mineiro, em Teófilo Otoni. Passei então, a fazer o curso aos finais de semana e para não ficar na “gandaia” todas as noites, resolvi ingressar no curso de contabilidade que estava disponível no Colégio Cassiano Mendes.
Atendendo as normas, eu usava o uniforme do colégio e, se chegasse atrasado à primeira aula, tinha que esperar a segunda aula e o mais pitoresco: os contadores, que de dia eu socorria como chefe da Administração Fazendária, à noite eram os meus professores de contabilidade.
A minha convivência com os alunos do colégio, todos adolescentes, que passaram a ser meus colegas de classe e de curso, era motivo de comentário na cidade, pois, nas ruas eles me tratavam como um colega, sem nenhuma cerimônia.  Enquanto os advogados e contadores me chamavam de doutor, eles me chamavam de Alfredo; sendo Pedra Azul uma pequena cidade na divisa de Minas com a Bahia, esse fato me deu muita popularidade no lugar. Foi uma fase muito especial de minha vida.


Em Diamantina:
Dois anos depois, fui transferido para Diamantina, onde terminei o curso de contabilidade no famoso Colégio Diamantinense. A transferência foi uma promoção, no parecer de meus superiores, com o mesmo salário, mas indo trabalhar e morar em uma cidade melhor;
Quando assumi a chefia da repartição, fiz um levantamento dos contribuintes que estavam em atraso com suas obrigações fiscais; enviei correspondências a esses contribuintes solicitando-lhes a presença na repartição.
Um contribuinte, que estava com impostos atrasados, compareceu e me contou o seu drama. Disse-me ele:
- que tinha um comércio muito próspero, no distrito de Diamantina, onde havia duas dragas da Tijucana, empresa Belga que explorava diamantes no Rio Jequitinhonha;
- que raciocinou: se aqui, que é um povoado pequeno, eu estou me dando tão bem, se eu for para Diamantina, que é uma cidade maior, ficarei rico. Com esse pensamento, transferiu-se para Diamantina, indo se estabelecer em um local pouco apropriado para o comércio de gêneros alimentícios. Aí, foi só desilusão e dívida;
- que estava propenso a voltar para o distrito, mas tinha dívidas e tinha que saldá-las primeiro, pois não ia dar cano em ninguém;
- que o Gerente da Caixa Econômica garantiu ao seu filho que lhe emprestaria o dinheiro necessário para quitar todas as dívidas, desde que ele fizesse um depósito de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e deixasse esse dinheiro na Caixa fazendo média por uns 30 dias. O impasse estava criado, pois nem meu filho nem eu tínhamos o dinheiro para depositar.
Embora eu nunca tivesse visto aquele homem, vi em seus olhos sinceridade e desespero. Eu dispunha da quantia que ele tanto precisava para fazer a média na Caixa Econômica e não iria precisar daquele dinheiro por uns 60 dias. Resolvi então ajudar aquele homem, emprestando-lhe a quantia necessária para satisfazer a exigência da Caixa, mesmo sem ele me dar garantia alguma.
A surpresa daquele homem foi grande quando lhe disse que tinha o dinheiro do qual necessitava; que acreditava em sua narrativa e que via nele um homem trabalhador e honesto que, momentaneamente, passava por dificuldades e que iria lhe emprestar o dinheiro necessário, mesmo sem conhecê-lo.
Todos os funcionários da repartição, ao saberem do caso se surpreenderam e me disseram: “o senhor perdeu seu dinheiro, nunca mais o senhor verá esse homem”.
Passaram-se os dias; no dia marcado para que ele me devolvesse o empréstimo, o homem não apareceu; foi coro geral dos funcionários: “nós não lhe advertimos? O Senhor perdeu seu dinheiro....”
Quinze dias após a data combinada o homem apareceu, pediu desculpas pelo atraso, dizendo que a Caixa demorou a liberar o empréstimo. Devolveu-me o meu dinheiro, pediu-me para levantar todo o seu débito para com o Estado, fazendo a quitação dele e por fim disse:
“Nunca ninguém fez por mim o que o Senhor fez, nunca tive ninguém que confiasse em mim como o Senhor confiou, por isto lhe digo, se o Senhor precisar de mim para o que for é só me chamar, se o Senhor precisar que mate alguém, é só me chamar.”


ATIVIDADES EXTRA EMPREGO:


Fora do emprego, fui sócio fundador do Lions Club de Pedra Azul, depois, pertenci ao Lions de Diamantina; atualmente, encontro-me afastado (Leão fora da Jaula).
Em Curvelo fui iniciado na maçonaria; atualmente afastado da loja.
Pertenço à Academia Jurídica de Letras de Juiz de Fora, cadeira 33, vide link aquiembora seja apenas bacharéu em direito, honraram-me com este mimo, mesmo sem eu nunca ter escrito nada.
Salão de eventos
No momento estou aposentado pelo INSS e possuo um salão de festas que se chama “Contemporâneo” e está arrendado a um Buffet (foto à direita).

Para o futuro, que já é o presente, pretendo cuidar mais da saúde e viver o que me resta com qualidade de vida, poder conhecer netos que ainda não os tenho e participar sempre do convívio dos amigos. 

II – PERGUNTAS GERAIS

Blog – Fazendo uma retrospectiva da vida, o que a EASO significou neste contexto?

Alfredo – A EASO foi a base de tudo; a disciplina rígida imposta pelos holandeses moldou a minha personalidade, de maneira a ser solidário com as pessoas, tentando de alguma forma ajudá-las.

Blog - Quais as lembranças que você tem da EASO e das pessoas com quem conviveu? Existe algum acontecimento que o marcou ou alguma pessoa que o tenha influenciado decisivamente?
Alfredo – As minhas lembranças são as mesmas de todos os seminaristas. O queijo aos domingos no café da manhã, guaraná em dias especiais, o sono na sala de estudo após o almoço, as peladas e os jogos contra os times de Campo Belo;

Algumas vezes os dirigentes dos times de Campo Belo, Sparta e Comercial, solicitavam aos Padres a liberação minha e do Raimundo para fortalecer seus times contra algum adversário mais forte, mas os Padres não nos liberavam, argumentando que os jogadores daqueles times ficavam pelados nos vestiários para trocar de roupa e nós não poderíamos presenciar isso;

As idas e vindas à praça de esporte, com aquele sol escaldante, as missas na Matriz velha e depois também na nova; os campeonatos de botão e de ping-pong, onde fui campeão algumas vezes.....etc.

Blog – Percebe-se que você é uma pessoa solidária com as pessoas em seu entorno, sabendo compreender suas dificuldades e ajudá-las. Com isso você obteve alguns aborrecimentos com seus chefes, que, todavia, não o impediram de atingir o topo da carreira como agente fiscal. Quais eram essas objeções e como, mesmo com os chefes no seu pé, você conseguiu ser tão bem sucedido profissionalmente?
Alfredo – Como disse, eu questionava sempre as ordens superiores e a legislação tributária, pois sempre as achei injustas para com os mais pobres, com os pequenos contribuintes e com os contribuintes das pequenas e distantes cidades. Sempre achei que deveria existir uma tributação diferente para esse pessoal. Você não pode comparar um comerciante de uma pequena e pobre cidade do interior com um comerciante de Belo Horizonte.
 A tributação da venda a prazo deveria ser também a prazo, à medida que o contribuinte fosse recebendo as prestações. O Estado que não participa nem com um centavo na organização de uma empresa, passa a ser sócio majoritário dessa mesma empresa logo quando ela inicia suas atividades e, muitas vezes, antes mesmo de iniciar suas atividades.
Os impostos são exigidos quando da emissão das notas fiscais; se o contribuinte levar cano, o problema é dele e o Estado quer o imposto independentemente do contribuinte ter recebido as faturas ou não. Isso é justo?
Outras pessoas, com o passar do tempo, assimilaram o meu pensamento e aderiram ao meu inconformismo, tanto que criaram a Tributação Especial para as Micros e Pequenas Empresas e a criação do “Simples”, do “Super Simples”, conforme publicação no jornal “O Globo” do dia 26 de dezembro de 2011:
Micro e Pequenas Empresas: empresas com faturamento anual acima de R$120 mil vão ter seus impostos reduzidos entre 12% e 26% em relação ao que pagavam anteriormente. Outra novidade é que o pequeno empreendedor poderá constituir empresa sem necessidade de sócio.”
O meu sucesso ocorreu porque muitas vezes nas minhas inovações tributárias o resultado foi positivo. Veja um exemplo de sucesso: quando cheguei a Diamantina, apurei que em um ano os açougueiros só pagaram os impostos referentes a onze bovinos e nenhum suíno, o que era insuficiente para uma cidade que tinha cerca de 60.000 habitantes.
Determinei, então, a uma dupla de fiscais que visitasse todos os açougues, pela manhã e à tarde. A ordem era para pedir licença ao proprietário do estabelecimento, olhar o que tinha nas geladeiras e pedir a nota fiscal das carnes e de outros produtos que lá encontrassem. Caso as mercadorias lá encontradas estivessem sem nota fiscal, autorizassem aos proprietários a providenciarem a emissão da nota fiscal devida e a recolher espontaneamente os impostos devidos. A orientação era para não notificar ninguém.
Esse acompanhamento fiscal apavorou a todos os açougueiros; tamanha foi a sua repercussão que fui procurado pelo presidente da Associação Comercial para saber o motivo daquela atenção especial que estava sendo dispensada aos açougueiros.
Ao ser colocado a par de que em um ano os açougueiros só recolheram os impostos referentes a onze rezes, ele concordou que algo tinha mesmo que ser feito. Propus-lhe fazer um acordo com os açougueiros, de maneira que eles contribuíssem sobre um determinado numero de reses por mês e ficassem livres do acompanhamento fiscal. Estipulei uma quantidade de reses para cada açougue, mas eles não concordaram, alegando que a quantidade estava além de suas posses; pedi, então, ao presidente da Associação que voltasse aos açougueiros e indagasse deles qual a quantia de reses que eles achavam justa e que estaria ao seu alcance o pagamento dos impostos.
O presidente da Associação, após reunião com os açougueiros, trouxe uma nova proposta com novas quantidades apontadas por eles, com as quais eu concordei; assim, a Associação Comercial de Diamantina intermediou o primeiro termo de acordo da Secretaria da Fazenda, inovando a legislação tributária.
Pois bem, no mês em que houve o primeiro recolhimento dos impostos provenientes do acordo, cumprindo a rotina, mandei para Curvelo o resultado financeiro referente ao Comércio, Indústria, Lavoura e Pecuária, de Diamantina.
 Ao conferir os dados do relatório, o funcionário responsável pela consolidação dos resultados me ligou e disse: “Alfredo, a pecuária que você me passou está errada, refaça seus cálculos”; refiz os cálculos e confirmei-lhe que eles estavam corretos. Então, ele incrédulo, disse: “não é possível, aí em Diamantina só tem pedra, como pode a arrecadação de pecuária daí ser maior do que a de Curvelo, que é área de pecuária?”.... a inovação dera certo!
Blog – Depois de toda essa experiência de vida profissional e familiar, o que o faz sentir-se feliz, hoje?
Alfredo – Feliz por ter conseguido de alguma forma coibir parte da sonegação e aumentar a arrecadação do ICMS nas áreas sob minha administração, sem o uso de arbitrariedade, apenas com o diálogo com os contribuintes e contadores; feliz por ver meus filhos se destacarem em suas áreas de atuação, sendo queridos e respeitados pelos seus chefes e colegas de trabalho.

Blog – Você disse que não tem hobby. Mas, nos seus momentos de descontração, além da família e dos amigos, o que mais você gosta de curtir? Esportes, leitura, filmes? Quais especificamente? Torce por algum time de futebol?

Alfredo – A minha maior curtição é sem dúvida o futebol; sou Tupi e Fluminense; por sinal o Tupi foi o campeão brasileiro da série D, é pouco ou quer mais? Foi também campeão mineiro do interior. Na classificação final ficou em terceiro lugar, na frente do Cruzeiro. Gosto também de músicas de todos os estilos, filmes de aventuras e científicos e leio todos os livros que encontro, embora raramente os compre.

Blog – No aspecto espiritual, como você se define?

Alfredo – Católico não praticante com muita chance de voltar a ser praticante.
A seguir, seis perguntas sugeridas pelo nosso colega Luís Alfenas:
Blog – Ver todos os filhos formados e exercendo as respectivas profissões, como é esse gostinho de missão cumprida?

Alfredo - É sempre um orgulho ver os filhos se destacando em suas profissões, mas muito me orgulho também do carinho que eles desfrutam dos seus superiores, subordinados e colegas.


Blog - No seminário você era considerado bom de bola. Fora do seminário, em especial no exercício da profissão, você acha que o futebol ajudou você a fazer amigos e ampliar a liderança, ou jogar bem não teve nenhuma influência?
O meia armador Alfredo (3º agachado a partir da esquerda)
do vitorioso  Santa Cruz,  no campo do Sparta,  em  1961



Alfredo – Quando saí do Seminário, devido a minha deficiência visual e não ter grana para adquirir lentes de contato, não me foi possível levar o futebol adiante. Aqui em Juiz de Fora os treinos eram sempre à noite e a deficiência visual me prejudicava bastante. Participei de vários times amadores e o meu futebol, com certeza, influenciou nas minhas amizades.


Blog - No caso da mulher que indicava os remédios que você vendia para as farmácias, você teve notícias se ela realmente teria curado alguém? O sucesso dela foi duradouro, ou seja, você ainda teve notícias dela depois que você parou de vender produtos farmacêuticos?


 Alfredo – A dona Marlene era muito conceituada em Leopoldina e adjacências; ajudava a muitas crianças pobres. Os remédios que ela receitava (os meus), embora de laboratório de porão, eram eficientes e ajudaram a melhorar a saúde de muita gente. A notícia que tive dela é que havia falecido ainda jovem, não sei de que doença.


Blog - Na profissão de fiscal da receita, como você exercia o princípio da isonomia (todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza)?


Alfredo – Com bom senso. Vou dar um exemplo: um fiscal muito rigoroso soube que um deficiente físico, muito pobre, abrira uma portinha em sua casa, que se localizava em uma favela de uma pequena e pobre cidade do interior de Minas e estava a comerciar bananas (produto principal), pão e leite. Bem cedo, compareceu lá o fiscal e lhe aplicou uma multa por não ter inscrição do estabelecimento.
O fiscal estava errado? A legislação determina que antes que se inicie qualquer atividade comercial, o proprietário tem que se inscrever no cadastro de contribuintes do Estado. Portanto, o fiscal não estava errado.
Mas foi justo o que ele fez? Não seria de bom senso mandar que o deficiente físico (paraplégico) se inscrevesse e desse-lhe um prazo para isso?


Blog - Você viveu um período de grandes mudanças tecnológicas que afetaram muito a profissão de fiscal, como você vivenciou isso?


Alfredo – Eu me afastei para aposentar em 1996 e não alcancei tanta mudança assim. O computador só chegou à Secretaria da Fazenda no final do meu período. Não tive muitas dificuldades em me adaptar.


Blog - Um fiscal da receita contou-me que ao fiscalizar um contribuinte do ICMS, este, ao se ver apertado, apresentou-lhe um monte de notas fiscais roídas por ratos. Algo parecido ocorreu com você?


Alfredo – Outro acontecimento engraçado foi: um fiscal foi fiscalizar um boteco que havia pedido sua baixa. Quando chegou ao estabelecimento viu que havia várias garrafas de bebidas alcoólicas ainda com algum líquido em seu interior e também pedaços de salame, umas duas latas de salsichas e de azeitonas, pequeno pedaço de queijo parmesão, etc..
Como o dono do estabelecimento constou no pedido de baixa que o estoque do estabelecimento estava zerado, o Agente do fisco entrou no estabelecimento, baixou as portas permanecendo lá dentro. E, para o espanto dos chefes e de sua família, só saiu de lá três dias após, satisfeito, dizendo: "agora sim, o estoque do estabelecimento está zerado".
Casa do Alfredo em JF


Blog – A sua cidade, Juiz de Fora, é uma tradicional cidade mineira, também conhecida como Manchester Mineira, que tem grande expressão na indústria e na educação. Você é bairrista? O que mais deixa orgulhoso um juiz-forano da gema? Você acha que o Tupi tem condições de chegar à primeira divisão do Campeonato Brasileiro? 

Alfredo – Quando se trata da cidade da gente todo mundo é muito barrista. Como diz o poeta, na cidade da gente até a dor dói menos; Juiz de Fora vai se destacar, além da Educação e da Indústria, por incrível que pareça, na área da saúde. Hoje já é referência regional, em breve será estadual e até nacional. Esperem e verão.                          
Existe um bairrismo do povo de Belo Horizonte com o de Juiz de Fora. Os belo-horizontinos dizem que os juiz-foranos são cariocas do brejo, enquanto os juiz-foranos dizem que os belo-horizontinos são índios.
De acordo com o meu Pai, já falecido, essa rixa se deu por causa do futebol. Dizia ele, que por Belo Horizonte ter sido uma cidade programada, seus primeiros filhos foram os peões que trabalharam na sua construção, pessoas que vieram das mais distantes cidades e de regiões sem cultura, enquanto que, em Juiz de Fora, moravam as famílias tradicionais de boa cultura.
Quando um time de futebol de Belo Horizonte vinha a Juiz de Fora, os jogadores eram bem tratados e recebiam boas acomodações, mas mesmo assim eles quebravam tudo, destruíam restaurantes e hotéis (o que não mudou até hoje, não é mesmo?). Quando os times de Juiz de Fora iam jogar em Belo Horizonte, os jogadores daqui tinham outro tratamento lá, inferior ao que os belo-horizontinos haviam recebido aqui e os nossos jogadores, na maioria das vezes, ainda eram surrados. Por isto, serem chamados de índios.
Centenário do glorioso TUPI (2012),
Campeão Brasileiro da série D, no ano de 2011

Quanto ao Tupi, foi campeão brasileiro da série “D”, agora é rumo a Tókio.  
Perguntas sugeridas pelo Seoldo:
Blog - O que você pensa dos dias atuais (filosofia de vida e atitude política)? Como espera que o mundo esteja daqui a 50 anos?
Quanto aos dias atuais, respondendo ao Seoldo, são dias que embora conturbados, com muita violência, miséria e droga, são dias que oferecem melhores condições de vida, mais facilidade à educação, ao emprego e à alimentação.
Daqui a 50 anos, acredito que o mundo estará muito melhor; as doenças serão erradicadas, não haverá obesidade, os alimentos prejudiciais serão banidos, proporcionando às pessoas maior longevidade; todos terão direito à educação, estarão utilizando também as moradias espaciais, aproveitando normalmente a água dessalinizada do mar e o meio de locomoção será através do tempo e não do espaço como é hoje; a rivalidade religiosa estará mais acirrada; o Tupi já será campeão mundial e o Vila Nova, novamente, campeão mineiro e tenho certeza que estaremos lá para ver tudo isso e muito mais.
Blog – Ao final desta entrevista, que mensagem você gostaria de deixar para os leitores do nosso blog?

O casal Alfredo e Marina (à direita)
junto ao casal amigo Chicão e Dita,
no 2º Encontro (2010)
Alfredo e Marina, sempre presentes nos  encon-
tros,ao lado dos amigos  Rafael e do casal  
Alberto   Medina e Maria Conceição, no  3º
 Encontro, em 2011
Alfredo – Vocês não têm noção da importância que tiveram e que têm em minha vida, como diz Vinicius de Moraes:
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.”
Abraços.


FOTOS DE VIAGENS E OUTRAS FOTOS:


Aposentado e vida mansa, o nosso amigo Alfredo atualmente está mais para curtir a vida. Um de seus prazeres é viajar. Foi o que ele fez, junto com a esposa Marina, por esse Brasil afora, no último mês de junho, quando decidiram visitar o seu filho Alfredinho, que mora em Fortaleza. Aproveitaram para dar um pulo até a Bahia, na cidade de Teixeira de Freitas, onde visitaram sua amiga Celi Midori (Mimi), que durante seu curso de Fisioterapia, residiu em Juiz de Fora e por isso tornaram-se amigos, uma vez que a Mimi morava em um apartamento embaixo da residência do casal. Os filhos de Mimi, Caio e Enzo, afeiçoaram-se tanto a eles que passaram a ser considerados como netos por Marina e Alfredo.
O Rio de Janeiro, Tiradentes e Santos Dumont foram outros itinerários turísticos do casal (fotos abaixo).


Alfredo e Marina visitando
 Alfredinho, em Fortaleza, CE
 
A amiga de Teixeira de Freitas do casal,
Célia Midori (Mimi) e seus filhos:
Caio e Enzo 





Bruna, Marina e Alfredo
em frente à Igreja do Ouro, em Tiradentes

Alfredo e Marina
 no Cristo Redentor, RJ
 




Marina, Alfredo, Alfredinho e sua
noiva Bruna na estação de Cabangu,
em Santos Dumont
                                                                                            

Alfredo e Marina, em sua casa de
Cabangu, em Santos Dumont
 
Alfredinho, Alfredo e Marina,
nos jardins da casa de Santos Dumont