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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Entrevista com Francisco Sales de Paula



Revisão: Siovani


Apresentação: Lulu

Chicão, em foto (recorte) de 1962
Quando eu disse para o Chicão que esta entrevista estava muito boa e que poderia servir de modelo para uma nova forma de publicação, eu não estava brincando, gostei mesmo das mudanças em relação às entrevistas anteriores. Pela reação dele, parece que não acreditou muito nisso. Mas o fato é que, no curso da entrevista, comecei a achar que, nas próximas publicações, poderíamos organizar uma forma de diálogo em que, colocado um tema, todos os que se interessassem poderiam postar suas opiniões sobre o assunto. E a partir daquele ponto da entrevista, para testar a ideia, passei a interagir com o entrevistado (Chicão) de uma forma diferente, colocando-me não apenas como entrevistador, mas como interlocutor que se contrapõe ao pensamento do entrevistado ou acrescenta alguns conceitos ou juízos antes de dar um fechamento à pergunta. Mesmo uma provocação inocente cria um clima que favorece o aparecimento de emoções reveladoras. Em uma das perguntas, o Chicão, esperto como é, percebeu isto e com ironia finíssima disse: "que bom que você já falou quase tudo", isso soou como "é você ou sou eu o entrevistado"? e que estivesse bravo "não se intrometa tanto"! Quando eu declarei que aqueles meninos tinham uma liderança no bullying, para minha surpresa ele me deu o troco e me colocou encabeçando a lista. Sinceramente não me lembro nem me importa muito que eu tenha sido um criador de apelidos, mas sei que nunca tive o carisma e a inteligência emocional do Chicão. O importante é que o conteúdo da entrevista foi direcionando-nos para um diálogo sobre alguns poucos e importantes pontos que dizem respeito ao nosso tempo na EASO, mas poderia ser mais rico ainda se tivéssemos ali uns 4 ou 5 "conversadores", sem papas na língua, como o Chicão o é. Ele tem a veia do artista, o jeito do repentista que faltava aos colegas daquele tempo, talvez à exceção do João Saturnino. Voltando ao tempo presente, é mérito do Chicão ter destampado o caldeirão do tabu do desligamento do seminário ao falar com franqueza sobre o próprio caso. Outro tema importante que ele colocou, em contexto hilário, nos faz refletir sobre a vocação sacerdotal. No nosso tempo a gente entrava no seminário sem a mínima noção do que seria ser padre; celibato com castidade, por exemplo, não é um conceito a ser entendido por uma criança. Parece que a igreja católica já entendeu que um menino não sabe direito o que quer em matéria tão importante. Uma criança não tem maturidade para tomar uma decisão desta natureza.  O caso do Chicão é emblemático em dois sentidos: o irmão que sabia o que não queria foi mais feliz na escolha do que aquele que deixou a mãe falar por ele. O irmão é a exceção, uma consciência precoce; na infância, a maioria é afetada pelos pensamentos dos pais, com predominância da mãe. O problema é quando a vontade e os desejos começam a tomar conta da vida e apontam outros caminhos, mas desastre mesmo é alguém tornar-se padre porque a mãe assim o quis.

Apesar de algumas caneladas, que me reavivaram a imagem do "Maria Doida" correndo que nem um louco atrás de uma bola que não gostava dele, finalmente concluímos esta entrevista, e como diria nosso entrevistado: égua, deu trabalho! E eu digo: uai! Não é que valeu a pena!

Uruburetama CE
[12/12 18 09:17] Luiz Alfenas: Inicialmente solicito ao Chicão que faça um resumo de sua vida. Esse material será a base inicial para nos orientar quanto às perguntas mais pertinentes.
[12/12 21:43] Chicão: Meus caros amigos, boa noite. Queiram desculpar este velho pela demora em começar a minha parte nesta entrevista.  Eu me chamo Francisco Sales Paula. Nasci no estado do Ceará, na cidade de Uruburetama, de lá saí muito criança ainda e fui morar no Estado do Acre, de onde vim para Belém com 11 anos de idade, aqui concluindo o curso primário; e fui para Campo Belo, em 1959, para estudar na Escola Apostólica Santa Odília, de onde saí em 1963 voltando para Belém, onde  estudei na Escola Técnica Federal do Pará, formando-me em eletromecânica, com especialização em sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica. Trabalhei em todas as empresas de energia elétrica deste estado e também em outros estados. Agora é a vez de vocês...




Pergunta 1:

[12/12 18  21:47] Lulu -  Chicão, fale um pouco da formação de sua família, de como conheceu a Dita, e de seus filhos e filhas.


A partir da direita: Adriana com Miguel; Almir 
com  Milena; Alzira com o Henrique; e CHICÃO.  
Atrás DITA com o Pedro,  Aderson sem camisa;
 Ana com André ,

[12/12 22:06] Chicão -  Então lá vai...A Dita era vizinha da minha irmã, e a gente já se conhecia, mas não namorava,cada um tinha a sua vida amorosa.  Mas, um belo dia, a minha namorada me botou um chifrado e o namorado dela botou um chifrinhinho nela. Aí ela veio me contar e eu estava doido pra descontar em alguém o que tinham feito comigo. e deu no que deu.
Chicão e Dita, em 2008

Agora vamos falar de família. Eu enviei essa primeira parte sem querer. Eu ia digitar o ponto e acabei enviando o bagulho, rapaz! Mas, voltando ao assunto... égua! Eu devia colocar dois pontos ali, mas eu não sei como fazer o trem... Mas, vamos lá. Temos dois filhos e duas filhas. Uma é médica, a outra é advogada. Aí você me pergunta:e os cabras? Não fazem nada? Os cabras são cantores. Um, mecânico cantor; o outro,guarda de segurança cantor.




Aderson, acima
Aderson e Almir, abaixo




pergunta 2



[13/12 18 08:09] Lulu - Chicão, por que você entrou e por que saiu do seminário?
Chicão (grifado) na turma de 1962. 

13/12 16:41] Chicão - 👍 Então vamos embora... Esta pergunta eu já esperava e a acho muito legal.Um dos meus irmãos estava muito doente, e a minha mãe fez uma promessa de que se ele não morresse, ele iria ser padre quando fosse grande. Só que quando ele tinha 10 anos, e eu 9, ele disse que não iria ser padre de jeito nenhum, 
Pascoal, o irmão mais velho
que que não quis ser padre. 
Foto de 24/12/2018 (noite de 
Natal)
porque disseram pra ele que padre era capado. Então a minha mãe foi falar com o bispo para saber como proceder. Eu e ele fomos com ela. O bispo explicou para ela que não se poderia obrigar ninguém a ser padre, mas ela poderia arranjar outro que quisesse pagar a promessa por ele. Nesse momento a minha mãe me lançou um olhar de súplica, meus amigos, que até hoje não me saiu da memória. Antes de mais nada, eu tirei qualquer dúvida sobre a história da castração de padres... Mas eu confesso a vocês que pela minha mãe eu ia encarar de qualquer maneira.Bom, agora vamos a segunda parte da pergunta, não é? Depois que a minha mãe morreu, eu já fiquei desmotivado, acho que era por falta de vocação mesmo. Até que, nas férias de julho de 1963, o padre me chamou pra conversar e me disse que eu podia ir pra casa e ficar. Eu não sei, mas desconfio que, por eu ser muito amigo dos meninos menores, ele achava que eu queria namorar com eles. Ele não me disse isto, mas na hora em que me despedi dele, ele me disse que, quando eu chegasse aqui, arranjasse logo uma namorada...

Pergunta 3

Lulu - Sem dúvida, eu tive sorte de ser seu colega desde o primeiro ano, pois também entrei em 1959.  Mas você saiu um pouco depois, pois no meu caso já fiquei em casa no final do ano de 1962. Tive sorte porque você era engraçado, e é até hoje, e nos divertia muito. Fosse hoje, acho que você seria expulso já em 1959 por bullying. Mas naquele tempo tudo era diferente e sem muito drama, a gente colocava o apelido em todo novato, e você fazia as trovinhas. De uma eu me lembro bem, "Canin, canin...o samba é bom quando é cantado assim, canin".Então, a pergunta é: você se lembra dos apelidos e das trovinhas de sua ou de outras autorias?
Turma de 1961 - Chicão em evidência
 (clique para ampliar esta foto)



[13/12 20:55] Chicão: Ei, meu amigo, você tem razão... Mas as minhas brincadeiras nunca foram com a intenção de machucar nenhum colega. Elas sempre foram com a intenção de nos divertirmos. Era às custas dos outros, mas às vezes eu também era sacaneado e levava na esportiva, não era? Você lembra que teve um sacana que me apelidou de Cabaré? Eu acho que foi esse mesmo que me chamava de Maria Doida, porque eu amarrava uma camiseta na cabeça pra jogar pelada quando o campo estava molhado. Sim, eu me lembro direitinho dessas peripécias todas, mas o Canin foi você quem batizou o coitado, eu só fiz a melodia.
[13/12 18 20:56] Chicão: Depois eu vou continuar.
[14/12 02:21] Chicão: Pronto, voltei... É que chegou uma turma aqui e só saiu agora, e eu não pego nesse bagulho aqui quando estou com alguém. Mas voltando ao assunto, você também não era nenhum santo, não. Mas o apelido mais esquisito que teve foi o de um menino que a gente chamava de Cara de Bunda. Eu não sei se foi você ou eu quem o batizou. Eu sei que o Canin eu tinha batizado de Casqueta, depois o coitado apareceu com meias que só tinham o cano e você mudou o apelido dele. Meu amigo, a prosa está boa, mas a minha cama está ainda melhor. Boa noite. Vai mandando.

Pergunta 4


Lulu - Sei não, Chicão. Acho que sua memória não está lá essas coisas, ou será o efeito da loirinha? A fábrica de apelidos tinha três gerentes: Seoldo, Lídio e o saudoso Carraro. Acho que o Seoldo era o mentor intelectual. Eles eram criativos e logo colocavam rótulos nos novatos. Mas como crime por bullying prescreve em menos de 50 anos, estamos todos anistiados/perdoados. Por falar em apelidos, pergunto-lhe que lembranças você tem dos seguintes colegas: do primeiro Cutia (o saudoso Renato Botelho); do Pigmeu (onde estará!); e do saudoso Picolé... isto só para falar daqueles que nunca mais vimos.Fique você com a palavra.


Chicão:Deixa comigo! Eu fiquei sabendo que o Picolé derreteu. Ninguém quis chupar, então ele virou suco outra vez. Parece que o Cutia está por aí mesmo, só mudou de nome, e o Pigmeu cresceu e desapareceu. Isso é o que eu sei sobre esses colegas. E outro que sumiu foi o... que vocês chamavam de cara de b u n d a. Pois é, tinha uns apelidos escrotos, mas a gente não tinha culpa se o cara tinha aquela cara.

Pergunta 5:

Foto do texto "O aniversário de Campo Belo"
 (visualizar com nitidez clicando aqui)

Lulu - Quando, em outubro de 1961, você escreveu um excelente texto no nosso jornal O Repórter Crúzio (vide link abaixo), eu pensei cá com os meus botões (de futebol de mesa), essa cabra vai ser um jornalista ou escritor de mão cheia, mas isso não aconteceu, ao invés, você se tornou um eletricista requisitado. E, finalmente, vem a pergunta: na sua vida as coisas acontecerem por acaso ou você realmente viu que tinha uma vocação, e por isso o sucesso profissional?

[14/12 18 20:47] Chicão: muito obrigado pela pergunta, que eu até já esperava, e também pelo citado sucesso (eu ia colocar aspas no sucesso, mas eu não sei). Mas vamos falar da crônica que eu escrevi em 1961. Égua, meu amigo, eu não me lembrava mais desse negócio, mas eu acho que saiu legal
[14/12 21:21] Chicão: Eita, já errei outra vez! Você vê que não tem o ponto lá. Mas eu quero dizer que essa cabra é a mulher do bode. Quando for se referir a mim É ESSE cabra, tá!!! Mas vamos lá.Viu! Consegui botar os dois pontos... Mas vamos voltar ao assunto? Você vê que não tem nada de invenção. É tudo real (vou ficar devendo os acentos). Eu sempre tive essa facilidade para escrever, mas nunca pensei em ser escritor. O meu desejo, desde criança, foi trabalhar em algo que beneficiasse o povo e acho que fui muito feliz na escolha que fiz. Eu faria tudo do mesmo jeito. Não foi nada por acaso, foi planejado assim por que era o caminho mais rápido para ajudar o meu pai. E tenho dito.

Pergunta 6:


Lulu - Cara, eu também tenho direito de errar na datilografia, meu dedo é rombudo e a tecla é virtual. Esqueça o "essa cabra" que temos assuntos mais sérios a tratar do que o sexo dos caprinos. Simples demais, "foi tudo planejado pela necessidade de meu pai", acho que você deve ser o melhor exemplo de altruísmo de nossa turma. A maioria de nós, da EASO, tem uma marca: entramos porque a mãe queria ser padre e não podia, saímos porque a carne reclama uma mulher nova, bonita e carinhosa, como diz a música, para nos fazer gemer. Alguns, uns 6%, porque não acreditavam mais na religião. Quando não era o padre Humberto, que nos mandava para casa, eram as lingeries estendidas nos varais dos quintais de Campo Belo, uma tentação descomunal para quem tem 17 anos. Vê-se o pano, imagina-se o recheio. Alguns demoraram mais a sair, porque a pobreza, mesmo que disfarçada, era tanta que a família não teria como custear os estudos do filho fora de um colégio não subsidiado. Este é o nosso grande débito para com os Crúzios, um colégio do nível ao Dom Cabral ao preço de um Deus lhe pague.Finalmente, Chicão, gostaria que você me ajudasse a compreender esse quadro: fale-nos de sua percepção da realidade daquele tempo e do legado que levamos da EASO para nossas vidas.
[18/12 18 21:36] Chicão: Demorou, mas cá estou eu para continuarmos a nossa conversa. Meu caro Lulu, que bom que você já falou quase tudo


"Padre Humberto Nienhuis
 só antecipou um pouco
a minha  saída" .

[18/12 18 22:23] Chicão: P Q P ... Já errei a dedada outra vez... Mas vamos continuar: (viu, como eu já achei os dois pontos?) pois foi isso mesmo que aconteceu. Eu não teria como pagar os meus estudos e já estava quase certo de que o sacerdócio não seria o meu caminho, mas eu pensava em terminar pelo menos o curso ginasial e depois ir para casa, pois o meu pai havia casado de novo e as minhas irmãs me diziam que a coisa tava pegando por aqui. Então, pensando bem, eu acho que o padre Humberto só antecipou um pouco a minha saída.Mas Deus sabe o que faz e no final deu tudo certo. Assim o legado que tivemos para nossas vidas, como eu já disse uma vez,  no nosso primeiro encontro lá em Campo Belo, é que a EASO e os nossos queridos amigos padres não formaram muitos padres, mas formaram muitos bons cristãos.

pergunta 7

Siovani -  Fiquei intrigado com a palavra cubaciado que aparece na crônica,  se ainda se lembra, esclareça-a.

Bessa: a melhor prova

Chicão - Alô, meu amigo S i o v a n i. Rapaz, eu tentei escrever o teu nome mais de dez vezes e não consegui... Seria porque eu estava escrevendo com C? Meu camarada,agora eu acho que vai... Como é que está a nossa amiga R O S E? Manda um abraço pra ela, por favor. Quanto àquela palavra que você citou na pergunta, eu acho que foi um erro de digitação, talvez eu tenha escrito embaçado. Até porquê, depois eu falava que o tempo não estava bom naquela manhã, né?

Pergunta 8


Nonato - Você que continua militando como um bom apóstolo, no seu entendimento, diga-nos o que você acha que faltou no currículo educacional daquele seminário para despertar e até avivar a vocação daquela garotada? Faltou algum exemplo, algum carisma ou você acha que aquela forma de educação e direcionamento daria certo?  
 
Chicão - Olá, meu amigo Nonato... Como é que você está, meu parceiro velho de guerra? E a nossa amiga Nazaré, está bem? Manda um abraço pra ela, por favor. Então vamos lá com a pergunta 8:  na minha maneira de pensar, o sujeito que realmente tem vocação, seja a religiosa ou qualquer outra, supera qualquer dificuldade e acaba chegando lá. Quanto ao currículo, na minha opinião poderia ser aquele mesmo, se nós tivéssemos vocação. A melhor prova disso foi o nosso saudoso Antônio Bessa, você não acha?     

Pergunta 9     

Nonato - Qual dos nossos mestres você achava um bom exemplo a ser seguido ou que nos influenciasse na vocação?

Padre Marino, o centroavante, aqui como técnico do
 Santa Cruz . Chicão está à direita, em pé. 

Chicão - Esta é muito fácil, meu caro. O meu primeiro diretor, o nosso centroavante, Padre Marino. Mas, mesmo ele, não teria conseguido formar padres, nem a mim nem a você. Tô certo ou tô errado? Então, pronto... vai mandando.


Pergunta 10


Lulu - Chicão, gosto muito desta entrevista, porque você inova com respostas francas e diretas, sem perder o humor.Inspirado por ela, ocorre-me pensar numa nova modalidade de conversa online, tipo diálogo, com a participação de alguns colegas. O quê você acha desta ideia? Que sugestões você teria?

Ch
icão - Olá, meu caro Lulu... Você está gostando da entrevista, mas já está bolando uma nova modalidade?  Então não deve estar gostando muito, não.
Uma ideia que poderá ser interessante;
Quero agradecer por suas palavras elogiosas em relação a este amigo e acho que essa sua nova ideia poderá ser bem interessante, desde que haja colegas dispostos a ficar direto online (eu acho que esta palavra é separada), e que isso seja feito através de mensagens de voz, meu amigo. Porque se eu estiver participando, vocês vão ter que ter muito saco pra esperar eu digitar o bagulho.Muito embora, eu, fazendo uma autocrítica, acho que já fiz algum progresso... Então, se é que eu entendi o que você quis dizer, esta é a minha opinião. E pode mandar, meu camarada.

Lulu: Nota sobre a palavra online ou on-line (colada do Google)
On-line ou online. A forma preferencial de escrita da palavra é on-line, com hífen. A palavra online, sem hífen, embora seja frequentemente utilizada e se encontre dicionarizada nos dicionários de língua inglesa, não se encontra reconhecida no vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras.

Pergunta 11

[20/12 10:39] Lulu - Amigo Chicão, que perguntas você mesmo faria para o cidadão Francisco Sales e como as responderia? Fique à vontade e mostre a que veio.



[21/12 18 02:05] Chicão: Eu tenho um filho que quando escrevia alguma coisa errada, quando era criança e eu ia ajudá-lo nos trabalhos do colégio, e eu ia corrigir, ele me dizia: deu pra entender? Então vamos embora... Ele estava errado, é claro, mas agora eu digo a mesma coisa. Não se preocupe com a grafia das palavras inglesas, se deu pra entender, vamos adiante. Aliás, a Academia Brasileira de Letras nem tem que se meter. Mas eu agradeço a você pelo esclarecimento.Agora vamos à pergunta 11: (viu os dois pontinhos? é! aprendi, meu filho) há uma pergunta que eu me fiz quando o padre me mandou embora, mas eu, logo que cheguei aqui, em 1963, vi que teria a solução.A pergunta era: e se a mamãe não tivesse morrido? Porque, embora eu não tivesse prometido que eu iria ser padre, eu estava no seminário, e a esperança dela era que eu ia conseguir. E quando eu cheguei aqui e fui falar com o nosso vigário, ele me disse que se eu quisesse, ele me colocaria no seminário Pio X, aqui. Mas há outra pergunta que eu sempre me faço, que é: por que é que eu me importo tanto com a satisfação e o bem-estar dos outros? Muitas vezes faço coisas que eu detesto só para que as outras pessoas fiquem satisfeitas. E muitas vezes, pessoas que nem merecem. Eu sei que esse procedimento está de acordo com o Evangelho de Jesus, mas muito antes de eu saber que havia um livro sagrado, eu já era assim. Lá em casa, quando eu era criança, a gente só dormia em rede, e como nós éramos bem pobres, só havia uma rede de reserva para quando algum parente precisasse dormir lá. Acontecia, muitas vezes, que aparecia uma tia acompanhada do filho, e, aí, imagina quem ia pro chão.
[21/12 02:11] Chicão: Pqp... errei de novo a dedada. Mas a resposta é simples e curta: é coisa de índole, eu nasci assim.



Os crismandos.

Em esclarecimentos remetidos após o término da entrevista, Chicão nos enviou fotos relativas a seu trabalho como catequista. Então nós lhe fizemos algumas perguntas, e ele esclareceu como segue: "oi Lulu, meu amigo, boa tarde pra você e todos os nossos amigos...  Olha só, eu acho que você,  pelo pedido que me faz,  já me fez entender que sabe a resposta da pergunta feita.  Mas, para reforçar o seu entendimento, eu lhe digo que crismandos são os jovens, ou adultos também, que estão se preparando para se tornarem verdadeiros cristãos  (católicos praticantes) . São crismandos porque é através do sacramento da crisma e suas promessas que assumem esse compromisso.  Quanto ao pedido que o Nicodemo me faz, eu posso informar que já consegui vários catequistas, alguns coroinhas,  uns poucos guardas da paróquia, mas sacerdote, até agora, não tive o prazer encaminhar.  Mas todos os anos eu estou tentando". ...

Chicão completou em outra mensagem: “agora eu vou dizer uma coisa que não me perguntaram: assim como eu, a maioria dos meus amigos tem filhos formados, não é?  Pois é,  cada vez que sai uma turma dessas,  para nós catequistas, é como se fosse um filho nosso se formando.  É... Eles se tornam os nossos filhos espirituais.  É muito gratificante mesmo”...



44 crismandos do ano de 2017 (clique para ampliar a foto).

Equipe catequista de 2017: a partir 
A partir da esquerda Jessica,  Chicão,
 Ananda e a fotografa  Evelim