segunda-feira, 25 de julho de 2011

Entrevista com Seoldo

Entrevistado: Geraldo Hélcio Seoldo Rodrigues (69)
Período no seminário: 1956-1967
Formação acadêmica: Letras/Filosofia/Agronomia
Países onde morou: Brasil, Colômbia, Itália e Estados Unidos.
Países que visitou: Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Suiça, Franca, Espanha, Portugal, Ilhas Canárias, Canadá e México.

Apresentação
Nós, os ex-seminaristas da EASO, poderíamos ser classificados segundo algumas características: alguns têm uma excelente memória para recompor a história da época em que estudaram no seminário, outros se destacam pelas saudades daquelas amizades tecidas no convívio inocente e quase ingênuo do internato, e há, ainda, os que têm o dom de relembrar e descrever com humor as atitudes dos padres, as brincadeiras dos colegas mais sapecas e os fatos pitorescos ocorridos naquele tempo. O entrevistado desta postagem reúne todas essas características e a isso soma uma maneira franca e honesta de descrever seus sentimentos. Suas palavras nos colocam frente a um ser concreto, de carne e osso, que habita um planeta real, de chão e céu, e que percorreu, até agora, uma interessante trajetória em busca da felicidade durante a qual não deixou de reconhecer “tu és pó”. Seoldo não habita os extremos, não se gaba nem desvaloriza seus méritos, não esconde que precisou de ajuda, que teve dificuldades, que a luta foi uma constante, mas que admite, quando escolhe as frases que assinaria,  que “este mundo é bonito”.  E pelas palavras e fotos que nos enviou, nosso entrevistado reconhece a beleza dentro e fora de sua casa: dentro de casa, a família que é a única amarra que os impede de voltar para o Brasil, família, essa, que encontra esteio e suporte em sua grande companheira de jornada, a esposa Judith, juntos “deixaram muita poeira para trás”; fora de sua casa, a amizade que cultivou ao longo de sua trajetória, a visão de um deserto bonito e cheio de vida. “Um deserto ou um jardim?”, perguntamo-nos.
Ao Seoldo, colega que viveu onze anos no seminário e que foi contemporâneo de quase todos nós, goleador de nosso futebol, articulista mirim do Jornalzinho O REPÓRTER CRÚZIO, deixamos o nosso agradecimento por esta entrevista e por nos fazer refletir.

 

Em pé, a partir da esquerda: Judith, Nathalie e sua filha Harper no colo e
Tiffany. Primeira fila, a partir da esquerda: Antônio, Seoldo, Clint, André
e Santino

Família: Judith B. Seoldo (Esposa) Casamento: 29/09/1973 André A.B.Seoldo (Filho casado com Tiffany; 2 filhos : Antônio (6 anos);  Santino (3 anos); Nathalie R. S. Hinman (Filha casada com Clint, 1 filha : Harper(2 anos)
Nota: Tenho um irmão que mora em Lavras, outro em São Paulo e uma Irmã no Rio.   Meus pais já faleceram.




Colagem de fotos da família: da esquerda para a direita:  André, Antônio , Tiffany e  Santino, Natalhie, Harper e Clint, Seoldo, Harper e Judith . (Clique na foto para ampliá-la).


PERFIL

HOBBY: Colecionar moedas, sobretudo as de 25 centavos do dólar, representados os estados e também suas belezas naturais. Mais tarde passarei para os netos...
MÚSICAS: Quase todas listadas no Blog do Marquinhos e mais a Sinfonia #40 de Mozart e mais alguns forrós nordestinos e umas cumbias colombianas… entre outras…

FILMES: English Patient, Dance with the Wolves, The Godfather, Central Station, Vidas Secas, entre outros…e documentários científicos

PASSEIOS: Muitos acampamentos nos parques do estados de Nova Iorque e Arizona… Viagens de carro nos Estados Unidos visitando amigos e parentes da esposa, do filho e da filha…


Minha família me inspira, sobretudo os netos: Harper,
Antônio e Santino (clique na colagem para ampliá-la).
PESSOAS QUE ME INSPIRAM: minha família, sobretudo os netos. Há muitas pessoas que admiro como o Tupy, o Marquinhos, o Lulu, o Rafael, o Nonato, todos responsáveis por este Blog que me dá a oportunidade de expressar-me… outros que admiro e respeito, como, Padre Tiago, Ex-Padre Antônio, Richard Barton (Pastor Metodista), Adalgiza de Oliveira (minha afilhada de casamento que vive em Pindorama, AL.), João Batista Lima (colega de trabalho em Pindorama e ex-seminarista de Diamantina) … e dois casais muito amigos nossos: Hank / Marilene/ Atha (Tucson, AZ) e Arnaldo / Ines Machado (Belo Horizonte)... Pessoas que já faleceram, mas que são constantemente lembradas: meus pais, meu irmão Lézio, Padre Agostinho, Carraro, Bessa, Renê Bertholet (Fundador de Pindorama), meus sogros Raymond e Gertrude… entre outros.

LEITURA DE PREFERÊNCIA: Jornal local, resumo das notícias do Brasil, leitura de revistas científicas

CITAÇÕES QUE ASSINARIA EMBAIXO: “Dá a Deus o que é de Deus, e o resto que sobrar divida igualzinho com cada um”; “Nem tudo que reluz é ouro”; “Tu és pó e em pó tu hás de tornar”; “Só há uma solução para um problema: a certa é a minha. E ambas são a mesma.”; “O homem sem dinheiro é o diabo; o homem com dinheiro é o diabo também. Então, é melhor ser o diabo com dinheiro.”; “Quem fala muito, erra muito; quem fala pouco, erra pouco; e o silêncio ajuda a errar menos.”; “Você é filho do Universo; tão importante como as árvores e as estrelas; você tem o direito de estar aqui.”; “Apesar de todas as sem-vergonhices, safadezas e sonhos não realizados, este mundo ainda é muito bonito”.
CITAÇÕES QUE NÃO ASSINARIA: “Cão que ladra não morde.”; “O sol nasce para todos, mas as sombras são para os ricos.” (Tanto mexicano pobre aqui que não sai da sombra!)
VIDA PROFISSIONAL: Embora com o grande título de Pesquisador Agrícola, passei toda minha vida profissional dedicando-me a educação básica, quer trabalhando em Belo Horizonte, quer no Projeto de Reforma Agrária em Pindorama/Alagoas, quer no Departamento de Correções do Estado de Nova Iorque. Muito difícil ser educador, isto é, tentar mudar os hábitos de pensar e agir de um indivíduo. Longa história… Foram muitos os desafios, mas conseguimos educar pelo menos nosso filho e nossa filha que hoje estão bem profissionalmente… Minha esposa e eu deixamos muita poeira para trás… Ela trabalhou como nutricionista em Saúde Publica como voluntária para o Corpo da Paz, para a Ajuda a Merenda Escolar e, para o Projeto Hope no Brasil: uma fundacão americana para promover intercâmbio de profissionais na área de saúde. Naquela época a fundacão tinha um navio hospital todo equipado que ficou ancorado em Maceió por 9 meses em 1973. Judith fazia parte da equipe que veio para Maceió em convênio com a Universidade Federal de Alagoas. Nossa recepcão do casamento foi no navio. (Link: Project HOPE). Judith trabalhou, também, para um programa de nutrição de gestantes e crianças até cinco anos de idade, aqui nos Estados Unidos. Meu filho se formou em Administração de Esportes. E minha filha é farmacêutica. Minha esposa e eu estamos aposentados, tomando conta da netinha Harper (ou melhor, Harpinha). Muito trabalho! Em resumo, trabalhei dois anos em Belo Horizonte, 10 anos em Pindorama, e quase 18 anos para o Departamento de Correções de Nova Iorque.
Seoldo na frente de sua casa (Tucson
18 de Julho de 2011) 
Durante os meus estudos aqui na Universidade de Arizona (1979-1988) fiz muitos “biscates”. Quem quiser nos visitar aqui em Tucson, Arizona, só tem que pagar a passagem de vinda e volta… o resto é conosco, ouviram? As portas estão abertas… muitas coisas interessantes para ver aqui, sobretudo quem gosta do Velho Oeste.
Trabalhei como carregador de cargas de caminhão de bebidas até a 1 hora da manhã; trabalhei em manutenção de quintais e irrigação de plantas ornamentais, além de cuidar do filho e da filha, que eram pequenos, enquanto a esposa estava no trabalho… Sofri mais do que sovaco de aleijado! Financeiramente, sempre estivemos no vermelho… ainda pagamos mensalidade da nossa casa. Aos poucos, os filhos estão pagando de volta

POLÍTICA: Às vezes penso que pertenço ao Partido dos Frustrados. Apesar de pensar como meu pai que todo político é ladrão e safado, sempre voto contente… Aqui votar não é obrigatório… há muita malandragem e safadeza… o dinheiro compra tudo. Moralidade é um conceito esquecido. É cobra engolindo cobra… mas como disse o ditado: “O povo tem o governo que merece”.


RELIGIOSIDADE: Fiz uma limpeza geral na mente e tento analisar a realidade observando os fatos e as coisas objetivamente, com muito menos emoções, ilusões, fantasias, medo, teatro… Acho que tenho coragem de aceitar meu destino dentro da ordem natural de que “Tu és pó e em pó tu hás de tornar”. Mas respeito muito a posição sincera de cada um.
Atualmente não frequento nenhuma igreja. Assim que a netinha crescer mais, vou procurar dar um apoio voluntário a uma organização com uma função social. Quero ajudar um pouco mais…                                                                                               

PERGUNTAS GERAIS

Blog dos Encontristas da EASO: fazendo uma retrospectiva da sua vida e do ser humano que você é atualmente, o que a EASO- Escola Apostólica Santa Odília significou nesse contexto? Qual a importância que ela teve para você? 
Seoldo: foi lá que aprendi a disciplina de conviver com vários e diferentes tipos de meninos e jovens e o valor de respeitar um regime com ordem, horário e regras. Trato de ser pontual em tudo (menos para responder esta entrevista); acho que o silêncio, sobretudo pela manhã, é importante para começar o dia… e mesmo pequenas coisas como arrumar sua cama, e como ser educado na mesa durante as refeições…
Para ouvir a primeira 
 música escolhida
 pelo Padre Marino
 (foto): clique aqui
Além do que mencionei acima, a importância maior foi me proporcionar a educação básica acadêmica até o segundo científico, a qual viria abrir outras portas adiante.
Blog dos Encontristas da EASO: quais as lembranças que você tem da EASO e das pessoas com as quais conviveu lá que são as mais marcantes e significativas para você.
Seoldo: fumaça de cigarros/charutos/cachimbos dos padres… Ouvir música clássica nos Sábados e Domingos escolhidas pelo Padre Marino (discos de 78 rotações), a primeira era sempre a Sinfonia #40 de Mozart.
Os passeios nos sítios e fazendas para chupar laranja e comer goiaba.
Os banhos na piscina na Praça de Esportes.                               
As aulas de latim do Padre Lucas… ”Alea jacta est”; “Carthago delenda est”;    “ Senatus Populusque Romanus”; “Tempus Fugit” ; “O Tempora, O Mores!!!”  “Miserere Nobis”. Mamma Mia!!!!
As idas para assistir aos jogos do Comercial e Sparta.
Carraro e Seoldo na aula
de ciência sob o olhar
atento do Padre Justino.
Os “ruídos suspeitosos” depois de apagar as luzes na hora de dormir. (Perguntem ao Lídio, Picolé, Aureliano, Canhão, e outros). 
Férias em Santana do Jacaré. Os teatros do Padre Antônio. Dar catecismo aos domingos no Morro do Cruzeiro, Jogar peladas e voleibol em frente do Ginásio. Campeonatos de jogos de botão (Muitas brigas. Pergunte, sobretudo, ao Marquinhos e ao Zé Geraldo). O nervosismo do Padre Lucas; as piadas do Padre Humberto; a chatice do Padre Clemente; a irritação do Padre Luís; o esnobismo do Padre Cornélio; as doidices do Padre Justino. Participação dos seminaristas na Semana Santa em Campo Belo. E por último, fumar escondido cigarros dos padres (marca Continental), etc.

Blog dos Encontristas da EASO: Para você, o que é ser bem-sucedido na vida?
Seoldo: entendo por bem-sucedido quando o peso dos positivos é constantemente maior do que dos negativos. Não é uma meta em si, mas um reajuste dinâmico durante toda a caminhada. Para mim é conceito subjetivo. (Curiosidade: bem-sucedido e malsucedido. Êta português!)



PERGUNTAS ESPECÍFICAS

Blog dos Encontristas da EASO: pindorama é um projeto de cooperativismo que deu certo. Você que trabalhou na educação do projeto poderia nos dizer qual foi a chave desse sucesso?
Seoldo: visão e liderança do fundador, o suíço Rene Bertholet juntamente com a aplicação eficaz de uma intensa ajuda estrangeira, tanto técnica como financeira. É uma história em si mesma. Vale a pena fazer uma visita. Fica a meia hora da foz do Rio São Francisco. Comprem sucos de fruta Pindorama! Há um site na Internet, link  Cooperativa de Pindorama ´- História.                                                                                                 

Blog dos Encontristas da EASO: existe alguma diferença entre o curso de agronomia no Brasil e nos Estados Unidos?
Seoldo: agronomia no Brasil envolve engenharia básica como Construção Rural, e Cursos de Zootecnia, de Sociologia Rural entre outros. Nos Estados Unidos, agronomia é mais concentrada nos cultivos de plantas em si. O CREA no Brasil exige cursos complementares para quem se forma em Agronomia aqui. Os meus cursos de mestrado e doutorado foram concentrados em Melhoramento Genético de Plantas (Forrageiras, especificamente a Alfafa). * vide link: Avaliação de cultivares de alfafa na região de Lavras MG

Blog dos Encontristas da EASO: em que esses cursos, de doutorado e mestrado, o ajudaram como professor no departamento de Correções nos Estados Unidos?
Seoldo: fui contratado pelo Departamento de Correções de Nova Iorque como professor de Ciências Básicas. Os cursos de ciências do mestrado e doutorado ajudaram nas credenciais para minha contratação. Na verdade, o que o Departamento queria era um professor bilíngue - espanhol/inglês. Em suma, foi uma espécie de jogada que fizeram para me contratar. Fui o único candidato para a vaga.

Blog dos Encontristas da EASO: como é (ou foi) sair de um seminário, passar por um projeto rural e depois ir morar nos Estados Unidos, em outras palavras, o que é migrar de um mundo mais espiritual, passando para um mundo laico pobre e rural, e depois ir viver no país mais capitalista, próspero e rico do mundo? Algum choque?
Seoldo: Sem dúvida foram decisões muito difíceis. No seminário havia muita pressão externa. A decisão de ir para o Nordeste talvez tenha sido a saída que vi para começar tudo de novo, longe… livre… uma pessoa nova apesar de toda a bagagem impossível de descartar.
A vinda para os Estados Unidos foi também muito difícil e dolorosa… Mas nestas alturas
eu não estava mais sozinho, tinha uma esposa, um filho e uma filha…foi muito duro!!!
Todavia não me arrependo.

Blog dos Encontristas da EASO: Além da família, o que o segura nos Estados Unidos? Alguma expectativa de voltar a morar no Brasil?
Seoldo: só a família nos amarra por aqui… Quero participar o máximo possível no desenvolvimento dos netos… Acredito que nestas alturas, na casa dos 70, sem maiores problemas de saúde, eu seria um pouco útil no Brasil. Mas é muito remota a possibilidade de eu voltar a morar no Brasil…Talvez, um dia, a metade do meu “pó”.

Outra nota: O retrato das montanhas, tirado daqui da
 nossa casa, mostra bem a neve no cimo (era inverno)
Blog dos Encontristas da EASO: Como é a região em que você mora hoje?
Seoldo: Região desértica… muito calor no verão (junho, julho e agosto). Meia hora de carro de onde moramos, podemos estar a quase 3.000 metros de altura… Quando cheguei aqui pela primeira vez, parecia que o avião estava chegando a outro planeta… Mas Arizona tem quatro regiões muito distintas de acordo com a elevação. Na região mais alta onde está o Grand Canyon, cai muita neve no inverno, é bem fria… Aqui onde moramos é região do Velho Oeste, muitas tradições dos índios, dos mexicanos e dos caubóis americanos… Vivemos a 80 km da fronteira com o México… muitos problemas com imigração e tráfico de drogas. Há muitos parques para acampamentos e piqueniques… A cidade de Tucson é muito espalhada e fácil de movimentar… É sede de uma enorme base aérea (muitos da FAB - Forca Aérea Brasileira vêm treinar aqui). Tem um cemitério de aviões usados que perde de vista… Só vindo aqui mesmo para ver de perto… Já estão convidados
As montanhas e o céu de Tucson
Blog dos Encontristas da EASO: você poderia nos enviar algumas fotos que ilustrem o clima que você descreveu acima? Que planta é essa parecida com um mandacaru gigante que a gente pode ver nas fotos do deserto?
Seoldo ao lado de um pé de
Saguaro, a poucos metros de
sua casa (Amplie esta foto
com um clique).

Lago Patagônia. Uma raridade!
Seoldo: fizemos um apanhado corrido de algumas fotos...da netinha, da nossa casa, do bairro, e da região. Todas as montanhas que você vê ficam aqui perto de Tucson... o lago fica a uns 60 Km (LAGO PATAGÔNIA -Uma raridade)... Mas tudo é melhor quando se vê de perto...O "mandacaru" gigante a que você refere, chama-se "Saguaro", muito popular aqui no deserto de Sonora. Os passarinhos fazem ninhos por todos os lados...
 No inverno, as vezes, a neve cobre até a metade das montanhas... Agricultura  por aqui é mais de frutas, sobretudo citros, castanhas, uvas,  alguns grãos, e algodão, e muita alfafa...Tudo irrigado....Há muita importacão de verduras e frutas do México

Outra nota enviadas pelo Seoldo: ai vão outras fotos tiradas no Sabino Canyon, uma area turistica situada nos pés das montanhas Catalinas , no norte de Tucson, mais ou menos 20 minutos daqui...você então terá uma ideia melhor do "Saguaro", que se parece com o seu cacto "mandacaru". Ele floresce uma vez por ano e dá um fruto muito apreciado e usado pelos indios para fazerem uma espécie de geleia e também vinho e melaço. Ele tem uma tradição muito grande ... é protegido e custa caro para colocar um em sua casa... Na foto à esquerda, nota-se uma parte da cidade de Tucson 

 O Gigantesco cactus Saguaro fornece ninhos às aves do deserto e funciona como "árvore". Éspecie: Carnegiea
gigantea. 
Perguntas enviadas por Antônio José Ferreira (Santana) que hoje mora em Lavras, MG: que lembranças você tem de Lavras? Você se lembra de alguns amigos ou ex-seminaristas que também moravam na cidade naquela época?       
                                                                              
Seoldo: Passei quase um ano em Lavras, MG, com uma bolsa da EMBRAPA. Praticamente estagiando/trabalhando como pesquisador testando variedades de alfafa, junto a ESAL (naquela época), no Departamento de Biologia, sobretudo com o Professor Magno e o Professor César, além de outros… também estava em contato com  os Professores Júlio César (falecido) e Ricardo da Zootecnia… Fiquei conhecendo Julio César aqui em Tucson, e foi ele que me apadrinhou para receber uma bolsa do CNPq e depois para ir para Lavras…Era um bom amigo! Outro motivo grande de ir para Lavras era que meus pais e meu irmão mais velho já moravam lá… Tudo deu certo… Passei num concurso para ensinar na Universidade Federal de Alagoas… mas a família que estava aqui nos Estados Unidos ganhou a parada. Isso tudo se passou entre 1988-1989. A inflação estava horrível e havia greves por toda a parte… Mas meus pais estão enterrados ai em Lavras, meu irmão ainda vive por ai… tenho duas sobrinhas bonitas e um sobrinho muito popular ai em Lavras (Seu nome é Thallys). Faça uma visita a LOJA MATERNITY ai na Praça que você fica sabendo mais… Também tenho uma sobrinha casada que mora em Varginha… Tenho outro irmão que mora em São Paulo, e uma Irmã, no Rio… Uma vez me encontrei com o Ataliba (veterinário) … foi o único. Andei visitando o Ázara em Campo Belo.

Santana, onde você assinava o ponto lá na ESAL? Sem dúvida devemos ter passado um pelo outro várias vezes… Que passeio bacana você e sua esposa fizeram lá pela Europa! Por que não dar uma subidinha até aqui? (Informação do editor: o entrevistado não foi informado antecipadamente que o Santana ainda não residia em Lavras naquele ano).

Saudações e abraços a todos. Sem dúvida, antes de ficarmos rastejando e falando besteira, minha esposa e eu iremos participar de um Encontro… Enquanto isso, vou acompanhando os acontecimentos através do BLOG, graças aos esforços do grupo organizador. Até um dia!!!  QUE CADA UM ESTEJA EM PAZ CONSIGO MESMO!

Artigos do Seoldo publicados no Jornalzinho O REPÓRTER CRÚZIO : LINK TRÊS ARTIGOS DO SEOLDO

7 comentários:

  1. Olá, caros Seoldo e Luiz Alfenas:

    A entrevista está excelente! Não me lembrava direito deste lado da personalidade do Seoldo, a quem não vejo ao vivo e a cores há quase 50 anos. Além de se revelar um guerreiro, um lutador, percebe-se que uma mistura de bom-humor, descontração, ironia fina e altas doses de veneno perpassa por boa parte da entrevista. Ele só precisa tomar cuidado para não morder a língüa, senão pode morrer com o próprio...(rs rs rs)
    Só não entendo por que o nosso pessoal não comenta nada nessas entrevistas ou mesmo em outras postagens. E o número dos que se inscreveram como seguidores do blog também é insignificante, considerando que foram quase 200 ex-seminaristas (sem contar as esposas, filhos e netos). Será que não sabem utilizar este espaço de comentários e estas ferramentas de comentário? Pô, uma coisa tão simples! Sugiro que em setembro, no nosso Encontro, você, Luiz Alfenas, dê algumas explicações ao pessoal. Eu me disponho a ajudá-lo.

    Abraços

    Marcos Rocha
    (podem continuar me chamando de Marquinhos, isso me ajuda a me lembrar dos velhos tempos)

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  2. parabéns pela entrevista com o Seoldo, pena que ele americanizou de vez, provavelmente tem um carrão enorme e bebedor. Coisa de americano, assim a gente não vai poder vê-lo. Vê lá hein cara! não esqueça as origens. Parabéns a tropa de choque: Marquinhos, Lulu, etc. Benone

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  3. Mensagem copiada de correio eletrônico que o Seoldo me enviou nesta data:
    Caro "Anônimo" Colega Benone,
    Antes de tudo, PAZ!!! Obrigado pelo seu comentário sobre minha entrevista no BLOG. Muito trabalho, sobretudo para Lulu. Um dia, frente a frente, conversaremos sobre a minha "americanização". Por enquanto reflita sobre isso: sair de seu Pais com 37 anos...enfrentar nova língua, novos costumes, tratamentos diferentes... Fazer novos amigos "diferentes", cozinhar, lavar, cuidar de filhos de 5 e 2 anos, trabalhar fora, estudar... Imigrante sofre muito! Saudades! Saudades! Saudades! Quando estava no seminário maior em Leopoldina , fiz 3 votos temporários O único Voto que sempre segui foi o de POBREZA (esqueceram-me os outros dois)...Ainda sonho ser rico...jogo na loteria todas as semanas. Ate agora, NADA!!! Eta Voto FORTE!!! Meu "carrão bebedor"foi para BICAS, MG. Talvez você esteja referindo-se ao meu carro pequeno cheio de bananas, puxado por duas juntas de cabritos com línguas de fora, ansiosos que cheguem no próximo córrego para beber água, talvez também em BICAS MG. Abraços e que tenha um Bom Encontro em setembro!!! Seoldo

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  4. Prezado Seoldo,
    Recebi, com muito, muito apreço, a mensagem que voce me enviou. Eu, e estou certo, a maioria dos nossos colegas que viram sua entrevista, se envolveram com sua historia, sua vida.
    Posso sim, meu caro Seoldo, imaginar as dificuldades que voce, longe de sua familia, de seus amigos, longe de seu PAIS, passou. Afinal somos, a maioria de nos ex-seminaristas, entre os quais eu me incluo, oriundos de classes sociais modestas. Voce disse a palavra "saudade", tres vezes: saudades de seu povo, sua gente, de sua cultura, do futebol de domingo na tv.Da comidinha mineira uai! Arroz, tutu de feijão, couve rasgadinha, angu mole. Vai uma costelinha frita ? Saudade do clima de sua terra, da musica....ah ! A musica. Ajuda ai gente ! Saudade de mais o que ?
    É claro que o carrão bebedor e a americanização são apenas retoricas. Quanto a ficar rico, temos aqui uma lotérica cujo nome é "Ganha quem tenta". Vai que um sábado desses....!
    Explica lá outro assunto: qual a relação entre filosofia/letras e agronomia ?
    Isto é que é ser polivalente !
    Voce disse que sempre viveu no vermelho. Que nada ! COM UMA FAMILIA LINDA COMO A SUA...! Isto é lucro. É o mais límpido, inconteste e celestial dos azuis.
    Deus abençoe a todos !
    Abraços,

    Benone

    obs. favor mandar para o Seoldo e se voce achar oportuno, para o resto da turma. Valeu Lulu

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  5. Meus caros companheiros,
    Com certeza o Seoldo não se recorda de mim, mas talvez possa se lembrar do irmão do Lulu. Mesmo assim, não sei!... Minha passagem pelo Seminário foi por um curto período, mas de enorme valia. Apesar de não me lembrar de todos os colegas, muitos ainda povoam minhas recordações. Do Seoldo tenho certeza de que me lembro muito bem.
    Nostalgia à parte, quero me congratular com o Seoldo que demonstrou na entrevista sua valente e corajosa trajetória de vida, seu carinho pelos colegas e um amor desvelado por sua família. Desde já agradeço a gentileza do convite para visitá-lo em Tucson - Arizona, coisa que não será difícil de acontecer.
    Quanto a suas colocações, todas foram interessantes, transmitindo sinceridade, modéstia e propriedade. Entretanto, quero ater-me a algumas questões que mais me chamaram a atenção: discordo totalmente quando ele diz que às vezes pensa pertencer ao partido dos frustrados. Não é o caso de se falar em frustração, quando se valoriza mais o ser que o ter. Ele próprio o demonstra por sua formação acadêmica multidisciplinar: graduação em Letras, Filosofia e Agronomia, além de mestrado, doutorado e outros cursos. Como ele mesmo disse, tudo foi conquistado com muito suor.
    No que se refere à religião, acredito que deveria frequentar a igreja, sim! Embora se empenhe no projeto social, seria extremamente louvável que tal obra fosse acompanhada do desenvolvimento espiritual, pois não custa juntar tendências positivas.
    Também discordo quando diz nas entrelinhas que todo político não presta. Ora, vamos refletir: quem é o político? É um marciano? Ou ser de outro planeta qualquer? Não, claro que é um membro do nosso meio social. Mas como esta questão é muito mais profunda, não seria bom apenas esboçá-la aqui. Gostei muito do comentário do Marcos Rocha, quando diz o seguinte com relação ao Seoldo, mesmo após ter-lhe feito vários elogios: “Ele só precisa tomar cuidado para não morder a língua, senão pode morrer com o próprio [veneno]...” Também foi muito oportuna sua constatação sobre o número insignificante de ex-seminaristas como seguidores do blog. A razão desta pouca adesão até consigo entender. Venho conversando com vários colegas: alguns se revelam desinteressados, outros dizem não terem boas recordações. Respeito estas opiniões contrárias, embora no íntimo não concorde com elas nem consiga entendê-las.
    Acredito que o Marcos Rocha tenha lá suas razões quando menciona que a grande maioria não sabe utilizar convenientemente o blog, ou não tem consciência de sua importância como uma ferramenta para integrar pessoas. De maneira bem-humorada como lhe é peculiar, sugere que sejam ministradas aulas sobre o tema no próximo encontro. Parabéns para ele, porém com certas restrições, pois o pau que dá em Chico dá também em Francisco. Todo cuidado é pouco para não morder a língua, pois talvez não vá morrer do próprio veneno, já que, se for muito forte, pode virar até remédio diante de determinadas situações... Mas pelo menos num ponto o Marcos acertou em cheio: serei um dos mais beneficiados com estas benditas aulas...
    Afora isso, entendo que todos os fatos pitorescos e “verdadeiros” daquele tempo, narrados sob o ponto de vista de cada um, devem ser publicados neste blog, pois, de certa forma, significa um espaço dedicado à brincadeira de compartilhar verdades entre amigos e parentes, portanto, quase familiar.

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  6. Seoldo disse
    Colega Edgard, saudações, abraços e paz! Interessante sua intervenção no Bolg baseada na minha entrevista. Há muitos pontos... Lembra-se de que uma vez Jesus também se frustrou com a situação e começou a derrubar mesa no Templo espalhando dinheiro para todos os lados (pena que não estávamos lá!!!!).?! Com relação a minha posição política eu deveria ter terminado o parágrafo assim: "Aquele(a) que está em um cargo ou função de administração publica que não e ladrão ou safado, não e político". É uma função/posição desgraçada.... mesmo quando você quer ser certinho e honesto. Parece que daqui de longe posso falar o que quiser, não é? Infelizmente não se pode "tapar o sol com a peneira". Olha só: política, político, politicagem, politiqueiro, politicalha, politicalhão, politicalheiro, politicante, politicão, politicaria, politicastro, politicoide, politicomaníaco, politicômano, politiquete, politiquice, politiquilho, politização, politizável, POLITIZADO. Boa Sorte!!! Um exemplo pessoal: Certa vez fui escolhido juntamente com mais dois indivíduos considerados exemplares na comunidade para pertencer ao conselho fiscal de uma organização. Uma das funções do conselho era de aprovar o orçamento financeiro. Em uma ocasião, um gasto bem relevante apareceu para ser aprovado (tratava-se da compra de uma quantidade grande de um produto comercializado por multinacionais). Um representante de uma dessas companhias chegou para mim e disse com a maior "cara de pau": "Se o senhor aprovar a nossa proposta, vai ter um Fuscão (carro famoso naquele tempo) na porta de sua casa.... e só dizer a cor!" Tentação danada! Contestei-lhe que aprovaria a proposta que fosse mais favorável a minha organização. Para encurtar a história, sua companhia ganhou e os outros dois membros do conselho apareceram fazendo um poeirão escandaloso com Fuscões novos... Aposto que alguém deve ter dito baixinho "coitado do bobão do Seoldo! Tão grandão, tão educado e tão inocente!!!" O pensamento geral popular é : "É melhor ser o diabo com o dinheiro " (Entrevista). Político bom, justo e honesto e quase impossível, colega Edgard. Nunca sabemos o que se passa por detrás dos panos... Repito: sempre voto contente e "o povo tem o governo que merece".

    Edgard, quanto a sua posição de que devo ir a igreja... Realmente tentei por alguns tempos, quando morava no Estado de Nova Iorque. Fazia companhia a minha esposa que é da Igreja Metodista. Eu sempre dizia para o pessoal que eu era seu motorista. Fiquei até muito amigo de um Pastor (mas nunca discutimos religião). Participava muito nas funções da Igreja, mesmo sem ser membro oficial. Aqui em Tucson, Arizona, (há 4 anos que mudamos para cá outra vez) me retirei e continuo meditando no deserto... Minha esposa continua indo aos domingos. Vamos ver! Ainda tenho ESPERANÇA de que "Tudo Aquilo" seja verdade. Abraços! Mande notícias de Zé Engrácio.

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  7. Meu caro Seoldo,
    Sua entrevista foi uma das mais interessantes e honestas que publicamos até agora no blog. Todas são excelentes, mas a sua foi demais. Tenho a impressão de que seu ponto de vista, tão louvável, mostra uma honestidade que vem de berço, além de ter sido complementada durante o tempo do Seminário. Lá você já demonstrava um comportamento exemplar. Tanto é assim que, mesmo tendo ficado por curto espaço de tempo no Seminário, eu não me esqueci de você.
    Com certeza, você sempre tratou bem os menores, demonstrando urbanismo e humanidade. Recordo-me como se estivesse vendo você na sala de recreio. Não sei por que motivo, mas sempre me vem sua lembrança na sala de recreio, onde, a propósito, o Padre Clemente me puniu com dez mil cópias, com a frase: “Devo ter mais cuidado com a limpeza”.
    Apesar de ele ter me concedido perdão antes mesmo de completar um terço da tarefa, parece que isso valeu para mim até os dias de hoje. Sempre me lembro do Padre Clemente, pois eu gostava do jeito dele.
    Quanto à afirmativa “o povo tem o governo que merece” está super correta sob o meu ponto de vista também. Quero dizer lhe que não defendi os políticos corruptos na minha colocação, apenas quis dizer que quem é honesto é honesto e quem é desonesto é desonesto, seja de que segmento for. O que não significa se tratar só de políticos.
    Tomo o exemplo do que está dito em sua brilhante resposta sobre a minha intervenção durante a entrevista, quando afirma: Alguém na cara dura tentou lhe corromper. Só que deu com os burros n’água, viu só? Não foi um político, poderia ter sido, é claro. Penso que estamos na mesma direção, só que com palavras diferentes. Seoldo, tive oportunidade de trabalhar com grande quantidade de pessoas em empresas de porte médio, ou de pequeno empreendimento. Já vi coisas que dispensam comentários e o mais importante: viviam malhando os políticos. Acho que as pessoas se acostumam com tudo, até mesmo a pensar que o errado está certo, razão pela qual nunca esquentei lugar. Hoje, graças a Deus, trabalho há mais de 20 anos numa mesma empresa que tem sólidos valores cultivados, entre os quais a lisura e o procedimento ético são palavras de ordem.
    No que diz respeito à Igreja, sobre o que fui um pouco contundente em minha colocação, isso não passa de mania de querer falar aquilo que, no meu entendimento, pode ser positivo para alguém, mas só nesse caso, é claro, Você nem imagina a minha felicidade quando diz que continua meditando no deserto e que, pelo visto, refletiu a questão que abordei. Assim, posso permanecer em paz com a minha consciência. Que Deus lhe abençoe e muito. Não me tenha como um chato.

    Um abraço para você e toda a família.
    Com respeito,
    Edgard

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