terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Alfredo Dias Costa


Alfredo
Alfredo Dias da Costa (66)
Período no seminário: 1958-1962
Formação acadêmica: Bacharel em Direito

APRESENTAÇÃO

Por meio de e-mails, o Blog dos Encontristas da EASO realizou uma entrevista com um dos melhores jogadores de futebol do nosso seminário e também da cidade de Campo Belo, no tempo de sua passagem por lá, no princípio da década de sessenta, apesar de sua pouca idade na época e de sua limitação visual. Nesta entrevista, podemos perceber a nobreza de caráter, a integridade, o senso de justiça e o espírito abnegado desse nosso colega, que sabe ler a alma das pessoas e é capaz de grandes gestos, como emprestar, despretensiosamente, uma boa soma de dinheiro para uma pessoa em dificuldade, mesmo sem conhecê-la e sem nenhuma garantia em troca. Uma pessoa sem preconceitos, que acredita nas pessoas, independentemente de suas crenças e condições financeiras. Esse é o nosso amigo Alfredo, consciente dos valores familiares e que tem por hábito cultivar a amizade e praticar a solidariedade. Por isso, sempre encontra e faz amigos por onde passa, deixando marcas profundas de respeito e admiração no coração das pessoas que tiveram a felicidade de conhecê-lo e de desfrutar de sua convivência.
O nosso amigo é um daqueles mineiros que tem bons causos para contar e é um otimista convicto e convincente que acredita que, dentro de pouco tempo, o homem poderá viver, no mínimo até aos 120 anos. Também crê que com os avanços que a humanidade terá em pouco menos de 50 anos, a obesidade, as doenças e os alimentos prejudiciais serão eliminados, dando a todos os homens e mulheres uma saúde melhor. Além disso, tem esperança que os novos conhecimentos a serem adquiridos nos proporcionarão ter moradias no espaço, realizar viagens no tempo e, por cima, que nós próprios, que já não tão novos, ainda seremos testemunhas desses acontecimentos. Juiz-forano bairrista, não tem dúvida nenhuma que o seu time de coração, o Tupi, nesse meio tempo, chegará a Tókio e se sagrará campeão mundial interclubes, é mole?

I – PERFIL

Nascido em Juiz de Fora em 24 de novembro de 1945; no início de 1958, com 12 anos de idade, Alfredo ingressou no Seminário da EASO, onde permaneceu até ao final do ano de 1962, período em que cursou até a quarta série ginasial.

Alfredo (de óculos na última fileira) entre outros seminaristas,
 no início de 1962, numa das primeiras caminhadas com o Pe. Agostinho,
 recém chegado da Holanda, pelo cerrado e pastos nas cercanias
do Colégio "Dom Cabral", catando goiaba e outros frutos silvestres
e, de brinde, muitos carrapatos


Segundo o próprio entrevistado, sua ida para o Seminário se deu pelo fato de ter sido coroinha, ter um bom convívio com os Padres da Igreja de Santa Rita de Cássia, em Juiz de Fora e achar que tinha vocação para o sacerdócio; já sua saída do seminário se deu por total incompatibilidade com o Padre Humberto e, talvez, por achar que não tinha mesmo vocação para o sacerdócio, o que ele julga ser um privilégio de poucos.





FAMÍLIA:
Alfredo e Marina na Bahia
Casou-se com Marina, em outubro de 1974 depois de sete anos de namoro e noivado, com quem constituiu uma bela família com quatro filhos: um homem e três mulheres, todos já formados e devidamente empregados, a saber:







Alfredinho com os pais e Bruna,        
sua noiva, em Tiradentes, MG          
Alfredo Dias da Costa Filho, nascido em 12 de agosto de 1976, formado em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando em uma termoelétrica, em Fortaleza – CE. Solteiro por enquanto, mas já pensando em assumir compromissos mais sérios depois que a cearense Bruna fisgou seu coração (fotos ao lado e abaixo) ;




Marina, Alfredinho e Alfredo














Aline Barbosa da Costa, nascida em 22 de maio de 1979 - casada, formada em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando como Gerente de Marketing da Sadia S/A., e residindo em Belo Horizonte (foto abaixo, à esquerda);



Aline entre os pais




Andréia Barbosa da Costa, nascida em 31 de dezembro de 1981, casada, formada em administração de Empresa, residindo atualmente em Vitória – ES (foto à direita);

Andréia com os pais












 e Adélia Barbosa da Costa, nascida em 18 de março de 1989, solteira, formada em Nutrição, exercendo essa função como contratada, na UFJF, em Juiz de Fora (foto abaixo).

Adélia com os pais
TRABALHO:
Com dezessete anos, logo após sair do seminário, fui trabalhar na empresa Moinhos Vera Cruz S.A. como “office boy”. Lá progredi chegando a escriturário; nesta empresa permaneci por cinco anos, saindo para me preparar para o vestibular de engenharia.
Com o insucesso no vestibular, fui trabalhar na Prefeitura de Juiz de Fora, no setor de cadastro imobiliário, permanecendo lá por um ano; em seguida fui contratado pela empresa Pedro Wilson Duarte, distribuidora de produtos farmacêuticos, nessa empresa permaneci por dois anos e meio; após, trabalhei como autônomo, comprando e vendendo remédio, por dois anos; em seguida fui para a distribuidora de cosméticos ORPEL, onde permaneci por dois anos e meio e por fim trabalhei na Farbrasil, por apenas dois meses, saindo para tomar posse como fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas, em Teófilo Otoni, em 1974;


Algumas Particularidades dignas de destaques:
Com o insucesso no vestibular de engenharia, participei de um concurso da Secretaria da Fazenda para desempenhar as funções de fiscal do Estado de Minas Gerais, em 1969, obtendo êxito.
O edital anunciava que havia 830 vagas, fui classificado em 285º lugar; porém minha nomeação só ocorreu cinco anos após, em 1974 (coisas do serviço público). Enquanto esperava por esta nomeação fui trabalhando com o que aparecia.
Quando exerci a função de autônomo, comprava produtos farmacêuticos em São Paulo, daqueles laboratórios chamados de porão, e os vendia para as farmácias das cidades próximas a Juiz de Fora.
Naquela ocasião, uma senhora de Leopoldina, tida como curandeira, estava fazendo muito sucesso naquelas redondezas, fui procurá-la e solicitei-lhe que receitasse os meus remédios, que, em troca, eu lhe daria 10% de toda a venda que ocorresse em Leopoldina, ao que ela me respondeu: “isto não é assim não, meu filho”...! Os produtos têm que passar pela aprovação do "Guia", deixe uma amostra de cada um dos seus produtos que eu vou submetê-las à aprovação do "Guia".
Naquele dia observei que ela mantinha no Centro Espírita várias bonecas, inclusive, quando me atendeu estava com uma boneca nos braços. Quinze dias após ter deixado as amostras com a Dona Marlene, esse era o nome da Curandeira, retornei à sua casa, com uma bonita boneca que lhe presenteei; ela ficou muito contente com o presente e disse que não houvera tempo suficiente, ainda, para o Guia se manifestar sobre os produtos, que eu voltasse daí a uns quinze dias.
 Foi o que fiz. Quinze dias após retornei e fui recebido efusivamente pela Dona Marlene, que disse eufórica: “seus produtos foram todos aprovados pelo Guia, meus parabéns. Pode procurar as farmácias tal.., tal... e tal, e dizer aos seus respectivos proprietários que eu lhes mandei comprar os seus produtos e que me responsabilizo pelas receitas (vendas dos produtos)”. E, assim foi feito.
A essa Dona Marlene eu agradeço o pagamento das prestações de um "Fusca 1966" e da laje da casa em que eu iria morar quando me casasse.
 Infelizmente, a fonte secou. O dono do Laboratório em São Paulo sofreu um derrame cerebral e seu genro, que o substituiu, não manteve as mesmas condições que seu sogro me dava na compra dos produtos e o negócio tornou-se inviável. Voltei a trabalhar empregado na mesma firma de cosméticos Organização Perez Ltda - Orpel.
Fui nomeado, em setembro de 1974, funcionário da Secretaria da Fazenda, na função de Agente Fiscal, Tendo sido lotado na Superintendência Regional da Fazenda Mucuri em Teófilo Otoni.
Em 1978, fui nomeado chefe da Administração Fazendária em Pedra Azul; em 1980, chefe da Administração em Diamantina e, em 1983, chefe da Administração em Curvelo.
 Em 1985, após estar apostilado como chefe de administração fazendária (apostilar é o direito que se adquire de continuar a receber o salário de chefe, mesmo fora da chefia), retornei para Juiz de Fora como fiscal, onde desempenhei essa função até 1996, ano em que me afastei do serviço público para aposentar.
Com o conhecimento que detinha, devido às experiências adquiridas no exercício das profissões anteriores à entrada na Secretaria da Fazenda, pude exercer minha carreira fazendária de uma maneira diferente. Eu era um fiscal consciente das dificuldades das empresas privadas e de seu papel social.
Em todos os municípios em que fui chefe, sempre imperou o diálogo com os contribuintes, contadores e outras autoridades;
Questionava sempre a legislação tributária e as ordens superiores quando as entendia arbitrárias e me preocupava com o crescimento econômico dos contribuintes; essa preocupação em fazer justiça, com certeza, foi fruto do aprendizado no seminário; obtive com isso alguns aborrecimentos com os meus chefes.


ALGUNS FATOS OCORRIDOS DURANTE O PERÍODO EM QUE FUI CHEFE DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA:


Em Pedra Azul – MG:
Logo que assumi o cargo nessa cidade, deparei-me com um fato preocupante. Os açougueiros se insubordinaram contra uma determinação da Superintendência de Teófilo Otoni, diga-se de passagem, determinação sem amparo legal, e queriam matar os agentes do fisco que os faziam cumprir aquela determinação.
A determinação consistia em que os açougueiros pagassem os impostos referentes aos abates de gado bovino e suíno, antes de os abaterem e, ainda, comunicassem ao fisco os dias em que iriam fazê-los. Caso não os abatessem no dia determinado e não comunicassem com antecedência esse fato ao fisco, perderiam o valor do imposto já pago.
Convoquei, então, uma reunião com todos os açougueiros e indaguei-lhes o motivo de tanta truculência contra os agentes do fisco.
A resposta foi: “Somos todos pobres. Compramos o gado fiado dos produtores rurais, eles nos dão prazo para pagá-lo. O pagamento é feito com o dinheiro adquirido com as vendas dos produtos dos abates dos bovinos e suínos. Não temos condições de antecipar os impostos conforme determina essa instrução de Teófilo Otoni; então, arriscamos o abate, sem o recolhimento dos impostos, quando vêm os fiscais e nos multam, dificultando ainda mais a nossa vida, pois aumentam os valores a serem pagos ao fisco e muitas vezes, inviabiliza o pagamento aos produtores, nossos fornecedores, aí, entramos em desespero....”
Sabendo que a determinação da Superintendência de Teófilo Otoni era ilegal, propus-lhes: Quando vocês não tiverem dinheiro para antecipar os impostos me procurem, que lhes autorizarei o abate, fornecendo-lhes os documentos fiscais necessários; após a venda do produto do abate recolham os impostos. Caso vocês não recolham os impostos devidos, eu terei que pagá-los do meu bolso. E assim ficou combinado.
Aqueles que me procuraram e solicitaram as benesses foram atendidos e todos eles, após os abates, efetuaram os pagamentos dos impostos devidos, nenhum me deu cano; a guerra contra os fiscais acabou, e, para minha surpresa, quando algum açougueiro era surpreendido cometendo algum deslize, pagava as multas e pedia aos fiscais para não me comunicarem o fato.


Outro fato pitoresco que aconteceu em Pedra Azul:
Quando lá cheguei, estava cursando o 4º ano de Direito na Faculdade Nordeste Mineiro, em Teófilo Otoni. Passei então, a fazer o curso aos finais de semana e para não ficar na “gandaia” todas as noites, resolvi ingressar no curso de contabilidade que estava disponível no Colégio Cassiano Mendes.
Atendendo as normas, eu usava o uniforme do colégio e, se chegasse atrasado à primeira aula, tinha que esperar a segunda aula e o mais pitoresco: os contadores, que de dia eu socorria como chefe da Administração Fazendária, à noite eram os meus professores de contabilidade.
A minha convivência com os alunos do colégio, todos adolescentes, que passaram a ser meus colegas de classe e de curso, era motivo de comentário na cidade, pois, nas ruas eles me tratavam como um colega, sem nenhuma cerimônia.  Enquanto os advogados e contadores me chamavam de doutor, eles me chamavam de Alfredo; sendo Pedra Azul uma pequena cidade na divisa de Minas com a Bahia, esse fato me deu muita popularidade no lugar. Foi uma fase muito especial de minha vida.


Em Diamantina:
Dois anos depois, fui transferido para Diamantina, onde terminei o curso de contabilidade no famoso Colégio Diamantinense. A transferência foi uma promoção, no parecer de meus superiores, com o mesmo salário, mas indo trabalhar e morar em uma cidade melhor;
Quando assumi a chefia da repartição, fiz um levantamento dos contribuintes que estavam em atraso com suas obrigações fiscais; enviei correspondências a esses contribuintes solicitando-lhes a presença na repartição.
Um contribuinte, que estava com impostos atrasados, compareceu e me contou o seu drama. Disse-me ele:
- que tinha um comércio muito próspero, no distrito de Diamantina, onde havia duas dragas da Tijucana, empresa Belga que explorava diamantes no Rio Jequitinhonha;
- que raciocinou: se aqui, que é um povoado pequeno, eu estou me dando tão bem, se eu for para Diamantina, que é uma cidade maior, ficarei rico. Com esse pensamento, transferiu-se para Diamantina, indo se estabelecer em um local pouco apropriado para o comércio de gêneros alimentícios. Aí, foi só desilusão e dívida;
- que estava propenso a voltar para o distrito, mas tinha dívidas e tinha que saldá-las primeiro, pois não ia dar cano em ninguém;
- que o Gerente da Caixa Econômica garantiu ao seu filho que lhe emprestaria o dinheiro necessário para quitar todas as dívidas, desde que ele fizesse um depósito de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e deixasse esse dinheiro na Caixa fazendo média por uns 30 dias. O impasse estava criado, pois nem meu filho nem eu tínhamos o dinheiro para depositar.
Embora eu nunca tivesse visto aquele homem, vi em seus olhos sinceridade e desespero. Eu dispunha da quantia que ele tanto precisava para fazer a média na Caixa Econômica e não iria precisar daquele dinheiro por uns 60 dias. Resolvi então ajudar aquele homem, emprestando-lhe a quantia necessária para satisfazer a exigência da Caixa, mesmo sem ele me dar garantia alguma.
A surpresa daquele homem foi grande quando lhe disse que tinha o dinheiro do qual necessitava; que acreditava em sua narrativa e que via nele um homem trabalhador e honesto que, momentaneamente, passava por dificuldades e que iria lhe emprestar o dinheiro necessário, mesmo sem conhecê-lo.
Todos os funcionários da repartição, ao saberem do caso se surpreenderam e me disseram: “o senhor perdeu seu dinheiro, nunca mais o senhor verá esse homem”.
Passaram-se os dias; no dia marcado para que ele me devolvesse o empréstimo, o homem não apareceu; foi coro geral dos funcionários: “nós não lhe advertimos? O Senhor perdeu seu dinheiro....”
Quinze dias após a data combinada o homem apareceu, pediu desculpas pelo atraso, dizendo que a Caixa demorou a liberar o empréstimo. Devolveu-me o meu dinheiro, pediu-me para levantar todo o seu débito para com o Estado, fazendo a quitação dele e por fim disse:
“Nunca ninguém fez por mim o que o Senhor fez, nunca tive ninguém que confiasse em mim como o Senhor confiou, por isto lhe digo, se o Senhor precisar de mim para o que for é só me chamar, se o Senhor precisar que mate alguém, é só me chamar.”


ATIVIDADES EXTRA EMPREGO:


Fora do emprego, fui sócio fundador do Lions Club de Pedra Azul, depois, pertenci ao Lions de Diamantina; atualmente, encontro-me afastado (Leão fora da Jaula).
Em Curvelo fui iniciado na maçonaria; atualmente afastado da loja.
Pertenço à Academia Jurídica de Letras de Juiz de Fora, cadeira 33, vide link aquiembora seja apenas bacharéu em direito, honraram-me com este mimo, mesmo sem eu nunca ter escrito nada.
Salão de eventos
No momento estou aposentado pelo INSS e possuo um salão de festas que se chama “Contemporâneo” e está arrendado a um Buffet (foto à direita).

Para o futuro, que já é o presente, pretendo cuidar mais da saúde e viver o que me resta com qualidade de vida, poder conhecer netos que ainda não os tenho e participar sempre do convívio dos amigos. 

II – PERGUNTAS GERAIS

Blog – Fazendo uma retrospectiva da vida, o que a EASO significou neste contexto?

Alfredo – A EASO foi a base de tudo; a disciplina rígida imposta pelos holandeses moldou a minha personalidade, de maneira a ser solidário com as pessoas, tentando de alguma forma ajudá-las.

Blog - Quais as lembranças que você tem da EASO e das pessoas com quem conviveu? Existe algum acontecimento que o marcou ou alguma pessoa que o tenha influenciado decisivamente?
Alfredo – As minhas lembranças são as mesmas de todos os seminaristas. O queijo aos domingos no café da manhã, guaraná em dias especiais, o sono na sala de estudo após o almoço, as peladas e os jogos contra os times de Campo Belo;

Algumas vezes os dirigentes dos times de Campo Belo, Sparta e Comercial, solicitavam aos Padres a liberação minha e do Raimundo para fortalecer seus times contra algum adversário mais forte, mas os Padres não nos liberavam, argumentando que os jogadores daqueles times ficavam pelados nos vestiários para trocar de roupa e nós não poderíamos presenciar isso;

As idas e vindas à praça de esporte, com aquele sol escaldante, as missas na Matriz velha e depois também na nova; os campeonatos de botão e de ping-pong, onde fui campeão algumas vezes.....etc.

Blog – Percebe-se que você é uma pessoa solidária com as pessoas em seu entorno, sabendo compreender suas dificuldades e ajudá-las. Com isso você obteve alguns aborrecimentos com seus chefes, que, todavia, não o impediram de atingir o topo da carreira como agente fiscal. Quais eram essas objeções e como, mesmo com os chefes no seu pé, você conseguiu ser tão bem sucedido profissionalmente?
Alfredo – Como disse, eu questionava sempre as ordens superiores e a legislação tributária, pois sempre as achei injustas para com os mais pobres, com os pequenos contribuintes e com os contribuintes das pequenas e distantes cidades. Sempre achei que deveria existir uma tributação diferente para esse pessoal. Você não pode comparar um comerciante de uma pequena e pobre cidade do interior com um comerciante de Belo Horizonte.
 A tributação da venda a prazo deveria ser também a prazo, à medida que o contribuinte fosse recebendo as prestações. O Estado que não participa nem com um centavo na organização de uma empresa, passa a ser sócio majoritário dessa mesma empresa logo quando ela inicia suas atividades e, muitas vezes, antes mesmo de iniciar suas atividades.
Os impostos são exigidos quando da emissão das notas fiscais; se o contribuinte levar cano, o problema é dele e o Estado quer o imposto independentemente do contribuinte ter recebido as faturas ou não. Isso é justo?
Outras pessoas, com o passar do tempo, assimilaram o meu pensamento e aderiram ao meu inconformismo, tanto que criaram a Tributação Especial para as Micros e Pequenas Empresas e a criação do “Simples”, do “Super Simples”, conforme publicação no jornal “O Globo” do dia 26 de dezembro de 2011:
Micro e Pequenas Empresas: empresas com faturamento anual acima de R$120 mil vão ter seus impostos reduzidos entre 12% e 26% em relação ao que pagavam anteriormente. Outra novidade é que o pequeno empreendedor poderá constituir empresa sem necessidade de sócio.”
O meu sucesso ocorreu porque muitas vezes nas minhas inovações tributárias o resultado foi positivo. Veja um exemplo de sucesso: quando cheguei a Diamantina, apurei que em um ano os açougueiros só pagaram os impostos referentes a onze bovinos e nenhum suíno, o que era insuficiente para uma cidade que tinha cerca de 60.000 habitantes.
Determinei, então, a uma dupla de fiscais que visitasse todos os açougues, pela manhã e à tarde. A ordem era para pedir licença ao proprietário do estabelecimento, olhar o que tinha nas geladeiras e pedir a nota fiscal das carnes e de outros produtos que lá encontrassem. Caso as mercadorias lá encontradas estivessem sem nota fiscal, autorizassem aos proprietários a providenciarem a emissão da nota fiscal devida e a recolher espontaneamente os impostos devidos. A orientação era para não notificar ninguém.
Esse acompanhamento fiscal apavorou a todos os açougueiros; tamanha foi a sua repercussão que fui procurado pelo presidente da Associação Comercial para saber o motivo daquela atenção especial que estava sendo dispensada aos açougueiros.
Ao ser colocado a par de que em um ano os açougueiros só recolheram os impostos referentes a onze rezes, ele concordou que algo tinha mesmo que ser feito. Propus-lhe fazer um acordo com os açougueiros, de maneira que eles contribuíssem sobre um determinado numero de reses por mês e ficassem livres do acompanhamento fiscal. Estipulei uma quantidade de reses para cada açougue, mas eles não concordaram, alegando que a quantidade estava além de suas posses; pedi, então, ao presidente da Associação que voltasse aos açougueiros e indagasse deles qual a quantia de reses que eles achavam justa e que estaria ao seu alcance o pagamento dos impostos.
O presidente da Associação, após reunião com os açougueiros, trouxe uma nova proposta com novas quantidades apontadas por eles, com as quais eu concordei; assim, a Associação Comercial de Diamantina intermediou o primeiro termo de acordo da Secretaria da Fazenda, inovando a legislação tributária.
Pois bem, no mês em que houve o primeiro recolhimento dos impostos provenientes do acordo, cumprindo a rotina, mandei para Curvelo o resultado financeiro referente ao Comércio, Indústria, Lavoura e Pecuária, de Diamantina.
 Ao conferir os dados do relatório, o funcionário responsável pela consolidação dos resultados me ligou e disse: “Alfredo, a pecuária que você me passou está errada, refaça seus cálculos”; refiz os cálculos e confirmei-lhe que eles estavam corretos. Então, ele incrédulo, disse: “não é possível, aí em Diamantina só tem pedra, como pode a arrecadação de pecuária daí ser maior do que a de Curvelo, que é área de pecuária?”.... a inovação dera certo!
Blog – Depois de toda essa experiência de vida profissional e familiar, o que o faz sentir-se feliz, hoje?
Alfredo – Feliz por ter conseguido de alguma forma coibir parte da sonegação e aumentar a arrecadação do ICMS nas áreas sob minha administração, sem o uso de arbitrariedade, apenas com o diálogo com os contribuintes e contadores; feliz por ver meus filhos se destacarem em suas áreas de atuação, sendo queridos e respeitados pelos seus chefes e colegas de trabalho.

Blog – Você disse que não tem hobby. Mas, nos seus momentos de descontração, além da família e dos amigos, o que mais você gosta de curtir? Esportes, leitura, filmes? Quais especificamente? Torce por algum time de futebol?

Alfredo – A minha maior curtição é sem dúvida o futebol; sou Tupi e Fluminense; por sinal o Tupi foi o campeão brasileiro da série D, é pouco ou quer mais? Foi também campeão mineiro do interior. Na classificação final ficou em terceiro lugar, na frente do Cruzeiro. Gosto também de músicas de todos os estilos, filmes de aventuras e científicos e leio todos os livros que encontro, embora raramente os compre.

Blog – No aspecto espiritual, como você se define?

Alfredo – Católico não praticante com muita chance de voltar a ser praticante.
A seguir, seis perguntas sugeridas pelo nosso colega Luís Alfenas:
Blog – Ver todos os filhos formados e exercendo as respectivas profissões, como é esse gostinho de missão cumprida?

Alfredo - É sempre um orgulho ver os filhos se destacando em suas profissões, mas muito me orgulho também do carinho que eles desfrutam dos seus superiores, subordinados e colegas.


Blog - No seminário você era considerado bom de bola. Fora do seminário, em especial no exercício da profissão, você acha que o futebol ajudou você a fazer amigos e ampliar a liderança, ou jogar bem não teve nenhuma influência?
O meia armador Alfredo (3º agachado a partir da esquerda)
do vitorioso  Santa Cruz,  no campo do Sparta,  em  1961



Alfredo – Quando saí do Seminário, devido a minha deficiência visual e não ter grana para adquirir lentes de contato, não me foi possível levar o futebol adiante. Aqui em Juiz de Fora os treinos eram sempre à noite e a deficiência visual me prejudicava bastante. Participei de vários times amadores e o meu futebol, com certeza, influenciou nas minhas amizades.


Blog - No caso da mulher que indicava os remédios que você vendia para as farmácias, você teve notícias se ela realmente teria curado alguém? O sucesso dela foi duradouro, ou seja, você ainda teve notícias dela depois que você parou de vender produtos farmacêuticos?


 Alfredo – A dona Marlene era muito conceituada em Leopoldina e adjacências; ajudava a muitas crianças pobres. Os remédios que ela receitava (os meus), embora de laboratório de porão, eram eficientes e ajudaram a melhorar a saúde de muita gente. A notícia que tive dela é que havia falecido ainda jovem, não sei de que doença.


Blog - Na profissão de fiscal da receita, como você exercia o princípio da isonomia (todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza)?


Alfredo – Com bom senso. Vou dar um exemplo: um fiscal muito rigoroso soube que um deficiente físico, muito pobre, abrira uma portinha em sua casa, que se localizava em uma favela de uma pequena e pobre cidade do interior de Minas e estava a comerciar bananas (produto principal), pão e leite. Bem cedo, compareceu lá o fiscal e lhe aplicou uma multa por não ter inscrição do estabelecimento.
O fiscal estava errado? A legislação determina que antes que se inicie qualquer atividade comercial, o proprietário tem que se inscrever no cadastro de contribuintes do Estado. Portanto, o fiscal não estava errado.
Mas foi justo o que ele fez? Não seria de bom senso mandar que o deficiente físico (paraplégico) se inscrevesse e desse-lhe um prazo para isso?


Blog - Você viveu um período de grandes mudanças tecnológicas que afetaram muito a profissão de fiscal, como você vivenciou isso?


Alfredo – Eu me afastei para aposentar em 1996 e não alcancei tanta mudança assim. O computador só chegou à Secretaria da Fazenda no final do meu período. Não tive muitas dificuldades em me adaptar.


Blog - Um fiscal da receita contou-me que ao fiscalizar um contribuinte do ICMS, este, ao se ver apertado, apresentou-lhe um monte de notas fiscais roídas por ratos. Algo parecido ocorreu com você?


Alfredo – Outro acontecimento engraçado foi: um fiscal foi fiscalizar um boteco que havia pedido sua baixa. Quando chegou ao estabelecimento viu que havia várias garrafas de bebidas alcoólicas ainda com algum líquido em seu interior e também pedaços de salame, umas duas latas de salsichas e de azeitonas, pequeno pedaço de queijo parmesão, etc..
Como o dono do estabelecimento constou no pedido de baixa que o estoque do estabelecimento estava zerado, o Agente do fisco entrou no estabelecimento, baixou as portas permanecendo lá dentro. E, para o espanto dos chefes e de sua família, só saiu de lá três dias após, satisfeito, dizendo: "agora sim, o estoque do estabelecimento está zerado".
Casa do Alfredo em JF


Blog – A sua cidade, Juiz de Fora, é uma tradicional cidade mineira, também conhecida como Manchester Mineira, que tem grande expressão na indústria e na educação. Você é bairrista? O que mais deixa orgulhoso um juiz-forano da gema? Você acha que o Tupi tem condições de chegar à primeira divisão do Campeonato Brasileiro? 

Alfredo – Quando se trata da cidade da gente todo mundo é muito barrista. Como diz o poeta, na cidade da gente até a dor dói menos; Juiz de Fora vai se destacar, além da Educação e da Indústria, por incrível que pareça, na área da saúde. Hoje já é referência regional, em breve será estadual e até nacional. Esperem e verão.                          
Existe um bairrismo do povo de Belo Horizonte com o de Juiz de Fora. Os belo-horizontinos dizem que os juiz-foranos são cariocas do brejo, enquanto os juiz-foranos dizem que os belo-horizontinos são índios.
De acordo com o meu Pai, já falecido, essa rixa se deu por causa do futebol. Dizia ele, que por Belo Horizonte ter sido uma cidade programada, seus primeiros filhos foram os peões que trabalharam na sua construção, pessoas que vieram das mais distantes cidades e de regiões sem cultura, enquanto que, em Juiz de Fora, moravam as famílias tradicionais de boa cultura.
Quando um time de futebol de Belo Horizonte vinha a Juiz de Fora, os jogadores eram bem tratados e recebiam boas acomodações, mas mesmo assim eles quebravam tudo, destruíam restaurantes e hotéis (o que não mudou até hoje, não é mesmo?). Quando os times de Juiz de Fora iam jogar em Belo Horizonte, os jogadores daqui tinham outro tratamento lá, inferior ao que os belo-horizontinos haviam recebido aqui e os nossos jogadores, na maioria das vezes, ainda eram surrados. Por isto, serem chamados de índios.
Centenário do glorioso TUPI (2012),
Campeão Brasileiro da série D, no ano de 2011

Quanto ao Tupi, foi campeão brasileiro da série “D”, agora é rumo a Tókio.  
Perguntas sugeridas pelo Seoldo:
Blog - O que você pensa dos dias atuais (filosofia de vida e atitude política)? Como espera que o mundo esteja daqui a 50 anos?
Quanto aos dias atuais, respondendo ao Seoldo, são dias que embora conturbados, com muita violência, miséria e droga, são dias que oferecem melhores condições de vida, mais facilidade à educação, ao emprego e à alimentação.
Daqui a 50 anos, acredito que o mundo estará muito melhor; as doenças serão erradicadas, não haverá obesidade, os alimentos prejudiciais serão banidos, proporcionando às pessoas maior longevidade; todos terão direito à educação, estarão utilizando também as moradias espaciais, aproveitando normalmente a água dessalinizada do mar e o meio de locomoção será através do tempo e não do espaço como é hoje; a rivalidade religiosa estará mais acirrada; o Tupi já será campeão mundial e o Vila Nova, novamente, campeão mineiro e tenho certeza que estaremos lá para ver tudo isso e muito mais.
Blog – Ao final desta entrevista, que mensagem você gostaria de deixar para os leitores do nosso blog?

O casal Alfredo e Marina (à direita)
junto ao casal amigo Chicão e Dita,
no 2º Encontro (2010)
Alfredo e Marina, sempre presentes nos  encon-
tros,ao lado dos amigos  Rafael e do casal  
Alberto   Medina e Maria Conceição, no  3º
 Encontro, em 2011
Alfredo – Vocês não têm noção da importância que tiveram e que têm em minha vida, como diz Vinicius de Moraes:
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.”
Abraços.


FOTOS DE VIAGENS E OUTRAS FOTOS:


Aposentado e vida mansa, o nosso amigo Alfredo atualmente está mais para curtir a vida. Um de seus prazeres é viajar. Foi o que ele fez, junto com a esposa Marina, por esse Brasil afora, no último mês de junho, quando decidiram visitar o seu filho Alfredinho, que mora em Fortaleza. Aproveitaram para dar um pulo até a Bahia, na cidade de Teixeira de Freitas, onde visitaram sua amiga Celi Midori (Mimi), que durante seu curso de Fisioterapia, residiu em Juiz de Fora e por isso tornaram-se amigos, uma vez que a Mimi morava em um apartamento embaixo da residência do casal. Os filhos de Mimi, Caio e Enzo, afeiçoaram-se tanto a eles que passaram a ser considerados como netos por Marina e Alfredo.
O Rio de Janeiro, Tiradentes e Santos Dumont foram outros itinerários turísticos do casal (fotos abaixo).


Alfredo e Marina visitando
 Alfredinho, em Fortaleza, CE
 
A amiga de Teixeira de Freitas do casal,
Célia Midori (Mimi) e seus filhos:
Caio e Enzo 





Bruna, Marina e Alfredo
em frente à Igreja do Ouro, em Tiradentes

Alfredo e Marina
 no Cristo Redentor, RJ
 




Marina, Alfredo, Alfredinho e sua
noiva Bruna na estação de Cabangu,
em Santos Dumont
                                                                                            

Alfredo e Marina, em sua casa de
Cabangu, em Santos Dumont
 
Alfredinho, Alfredo e Marina,
nos jardins da casa de Santos Dumont






segunda-feira, 20 de agosto de 2012

PROGRAMAÇÃO DO IV ENCONTRO

Vista da Fazenda do Alambique
 (Cópia de e-mail recebido de José Rafael Cabral, Coordenador Geral dos Encontros)


DATA :  14, 15 E 16 DE SETEMBRO DE 2012.
LOCAL :  NOVA UNIÃO-MG.


                             SEXTA FEIRA - 14/09/2012 :


ENCONTRO DE BOAS VINDAS ÀS 20:00 HORAS NA POUSADA  PÉ DE BANANA, NA RUA NOSSA SENHORA DO CARMO, 555, NO CENTRO DA CIDADE DE NOVA UNIÃO-MG., AO LADO DA POUSADA "RECANTO DO UNIÃO (Dadinha)" 


                            SÁBADO :  15/09/2012 :


09:00 HORAS - VISITA AO ALAMBIQUE DE CACHAÇA GERMANA COM ALMOÇO NA FAZENDA.
18:00 - VISITA AO SANTUÁRIO DA SERRA DA PIEDADE. PREÇO DA PASSAGEM EM ÔNIBUS ESPECIAL :  R$ 17,00 IDA E VOLTA.


                            DOMINGO :  16/09/2012 :


- APÓS O CAFÉ DA MANHÃ, VISITA AO SANTUÁRIO DO CARAÇA, COM MISSA ÀS
  11:00 HORAS. PREÇO DA PASSAGEM EM ÔNIBUS ESPECIAL : R$ 17,00, IDA E
  VOLTA.
- ÀS 12:00 HORAS ALMOÇO NO RESTAURANTE DO CARAÇA.
- ÀS 17:00 HORAS : ENCONTRO DE BOA-VIAGEM, ATÉ BREVE, NA POUSADA PÉ
  DE BANANA.
                                             RESERVA DE HOTEL :


- POUSADA RECANTO DO UNIÃO (Dadinha) : Diárias variando de R$ 30,00 à R$
 50,00 - dependendo da ocupação dos quartos.
- Contato para reservas, com o Sr. WANDER,  TEL. (31) 3685-1268
                                            Abaixo, mais informações :

PRIMEIRA OPÇÃO :


01) - HOSPEDAGEM EM NOVA UNÃO :


       A POUSADA RECANTO DO UNIÃO, fica localizada ao lado do local onde estaremos reunidos, na residência do Walter (uma Fazenda). Não há muitos quartos para casais, mas há muitos para solteiros.  Se o pessoal não se importar podem se agrupar 3 em cada quarto, separadamente, mulheres e homens, confortavelmente.
O preço também é bom e ficaríamos todos próximos, vejam no convite. O endereço está no Programa.


SEGUNDA OPÇÃO :


02) - HÁ um outro Hotel em Nova União, chama-se ZETA-HOTEL, mais sofisticado, porém,  mais caro que a Pousada Recanto do União.  Ele fica a 5 Km. ( 10 MINUTOS DE CARRO) da Pousada Pé de Bana do Walter, onde vamos nos reunir.  Fica localizado  na entrada da cidade. 
PREÇOS :    QUARTO DE CASAL ..............R$  120,00 (diária) c/ Café.
QUARTO DE SOLTEIRO......... R$   90,00 (diária) c/ café.
Endereço do Zeta Hotel:  Rua Joaquim Caetano Pinto, 20, Bairro Nova Aparecida, Nova União-MG.
TELEFONE PARA RESERVAS (031) 3685-6149


ORIENTAÇÕES PARA CHEGADA EM NOVA UNIÃO :


a) - Para quem for de carro a orientação é pegar o Anel Rodoviário sentido VITÓRIA.
      Na estrada para Vitória, no Km. 51  há um Posto de Gasolina, POSTO 51, há placa  indicativa da entrada para a cidade de NOVA UNIÃO.  Uma vez em Nova União, pergunte a alguém onde fica a residência do Walter da Cachaça, é na Rua Nossa Senhora do Carmo ao lado do nr. 427, todo mundo o conhece na cidade.


 DISTÂNCIA ENTRE BELO HORIZONTE E NOVA UNIÃO :  aproximadamente 60 KM.


b) - Para quem for de ônibus a orientação é :   Ao chegar na Rodoviária de Belo Horizonte, pergunte no Guichê de Informações o local de partida do ônibus para Nova União. Não há necessidade de se comprar passagens antes, a mesma é paga na roleta dentro do ônibus.   EMPRESA DE ÔNIBUS SARITUR. 
     
Ao chegar na Rodoviária de Nova União, não há problemas pergunte onde fica casa do Walter da Cachaça Germana, dá para se ir a pé até lá, Rua Nossa Senhora do Carmo, ao lado do nr. 427
     
HORÁRIO DE PARTIDA DOS ÔNIBUS DA RODOVIÁRIA DE BELO HORIZONTE :
      06:30 hs.   -  09:30 hs.  -  14:30 hs.  -  18:00 hs.
                                             
                                               Atenciosamente,
                                              Eustáquio Azevedo Silva e José     
                                              Rafael Cabral
                                              Presidente e Coordenador dos
                                              Encontros da EASO

sábado, 5 de maio de 2012

Entrevista com Marcos Rocha


Marcos Rocha

Apresentação


Não é difícil de perceber que o nosso entrevistado, Marcos Antônio Rocha, o Marcos Rocha, desde a juventude vem trilhando um caminho de sucesso. Ao longo de sua vitoriosa trajetória profissional, agregou à profissão de jornalista outros conhecimentos e habilidades que ampliaram suas competências, como a formação em comunicação e marketing. Houve também uma consistente participação na arte cinematográfica, de que é profundo conhecedor.

Marcos considera de suma importância a sua vida em família, fala de sua esposa Liana, seus filhos e sua neta de maneira tão carinhosa que evidencia o quanto os ama. Com sutileza, mostra tratar-se de uma família formada nos novos padrões da sociedade brasileira. Marcos Rocha e sua esposa, a engenheira civil Liana, demonstram, em nossos encontros setembrinos, o verdadeiro exemplo de como conviver com simplicidade, simpatia e carisma. Aqui vale lembrar a frase “não digas ao mundo do que és capaz, demonstre-o, se necessário for”. A frase se aplica a nosso colega e sua esposa que, nas reuniões, nos transmitem uma enorme sabedoria, porém cultivada em humildade. Católico por opção, nunca esqueceu a base de sua formação religiosa, sobre a qual fala com carinho, relembrando os tempos em que frequentou a Escola Apostólica Santa Odília, onde cursou o antigo ginasial, e o Colégio Dom Cabral, onde cursou o primeiro clássico.

Desnecessário dizer que nosso entrevistado é um profissional polivalente e bem resolvido em todos os sentidos da vida. Trata-se de um jornalista de sucesso, criativo profissional de comunicação e marketing, e ativo cineasta, que foi um dos fundadores do Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE), chegando a ser presidente daquela instituição. Por ocasião do golpe militar de 1964, mostrou-se firme em suas convicções ideológicas, participando intensamente da militância em oposição à ditadura, quando foi preso. Apoiou a luta pela anistia e pelas diretas na esperança da redemocratização do país. Trata-se de alguém que exercita plenamente sua cidadania, acreditando ser a política instrumento de transformação da sociedade, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem intencionadas, o que endossamos por princípio.

Sendo leitor de bons livros e apreciador de bons filmes, prefere as obras que trazem em sua mensagem conteúdos que o levem às reflexões filosóficas e existenciais. Preocupado com a solidariedade, mostra-nos profunda sensibilidade com a desigualdade social. Acredita que a fraternidade e a busca permanente da paz e da justiça poderão tornar muito melhor a humanidade.

Este é o Marcos Rocha que, do alto de sua sólida experiência de vida, nos concede esta preciosa entrevista, mostrando-nos a diversificação de suas atividades, como consultor de comunicação da presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e de grandes empresas e entidades de classe; como assessor de políticos renomados, redator de marketing político, publicitário, empresário, fotógrafo (que se afirma amador, mas acaba se contradizendo com as belas fotos em nossos encontros anuais) e muitos outros predicados.


"Fiz cursos que levaram a me tornar um    
profissional especializado simultaneamen-
te nas áreas de Jornalismo, Cinema, Co-   
municação e Marketing".                          

Blog: - Como foi sua formação escolar e acadêmica, abrangendo o período em que esteve no Semiário? 


Marcos Rocha em 1972, aos 26 anos,
quando organizou o Seminário de
Propaganda e Marketing.
 Marcos Rocha: - Entrei para a Escola Apostólica Santa Odília em 1957 e saí em 1961, tendo cursado o antigo ginasial e o primeiro ano clássico no Colégio Dom Cabral. Concluí o segundo grau no Colégio Municipal de Belo Horizonte e fiz cursos que levaram a me tornar um profissional especializado simultaneamente nas áreas de Jornalismo, Cinema, Comunicação e Marketing. Considero os cursos, estágios e as produções de cinema feitos no Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), no Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE) e na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica (que, posteriormente, se transformou na Faculdade de Comunicação da PUC/MG) as bases teóricas e práticas da minha formação cultural e profissional − isso sem levar em conta o período no Seminário, que considero importantíssimo na minha formação. Embora não tenha feito faculdade específica de jornalismo, tornei-me jornalista profissional − devidamente registrado no Ministério do Trabalho – desde a regulamentação da profissão, em 1970.

Blog: - E como é sua vida familiar? Como se constituiu ao longo do tempo?


Os quatro filhos e a neta de Marcos
Rocha, em foto de 2001.
M. R.: - Considero-me um exemplo típico daquilo que, em Sociologia e Estatística, é enquadrado como “novos arranjos e padrões da família brasileira”. Estou casado desde 1986 com Liana Borges Amaral, engenheira civil, com quem tenho um filho de 22 anos, Lucas Amaral Rocha, atualmente no último ano do Curso de Esportes da Escola de Educação Física da USP, em São Paulo. Este é o meu terceiro casamento. O primeiro casamento foi em 1969, aos 23 anos, com Aparecida Maria e Silva Rocha, socióloga e funcionária pública, no qual tivemos dois filhos: Georgiana Rocha, atualmente com 42 anos, formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo; e Flávio Silva Rocha, 37 anos, advogado pela PUC/MG e atualmente trabalhando na área jurídica da Caixa Econômica Federal, em Brasília. Desquitei-me em 1975 (na época ainda não existia o divórcio no Brasil), e vivi durante oito anos em união estável com Sandra Maria Masi, assessora de Relações Públicas, com quem tive um filho, Marcos Masi Rocha, atualmente com 35 anos, publicitário. Sandra faleceu aos 33 anos, em 1983, vítima de um tipo de câncer altamente letal, o melanoma maligno − estava com 37 anos quando fiquei viúvo deste casamento. Dois anos depois, conheci a Liana, que é mineira de Uberaba, e nos casamos no ano seguinte. São, portanto, quatro filhos, oriundos de três casamentos. Tenho também uma neta, atualmente com 12 anos, chamada Alice (é filha da Georgiana).


"Nessa época, já era fanático por cinema, paixão que  
começou quando fiz o Curso de Iniciação Cinemato-  
gráfica por sugestão e insistência do Padre Humber-  
to. Este curso aconteceu nas férias de Julho de 1961"

Blog: - Conte-nos um pouco sobre o início de sua vida profissional.


Marcos Rocha logo que saiu
do Seminário.
M. R.: - Iniciei minhas atividades profissionais logo no ano seguinte ao que saí do Seminário (1961), pois meu pai havia falecido e precisava contribuir para o orçamento doméstico − minha mãe recebia uma pensão, como viúva, insuficiente para a manutenção da família. Comecei a trabalhar como auxiliar de Departamento de Pessoal, em maio de 1962, aos 16 anos, na Bemoreira Máquinas S/A., antiga loja de departamentos de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Um ano e meio depois, em outubro de 1963, aos 17 anos, fui convidado por um amigo para mudar de emprego, passando a ganhar um pouco melhor como auxiliar administrativo na Sucursal do Jornal do Brasil em Minas Gerais. Esta foi uma mudança de emprego que marcaria os rumos da minha vida. Convivendo com jornalistas consagrados e outros profissionais de áreas afins, descobri que minha verdadeira vocação era o jornalismo e a área de comunicação.


Blog: - Foi a partir daí que surgiu seu interesse por cinema?

Marcos Rocha operando uma filmadora
de vídeo (a paixão pelo cinema)
M. R.: - Nessa época, já era fanático por cinema, paixão que começou quando fiz o Curso de Iniciação Cinematográfica por sugestão e insistência do Padre Humberto. Este curso aconteceu nas férias de julho de 1961 e foi ministrado em Belo Horizonte pelos padres Edeimar Massote e Guido Logger, ambos altamente especializados em cinema (naquela época, a Igreja Católica dava mais atenção ao papel da chamada sétima arte na formação cultural do que hoje). Este talvez tenha sido um dos momentos mais importantes da minha evolução e aperfeiçoamento cultural – que devo (e reconheço isso) ao Padre Humberto. Como resultado dessa iniciação, comecei a ler e a estudar tudo que me caía às mãos sobre a arte cinematográfica. Tornei-me leitor habitual das revistas Cahiers du Cinèma e Positif, que eram feitas pelos melhores críticos de cinema franceses e serviam como referência de qualidade para as mais importantes publicações culturais brasileiras. Aos 18 anos, comecei a fazer resenhas críticas de filmes, que foram publicadas em jornais de Belo Horizonte − mais por consideração e amizade dos editores do que pela qualidade dos textos, devo acrescentar.

Blog: - A partir daí, para se tornar um cineasta, foi só um pulo...

M. R.: - Continuava fazendo cursos, estágios, pesquisando e tentando aprender na prática aquilo de que mais gostava: a arte e a técnica do cinema. Dediquei-me ao cineclubismo, através do CEC, do qual mais tarde fui vice-presidente; criei com dois amigos as sessões de arte do antigo Cine Pathé, na Praça da Savassi, em Belo Horizonte; ajudei a fundar o Centro Mineiro de Cinema Experimental (CEMICE), do qual fui presidente e através do qual produzimos vários filmes de curtas-metragens; e fiz cursos de especialização na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica, fundada e dirigida, então, pelo já citado padre jesuíta Edeimar Massote, faculdade que, posteriormente, deu origem ao Curso de Comunicação e Marketing da PUC/MG.

Blog: - E como foi sua trajetória profissional até se tornar este jornalista de sucesso atualmente?

M. R.: - No início da década de 60, havia pouquíssimos cursos superiores de jornalismo no Brasil. A profissão ainda não era regulamentada. Os jornalistas vinham com bagagem cultural de outros cursos superiores, principalmente de Letras e de Direito, ou eram simplesmente autodidatas, como alguns dos melhores profissionais que se destacaram na profissão naqueles tempos e continuam em destaque ainda hoje. Todos, independente da formação, eram treinados nas técnicas de jornalismo dentro das redações − começando sempre como “focas” (gíria que designa jornalistas principiantes).

Como sempre gostei muito de escrever, desde os tempos do Seminário (era um colaborador frequente do nosso Repórter Crúzio), possuía uma boa base cultural e tinha um texto considerado bastante razoável pelos meus professores de Língua Portuguesa - entre os quais o saudoso Mariante de Oliveira -, comecei a pedir aos colegas da Sucursal do JB que me dessem algumas matérias mais simples para apurar e redigir. Foi assim, aprendendo na prática e no dia a dia das redações, que me tornei jornalista. Sem nunca deixar de estudar e de ler muito - sobre literatura, poesia, cinema, jornais, revistas, propaganda, marketing, enfim, tudo que me caísse às mãos.


MR  entrevista Ulysses Guimarães,  na
 época das "Diretas Já!", aos 37 anos.
Um ano e pouco depois de ter começado como auxiliar de escritório no Jornal do Brasil, já apurava e redigia matérias jornalísticas com desenvoltura e logo fui registrado na própria empresa como repórter. Pouco depois, mostrando versatilidade, passei a ser Chefe da Divisão de Publicidade e exerci também, durante um período, a chefia de redação da Sucursal do JB em Minas Gerais. Decorridos mais dois anos, desliguei-me do Jornal do Brasil e passei a chefiar a redação do jornal “O Sol” em Belo Horizonte por um curto período; e, na sequência, em 1968, aos 22 anos, fui contratado pelas Empresas Bloch, onde permaneci quatro anos, sempre atuando como jornalista – como repórter, chefe de reportagem, chefe de redação e diretor da sucursal. Produzi dezenas de reportagens para as revistas Manchete, Fatos e Fotos, Enciclopédia Bloch, Pais & Filhos e outras publicações da Bloch Editores S/A.

Blog: - Foi a partir do exercício do jornalismo que começou sua militância política?

Foto do Blog Plano-Geral-Marcos Rocha,
sendo julgado pela Justiça Militar, em
1972. Ele é o primeiro à esq., na parte de
baixo.A atual presidente da República
está na parte de cima, à direita. O de
óculos na parte de cima é o atual
ministro Fernando Pimentel. 
M. R.: - Sim, paralelamente às minhas atividades jornalísticas, tive uma atuação como militante de organizações políticas de esquerda armada que lutavam contra a ditadura militar – isso no período de 1965 a 1970. Fui integrante da POLOP (Política Operária), que depois se transformou na OPML - Organização Popular Marxista-Leninista, cujo braço armado era o COLINA - Comandos de Libertação Nacional. Entre os companheiros de militância desta época, em Belo Horizonte, estão a atual presidente da República, Dilma Vana Rousseff, e seu primeiro marido, o também jornalista Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que era meu amigo pessoal. Essa resistência à ditadura militar, sobretudo depois do Ato Institucional n° 5, em dezembro de 1968, teve como consequência uma dura repressão, que resultou na minha prisão por três vezes, em 1969 e 1970, durante as quais tive de enfrentar traumáticas sessões de tortura e de isolamento em celas solitárias, inclusive no terrível DOI-CODI do Rio de Janeiro e de São Paulo, de triste memória. Foram seis meses, ou, para ser exato, 200 dias, somadas as três temporadas , em diversas unidades prisionais. Exatamente por isso, decidi, em 1971, afastar-me temporariamente do jornalismo, para ficar menos exposto à violenta repressão da ditadura militar, que tinha uma preferência toda especial por reprimir jornalistas, intelectuais e formadores de opinião pública em geral. Mas resolvi também não sair do Brasil, apesar de ter tido várias oportunidades para isso, por entender que a redemocratização tinha que ser conquistada aqui, dentro do próprio país. Optei, então, por trabalhar em agências de propaganda e em departamentos de marketing e assessorias de comunicação, apoiando, paralelamente, movimentos como a luta pela Anistia, as Diretas-Já, o Fora-Collor e outras iniciativas no campo da política.

Blog: - Bem, então a partir daí houve um redirecionamento para as áreas de propaganda e marketing...

M. R.: - Sim, são áreas que têm grande afinidade com o jornalismo e estão inseridas no vasto universo da comunicação. Gostei da atividade porque oferecia menos riscos e era mais bem remunerada que o jornalismo. E, também, porque podia dedicar-me a áreas com as quais sempre tive muitas afinidades: criação e planejamento estratégico, produção de filmes publicitários, além de me permitir algumas incursões no atendimento. Exerci a profissão de publicitário ao longo de praticamente quatro décadas, passando por grandes agências no eixo Belo Horizonte–São Paulo. E também no Triângulo Mineiro, onde morei durante aproximadamente 20 anos em várias épocas – foram, no total, quatro anos em Uberlândia e 16 em Uberaba -, onde comandei minhas próprias agências de propaganda ou produtoras de vídeos e de filmes. O jornalismo passou a ser uma atividade apenas eventual ou complementar. Fazia matérias como free-lancer ou como colaborador-articulista em diversas publicações. Em algumas épocas, exerci um tipo de jornalismo mais especializado, quando as áreas estavam muito interligadas. Por exemplo: quando fui contratado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, de Uberaba, atuava como assessor de imprensa e fundei e dirigi a Revista ABCZ, que existe até hoje, especializada em pecuária. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, fui assessor de imprensa de um deputado e, mais tarde, consultor de comunicação da presidência durante dois anos (de 1999 a 2001). Da mesma forma, praticava técnicas de jornalismo quando fui coordenador-geral ou redator principal em dezenas de campanhas de marketing político.

"Gosto de Política, com P maiúsculo mesmo, pois acredito    
que, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem inten-
cionadas, é um poderoso instrumento de transformação da    
 sociedade, de melhoria da qualidade de vida, de busca da     
 justiça social."                                                                          


Blog: - Além destas atividades, você atuou em outras frentes de trabalho? Há algo que ainda deseja fazer?

M. R.: Nessa já longa carreira profissional de quase meio século, fui sócio de empresas ou trabalhei como contratado em Belo Horizonte, Uberaba, São Paulo, novamente Uberaba, Belo Horizonte (segunda temporada), São Paulo (segunda temporada), Uberlândia, Belo Horizonte (terceira temporada), Uberaba (terceira temporada) e novamente São Paulo, onde resido atualmente pela terceira vez e ainda atuo profissionalmente, prestando consultoria a empresas nas áreas de comunicação e marketing. Estas sucessivas mudanças de cidade são encaradas com bom humor, pois tenho espírito meio cigano e não gosto de criar raízes em nenhum lugar. Uma das minhas metas atuais é poder morar pelo menos dois anos em Barcelona – cidade pela qual me apaixonei nas duas viagens à Espanha, a última delas em 2010, quando fiz o Caminho de Santiago de Compostela, percorrendo 850 quilômetros a pé, ao longo de 35 dias, e, depois, permanecendo por lá mais duas semanas em viagens turísticas, estas em companhia da Liana.


Blog: - Voltando ao nosso assunto preferido, por que você entrou e por que saiu do Seminário?


Foto da primeira comunhão com toda a
 família. Note as  irmãs freiras.
M. R.: - Minha família sempre teve forte formação católica. Meu pai era congregado mariano e atuava em obras assistenciais e de caridade como vicentino. Junto com o pai, participei de muitas vigílias chamadas de “adorações noturnas”, na Igreja da Boa Viagem, em Belo Horizonte, isso a partir dos 7 ou 8 anos. Quando entrei para o Seminário, em 1957, aos 11 anos, tinha duas irmãs que eram freiras há mais de 10 anos e que também me influenciaram nesse sentido. Outra influência importante aconteceu quando passei a frequentar a Cruzada Eucarística, na Paróquia de Santa Tereza, sob a coordenação dos Padres Crúzios. A ida para o Seminário em Campo Belo foi, portanto, quase uma extensão dessa trajetória e a intenção era, realmente, no início, tornar-me padre. Mas os cinco anos de vivência na Escola Apostólica Santa Odília, em Campo Belo, mostraram-me que não tinha a verdadeira vocação para a vida religiosa, dom que é dado a poucos. E, para precipitar a saída, contribuiu a morte do meu pai em agosto de 1961, fazendo com que fosse obrigado a começar a trabalhar para ajudar a família.

Blog: - Entre as diversas experiências que a vida lhe reservou, quais as de que mais gosta?

M. R.: - Aos cinco anos incompletos, fui levado por meu pai para assistir aos grandes comícios da eleição presidencial de 1950, realizados na Praça da Estação, em Belo Horizonte, quando o ex-ditador Getúlio Vargas, então candidato pela antiga coligação PTB/PSD, derrotou o Brigadeiro Eduardo Gomes (antiga UDN). Meu pai era udenista e democrata convicto, odiava o ex-ditador, que havia sido simpatizante do fascismo e do nazismo, além de ter governado o Brasil por 15 anos de forma autoritária. Vem provavelmente daí o meu gosto-quase-paixão pela política e pelas liberdades democráticas, aqui entendidas em seu sentido original, totalmente em desuso nos dias atuais: a arte de chegar ao poder pelas vias democráticas para servir ao interesse público. Gosto de Política, com P maiúsculo mesmo, pois acredito que, quando praticada por pessoas éticas, sérias e bem intencionadas, é um poderoso instrumento de transformação da sociedade, de melhoria da qualidade de vida, de busca da justiça social.

Hoje, continuo gostando de escrever e mantive na internet até recentemente um blog no qual escrevi cerca de 1.300 posts e tive mais de 500 mil acessos, isso em apenas três anos. Mas parei de atualizar o blog http://www.planogeral-marcosrocha.blogspot.com/ porque constatei que os filtros e barreiras colocados pelos provedores estavam funcionando como censura de minha opinião sobre temas políticos brasileiros contemporâneos. Ainda pretendo voltar a ter um blog ou site pessoal em que possa escrever sobre temas de atualidade, mas preciso ter mais tempo para me dedicar a isso, pois dá trabalho.

Continuo, também, viciado em leitura de todos os tipos, sobretudo bons romances, biografias de grandes personalidades, revistas e jornais em geral; gosto de assistir a programas jornalísticos e documentários nas TVs a cabo; continuo cada vez mais apaixonado pelo cinema, que considero a base da minha formação cultural – gosto de filmes de todos os gêneros, mas sobretudo daqueles considerados obras de arte e que levam a reflexões filosóficas ou existenciais. Alguns diretores cujos filmes não perco: Ingmar Bergman, Fellini, Antonioni, Tornatore, Bertolucci, Truffaut, Godard, Akira Kurosawa, Kenji Mizoguchi, Michael Curtiz, Orson Welles, Howard Hawks, Billy Wilder, John Ford, Sam Peckimpah, Hitchcock, George Stevens, Nicholas Ray, Clint Eastwood, Francis Ford Coppola, Woody Allen, além de dezenas de outros cineastas importantes na história do cinema universal. Entre os brasileiros, destaco Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, todos ligados ao Cinema Novo.


2011 em Campo
Belo (MG).
Gosto, também, de fotografia – considero-me um amador avançado; de surfar aleatoriamente pela internet, tendo o hábito de acompanhar alguns blogs e sites que tratam de política nacional e internacional; de música clássica, jazz, tango, bossa-nova e MPB de qualidade; de conhecer cidades e culturas diferentes das nossas; de futebol quando bem jogado, embora seja torcedor - talvez fosse melhor dizer sofredor - do Villa Nova Atlético Clube, de Nova Lima, glorioso Campeão Mineiro de 1951, ano em que comecei a gostar de futebol; de cerveja e chope gelados; de vinhos de boas safras; de cozinhar quando estou inspirado (minha especialidade é a moqueca capixaba de badejo, feita em panelas de barro); de ver e apreciar mulher bonita em todas as suas manifestações de beleza; enfim, sou bastante eclético em minhas predileções.

Blog: - E a religiosidade, como se compõe com esta vida dinâmica que você tem?


Caminho de Santiago, um dos
marcos do caminho, em Palência
M. R.: - Depois de ter ficado afastado durante anos das práticas religiosas, por influência direta dos estudos de marxismo e da militância política de esquerda que tive nos anos 60 e 70, venho, em anos recentes, sobretudo após ter feito o Caminho de Santiago de Compostela, me aproximando novamente do catolicismo. Ainda estou longe de voltar a ser um católico exemplar, como cada um de nós já foi no passado, mas pretendo chegar lá. Graças, principalmente, à ajuda e ao estímulo da minha esposa, Liana Amaral, que é católica praticante, participativa e possui uma fé contagiante. Mas os valores morais e éticos cristãos transmitidos nos tempos do Seminário jamais foram esquecidos e pautam minha vida em todos os momentos.

Blog: - Quais são seus sonhos e projetos para o futuro?

M. R.: - Tenho como princípios fundamentais de vida os valores e as crenças expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos , proclamada solenemente pela ONU em 10 de dezembro de 1948. Em minha opinião, ali, naquele documento basilar, estão os fundamentos e princípios que sintetizam 10 mil anos de civilização. As bases da verdadeira democracia e da construção do futuro estão todas alinhavadas no documento. E mais: o texto é belíssimo, sobretudo no preâmbulo e quando descreve com brilhantismo as liberdades, os direitos e os deveres individuais e coletivos que devem ser perseguidos insistentemente pelo ser humano para a sua plena realização. A ética do trabalho, a solidariedade, a fraternidade e a busca permanente da paz e da justiça constituem as forças propulsoras que devem nortear a vida em sociedade e só elas conduzem indivíduos, povos e nações pelos caminhos da prosperidade e do bem-estar social. Que o mundo inteiro, todos os povos e nações, um dia não muito distante coloquem em prática a Declaração Universal dos Direitos Humanos - este é o meu sonho.


"Não me lembro de "meninos matutos, meninos revoltados,
meninos pios" -- acho que éramos todos iguais, ingênuos   
e bem intencionados. A convivência entre pessoas vindas   
de locais e formações tão diferentes era muito saudável e   
enriquecedora, sobretudo pela presença e contribuição      
dos padres holandeses..."                                                      

Perguntas do Seoldo

- Marquinhos, meio século passou, hein?!!! Chegou a hora de nos contar pelo menos 50% de suas aventuras (claro que “os segredinhos" não virão a tona... todavia, gostaríamos de saber o máximo possível). Parte de um mandamento da Bíblia diz: "Amar o próximo como si mesmo..."; no livro do Pequeno Príncipe alguém disse: "Você e responsável por aqueles que você conhece”; e o cotidiano nos parece forçar para o lado popular dos "Salve-se quem puder; o resto que se dane". Como você se colocou e se coloca dentro destes princípios?

- Caríssimo Seoldo: minha vida não tem tantos segredos quantos você imagina e, talvez, nem sejam tão interessantes. Sou um cidadão pacato, até hoje meio tímido e introvertido. Entre o "amar o próximo como a si mesmo ", o princípio de Saint-Exupéry -- "Tu te tornas eternamente responsável por aqueles que cativas" -- e o "salve-se quem puder, o resto que se dane", eu fico na posição do meio, entre o primeiro e o segundo, pois é onde geralmente mora o bom senso. Já o terceiro aforismo eu repudio, porque é típico dos oportunistas e destituídos de caráter.


- A memoria é uma capacidade do nosso cérebro que somente a própria pessoa parece controlar ou ter acesso. E ela que vai definindo a gente a cada momento. Então, sua memoria de quando chegou na EASO vindo do dinâmico Bairro de Santa Tereza da capital para um ambiente fechado do interior...algum comentário sobre choque cultural com relação a meninos matutos, meninos revoltados, meninos pios, meninos que "metiam o pé" nos jogos de bola, etc...Vai listando 3 coisas de que gostava/não gostava; 3 coisas que o incomodavam; 3 colegas com quem se dava bem; seus dois vizinhos no dormitório; os nomes das 3 empregadas que cozinhavam, lavavam e limpavam (pedir ajuda ao Raimundo Nonato).

Férias em Santana
 do Jacaré (MG).
Acima, futebol,
abaixo, hora do rio.

- Não me lembro de "meninos matutos, meninos revoltados, meninos pios" -- acho que éramos todos iguais, ingênuos e bem intencionados. A convivência entre pessoas vindas de locais e formações tão diferentes era muito saudável e enriquecedora, sobretudo pela presença e contribuição dos padres holandeses, representantes de outra cultura. Já os que "metiam o pé", nas nossas peladas, como os prezadíssimos Antônio Bessa e o Carraro (que Deus tenha os dois ao seu lado!) e o botineiro Zé Geraldo, por exemplo, que vivia me chamando de "chorão" , esses eu tinha vontade de capar e de jogar o bilau deles para os porcos...(rs rs rs) A sorte deles é que a gente não podia usar navalha ou canivetes afiados...(+ rs rs rs) Quanto aos dois vizinhos de dormitório e aos nomes das três empregadas que cozinhavam, eu passo...Minha memória, depois de meio século, não chega a tanto. Coisas de que gostava? Posso listar muito mais do que três: de jogar bola, das férias de julho em Santana do Jacaré (corríamos enorme risco ao nadar em alguns trechos do rio, mas como era gostoso!), das sessões de hipnotismo promovidas à noite pelo Padre João (lá em Santana), das aulas de canto do Padre Marino, dos nossos retiros espirituais, das solenidades da Semana Santa, das paradas e desfiles no Dia 7 de Setembro e no aniversário de Campo Belo, de apanhar araticum no meio do mato quando íamos até a Usina Velha ou fazíamos algum outro passeio (até hoje é a minha fruta predileta)... Já citar só três colegas com quem me dava bem é sacanagem da sua parte, pois vou ficar mal com quem eu omitir... Mas incluo você entre os três, está bom assim?

- Pena que você "estacionou" seu Blog... Ai, sim, é que tem "veneno"! Você chamou o presidente daqui de "Bunda Mole". Como você interpreta o mundo agora e como você o imagina daqui a 50 anos?

- Chamei o Barack Obama não apenas de "Bunda Mole", mas o acusei também de "Pênis Flácido", poltrão, acovardado e outras expressões que ele merece, porque -- metaforicamente falando -- acho que, de fato, é tudo isso. No episódio do contragolpe que as forças democráticas de Honduras deram para evitar o golpe de estado que o bolivariano-de-mierda, chamado Mel Zelaya, pretendia dar para permanecer no poder como ditador, as atitudes do Obama e dos demais líderes dessa pseudoesquerda corrupta e liberticida da América Lat(r)ina, entre os quais o Lula e o "maricón" Chávez, só podem ser classificadas como pusilânimes. Da mesma forma tem se mostrado um frouxo e um não-líder com relação à Líbia no episódio da queda do Kadafi, ao Irã, à Síria, à Coréia do Norte, a Cuba e a outras ditaduras que precisam ser derrubadas pelas forças internas desses países, mas com o apoio decisivo dos Estados Unidos e da União Européia. Torço, realmente, para que ele, Obama, seja derrotado fragorosamente na eleição deste ano. E´ mesmo um fraco.

- Finalmente, seria interessante que você mesmo explicasse por que ganhou o apelido de "MAMONA" e que também descrevesse com detalhes o gol mais bonito que você fez com seu "canhotaço".



   






De além-mar e além-areia, fontes
dignas  de credibilidade nos
informam que o apelido Mamona
se deve ao fenômeno chamado
estouro da mamona - quando os
frutos da mamona secam, eles
explodem com um estampido
inconfundível e as sementes são
arremessadas ao longe - Dizem
que o Marcos Rocha era assim:
estopim curto e intempestivo.
(Na foto acima - mamonas verdes
se misturam com as secas que
podem estourar a qualquer
momento - cuidado!).
 - O apelido de "Mamona", sinceramente, não sei quem me deu. Só sei que foi ainda em 1957, quando teve um surto de piolhos no Seminário antigo, na Praça Cônego Ulisses, ao lado da Igreja Matriz Velha, quando todos fomos obrigados a raspar a cabeça com máquina zero e a usar mata-piolhos. Quando meus cabelos começaram a nascer, todos espetados, é claro, o formato de minha cabeça foi associado ao de uma mamona, com suas pontas que parecem espinhos, por algum sacana. Quem sabe não foi você, Seoldo? Acho que há grandes possibilidade de ter sido, já que é um grande gozador. Mas, de fato, não me lembro. Quem se lembrou desse apelido, que eu já tinha esquecido há décadas, foi o Benone, no nosso Encontro de 2008...

O ponta esquerda Marquinhos, pri-
meiro agachado do lado direito, e o
autor da pergunta, Seoldo, primeiro
no canto esquerdo da foto.

Quanto ao gol mais bonito que marquei com o meu canhotaço, prezado Seoldo, sinceramente e mandando a modéstia às favas, foram tantos que fica difícil responder (rs rs rs). Mas me lembro de um jogo em que não marquei nenhum gol, mas comandei uma vitória que ficou na história do Seminário. Em 61, formamos dois times para disputar um campeonato contra o Sparta, o Comercial e as equipes do Dom Cabral. Uma das equipes foi considerada o primeiro time da EASO e tinha os melhores futeboleiros do Seminário. Por alguma razão eu fui excluído desse time titular e encarregado de montar a segunda equipe, com os jogadores que sobraram. Lembro-me de que era uma meninadinha -- eu, com 15 anos, o mais velho, além de capitão e técnico do time. O detalhe importante foi que, no mata-mata, acabamos tendo que jogar contra a equipe titular do Seminário e...ganhamos por 2 a 1! Fiquei no meio-de-campo comandando a meninada, distribuindo o jogo, fazendo lançamentos em profundidade e demos um show nos marmanjos do primeiro time, entre os quais, com certeza, estava você. Idem, o Raimundo Nonato, o Max, o Alfredo, o João Henrique e outros considerados bons de bola. Foi a minha consagração como craque nos tempos do Seminário. Você se lembra desta partida? O pior de tudo foi que, depois de termos eliminado a equipe titular da EASO, perdemos a final, acho que para o Sparta...E, aí, tive que aguentar a maior gozação. Mas valeu!


Perguntas do Lulu


- Marcos Rocha, por que você guardou tanto tempo todos aqueles artigos de O REPÓRTER CRÚZIO? Como você colecionava as folhas e como as manteve tão bem conservadas durante tanto tempo? Conte-nos, como você prometeu, a história desse Jornalzinho.

A lata de Biscoitos Piraquê onde estão
guardados os exemplares de O Répórter
Crúzio e as cartas recebidas da família,
por mais de 50 anos.
- Caro Lulu: no meu primeiro ano no Seminário, meu pai estava fazendo um trabalho, como topógrafo, em Formiga, que fica pertinho de Campo Belo. Num domingo, ele pegou um trem da antiga Rede Mineira de Viação e foi até a EASO me visitar, e me levou um mimo: uma latinha de biscoitos Piraquê, dentro da qual os biscoitos tinham o formato de bichinhos. A partir daí, passei a guardar nesta lata, em formato de um pequeno baú, que tenho até hoje, todas as correspondências que recebia da minha família, de amigos, de ex-colegas de Seminário. E, quando "O Repórter Crúzio" começou a ser produzido por nós, mimeografado, comecei a guardar todas as edições dentro da latinha. Infelizmente, ao longo desses mais de 50 anos, algumas edições se extraviaram, por causa das minhas muitas mudanças de endereço. Mas guardo com o maior carinho, ainda, dentro dela, dezenas de cartas e as edições do nosso jornalzinho que restaram (e que você reproduziu no nosso blog). Para mim, essas relíquias têm um valor afetivo enorme.


- Marcos Rocha, no dia 4 de abril de 2012, realizou-se uma Audiência Pública para debater sobre o Acordo Ortográfico, isso aconteceu na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Sabe-se que no dia 31 de dezembro deste ano termina o período de transição para que todos os países que assinaram o acordo adotem a nova ortografia. Você, que critica com veemência esse acordo, poderia nos expor suas razões? O que você acha que o legislativo deveria fazer a respeito do assunto?


- Lulu: fui e sou radicalmente contra esse acordo ortográfico picareta. No dia 21 de março de 2009, publiquei no meu blog um post em que explico claramente o que penso dele: “Aviso aos blognavegantes: este PG será o último espaço da web a adotar o Novo Vocabulário Ortográfico da Língüa Portuguesa. Porque é uma picaretagem”. Quer conhecer a íntegra? O link é este aqui. Mas, em resumo, devo dizer que é uma reforma feita nas coxas, às pressas, sem levar em conta as opiniões de notórios especialistas, repudiada totalmente pelos portugueses, que não a colocaram em prática nem o farão agora ou no futuro. Os angolanos e outros povos de fala portuguesa na África e na Ásia também a renegam. Alguns dos estudiosos da Língüa Portuguesa que eu mais respeito, aqui no Brasil, também a repudiaram. A abolição do trema, por exemplo, é um atentado ao bom gosto e uma estupidez. Exigir a colocação de um hífen na palavra vagalume, que era e é consagrada nos dicionários e na literatura sem esse tracinho, outra burrice. O resumo da ópera é o seguinte: as editoras de dicionários, de livros em geral, de softwares de textos e a própria Academia Brasileira de Letras devem ter faturado bilhões com essa irresponsabilidade. Mas não houve benefício algum para a nossa “última flor do Lácio, inculta e bela”, nas palavras do poeta, que eu, pessoalmente, não considero inculta e acho belíssima, apesar de maltratada por quem deveria cuidar dela. Para finalizar, entendo que nem o Legislativo nem o Executivo deveriam meter o bedelho nessas questões e, muito menos, transformar isso em leis. Em países civilizados é assim que se procede.


Resenha fotográfica a Marcos Rocha

Registros de fatos e da história de vida  

001

001 – Marquinhos, aos 7 anos, no dia da sua Primeira Comunhão, com toda a sua família, inclusive as duas irmãs freiras.

002
002 – Equipe titular do Seminário, na qual Marcos Rocha ocupava a posição de ponta-esquerda (é o primeiro agachado à direita).



003


003 – MR aos 16 anos, em 1962, apenas 4 meses após ter saído do seminário. Esta foto foi usada na sua primeira carteira profissional. E, no mês seguinte, começou no seu primeiro emprego.

004
004 – MR aos 23 anos, em agosto de 1969, ano em que se casou pela primeira vez.



005
005 – MR aos 26 anos, em 1972, quando criou e organizou o 1o. Seminário Brasileiro de Propaganda e Marketing, em Belo Horizonte, trazendo os mais consagrados profissionais do país para conferências que tiveram grande repercussão nos meios especializados.

006
006 – Marcos Rocha entrevistando Ulysses Guimarães, em 1983, na época da campanha das “Diretas Já!” .



007
007 – Os quatro filhos e a neta, em 2001, no aniversário de um ano dela.
008

Foto 008 – MR e a neta, na mesma data.

009
009 – No seu aniversário de 60 anos, em 2005, junto com suas cinco irmãs. A que ele está abraçando, Penha, faleceu em 2007.


011
010
010 – Com os dois filhos do primeiro casamento, Flávio e Georgiana, e a neta Alice, no seu apartamento de S. Paulo, em 2011.



011 - MR e três de seus quatro filhos, em setembro de 2010.

012

012 – Com o seu filho do segundo casamento, Marcos Masi Rocha, em 2005.





Registros de viagens



013


013 – Viagem à Europa, em 2000. À esq., em Roma; à dir., em Viena, às margens do Danúbio, com a temperatura 5 graus abaixo de zero.

014

014 – Liana e MR em Aruba, em 1996.



015
015 – Liana e MR no dia em que comemoraram Bodas de Prata, em 2010.


016


016 – Liana e MR em Buenos Aires (2010).





017
017 – MR e Liana em Madri, em 2010, em frente ao Portão de Alcalá.




018



018 – MR e Liana, em setembro de 2010, nas Bodas de Prata.


019


019 – MR e Liana em São Paulo, 2011.

020

020 – Liana e MR em Aruba, em 1996, no Charlie’s Bar.


021
021 – Reunião de negócios com empresários da Coréia do Sul, em Seul, em 1994.


022
022 – MR, o primeiro à direita, integrando uma delegação de empresários brasileiros que foram a Taiwan (Formosa) e à Coréia do Sul, em 1994.


023
023 – MR e seu amigo Renato Lucatelli fazendo o Caminho de Santiago de Compostela, em 2010.
024




024 – MR num dos marcos do Caminho, em Palência.

025


025 – MR e seu amigo Renato Lucatelli em frente ao marco de entrada na Galícia, etapa final do Caminho de Santiago de Compostela.



026 – Gesto de vitória, ao final do Caminho, em Finisterra,
às margens do Mar Cantábrico, na Galícia, após 35 dias,
tendo percorrido 850 km. a pé.

Créditos: esta entrevista foi coordenada pelo Edgard Miranda Alfenas que também redigiu a apresentação. A edição contou com a coloboração especial do entrevistado e de todos os Conselheiros  do Blog.