quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Festa junina de 1962

Foto 117 - Aconteceu  em Campo Belo, Minas Gerais

O noivo empacou. Com um Saratoga pendurado no beiço, chapéu de palha atolado na cabeça,  barbinha rala, costeleta baixa e fina, bigode enviesado, uma triste figura, mas renitente o suficiente para criar caso, como criou ao gritar para todo mundo ouvir: “Eu não me caso mais! Sem dote, eu nãaaao caso! A noiva, a senhorita Edmais, espantou-se de tamanho descaramento; “Eu hem! Onde fui amarrar a minha égua! Rapaz interesseiro este Mancebo ”.  O padre Roguete não gostou de ver o noivo, em ocasião tão cerimoniosa, com um cigarro na boca e ralhou com força: ”Poxa! Vamos acabar com essa regalia, em terra além-mar isso não é aturado. Noivo pode fumar onde quiser, mas na frente dos convidados não. Absurdooooo.... é abuso demais!"  A noiva fez um muxoxo e um “ah!” estalado, sinal de desprezo máximo, que se podia ouvir longe, e disse: “Seu padre, agora eu sei, este bronco vai me deixar na mão, logo hoje, o dia que seria o mais feliz da minha vida! Grande safado, não é?” O noivo, inabalável, esticou  o braço e com  a mão aberta para o lado do padre e debochou: “Seu padre, pode tirar o cavalinho da chuva, sem a gaita na mão, nada de casório!”.
E a perlenga entrou noite adentro e varou madrugada.  
Agora vocês me digam: quem é o noivo? quem é a noiva?  e o padre, de onde é?

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Créditos: foto enviada por Edgard Miranda Alfenas para o encontro de 2008.

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