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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ECOS DO IV ENCONTRO, por Tupy




IV - ENCONTRO DOS EX-SEMINARISTAS DA EASO
 
DIAS 14 A 16 DE SETEMBRO DE 2012

 

 

Os homens de cabelos brancos (Foto enviada pelo Lulu)
I-À cabeleira espessa do Eustáquio e  à rala do Rafael foram acrescidos mais cabelos brancos, antes e durante o evento, devido as suas preocupações com a realização e com o sucesso do Encontro: e-mails, telefonemas, faxes,  quantas  perguntas, quantas respostas a serem dadas e o programa não saía. Por fim, um programa lacônico, pouco esclarecedor. O nosso querido “Lua” sonegava informações (queria impressionar?!).  Agora, a preocupação do Eustáquio foi ampliada:mais cabelos brancos, mais preocupações. O próximo Encontro será em Campo Belo. Vão embranquecer mais os seus cabelos, e também os do Ázara, do João Henrique, do Olímpio, do Baliza, do Santana e outros campobelenses. “Meu cansaço que a outros descanse.”

 


Casal Waltinho (Lua) e Shirley
II-Por falar em cabelos, certamente a cabeça do “Lua” ficou desprovida de muitos deles, aumentando o brilho de sua cabeça. Não fora a Shirley, sua querida esposa, a comandar todos os passos referentes à recepção: caldos, torresmos, pessoal para cuidar do atendimento, o chapéu passaria a ter seu maior e melhor efeito.  Certamente que o sanfoneiro e o violeiro foram escolhidos a dedo: capricharam, mas foram prejudicados pela ousadia do Tupy e da Dita, que resolveram “dar uma” de seresteiros. O “Barman” fez sucesso com a caipirinha e com a caipijá: deliciosas. O Chope da melhor qualidade e personalizado. Todos os tipos da “marvada”, quero dizer, da “Bendita” GERMANA corriam “a rodo” pelo salão.

 
   Medina, Tupy e Dita na primeira noite do IV Encontro
Video enviado pelo Eustáquio. Edição amadora por
Lulu
 

III- “Ó tempo bão que não vortamais, sordade é que leva e trás”. “Recordar é viver!” – “Recordar é sofrer duas vezes”. Será que é verdade? Todos estavam ali, presentes, recordando o tempo passado, lembrando e vivendo. Sofrendo? Que nada! Estavam todos felizes e alegres, relembrando os bons e maus momentos, as rusgas, as brigas, os prêmios, os castigos, os passeios. Mágoas? Nenhuma. Só paz e alegria.

Tudo isso porque você é “meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas, cabeça de homem, mas coração de menino, aquele que está a meu lado em qualquer caminhada. Me lembro de todas as lutas meu bom companheiro. Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro. O seu coração é uma casa de portas abertas. Amigo, você é o mais certo das horas incertas”.


Lua faz a cachaça e mostra a cana - foto de Lulu
 (clique na foto para ampliá-la)
IV-“Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não!”. Assim nos provou o doutor em cachaça, o nosso querido “Lua”. Terreno para o plantio da cana. Cana especial. Maquinário moderno. Pessoal qualificado. Produção em série. Embalagens personalizadas. Armazenagem especial para cada tipo. Higiene e limpeza. Amor pelo que faz e pelo resultado desejado só pode resultar em um produto de primeiríssima qualidade. Degustar? Vivendo e aprendendo:abrir a garrafa; sentir o cheiro;passar um pouco do produto nos lábios;levar um pouco à boca. Sentir o líquido descer pela garganta. “Nesta casa tem goteira? (tem não, mas), pinga em mim”. “Carro de boi que não geme, não é bom. Carro de boi, só é bom o gemedor”. Falha nossa. Não de carro de boi e sim de um “luxuoso e moderno ônibus com ar condicionado, frigobar e música ambiente” que fomos para o Alambique e depois para o “Divino”. Estrada asfaltada. Curvas reduzidas. Nada de poeira. Um bando de “peões da cidade” passeando “nesta longa estrada da vida”. Foi maravilhoso.

Lua, o professor, dando uma verdadeira aula de como
degustar uma boa pinga. Ao fundo, algumas das varieda-
des da Germana. (Foto enviada pelo Lulu)



V- “Os devotos do Divino vão abrir sua morada, pra bandeira do menino ser bem-vinda, ser louvada .... dando água (ardente, chope) a quem tem sede, dando pão (cabrito e frango) a quem tem fome”. A morada do Divino foi aberta para os Encontristas. Local agradável. Tudo varridinho, multiespaço. Verde e água por todos os lados. Como disseram alguns: “um pedacinho do céu”. Após uma viagem por estrada tão estreita e poeirenta ... “chegou a turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto...”. Nada como uma boa cachaça, um chope gelado para animar os “garotos e as garotas”! Refrescante.
O Divino fica no meio de uma capoeira com água cristalina e cascatas de água fria. (Foto enviada pelo Lulu)

 

VI-Grupos, grupinhos, “panelas e panelinhas”. Cada um ou cada uma buscou aquele ou aquela com quem mais gostaria de trocar ideias. Fofocas? Não. Apenas confidências. Esposas, mães, avós, todas falando dos seus. Maridos, esposos, avôs, todos querendo ouvir causos, falar do passado, sentir a presença dos velhos tempos: dos padres mais amigos, daqueles mais rígidos, dos colegas externos do “Dom Cabral”, dos times do Sparta e do Comercial, dos passeios, das pescarias, das recomendações para as férias; do porquê deixaram o Seminário e de como se viraram para serem o que são hoje. Como conheceram suas esposas. Ah! Se as árvores, o vento e os pássaros pudessem relatar tudo o que ali foi dito! Oh! Campo Belo! Ah! EASO: “Amo-te muito como as flores amam o frio orvalho, que o infinito chora. Amo-te muito como o sabiá da praia ama a sanguínea e deslumbrante aurora. Oh! Não te esqueças de que te amo assim. Oh! Não esqueças nunca mais de mim”.

 

VII- Quantas crianças e jovens passaram pela EASO! Não foram poucos. A semente brotou, a planta cresceu, produziu frutos, a semente se espalhou. Antônio de Araújo Bessa foi fruto “cem por um”. Planta rara, vida efêmera. Vida dedicada. Deixou exemplos de dedicação, persistência e devoção à Ordem da Santa Cruz e à Igreja do Brasil. Foi ordenado sacerdote em sua terra, lá no Pará. Nesta “terra de ricas florestas, fecundas ao sol do Equador...” lá faleceu e lá repousa seu corpo. Com certeza: Bessa descansa em paz.

 

VIII- A maioria de nossos mentores já encontraram “in cruce salus”, cumpriram sua missão, guardaram a fé, hoje ostentam a coroa da glória. Ainda convivem entre nós, no Brasil, em Santa Tereza, Belo Horizonte, os mais antigos: Guilherme, Teófilo, Leonardo, Haroldo, João Maria e Tiago. Que tenham vida longa com saúde e paz. Os Crúzios marcaram nossas vidas ecriaram em nós o espírito de disciplina, de firmeza, de moral e de ética.

Estudantes de 1961 na frente da porta que seria fechada em
1968 - (foto do arquivo do Blog)
 

IX-“Roma locuta, causa finita!”. “Ordens ... são ordens!” “Manda quem pode, obedece quem tem juízo!”. E, assim, a Escola Apostólica Santa Odília, a EASO,fechou suas portas. O Seminário deixou de existir. Tudo acabado! Epa! Epa! Epa! ...Ôpa! Ôpa! Ôpa! “Que, que é isso, minha gente!” Das trevas sempre brota uma luz. Por cima dos escombros sempre surgem novas construções. “Quero falar de uma coisa. Advinha onde ela anda? Deve estar dentro do peito. Ou caminha pelo ar. Pode estar aqui do lado, bem mais perto do que pensamos. A folha da juventude é o nome certo desse amor. Já podaram seus momentos. Desviaram seu destino, seu sorriso de menino quantas vezes se escondeu! Mas renova-se a esperança, nova aurora a cada dia. E há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e frutos”.

 

X-“Hic et nunc”. No aqui e no agora, das trevas está brotando uma nova luz.

Após acertos e desacertos, foram ordenados quatro novos Padres Crúzios brasileiros. “Vitória, tu reinarás! Ó Cruz Tu nos salvarás!”

 

Os padres Crúzios nos anos 60
XI- Velhos tempos! Grandes sonhos! Vidas doadas! Missão cumprida! Esquecer? Jamais! Os primeiros Crúzios foram verdadeiros missionários. Aqui chegaram. Aqui deram suas vidas. Aqui construíram famílias. Aqui lançaram sementes.A semente lançada nasceu naroçada da terra mais fértil. Foi sal e fermento. É luz que ilumina a estrada do povo fazendo história (a nossa história). Dando vida às palavras sem medo: é libertador! Nasceu a esperança nas suas andanças, colhendo, contente, os frutos mais belos, falando de paz, justiça e verdade, da fraternidade. Assim vivem, assim vivemos nós, os Encontristas. Frutos dessas vidas dedicadas, um pouco de cada um deles ficou e ...permanece. Hoje o que se vê são homens dignos, excelentes profissionais, maridos amantes de suas esposas, grandes e amorosos pais de família. A semente brotou? Ou não?

 

XII-Surpresa! “A semente brotou e cresceu, porque eu (no caso: cada um deles, os missionários Crúzios) acolhi a voz do Senhor!”. Uma nova semente brotou na roçada da terra fértil. Só neste ano foram ordenados quatro novos Padres Crúzios. Todos brasileiros. Todos mineiros da gema. Um de Campo Belo: padre Elione; um de Juiz de Fora: padre Júlio; dois de Astolfo Dutra: padres José Cláudio e padre Wilson.



Padre Wilson no IV Encontro (Foto
enviada pelo Lulu)
Este último, padre Wilson, esteve presente em nosso encontro representando os seus confrades. Wilson dissertou sobre a formação que eles tiveram, as dificuldades por que passaram, mas que agora estão residindo em Campo Belo, nas dependências do Colégio Dom Cabral. Continuam como missionários voltados para a vida religiosa em sua essência, no trabalho pastoral e na busca de novos integrantes para a OSC do Brasil. Nesse propósito, já contam com três postulantes, os quais ocupam pequenas e espremidas celas provenientes da divisão de alguns dos quartos do antigo convento. Há uma perspectiva de, no próximo ano, acolherem outros candidatos, inclusive de outros países. “O caldo entornou!”. Onde abrigar os próximos candidatos?

Por outro lado, o visível crescimento do Colégio Dom Cabral, a utilização de novas técnicas e metodologia de ensino ali implantadas desde a chegada do diretor Eustáquio, o nosso Eustáquio, exigem novas salas. O que fazer?

 

XIII- Silêncio. Estupefação. Proposta. Utilizar todo o segundo andar para salas de aula e para a administração do Colégio. Os novos padres, junto com seus postulantes e noviços, deverão se alojar em outro local. Qual? Não existe. Precisa ser construído. Onde? Bem, pode ser ao lado da Igreja e o mais rápido possível. Sua Eminência, o Bispo da Diocese de Oliveira já autorizou. O Mestre Geral também e já se dispôs a enviar uma ajuda financeira. A população de Campo Belo encampou a ideia e já está se mobilizando. Graças a Deus!

 

XIV- Que felicidade! Os Crúzios ressurgem das cinzas com força jovem, sangue novo. Vamos colaborar? Claro! Afinal, ali está um pouco da história de cada um de nós. Assim, tomando a palavra, o Tupy (este escriba) sugeriu que cada um de nós presente poderia colaborar.Inicialmente com o valor de um salário mínimo, a começar já em outubro, contribuição esta que poderia ser dividida em duas, três, quatro ou cinco parcelas. Ou até, em doze vezes, ficando a critério de cada um, contanto que seja já para que sejam apressadas as obras. Cada um que venha ler este “ECO”, mesmo que não tenha participado deste 4º Encontro, poderá colaborar também. Decidimos também que poderemos buscar outros fundos com amigos, empresários, etc.. Um recibo será emitido e poderá ser abatido no imposto de renda. Haverá uma auditoria permanente e todos os contribuintes receberão demonstrativos de como está evoluindo a obra.

 

Nossa casa de formação, o Colégio Dom Cabral de Campo
Belo (Foto enviada pelo Tupy)
XV– Estamos sendo chamados à responsabilidade. Falamos tanto de Campo Belo. Muito reverenciamos a EASO, nossa casa de formação, o Colégio Dom Cabral. Pois bem, chegou a hora de podermos contribuir com um pouco do que temos, acredito que dessa forma não ficará pesado para ninguém. O importante é colaborar.

“Boca fechada não entra mosquito”, velho ditado. O Tupy falou demais e ficou encarregado de “chefiar” essa missão. Conto com todos. Aliás, brotou a ideia de se fundar uma Associação dos antigos alunos da EASO para, cada grupo em sua cidade, promover jantares, bingos ou outra forma de angariar fundos para nossos futuros encontros e para essa grande obra dos novos padres Crúzios. O Marquinho ficou de estudar a ideia e depois repassar.

Como passar essa contribuição já agora?

 

Banco do Brasil: Ag. 0176-7, Conta Corrente: 3841-5 – Campo Belo, MG

Bradesco – Agência 1884-8 – Conta corrente 018015-7 – Campo Belo, MG

Para maiores informações: ORDEM DA SANTA CRUZ – CRÚZIOS

www.cruzios.org.br

 

O Seoldo e o Tupy já deixaram sua contribuição.

 

A Capela da Serra da Piedade ilumina a noite fria de setembro
de 2012 (foto enviada pelo Lulu)
XVI- Bem, a visita noturna à Serra da Piedade foi maravilhosa. A vista magnífica. O frio cortante. A confraternização muito farta e regada com umas boas doses de Germana. Outros deverão discorrer sobre essa visita noturna à Serra da Piedade.

 

Igreja do Caraça vista dos fundos. (foto enviada pelo Eustáquio)
XVII- A visita ao Caraça também teve seu imenso valor. Como bons cristãos e até mesmo católicos de carteirinha fomos participar da Santa Missa, pois era domingo, dia 16. Curioso foi o celebrante que procurou ser muito gentil. Falou ao povo que ali estava presente um grupo de ex-seminaristas. Pediu que nos levantássemos e a assembleia bateu palmas para nós. Ficamos satisfeitos, mas muito sem graça. Entretanto, o pior veio depois. Em sua homilia, o Padre disse que ali poderiam estar 21 padres ajudando a Igreja a levar a sua missão, a Boa Nova do Evangelho, a muitas criaturas, mas desertaram. “Toin”.

Ficamos sem graça. Contudo, nossas mulheres não ficaram caladas, protestaram na hora dizendo: “não foram padres, mas ...realizamos um bonito trabalho missionário na família, nos ambientes de trabalho e dentro da própria Igreja, a qual não serviram como sacerdotes”. Que coragem!

O padre logo mudou seu discurso, dizendo que assim se pode servir muito a Deus e até melhor que muitos padres. Saímos de “cara lavada”. Êta mulheres corajosas e maravilhosas!

Rafael nomeia a comissão organizadora do V Encontro (Foto
enviada pelo  Lulu)
O almoço foi ótimo. Após a refeição reunimo-nos em um canto e começamos a falar do Encontro, da amizade, do valor de podermos estar juntos, da ausência dos companheiros, do sentimento pelos que já ”passaram para o degrau de cima”. Houve a despedida, pois, alguns já partiriam dali mesmo para suas casas. Por fim, ficou decidido que o 5º Encontro será realizado em Campo Belo, dessa vez dentro da semana dos festejos do Dia da Cidade.Foi nomeada a Comissão Organizadora, composta por: Eustáquio, Baliza, Antônio de Ázara, Olímpio, João Henrique e Santana. Estes convocarão outros de perto para colaborarem no planejamento. Ficou decidido também que ficaríamos todos hospedados no Hotel Fazenda Álamo. Indo a Campo Belo, poderemos verificar como estão as obras do novo convento. Nossa contribuição é importante. Contribuam.

Ficamos por aqui. Esperamos ter sido fiéis aos acontecimentos. “Amigos para sempre”.

 

Tupy e Marina – tupypedro@yahoo.com.br

domingo, 30 de setembro de 2012

Nova União aqueceu nosso IV Encontro

Sexta-feira, 14/09/12. A tarde já ia adiantada quando tomamos o carro para seguirmos para Nova União, local de nosso IV Encontro, o primeiro a se realizar longe de Campo Belo. As expectativas de um encontro diferente brincavam em nossas cabeças enquanto cruzávamos a cidade, morosamente, para atingir a estrada. E a estrada chegou junto com a noite, deixando-nos mais cuidados para percorrer os não muitos quilômetros da temida BR-381.

Na entrada de Nova União o Zeta Hotel já nos recebeu com alegria, pois ali encontramos os primeiros amigos na portaria, preenchendo as fichas de registro. Tomamos posse de nosso quarto e, ligeiros, nos dirigimos para a futura Pousada Pé de Banana, onde o nosso queridoWalter Caetano, o Lua, com a assistência de sua esposa Shirley, ou seria o contrário, preparara a nossa recepção.

Chegam uns, trazem outros, e breve o salão estava totalmente tomado. Um sanfoneiro fora trazido pelo Lua para esquentar os abraços de reencontro. Nessa noite, três novos encontristas nos alegraram com suas presenças: o José Geraldo, da turma de 1965; o Seoldo, que veio dos Estados Unidos com a esposa, Judith; e o José Maria, que pouco faltou para se ordenar padre. Eu estava ao lado do Olímpio quando o José Maria chegou e tive a felicidade de captar a sua expressão de alegria e contentamento ao ver ali presente seu antigo professor.


Sempre da esquerda para a direira: primeira fila -  Rafael, Marcos Rocha,Tião Coelho, José Geraldo d'Assunção, Tupy;
segunda fila - José Maria, Benone, Max, Waltinho, Alfredo, Siovani, Lulu; na útima fila - Santana, Olímpio, Rosalino, Alberto Medina (parcialmente encoberto), Nonato, Eustáquio, José Geraldo Freitas, Baliza, Chicão, Seoldo (parcialmente encoberto).

Chope na mão, conversa para todo lado, sanfona e cantoria pela noite adentro. Se a fome apertava, um belo caldo de feijão ou canjiquinha estava ao alcance do apetite de cada um. A pururuca acrescida ao caldo elevou-o ao ápice gastronômico de todo o encontro, se bem que alguns afoitos se arrependeram por se acharem mais espertos que a pimenta que se ofertava.

Um momento alto da noite foi quando o Nonato presenteou a cruz símbolo dos padres crúzios ao Lua, para que fosse colocada na capela existente na propriedade. Em outro momento, o José Maria falou sobre sua vida após deixar o diaconato, uma peregrinação pelo mundo como membro do corpo diplomático brasileiro.

A noite já ia alta quando fomos para o hotel acalmar os espíritos excitados pelas emoções que nos assaltaram.


Sábado, 15/09/12.Para os que estávamos hospedados no Zeta Hotel, o café da manhã reuniu-nos a todos em torno dos pães de queijo, bolos e frutas. Aliás, as dependências desse hotel surpreenderam bastante pelo bem-estar proporcionado e também pelo seu tamanho em uma cidade tão pequena.

A galharda jardineira, com ar condicio-
nado e tudo, aguentou firme
Estávamos instruídos a reunirmo-nos às nove horas no Pé de Banana, onde os carros seriam deixados, para seguirmos para a Fazenda Germana. Lá, a jardineira estava pronta à nossa espera, galharda, ou melhor, gargalhando ao nosso receio se seria ela capaz de chegar inteira ao destino, e, admire-se ainda mais, faria duas viagens, pois éramos demasiados para que ela levasse a todos. E lá se foi a primeira leva e outros ficaram para trás aguardando o retorno da brava velhinha. Fomos titubeando pela estrada de terra, um morro íngreme exigia-lhe respeito,
 ela parava, aceitava uma primeira meio claudicante e vencia mais aquele desafio.  Lembramo-nos do caminhão do Tião e dos padres meio loucos que jogavam cinquenta crianças em cima de bancos de tábuas na carroceria para levar-nos para os piqueniques, pelo menos a jardineira tinha um teto, se bem que não muito confiável, para não permitir que o céu caísse em nossas cabeças de irredutíveis ex-seminaristas que buscavam novamente os deuses da natureza.


A Fazenda Germana
Chegamos todos sãos e salvos na Fazenda Germana, agradecidos pela experiência do Ildeu, motorista da brava velhinha. Na bela sede da fazenda, recoberta de hera, fomos apresentados aos retratos da família do Lua, à veneração que ele tem por sua falecida mãe e visitamos a maternidade, o quarto onde ele nasceu.

Prosseguindo a visita, a atenção de todos foi atraída para o processo industrial da famosa cachaça Germana: o processo da fermentação do caldo da cana, a garapa; a destilação do líquido fermentado que dá origem à branquinha, a cachaça pura; o processo de envelhecimento em barris de carvalho, onde, através do tanino existente na madeira, a cachaça adquire a coloração própria ao carvalho ou à outra madeira utilizada; o processo de envasamento e fechamento das garrafas; a capa protetora das garrafas feitas do caule das bananeiras, proteção contra choques e contra a luz, que pode causar alteração no produto. Além do processo industrial, o Lua falou sobre o modo como são exportadas as garrafas, principalmente para a Inglaterra, cujos pedidos são feitos especificamente de cada barril existente, pois o líquido é analisado previamente.

Acompanhando o processo industrial ouviam-se ávidos comentários sobre quando se faria a degustação da famosa Germana, e, chegado o momento, aprendeu-se a apreciar a cachaça: o cheiro inicial, para causar a preparação do organismo para o irreverente líquido que se está prestes a ingerir, o leve toque nos lábios para anestesiar a língua e, aí sim, a liberação para o  desfrutar. Em seguida, estávamos na lojinha da fazenda onde se podia adquirir o produto nobre por preços bem convenientes.

Tomados os aperitivos, o almoço já se fazia premente, mas ainda tínhamos que novamente bambolear na jardineira para chegar ao pasto, não me interpretem mal, pasto no sentido de lugar onde se faz nutrição. E lá fomos para o meio de uma mata para um verdadeiro piquenique. Sentados à sombra das árvores, com cerveja e acepipes, aguardando o almoço, ouvimos o Pe. Wilson nos falar sobre o projeto dos padres crúzios em construir um convento em Campo Belo para continuar sua obra no Brasil e poder formar novos padres. Pediu-nos a todos que contribuíssemos com o esforço financeiro que a obra exigia. OTupi, tomando a palavra, propôs que cada um contribuísse com um salário-mínimo por ano, ou cinquenta reais por mês, afinal, poderemos retribuir pelo tempo que lá estudamos gratuitamente e mesmo se considerarmos alguma indenização pelos cuidados do Pe. Humberto, ainda há um saldo a favor dos crúzios. De minha parte, só não vou querer considerar minhas aulas de piano com professora da cidade, porque meu ouvido surdo brigava com aquela obrigação e sempre perdia, causando-me muita aflição.

E o almoço foi liberado. Ufa! Já era tempo. Canjiquinha, ora-pro-nóbis, carneiro assado, frango ensopado, prato na mão à procura de um assento, briga com o frango, depois bananada com queijo e pausa para pegar a jardineira.

Capela da Serra da Piedade
E o Lua perdeu aquele sorriso gozador quando recebeu um telefonema que lhe comunicava que o ônibus que nos levaria à Serra da Piedade não estava mais disponível. Explosão de nervosismo, o que fazer? Nenhum problema, logo duas vans estavam à disposição para levar-nos. Já era noite quando subimos a serra para apreciar o gélido vento que varria o pico e como tudo estava fechado apressaram-se todos para o abrigo da pizzaria. Ao redor das mesas, momentos para conversar, contar piadas, falar mal e bem dos antigos mestres com a pizza entre os dentes. Não posso elogiar a pizza, pois tinha sempre presunto a incomodar-me.  E, então, para encerrar o dia que fora tão cheio, só nos restava descer a serra e procurar o aconchego das camas.

Domingo, 16/09/12, a atividade do dia seria uma visita ao Caraça, nobre santuário mineiro onde no passado existiu um dos mais famosos colégios do país. Não sabíamos se algum ônibus teria sido providenciado para a viagem, ficamos aguardando na porta do hotel até que chegaram os carros dos que estavam na Pousada da Dadinha e, estava definido, iríamos nos próprios carros.

A viagem de Nova União ao Caraça, cerca de sessenta quilômetros, correu tranqüila e agradável sem nenhum dos contratempos que enfrentavam os peregrinos que desde a antiguidade remota sobem as montanhas para se aproximarem de Deus. Logo estávamos na portaria do parque que controla a entrada dos visitantes e, em seguida, a paisagem da bela igreja surgida do nada entre a mata e as montanhas da Serra do Espinhaço. O isolamento é total, e nós, que vivêramos internos no meio urbano de Campo Belo, não podíamos deixar de sentir uma certa angústia por aqueles meninos que deixavam tão longe suas casas para ambiente tão solitário, apesar da natureza gratificante dos arredores. E lá estudaram muitos homens ilustres de nossa história, dentre eles, Afonso Pena.


Na frente do belíssimo altar da igreja do Caraça. Sempre da esquerda para a direita: primeira fila - Lívia, Maice, Dita,
Maria Jósé, Fátima; na segunda fila: Maria de Jesus, Rosimere, Cibele, Marta, Judith, Liana, Shirley, Nazaré,
Marina, Marina, Camila.

O grupo se dirigiu para a igreja de estilo neogótico onde participou da missa iluminado pela luz que os vitrais traziam ao recolhimento de cada um. Após a missa, fotos no interior do templo:
E fomos almoçar no meio do tumulto que os demais visitantes criavam no refeitório, muita gente! O grupo se dispersou um pouco. Mas após o almoço reunimo-nos num canto mais isolado do refeitório. Foram prestadas homenagens ao Lua e à Shirley como agradecimento pela acolhida carinhosa. O Lua agradeceu a presença de todos e contou a história sobre um índio que percebia em si, nos dois lados do coração, dois cachorros, um pitbull e um collie, que lutavam pelo seu domínio, o poder e a violência contra a ternura, e disse que o collie prevalecera nas suas ações para oferecer-nos o melhor, com muito carinho.

Ouvimos, ainda, o depoimento emocionado da Judith, de nacionalidade norte-americana, que agradeceu a oportunidade e a felicidade de conhecer e participar de uma parcela tão importante da vida de seu esposo, o Seoldo, em terras tão distantes.

E chegou a hora da despedida para muitos que dali do Caraça partiriam para suas cidades, prometendo estar de volta ao encontro do próximo ano em Campo Belo, em 28 de setembro, dia do aniversário da cidade.

E contaram-me que um grupo voltou à Nova União e ainda se reuniu à noite na Pizzaria Minuano, acompanhado pelo Lua e o proprietário da Pousada da Dadinha. Pizza, cerveja e a Germana correram à vontade.
A bela Capela no alto da Serra da Piedade

Na subida da Serra da Piedade, parada
ao lado da quarta estação da Via Sacra
O casal Seoldo visita a Gruta do Eremita na
Serra da Piedade.
17/09/12,segunda-feira. Deixando Nova União para trás, antes de voltar a Belo Horizonte, com aquela saudade do que não foi visto e que valia sê-lo, o grupo subiu novamente a Serra da Piedade, com toda a luz do sol desse dia escaldante e conheceu a capela, a Casa dos Romeiros, a Gruta do Eremita e a cripta.

E encerrou-se mais um encontro sob as bênçãos da amizade que nos une a todos e nos dá a alegria de podermos participar de momentos tão reconfortantes de uma família que agora tem um braço estendido em Tucson, Arizona, EUA.