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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Férias em Santana do Jacaré

por Geraldo Hélcio Seoldo Rodrigues



O tamanduá de focinho anuncia que haverá  uma festona  no céu enquanto, do lado,
'urubuservando' tudo, há alguns pássaros pretos.  O sapo se esforça para fazer boca de siri. (Foto montagem)
DE VACACIONIBUS SANTANENSIS


FÉRIAS DOS EASISTAS EM SANTANA DO JACARÉ (ANTES/DURANTE/DEPOIS 1960)


LEMBRANÇAS/ MEMÓRIAS/ SAUDADES/ RECORDAÇÕES FANTASIADAS APÓS MAIS DE 50 ANOS



            Foi mencionado anteriormente em um comentário que o Pe. Humberto, com os braços abertos naquela famosa foto, estava contando uma piada para o Raimundo e o Santana. Segundo informações arrancadas sob tortura, a piada foi a seguinte:

O Tamanduá de Focinho Fino, de cima de um murundu de cupins, rodeado de urubus assessores, anunciou bem ALTO:
--- Atenção bicharada!!! Fui encarregado pelo anjo Carneiro de anunciar o seguinte: vai haver um festão e uma festona no céu durante 3 dias, para todos os bichos da Terra, animais, aves, insetos, anfíbios, etc. Vai haver cinema com o filme KING KONG, muita comida variada (as 3 cozinheiras da EASO estarão lá), bebidas pra valer (inclusive a Germana), doce de goiaba cascão e queijo curadinho, biscoitos de Cristais, e até torresmo com vatapá!!!
Sem esperar um minutinho, o Sapo Boi, que estava entre os veados e outros animais chifrudos, logo abriu a bocona e gritou:
--- OBA!!! Tô lá!!!
Porém, o Tamanduá foi logo esclarecendo:
Jacaré rindo da piada - Foto montagem
--- Há, todavia, um detalhezinho: só pode entrar quem tiver a boca pequena (São Pedro não aceita propina!).
Então o Sapo olhou para um veado, olhou para um outro chifrudo e se encolhendo todo, fazendo um biquinho com a boca, disse baixinho:
--- COITADO DO COMPADRE JACARÉ!!!!

A famosa foto - Foto do acervo do Blog
        Esta foto despertou grande interesse e curiosidade. Parece que foi em 1961. Foram minhas últimas férias naquelas mesmas águas em que flutuou e deslizou o JANGADA, tempos e tempos atrás. Revendo e reexaminando com as melhores técnicas modernas a dita foto, assim vai minha sincera interpretação sem medo nenhum de molhar-me. Quem quiser atirar pedras, pode atirar, estou muito longe!!!!

CENÁRIO:
       
RIO JACARÉ: correndo para baixo, seguindo a boa “Lei da Gravidade”, que tudo atrai e nada repele. Nas margens: parte das matas e dos matos da região sulcando as águas um pouco impuras do Rio e ajudando a limpar os ares das cercanias para os sempre presentes Urubus... Tudo seguindo o ritmo da natureza das coisas, como deve ser. EASISTAS subindo o Rio, fazendo força contra a correnteza (só podem estar correndo de alguma coisa, pois só gostavam de ir rio abaixo, sem gastar energia...).

                        REVISÃO de alguns detalhes da foto:

1 – GERALDO LEMOS -- como que olhando para alguém que está chamando para comer;
2 – SEOLDO -- um pouco fora da linha, meio cambaleando, usando calção pintadinho... parece que sob efeito do vinho que só os maiores podiam beber escondidos;
3 – QUADRADO – reagindo com grande alegria ao chamado para comer... comia muito aquele menino de Leopoldina, mas nunca ficou redondo!!!
4 – PIGMEU – implorando à Virgem Santana – imagem branquinha na árvore – para que o rio sempre continue com maré baixa;
5 – MARCINHO – meio choramingando, também olhando para a Santinha, pedindo que ela nos proteja dos ventos fortes de Cristais e dos vira-latas dos caminhos;
6 – RAIMUNDO NONATO – entusiasmado, com a boca cheia de água, prestando muita atenção na piada do Pe. Humberto;
7 – SANTANIUS – na mesma situação que o Raimundo, porém menos entusiasmado e com a boca mais fechada que aberta; mas no final ele vai ter que rir e dar gargalhadas, senão...
8 – PE. HUMBERTO – contanto a famosa piada, relatada acima, do folclore da região, parecendo Moisés na travessia do Mar Vermelho;
9 – DUAS CABECINHAS – lá atrás aparecem duas cabecinhas: a do CHICÃO e a do ROSALINO (o Benone ficou fora dessa), porém, não sabemos com certeza se ainda tinham corpos... quem quiser mais especulação é bom se informar com o Rosalino, que, embora um pouco enrolão, é de mais confiança que o Chicão; este, depois do “galo” na cabeça, é capaz de dizer que estava nadando no Rio Amazonas, gravando o ruído da Pororoca! (Esse “galo” se explica mais adiante).


Parece que Raimundo e Santana riram muito, ou porque gostaram mesmo da piada ou para evitarem as cotoveladas e coices costumeiros. Pe. Humberto, além de piadeiro, foi um entusiasmado professor de matemática, embora um pouco impaciente com os "tapados"... Ficava vermelhão e gaguejava a ponto de fazer espumas nos cantos da boca! Ele também chegou a escrever uns livrinhos para catecismo e sobre outros assuntos de fé (ver uma crônica do Santana neste Blog sobre o assunto). Gostava de andar depressa sem balançar os braços... Nadava bem. Chegou a desafiar o Benone para uma competição de natação lá na Praça de Esportes em Campo Belo. Não deu certo porque os dois concordaram que a piscina era bem pequena... Disseram que era muito mais larga que comprida, e, além disso, não tinha curvas. Pe. Humberto era um padre alegre e gostava de cantar o "TANTUM ERGO" quando estava sozinho.

Durante estas mesmas férias da foto ganhamos uma partida de futebol contra o time local com o placar de 2 X 1. O segundo gol nosso foi meu, batendo uma falta de longe... A bola passou raspando por cima da barreira, subiu, e, de repente, fez uma curvona esquisita  e foi entrar lá no ângulo esquerdo do goleiro, que era o campeão da brincadeira "tico-tico fuzilado" muito popular em Santana do Jacaré. Deixando a modéstia de lado, batizei aquele tipo de chute com o nome de "anaconda santanense". Pois bem, como a ocasião desse jogo foi justamente no famoso tradicional "Dia do Coelho", depois da churrascada, Pe. Humberto nos presenteou com a ida ao cineminha local para assistir ao aterrorizante filme KING KONG. Ele e os demais (Raimundo Nonato, Santana, Rosalino, Chicão e Geraldo Lemos, como não podia deixar de ser), foram logo sentando na fileira da frente, um pouco longe da porta de entrada. As coisas já iam mais ou menos, pois era um filme de horror com aquele gorilão bundudo... Alguns, de vez em quando fechavam os olhos, outros tremiam um pouquinho, outros olhavam para baixo... Os meninos de Senhora de Oliveira fizeram um "montinho" para proteção. Então, justamente na cena em que o descomunal, diabólico e afrodisíaco KING KONG estava para pegar a mocinha pela cintura com sua mãozona boba, houve um surto extra da corrente elétrica, o qual duplicou tanto a velocidade do projetor que a fita arrebentou e foi aquela barulhada de catraca saindo faíscas para todos os lados no escuro, dando a impressão de ser o bocão da Besta do Apocalipse. Pe. Humberto, que tinha nas veias um pouco de sangue de coelho de páscoa, deu uma arrancada de uma vez só fazendo ainda mais estalos e estragos... Só ele quebrou umas 3 cadeiras... Raimundo, Santana, Rosalino e Chicão quebraram o resto da fileira da frente... Geraldo Lemos apareceu lá fora agarrado no escapulário do Pe. Humberto. Este sorria enquanto checava a cabeça de cada um para ver se tinha algum "galo" (mencionado pelo Bessa). Realmente, o único que ganhou um "galo" foi o Chicão, pois daí para cá ficou meio biruta dizendo que Jesus Cristo tinha nascido em Belém do Pará, e que ele mesmo ia fazer uma jangada para voltar para o Norte, para seu El Dorado do Amazonas... E que um bolso vazio era melhor que um bolso cheio de nada... Pe. Humberto benzeu-o e fez umas rezas fortes... Parece que ele melhorou um pouquinho, pois agora diz que um bolso cheio de vento é melhor que um bolso cheio de sombra.

Foto montagem
Pe. Humberto sabia bastante da história de Santana do Jacaré (antes chamada de Matas do Jacaré, Mato do Jacaré, Mato do Jacaré de Tamanduá,  Sant'Ana do Jacaré...). Ele andou explicando para a turma que o portuga Manoel Ferreira Carneiro (deve ser ancestral/antepassado do Easista Santana) era um vendedor ambulante que só andava de jangada (dai seu apelido, JANGADA) no RJ (Rio Jacaré, não Rio de Janeiro) vendendo mercadorias e bagulhos, e, às vezes, alguma peça rara, como foi o caso da famosa jaqueta de couro folheada a ouro vinda de São João del-Rei. Um cara ficou louco pela jaqueta, mas como não tinha dinheiro suficiente, trocou pela jaqueta todas as terras onde é hoje Santana do Jacaré. Por sinal, aquele bonezinho que Santana aparece usando em algumas fotos é uma relíquia da família dos tempos do JANGADA. Tudo isso Pe. Humberto contava... Ainda mencionou que em Santana do Jacaré, no inicio e um pouco depois, havia duas capelas/igrejas: a de Santana, para os brancos e ricos, e a do Rosário, para os pobres e a morenada... Só a do Rosário aguentou até hoje (será que rezavam mais forte?). Finalmente, Pe. Humberto mencionou que Santana do Jacaré foi o primeiro lugar em Minas onde começou o tipo de Cemitério Secular.

Aí vai, como sugestão, um EPITÁFIO para o nosso Pe, Humberto Nienhuis: Descanso Eterno!!!)

Ensinei: o quadrado de dois é quatro
A raiz quadrada de quatro é dois
Ergui a bandeira de Cristo no mastro
Fiz as contas antes, e não depois.

Em conclusão: nossas férias em Santana do Jacaré eram divertidas... Estavam sempre nas nossas cabeças (com ou sem galos). Fomos sempre bem recebidos e tratados pelo povo local. Procurávamos, também, sempre usar nossas roupas mais novas, sapatos bem engraxadinhos para impressionar bem. (O Marquinhos era o melhor exemplo). Andávamos todos certinhos, dois a dois pelas ruazinhas da cidade. Passavam tão rápidas!! Tomando emprestado o comentário do compadre safado coelho que disse para a coelhinha de orelhas em pé: V A I   S E R   T Â O   B O M...   N  Ã O    F O I ?!!!

Foi feita a Enquete para ver a opinião de cada um acerca da ida a Santana do Jacaré por ocasião do próximo encontro. Parece que 21 votaram... Isso prova que alguns outros escaparam do ataque dos crocodilos. Faltou, todavia, anunciar as OPÇÕES/ALTERNATIVAS DOS MEIOS DE TRANSPORTE DE CAMPO BELO A SANTANA DO JACARÉ. Como o editor está colhendo café, resolvi, por conta própria, fazer o anúncio sem nenhuma ilusão ou interesse pessoal. Aí estão as 14 opções:

1 – CAMINHANDO A PÉ como antigamente, levando os sapatos e um porrete (para se defender de cachorros, etc.) nas mãos --- mais ou menos como fez o Marquinhos no Caminho de Santiago, na Espanha. É permitido parar de vez em quando e ir atrás das moitas. Duração: depende... Talvez uns 3 dias, sem levar cachorrinho de estimação. De noite há muita sombra para dormir. Consolo: a banda do BLOCO DO UAI estará esperando no começo da ponte.

2 – TIPO MARATONA, mas sem acompanhamento de assistência médica. Duração: depende... Se chegar vivo, talvez também uns 3 dias. Consolo: a turma do Congado estará esperando no fim da ponte.

3 – DE CARROÇA DE BURRA/MULA usando “orelheiras” para não ficar mirando de lado para aqueles maliciosos jumentos pastando e piscando na beira da estrada. Duração: se não houver nenhuma enrolada dos animais, com certeza uns 3 dias.

4 – DE CARRO DE BOI com seis juntas... carreiro e candeeiro profissionais...eixo, cocões, chumaços de peroba para ir chiando um lamentoso afinadinho. Duração: mais ou menos 3 dias, parando para as refeições e sestas.

5 – DE CHARRETE DE LUXO puxada por égua nova, com buzina de trombeta e amortecedores feitos de lã de carneiro. Duração: talvez 1 ½ dia, se a égua não estiver “naquela fase”.

6 – A CAVALO, tipo tropeiros que iam tomar banho no Rio Jacaré. Obs. : não é permitido levar sua Easista na garupa. Duração: 1 dia, se sair logo depois da meia noite e sem parar para nada. Consolo: os membros da cavalhada vão fazer uma recepção surpresa antes da chegada.

7 – DE BICICLETA sem motor e sem farol, mas com campainha de dedo. Talvez seja preciso descer para empurrar. Duração: mais ou menos 1 dia, se sair assim que o dia clarear... Rezar para não furar o pneu.

8 – DE TAXI, a frota do Baliza está à disposição... Só tem que limpar os pés e não bater a porta com força... Cabem 5, com o motorista. Duração: ½ dia, se não precisar empurrar nas subidas e segurar nas descidas, e sem parar para “ir no mato”.

9 – DE JARDINEIRA tipo Lua Cheia do Divino. Pode-se cantar, chorar, gritar, espernear... Só não pode encher o saco do motorista. Duração: ½ dia, se as marchas engatarem direitinho. Consolo: um trago da Germana.

10 -- METADE JARDINEIRA – METADADE JANGADA: ir pela Rodovia 354 (em direção a Cana Verde) até o Rio Jacaré. Daí, rio acima, de jangada feita de toras de mulungu e de pau de sabão. Duração: 2 horas de Jardineira e, quem sabe, uns 2 dias de jangada, por ser rio acima, contra o vento e a Lei da Gravidade. Não precisa usar boias, pois os passageiros serão amarrados nos paus para não desequilibrar o jangadeiro. Proibido pescar. Pode-se, porém, cuspir no rio todas as vezes que se desejar.

11 – TRANSPORTE AÉREO em couro curtido carregado por urubus treinados. Combinar com antecedência. Não há seguro de vida. Opção mais perigosa, mas muito cênica e cheia de surpresas. Duração: depende do dia. Não comer nada 3 dias antes para estar mais leve. Estar com seu espírito em dia, limpinho.

12 -- TRANSPOSIÇÃO BILOCAL – expressão meio metafísica. O Espírito vai sozinho tomando ar fresco e evitando a poeirada; o corpo fica em Campo Belo, acomodado, sem fazer nada. Duração: uma piscada de olho.

A exemplo do tamanduá, o autor se aconselha
com os corvos (quem não tem urubu ouve os 
corvos) e se inspira na sabedoria da coruja. 
13 -- TIPO VIRTUAL – transformando-se naqueles bonecos alegóricos, sem graça, chamados AVATARES... Mas não pensem que vão ficar jovens outra vez! Duração: um piscar de olho maldoso.

14 -- POR COMPUTADOR – usando o Google Earth pela internet, sem suar, sem gastar e sem mesmo precisar usar roupa... Talvez seja preciso colocar e retirar os óculos.


Boa Sorte com a escolha. Meditem bem, mas não deixem a barba crescer... TEMPUS FUGIT, CARPE DIEM, disse aquela mesma coelhinha de orelha em pé toda assanhada outra vez para o coelhão, já um pouco desanimado, desorientado e, enfim, esgotado.  Que todos façam/tenham uma boa visita a esta tão orgulhosa cidadezinha que muito marcou os Easistas!

“ SANTANA DO JACARE MEMORANDA EST “