sábado, 11 de outubro de 2014

VI Encontro na Pai d'Égua Belém

 Por Siovani

Sexta-feira, 19 de setembro de 2014.

Um fato histórico de elevada grandeza foi registrado nesse dia nos anais paraenses:
"Descida da cauda da estrela do Pará, conforme fora anunciado há um ano pelos oráculos de Campo Belo, tomou de assalto o aeroporto de Belém uma legião de mineiros encanecidos,travestida de alegria, que convulsionou o saguão do lugar com abraços de efusivos reencontros.Os mineiros desembarcados foram recebidos no local pelos amigos paraenses que propiciaram a alegre recepção. No meio do burburinho acalorado ouviu-se em alta voz um surpreso espectador, talvez versado em latim, exclamar:

- Um verdadeiro Val-de-Cans!

Pela importância do fato e pela apropriada imagem que retratava as muitas cãs em alvoroço, deu-se ao aeroporto e ao bairro o nome de Val-de-Cans, que resistiu pela história dos últimos 300 anos da capital do estado." (Notícia transcrita do popularíssimo jornal Diário de Nazaré, edição de 14 de outubro de 1708.)

Sob os auspícios dessa curiosa notícia propagada pela internet, esta moderníssima mídia de elevada credibilidade, que trazia um misterioso hiato no espaço-tempo, começou o nosso VI Encontro em Belém. Mas as peripécias do tempo não se limitaram ao narrado, com efeito, uma bolha de um ano, carregada de mazelas políticas e outros achincalhes, foi criada ligando o término do Encontro anterior a este. Como o agora é uma simples imagem atrasada do passado,ilusão dos nossos olhos que só enxergam o que já não mais existe, suprimida a bolha, no contínuo do espaço-tempo permanecemos no mundo onde a amizade é rainha e condutora suprema.

Findos os abraços, fomos todos os mineiros para o mesmo hotel, Grão Pará, em frente à Praça da República, já com a obrigação de estarmos às dezessete horas prontos para iniciar os compromissos com Belém. Um pouco de tumulto houve para conseguirmos estar prontos à tal hora, mas com certo atraso, que nada prejudicou, seguimos para a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, onde assistiríamos à missa das dezoito horas. Grata surpresa já nos esperava no ônibus quando se nos apresentou o guia da Valeverde Turismo que nos acompanharia por todos os eventos na cidade, Guilherme Martins. Muito mais que um guia, ele logo nos revelou seus dons de cantor entoando uma canção em homenagem à Senhora de Nazaré.

                                                   (Fafá de Belém cantando Vós Sois O Lírio Mimoso)

E ali mesmo no ônibus começou nossa imersão na cultura paraense pela história da imagem
de Nossa Senhora de Nazaré. O pequeno ícone foi achado em 1700 pelo caboclo Plácido no local onde hoje se ergue a Basílica. Conta-se que o caboclo levou a imagem para sua casa e no dia seguinte ela havia desaparecido. Voltando ao lugar onde a encontrara, lá estava a imagem. Recolhida novamente em sua casa tornou a desaparecer e a reaparecer no local original, repetindo-se o fato por diversas vezes até que foi ali construída uma capela. Posteriormente a capela deu lugar a uma igreja que,por sua vez, foi substituída no início do século 20 pela atual basílica.

Fomos ainda apresentados à história do Círio de Nazaré e da corda que puxa a Berlinda que carrega a imagem: durante a procissão de 1855 o carro ficou atolado devido a uma forte chuva; arranjou-se uma grande corda e os fiéis puxaram a Berlinda; posteriormente a corda foi
incorporada às festividades como um elo entre os fiéis e Nossa Senhora de Nazaré.

Neste ano a corda confeccionada em Santa Catarina chegou em Belém no dia 24 de setembro. Confeccionada de sisal, ela tem oitocentos metros e um diâmetro de cinco centímetros, e será dividida em dois pedaços de quatrocentos metros:um deles será usado na Trasladação e a outra metade na grande romaria do domingo, dia 12 de outubro. A festa ocorre no segundo domingo de outubro, que neste ano coincide com a outra grande festa católica de Nossa Senhora Aparecida.
Tour virtual pela basílica
(Atenção: para entrar na basílica e
posteriormente para entrar em
 qualquer área, clique no Sn)
E quando entramos na belíssima Basílica a luz do sol ainda invadia os vitrais franceses que circundam a parte alta do templo colorindo todo o recinto com aquele ar místico que envolve os fiéis em profunda imersão, e pouco a pouco foi se apagando, e já assistimos à missa à luz das lâmpadas, que não menos embelezava nossos olhos de admiração. Mais uma vez comprovando a"importância do nosso Encontro para o povo paraense", a missa foi transmitida pela TV Nazaré. Por televisores postados ao longo da igreja podíamos acompanhar as imagens que eram levadas aos fiéis distantes. Antes do início do rito uma senhora leu uma interminável lista de nomes e dedicações daquela missa, entre eles o nosso grupo easista, atestando a enorme dedicação do povo paraense a sua Virgem de Nazaré. 


Finda a missa dirigimo-nos ao Alfajor Buffet, local onde os anfitriões paraenses nos brindaram com um coquetel e um jantar. Como está se tornando costume, que conclamamos mister seja definitivamente abolido, o grupo de Juiz de Fora faltou a esse evento de abertura, com a ilustre exceção do Alfredo e esposa, Marina. De inusitado, a atitude do Edgard quando nos vimos na necessidade de atravessar uma rua sem sinal e faixa para pedestres: ele postou-se à frente de um ônibus, parando-o, e atravessamos a rua à frente dos carros espantados.

E a noite correu ligeira e agradável embalada pela música do Geraldo Braga, amigo do Nonato, ou seria melhor dizer, Geraldo Braga e Seus Teclados, que dedilhava e cantava músicas que nos faziam recordar momentos passados, e sem faltar a presença de artistas do nosso grupo como a Dita e o Chicão, casal de anfitriões paraenses que nos encantou: ela com sua bela voz, ele com a irreverência autêntica de exímio repentista com uma burlesca paródia da música Chico Mariê, satirizando a nossa seleção de futebol:

Desabafo de um Torcedor
                         F Sales (Chicão)
(Refrão)
Não sei o que dizer        
Não sei o que pensar
Mas essa copa do mundo
Dessa vez foi de amargar
Mas essa copa do mundo
Dessa vez foi de amargar

Eu não sei se tenho pena
Ou raiva do Felipão
Mas eu sei que o time dele
É um monte de bundão

Não se faz uma omelete
Sem ter os ovos na mão
E com um grupo de vedetes
Não se faz a seleção

Faltou raça faltou peito
Faltou garra faltou jeito
Lá na p...onte que partiu

Até pra bater os pênaltis
Foi aquela confusão
Tinha nêgo que chorava e dizia
Eu sou um ...bobão

Eu só gostei do goleiro
Que teve boa conduta
Mas teve por companheiro
Um bando de filhos da ...fruta

Sete a um pra Alemanha
Que não teve nem trabalho
Vão ser ruim desta maneira
Lá na casa do ... Barbalho

Se ferrou (com) a Holanda
Não ficou nem em terceiro
Três a zero e mais um baile
E um chute no traseiro.





E o jantar foi uma perfeita introdução à gastronomia paraense: camarão ao creme de pupunha, peixe ao tucupi, filé ao molho,mousse de bacuri, nuvem de cupuaçu.

O cansaço venceu-nos e fomos em busca dos lençóis, mas alguns ainda ouviram o Edgard entoar "Canzone Per Te", música italiana de Sérgio Endrigo que nos anos 60 venceu o festival de San Remo com interpretação de Roberto Carlos. Ele, o Edgard, ainda não revelara ao grupo os seus males, mas alguns que deles sabiam pensaram que ele o fazia como sua canção do cisne, mas como ele mesmo o negou,quero usar os versos abaixo da canção como uma promessa de estarmos juntos outras vezes:

"Perché giurare che sarà l'ultima volta
Il cuore non ti crederà"

(em tradução livre)
Porque se jurar que será a última vez
O coração não acreditará.)


Sábado, 20 de setembro.

O café-da-manhã já nos trouxe o atrasado grupo de Juiz de Fora ao nosso meio, além da presença do saudoso Marquinhos estampada no sorriso de etérea simpatia da Liana. Às dez horas, na verdade nem tão pontualmente assim, subimos novamente no ônibus que nos levaria para as docas, onde embarcaríamos para um passeio à ilha de Serituba. Também chegaram,vindos de Fortaleza, raios de juventude a fazerem mais resplandecentes as cãs, um filho do Alfredo e Marina. Neste encontro um bom número de novos amigos foram incorporados ao grupo, enriquecendo a diversão e a amizade.

Descemos nas docas, um belíssimo espaço onde antigos armazéns foram transformados em lojas e restaurantes,e com a excelente cervejaria Amazon Beer, que produz sua cerveja ali mesmo no local. Mas tudo isto só desfrutaríamos posteriormente, naquele momento tivemos que fazer, sob o sol do equador,que não se preocupou em mostrar gentilezas aos seus ilustres visitantes, uma fila para entrarmos no barco.

Mas eis-nos dentro do barco, finalmente à sombra, deslizando pelas águas da Baía do Guajará, vendo Belém se afastar vagarosamente.

Belém, vista a partir da Baía do Guajará

Por aquelas águas, durante as comemorações do Círio, centenas de embarcações acompanham o barco que conduz Nossa Senhora de Nazaré até o porto de Belém, em um percurso de aproximadamente cinco horas. Para informação aos incautos que queiram participar, os bilhetes para a procissão fluvial, embora ao preço de duzentos e sessenta reais, há muito já estão esgotados.


Mas fiquemos com o nosso grupo que faz uma romaria pela cultura paraense sob a regência da guia Ana Cristina, uma genuína viúva negra, em confissão dela própria, que enterrou cinco maridos. Só não entendi como conseguiu amarrar o sexto sob tal ameaça segura de morte. E o barco ia correndo pelas águas tranquilas da baía enquanto assistíamos a um show de músicas e danças paraenses apresentado pelo grupo Tribo dos Kayapós. Os ricos e sensuais ritmos do Norte, Carimbó, Lundu Marajoara, Marujadas de Bragança, entre outros, balançavam o barco nos pés do casal de bailarinos, que se apresentavam com vestimentas típicas.

Houve um momento em que o guia do nosso grupo, o Guilherme, contou a todos os turistas marinheiros de água-doce, sobre nossa história, desde o momento inicial em que o Rafael e o Nonato se puseram a nos caçar pelo mundo. E falou de tal maneira simpática e cativante, falando da amizade que nos une, e que muito além da amizade era uma fidedigna questão de amor, que olhando-se ao redor via-se diversos rostos transfigurados em emoção, as lágrimas correndo soltas. Ao meu lado, a Liana derretia-se.

  E fomos ainda apresentados a algumas das 39 ilhas que vivem sua exuberância amazônica entre as águas da baía, com nomes indígenas e curiosos: Jutuba, Cotijuba, Paquetá-Açu, Arapiranga... Ilhas cobertas de árvores, entrecortadas pelas casas dos caboclos, que do açaí abundante fazem sua principal fonte de energia, consumindo-o misturado à farinha de mandioca, sem açúcar, pois este dizem estragá-lo, acompanhado de peixe. E navegando pela baía podíamos apreciar diversos ribeirinhos com suas canoas, até mesmo crianças pequenas, que nos saudavam, sozinhas em suas pirogas naquelas águas imensas.

Apesar dos momentos em que foi necessário chamar a atenção dos afoitos turistas que acorriam precipitadamente para o mesmo lado do barco, levando perigo para seu equilíbrio, chegamos ao píer onde desembarcamos. Uma caminhada pelas margens do rio e da floresta levou-nos até a praia de Sirituba, não sem alguns danos, pois nossa amiga Cibele, esposa do Tião Coelho, sofreu uma queda e machucou o pé, o que lhe deu como companheiras duas muletas pelo resto do Encontro. Poucos se aventuraram pelo rio, pois a fome era mais importante a cuidar. Almoçamos de maneira despojada e a cerveja correu ligeira pelas mesas para amenizar o calor.

Voltamos ao barco, a maré havia baixado, o que deu às mulheres uma nova oportunidade para experimentarem uma nova aventura: enfrentar a tosca escada para descer a bordo, que felizmente todas venceram com espírito esportivo. O barco retornou a Belém já não com o mesmo brilho da ida, mas com muita música, até demais para alguns mais sensíveis ao som muito alto.

À noite pudemos apreciar a Estação das Docas. Na Amazon Beer provamos a cerveja Stout Açaí, cerveja escura de alto teor alcoólico, vencedora do Festival Brasileiro da Cerveja deste ano como a melhor cerveja artesanal do Brasil, bem como a Forest Bacuri, mais leve, grande preferida do público feminino. Fizemos ainda uma viagem gastronômica no Spazzio Verdi onde o Pato a Tucupi estava delicioso. E por fim não pode faltar o sorvete de frutas típicas.

O cansaço era o nosso fiel companheiro na volta ao hotel para uma noite de sono, pois o dia seguinte também prometia muitas descobertas.


Domingo, 21 de setembro.

O atraso no embarque do dia começou agitado, pois um casal do grupo ficou preso no elevador do hotel. Após alguns minutos de ansiedade foram resgatados sem nenhum dano aparente.
Saímos novamente de Belém em direção à terra de Antônio Araújo Bessa, o Padre Bessa, o único exemplar dos easistas que se ordenou. Grande amigo do Seoldo, este fez questão de ir conhecer o lugar onde o Bessa nasceu,a Vila de São Jorge, naqueles tempos conhecida como Dezoito (neste blog existe um texto do Seoldo homenageando o amigo, ver em http://encontristasdaeaso.blogspot.com.br/search?q=bessa).

Uma vila pequena no interior do Pará: para nós, vindos de tão longe, uma quase surpresa em encontrar gente morando perdida em tais paragens. Conhecemos a igreja onde o Padre Bessa foi vigário, a casa paroquial e um seu sobrinho. Ali na igreja foram feitas as homenagens ao amigo que se foi tão cedo, menos de dois anos após sua ordenação.


Em frente à casa paroquial um pé de jambo nos atraía como antigamente aos antigos seminaristas famintos de novidades, principalmente as gustativas, mas no atual peso das barrigas nenhum se aventurou a subir nos galhos atrás das suculentas, apenas foram feitas algumas tentativas de catar as frutas puxando os galhos. E voltamos ao ônibus para seguir para o sítio do Nonato, que não ficava muito distante, no município de Santa Maria do Pará.

Maravilha! Chegamos no sítio onde nos sentimos os noivos de uma bela noiva toda de branco. As árvores com seus troncos caiados transpiravam harmonia com o verde fresco das folhas. Relaxante! Acolhedor! Gostoso! Ouvia-se!

  Tapioca! Cuscuz! Sucos! A água fresca também virou iguaria! Linguiça boa apimentada na brasa e coxinha de frango!

Descemos para o que chamam por lá de igarapé, um riacho, onde a corrente foi represada formando uma piscina natural. O sol por entre as folhas das árvores coloria aqueles barrigudos que se juntaram em roda dentro da água para contar piadas. Agora, sem a presença dos coices vigilantes do Pe.Humberto, as piadas já não eram mais tão inocentes.

E tome cerveja! E baciada de caranguejo! E baciada de camarão! Melhor assim, sem falar muito, só interjeições de contentamento! E ainda houve almoço!

E o papo se espalhou em volta das mesas que tomavam a varanda da casa. Um grupo começou a contar as histórias das formações dos casais que lá estavam: como se conheceram, o namoro, o casamento. Confidências que nos fazem cada vez mais amigos ao penetrarmos mais fundo nas intimidades uns dos outros. Depois apareceram redes onde alguns se desligaram de vez, deixando os roncos competirem com a algazarra das conversas. No campeonato em que reservadamente inscrevemosos distintos dorminhocos, o Santana levou a taça com distinção.

Mas chegou a hora de partirmos e voltarmos a Belém. Ainda ganhei como recordação uns beijos de amor de umas lava-pés que deixaram meus pés em fogo.

Neste momento é bom abrir um parêntese para agradecer a acolhida que os paraenses nos deram, em especial ao Nonato e à Nazaré, que nada economizaram para nos propiciarem um Encontro onde a alegria fosse a única lembrança. E não houve economia nem de tempo, nem de lar, nem financeira, nem de gentilezas e carinhos. À Dita e ao Chicão temos a agradecer a alegria, a versatilidade e competência de grandes artistas que são e que nos propiciaram muitos divertidos momentos. Ao Tupi e a Marina pela presença de conhecedores de Belém e pela ajuda que sempre estiveram dispostos a prestar. Muitíssimo obrigado!!!


Segunda-feira, 22 de setembro.

A segunda-feira nos levou a Icoaraci, local de onde partem os barcos na procissão fluvial do Círio e maior centro de produção de cerâmicas das culturas marajoaras, tapajônicas e Maracá. Mas da agitação de tantos barcos que tumultuam a baía naquela data nada se via, somente a placidez das leves ondinhas que corriam pelas águas iluminadas pelo sol dos trópicos, aliás, o nome Icoaraci alguns pretendem que significa "de frente para o sol", enquanto também se ouve dizer "mãe de todas as águas", de qualquer maneira, muita água e muito sol.

Antes de irmos admirar a paisagem da orla fluvial estivemos na olaria do Sr. José Anísio e fomos surpreendidos pela beleza das peças que lá se encontravam em exposição. Os olhos aturdidos por tamanhas belezas ainda ficaram mais estupefatos quando pudemos acompanhar as mãos habilidosas do oleiro a moldar um vaso: daquela massa informe de argila socada e amassada, pouco a pouco tomando forma, ora parecendo que tudo se desmoronava para retomar de imediato uma forma ainda mais elaborada, girando continuamente no mesmo ritmo pela ação dos pés, transformando o giro da roda em anéis que desenhavam a curvilínea forma do vaso, girando... girando...

Enquanto moldava o vaso o oleiro nos contava detalhes de sua vida, sem se descuidar da sua obra, e sabedor da sua valia comentava que na sua terra não lhe davam valor, e se estivesse no hemisfério norte decerto estaria rico. Falou-nos de alguém que tendo plantado em um vaso de plástico reclamou que a planta murchara, e completou com ironia: o que poderia querer de outro se a planta e a terra não podiam respirar como num vaso de barro. E falando de modo tão simples, sem esconder uma sabedoria inata, despertou em todos simpatia e admiração.

Feitas as compras, reencontrada a Fátima, que o Santana perdera e não dava notícia do seu destino, seguimos para a orla do rio que nos aguardava com uma feirinha de mais cerâmicas e outros artefatos, onde ainda se gastou um pouco mais, mas chega de compras. Seguimos pela orla para onde barracas nos espreitavam com os cocos afogados no gelo esperando com avidez. Sentados à sombra, o rio sacudindo levemente as águas e os nossos olhares bamboleantes, a paisagem entrecortada pelas ilhas ao longe, e com o sol desenhando caprichosamente sobre as águas com um pincel feito das sombras das nuvens... ah! que bambeza...

O guia lembrou-se de nos acordar para nos levar para o almoço no restaurante Espaço Verdi, não nas docas, como já havíamos provado, mas na casa matriz, muito maior, onde a variedade de pratos aturdia o desejo de provar tantas belezas que prometiam. O prato para o serviço era enorme, o que já podia causar enganos à capacidade da fome, mas o Seoldo não se fez de cuidados, parava em cada iguaria e acomodava mais um pedaço no prato. Peixes, carnes, camarão, bacalhau, como deixar de provar algum? Resultado: a balança quase não acreditou que tinha de registrar um quilo e meio. Só espero que ele não saia divulgando para os seus amigos americanos que a comida no Brasil é muito cara!



Terça-feira, 23 de setembro.

A terça-feira nos prometera um city-tour por Belém. Saímos novamente no ônibus, conduzido pelo Cláudio como em todos os dias, novamente em direção às docas. Dali, um pouco à frente, fomos ao mercado Ver-o-peso, a maior feira ao ar livre da América Latina.

De um antigo posto de fiscalização, denominado Casa de Haver o Peso, originou-se o nome do mercado, que aliás são muitos: o Mercado de Ferro, o Mercado de Carne, o Mercado de Peixe. Ambiente perfeito para conhecer a diversidade dos produtos que fazem parte da mesa paraense: as frutas pouco conhecidas no sul, tais como o cupuaçu, abricó-do-pará, taperebá, bacuri estão presentes in natura, em sucos e em doces; plantas medicinais para curar do lumbago a um simples mal de amor; camarões de todos os tamanhos e peixes; artesanato e roupas.

Seguimos a orla em direção à Cidade Velha, bairro antigo de Belém, onde a cidade nasceu. Ali visitamos a Catedral da Sé, que apresenta um dos interiores dos mais bonitos que já pude contemplar, onde a arquitetura se harmoniza com as diversas obras de arte e as luzes. Ainda tivemos a alegria de ouvir o enorme e antigo órgão soar uma música.


Tour pela Catedral
Siga às setas para entrar na Catedral e em suas diversas
áreas.
Ali ao lado da catedral visitamos o Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém, ou Forte do Presépio, onde se descortina uma maravilhosa vista da baía, tendo em primeiro plano o Mercado de Ferro do Ver-o-Peso.

Mas o nosso tempo com a Valeverde Turismo acabou e fomos levados de volta ao hotel.

Ao cair da tarde dirigimo-nos, eu e a Rose, junto com o Santana e a Fátima, à casa do Nonato, pois, como deixaríamos Belém no dia seguinte, o amabilíssimo casal anfitrião convidou-nos para conhecer sua morada. Lá tivemos a oportunidade de conhecer os seus netos, bem como o filho, também coronel-bombeiro, que ainda não conhecêramos. Trocamos ao redor de uma mesa de lanche as conversas corriqueiras. No caminho de volta ao hotel, o Santana e o Nonato agarraram uma discussão política, onde cada um jogava na ponta extrema, e da qual me abstive, um tanto por não escutar direito por estar no banco de trás, outro tanto por não gostar de assuntos de atiçar marimbondos.

Despedimo-nos, então, do casal que nos propiciou tão agradáveis momentos, agradecendo por todas as gentilezas que nos cumularam durante a nossa estadia. No dia seguinte, enquanto a corda do Círio chegava a Belém, deixamos os amigos e o Val-de-Cans.

E aqui entrego a pena ao Seoldo para continuar a narrativa do VI Encontro.
















 [LA1]Ficou muito bema inserção  do link para o tour virtual pela Catedral

11 comentários:

  1. É sempre muito gratificante apreciar a arte do Siovani. Ele consegue, com maestria, transformar fatos simples, corriqueiros, em verdadeiros eventos. Grande Siovani ! Quero aproveitar a oportunidade para dar um sugestão. Nossos encontros, como ficou decidido na nossa reunião na casa do Raimundo passa, a partir desse ano a tomar uma nova característica. Deixa de ser apenas um encontro entre amigos em Campo Belo, para se tornar algo mais sofisticado: passa a ser, também, um oportunidade de fazermos, juntos, turismo. Assim sendo, creio ser oportuno que criemos um grupo, para, durante o ano, examinar possibilidades de bons locais para irmos no ano seguinte, inclusive com uma "demonstração" de valores, e apresentar as sugestões que serão escolhidas no voto. Alguns de nossos amigos têm alguma experiência em turismo, por exemplo O Raimundo, Siovani o Lulu, o Tupy, entre outros. Criaríamos, com três ou quatro nomes, uma Comissão. Abraços a todos - Benone

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  2. Parece-me que há pouca animação para o próximo encontro, nenhuma resposta ao comentário do Benone! Acho que devemos começar a pensar logo no que será, já que nada ficou decidido na última reunião.
    Há uma possibilidade ainda não aventada: um Cruzeiro.
    Verificando as ofertas existentes neste ano (só olhando as propagandas, sem pesquisa mais profunda) encontra-se ofertas de pequenos cruzeiros, exemplos, Búzios, Rio, Ilhabela, Rio-Santos, de 4 a 8 dias, cujos preços podem ser encontrados até mesmo abaixo de R999,99 por pessoa, lembrando que toda a alimentação e eventos são livres de despesas.
    Embora tenha descartado até hoje fazer tal programa, junto ao nosso grupo parece-me que seria bem divertido.
    Siovani

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    1. Também estou surpreso com o desinteresse do grupo. A propósito, uma das sugestões apresentadas em nossa reunião para decidir o próximo Encontro foi Bonito que é, sem dúvida, um dos pontos turísticos mais importantes do Pais. Naquela ocasião a sugestão foi descartada quando se disse que, o mes de setembro, por ser período de alta temporada, os preços seriam muito altos. Vou transcrever oferta da CVC para o mes de outubro - Jornal Estado de São Paulo do dia 05/10/14 - BONITO - 8 dias - Saidas diárias - Inclui passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/aeroporto, hospedagem no hotel Lucca Hotel Pousada, com café da manhãe visita a gruta de São Miiguel - a partir de R$990,00 ou 10 X 99,00 - 8 dias - Abraços a todos

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    2. Na verdade, foi feita, sim meu amigo Sionani, a escolha para o próximo Encontro: Morretes, no Paraná. Sugestão do Lua. Abrços

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  3. De fato, o Benone lembrou bem: durante o jantar de encerramento do Encontro pai d'Égua, o Lua propôs e o grupo aprovou a cidade de Morretes, Paraná, como ponto do próximo Encontro (sempre coloco a palavra Encontro iniciada por maiúsculo em deferência a sugestão feita pelo saudoso Marquinhos). O Siovani não podia saber disso, pois esteve ausente nesse jantar, já que os deveres o levaram para BH um pouco antes, e o Seoldo ainda não deu continuidade às narrativas que tão bem descreveram os primeiros dias do Encontro. Então, cabe-nos apontar para Morretes e pensar em como organizar nosso Encontro lá, e pelo interesse, acho que temos três bons candidatos a coordenadores: o Lua que propôs, O Siovani que cutucou e o Benone que lembrou.

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  4. De acordo com minhas anotacoes para o sumario do Encontro, ficou sugerido por Lua o local Morretes, mas nao ficou oficialmente aprovado pelo grupo (nestas alturas ainda nao tinha bebido nada!!!). O sumario deste dia ja esta quase pronto e oportunamente sera publicado... Um pouquinho de paciencia e respeito para com os mais velhos e' bom... Dizem que a pressa foi feita para o diabo! Para que tanta pressa se acabamos de entrar agora na ERA ANTHROPOCENE? Paz para todos. "Nao passem o carro na frente dos bois".

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  5. Seoldo, acho que a maioria aprovou Morretes como o local do próximo Encontro, mas peço ajuda ao Rafael, que conduziu o processo decisório. Então, Rafael, você sacramenta a decisão, ou seja, você acha que os bois estão no lugar de sempre ou o carro realmente descarrilhou?

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  6. José Geraldo Assunção20 de outubro de 2014 às 14:53

    Ei pessoal!.. Não é falta de interesse, eu ainda estou meio perdido no tempo, emendei o Encontro (sugestão do Lulú) com férias e só agora estou retornando à vida normal.Também acho que ficou aprovado Morretes.
    Abraço a todos.

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  7. Raimundo Nonato da Costa20 de outubro de 2014 às 18:29

    Como disse o Seoldo, não passem o carro na frente dos bois e eu digo, vamos de vagar que o santo é de barro! No primeiro comentário, o Benone está dizendo: que ficou decidido, na reunião aqui em casa , que nossos Encontros, a partir deste ano vai tomar uma nova característica, deixa de ser de ser apenas um encontro entre amigos em Campo Belo, para se tornar algo mais sofisticado, passando a ser uma oportunidade para fazermos turismo. Caros encontristas e queridos amigos, me corrijam se eu estiver errado mas não ficou nada decidido neste sentido. Debatemos sim onde seria o próximo encontro , que depois de tantas sugestões foi acatada a uma sugestão do Walter Caetano ,o Lua que seria em MORRETES PR. Meus caros, quero lembrar que os organizadores do primeiro encontro se motivaram e o organizaram visando um propósito que seria reunir os ex-seminaristas da ESCOLA APOSTÓLICA SANTA ODÍLIA, Seminário dos Crúzios, em nosso Colégio em Campo Belo, onde vivemos uma parte de nossas vidas, onde tivemos inicio uma boa educação, onde começamos a nos desenvolver e seria para revivermos e lembar-nos daqueles tempos, contando causos, brincando e até fazendo aqueles passeios que costumávamos fazer... Nossos Encontros são muito bons, e é interessante que façamos turismo juntos, mas nos desvincular de nossas origens eu não concordarei jamais, além do mais em Campo Belo, ainda tem Crúzios e não se esqueçam que nos conhecemos sob o Sinal da CRUZ. Portanto, não nos desvinculemos de nosso Colégio em Campo Belo, vamos nos reunir sempre lá e oportunamente fazermos turismo.

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  8. Meu amigo Raimundo, inicialmente gostaria de agradecer à equipe ( você, Chicão e Tupy - será que estou esquecendo de citar algum nome ? ) que organizou e sei que falo em nome de todos os nossos amigos, o excelente Encontro de Belém e em especial a você e à Nazaré pelas carinhosas recepções em seu sítio e em sua residência. Quanto a Campo Belo, onde já estivemos 4 vezes, a decisão da maioria foi que faríamos outras opções de locais. O seu apoio a esta decisão seria de grande importância para o grupo. Abraços - Benone

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  9. Benone, acho que podemos voltar a discutir esse assunto no próximo Encontro de forma a buscar uma decisão de agrado geral. Talvez por ser o anfitrião nesse último Encontro de Belém, com as preocupações de servir bem, como o fez, o amigo Nonato não tenha sido, por cortesia, enfático o suficiente ao colocar suas razões e nos convencer. Acho que o Nonato nem teve muito tempo para participar das discussões, estava centrado no bem servir. Os primeiros organizadores dos Encontros, incluindo você, merecem ser ouvidos à exaustão, pois uma boa decisão passa por isso. Essa é minha opinião...

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