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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Entrevista com José Nicodemo Costa


Revisão: Siovani



Apresentação: Lulu

José Nicodemo Costa 
Esta apresentação, como muitas, escrita após à entrevista concluída, considera a predileção do entrevistado e os seus valores cristãos, que muitas vezes o levam a ver qualidades noutros que de fato são suas.
Um homem que valoriza tanto a humildade já decerto a tem como virtude e é bem provável que a cultive com esmero. Assim vejo o nosso entrevistado, José Nicodemo Costa, que não se ocupa das vantagens e prazeres que lhe podem trazer a ostentação e a vaidade.Mesmo conhecendo-o de pouco convívio, apenas dos encontros da EASO, confesso que pude observar de perto seu comportamento quando esteve em Senhora de Oliveira durante o VIII Encontro da EASO, e dele formar um juízo positivo. A humildade, que ele tanto aprecia nos outros, nele emerge natural e soma-se a outros atributos que moldam o caráter. O mundo carece do que nele sobeja. Neste sentido, testemunhei um comportamento que mostra o quanto este nosso colega preza a amizade: uma boa parte dos ex-seminaristas deve conhecer e lembrar-se da estória triste de José Cezário, que, por recomendação médica, teve que sair da EASO. Este bom seminarista fora acometido, ainda menino, de uma doença com um prognóstico desfavorável à cura. Como uma exceção à regra, não foi incentivado a ficar em casa nem saiu por vontade própria, seu desligamento se deu por recomendação dos padres que seguiam, por sua vez, a dos médicos. Quis o bom senso dos Crúzios e o destino que fosse ele consolado, na aproximação da derradeira viagem, pelo caloroso amor de mãe e pelo olhar afetuoso de sua família. Foi para casa morrer no conforto do lar, e o previsto se consumou. Nicodemo conhecia esses fatos e, ao saber que a mãe do José Cezário ainda vivia, quis conhecê-la, e pediu-me para acompanhá-lo à casa dela. Sendo aquela senhora minha madrinha, tive muito prazer em levá-lo a essa homenagem póstuma àquele cujos parentes mostraram-se agradavelmente surpreendidos com a inesperada presença do amigo de outrora. Infelizmente a visitada, já em idade quase centenária, não mais podia entender a grandeza do gesto daquele senhor grisalho que ali fora pela memória de um menino que conhecera há mais de cinquenta anos.
É comum ver-se pessoas cheias de atitudes nobres, mas poucas são as que vão além disso, ou seja, que conseguem transformar as boas intenções em comportamentos e gestos de grandeza, seres que mudam o mundo com ações e não apenas com palavras.
Nosso entrevistado é determinado à ação, como se pode colher de suas respostas nesta entrevista. Não é desses em que a bonomia religiosa costuma anular aquelas qualidades que tornam a pessoa competitiva e útil nas atividades laicas. Ao contrário, sua vida é pé no chão. Foi gerente e vendedor de sucesso. De perto nós o vimos agindo na coordenação do X Encontro da EASO, tarefa que realizou com discrição e objetividade. Mas, de longe, o mais importante de sua vida está na construção de uma família bem estruturada. Através de sua luta há de deixar o seu legado para as novas gerações.

A entrevista

Lulu: inicialmente solicito ao Nicodemo que faça um resumo de sua vida. Esse material será a base para nos orientar quanto às perguntas mais pertinentes.

Nicodemo - 
Vamos começar.


Meu nome completo: José Nicodemo Costa.
A partir da direita: Luciano, caçula; Alessandra; Nicodemo;
Julieta, a esposa; Fernanda, sobrinha.
Sou natural de Cristais, MG.
Nicodemo no festival do chopp
em 1973, Campo Belo - MG
Nasci em uma fazenda em 22/07/1949.
Sou o mais velho de 4 irmãos, hoje, apenas 2. Fiquei órfão aos 7 anos; meu pai faleceu com apenas 33 anos em 1956.
Vivi na roça até os meus oito anos; frequentei escola de roça por um ano. Aos oito anos fui para Cristais para estudar, onde fiz o primário. Durante esse período estudava e vendia frutas e verduras, além de cuidar de uma ceva de engorda de porcos, que meu tio tinha em Cristais, e, nos finais de semana, engraxava sapatos na rua.
Em 1963 vim para o Seminário, onde fiquei por dois anos, mas continuei estudando no saudoso Ginásio Dom Cabral, hoje Colégio Dom Cabral, onde fiquei até a 3ª série. Esse período foi terrível, pois além dos estudos, também vivia na boemia.

Em 1974 eu me casei; temos dois filhos, a mais velha é farmacêutica, e o caçula formou-se em educação física, mas não exerce a profissão, agora  está fazendo Agrimensura e vai se formar em 2019, se DEUS quiser.

O mais, vamos deixar para as respostas das perguntas.


*
Pergunta 1:

Quando estudante participando da Charanga do Colégio
Dom Cabral, Campo Belo - MG

Lulu - Como as dificuldades de sua infância, órfão tão novo, e o pouco tempo de seminário contribuíram na formação de seu caráter?

Nicodemo - Graças a DEUS, eu tive uma Mãe que, apesar de ter ficado viúva com apenas 28 anos, soube nos dar uma boa educação; e no seminário, depois no GINÁSIO DOM CABRAL, foi onde aprendi a vencer as barreiras da vida.
Tudo o que aprendi e o que sou, agradeço aos Padres Crúzios, inclusive minha formação religiosa.





**

Pergunta 2:

Fundos da capela de Cristais, onde Nicodemo
foi coroinha.
Lulu - Por que você entrou e por que saiu do seminário?

Nicodemo - Na época eu era coroinha do saudoso Padre Celso Pinheiro e estava sempre participando das festas religiosas, com isso foi-me despertado o desejo de ir para o seminário, onde passei o melhor tempo da minha vida, apesar das dificuldades.
Saí por ignorância do Padre Humberto. Eu tinha ido fazer uma visita para a minha avó, que morava na fazenda; isso foi em um final de semana e foi justamente naquele final de semana que o padre foi a Cristais. Na semana seguinte eu recebi uma carta dele dispensando-me.

Lulu - Na resposta acima ficou a seguinte dúvida: por que o padre Humberto o expulsou?Você foi para a casa da sua avó sem ter autorização?Como isso era possível, se ele, o Padre Humberto, era o diretor?

Nicodemo - Mas era período de férias!

Lulu - Nas férias você não podia sair da zona urbana de Cristais? Afinal o que dizia a carta?

Nicodemo - Dizia que nos finais de semana eu deveria estar na cidade e participar das missas, e que eu não tinha vocação.

***

Pergunta 3

Lulu - Quais são suas melhores recordações daquele tempo?

Nicodemo -  São várias: as aulas de declamação; a sala de recreio; as peladas; as viagens para as cidades vizinhas e as cachoeiras.

****

[13/12 05:01] Luiz Alfenas: Seoldo enviou por Skype algumas perguntas para você
:
[13/12 05:01] Luiz Alfenas: 12/12 8:33 PM (Horário de Arizona, EUA)  Geraldo H Seoldo - 


****
Pergunta 4: 


A partir da esquerda: Nicodemo (pela metade), Rafael 
e Tião Rocha.

Seoldo - Oi, Nicodemo! Não foi no mesmo tempo, mas ambos, você e eu, passamos pela Escola Apostólica Santa Odília... Também eu fui um simples menino da roça sem muitos recursos... Gostaria de que você desse mais detalhes do tempo em que viveu no Seminário: Você queria ser padre mesmo? Quais seus melhores colegas? Gostava do regime e da comida? Qual seu esporte preferido?

Nicodemo - Sim, eu queria, tanto é que, até hoje, às vezes eu me questiono porque eu não procurei outro seminário logo que saí da EASO. Mas eu queria ser Crúzio, devido ao carisma deles.
Com relação aos amigos daquele tempo, para mim não tinha nenhum melhor que o outro, eu me dava bem com todos. Hoje, porém, eu tiro o meu chapéu para um que não sei se foi do seu tempo, esse eu tenho o prazer de escrever o nome dele com letras maiúsculas, sem desmerecer os demais, LUIZ ALFENAS (LULU), esse cara é de uma humildade e uma simplicidade sem igual. Para ele eu tiro o chapéu.
Regime do Seminário: Era muito rígido, mas foi muito bom para nós, você não concorda? Eu sou muito grato aos Padres Crúzios pelo que sou hoje.
Meu esporte preferido: eu sempre gostei de pescaria, mas tem muito tempo que não pesco, meus amigos de pescaria já morreram todos.
 
*****

Pergunta 5:

Seoldo
Mais detalhes, depois que saiu do Ginásio Dom Cabral na 3ª série: 
a) foi direto trabalhar em que e onde...
b)como encontrou sua esposa...
c) como conseguiu a educação dos filhos...
d) como vê a situação atual de Cristais, de Minas, do Brasil, e, sobretudo, da Igreja Católica?

Nicodemos -


a) Você perguntou se eu fui direto trabalhar: não, quando eu saí do seminário fui morar na casa de minha prima, e só no ano seguinte foi que viemos definitivamente para Campo Belo. Eu comecei em uma seção de peças durante as férias. Em 1967 fui trabalhar com um meu primo que tinha um bar, estudava de manhã e à tarde ia para o bar. Nesse bar, comecei a beber, parei de estudar, todo serviço que arrumava eu não gostava. Trabalhava durante o dia e à noite ia para a boemia, eu detestava ficar atrás de uma mesa ou balcão; essa vida continuou até 1972, nesse ano eu estava trabalhando no escritório de um laticínio, foi quando conheci um senhor que fazia a manutenção das máquinas;um dia ele me chamou e perguntou-me se eu queria trabalhar de vendedor para ele, aceitei na hora, era uma firma representante das máquinas e calculadoras Olivetti, foi a primeira porta a se abrir para mim, depois fui para  uma firma de montagem comercial, onde fiquei por cinco anos. Fui gerente de filial de uma transportadora por oito anos e, por fim, voltei para as vendas, onde fiquei até me aposentar.


b
O casamento feito pelo Padre
Arthur.
) Como encontrei minha esposa: Foi através de uma minha prima.
Quando eu ia trabalhar, sempre me encontrava com ela vindo do colégio. Um dia, conversando com minha prima, comentei com ela, pois as duas estudavam no mesmo colégio e eram da mesma sala.
Um belo dia, eu estava em casa quando chegaram as duas, e fomos apresentados um ao outro, aí tudo começou. Dia 21 de dezembro de 2018 vamos fazer 44 anos de casados.


Julieta e Nicodemo: casamento em 1974
c) Como conseguimos educar nossos filhos:

Olha Seoldo, foi uma luta. Eu viajava e minha esposa lecionava. Minha filha fazia faculdade em Três Corações e, em uma consulta médica, foi descoberta uma infecção nos intestinos; esta infecção chama-se Crohn, não é grave, mas não tem cura, só controle.
Na época ela fazia uso de um medicamento cujo nome é PENTASO, que custava quase R$500,00 a caixa com 28 comprimidos,suficientes para 7 dias.
Meu filho formou-se na UNIPAC e agora está fazendo Agrimensura à distância, com aulas presenciais três vezes por mês.
Esta foi a minha vida com altos e baixos, mas venci graças ao nosso bom DEUS.


******
Pergunta 6

Seoldo - " Sempre haverá gente melhor e pior que você.... gente mais e menos importante que você....  Você é filho do universo.... Você tem o direito de estar aqui e agora.... " 
Poderia fazer um comentário sobre isto? Boa Sorte e Felizes Festas!!!!


Nicodemo - Não, não há ninguém mais importante ou menos importante, como diz aquele velho ditado popular: cada macaco no seu galho. Para mim somos iguais, indiferente à cor, raça, credo e classe social.
Completando esta resposta:
Para os amantes da música caipira, já deve ter ouvido uma música que tem como título O Doutor e o Caipira, se ainda não ouviu, procura ouvir.



Goiano e Paranaense.

Letra:
Eu dou motivo pra me chamar de caipira
Mas continuo lhe tratando de senhor
Eu não me zango, pois não disse uma mentira
Pelo contrário isso até me dá valor
Sua infância foi lições de faculdade
Na realidade hoje é grande doutor
Não tive estudos minha escola foi trabalho
Desbravando meu sertão no interior

Foi importante eu ter feito esta viagem
Pois conheci esta frondosa capital
Estou surpreso vendo tanta aparelhagem
Para o senhor tudo isto é normal
Sou um paciente que o destino lhe oferece
Não me conhece como um profissional
Lá onde eu moro o senhor se sentiria
Como eu me sinto aqui nesse hospital

Lá eu domino aquele incêndio alastrado
Que sempre um raio deixa fogo no espigão
Se der um golpe em um jatobá erado
Eu sei o lado que a árvore cai no chão
Sou especialista em mata-burros e porteiras
Sei a madeira que se usa pro mourão
Vamos comigo ver meu mundo ao céu aberto
Onde o trabalho também é uma operação

Todas as vezes que me chamam de caipira
É um carinho que recebo de alguém
É uma prova que a pessoa me admira
E nem calcula o prazer que a gente tem
Doutor agora nós já somos bons amigos
Vamos comigo conhecer o meu além
Para dizer que sou caipira da cidade
Mas lá no mato eu sou um doutor também


*******
Pergunta 7
Irmã Eufronésia (85)

Eustáquio - Fale um pouco sobre seu trabalho na pastoral vocacional em Campo Belo.

NicodemoSobre a pastoral vocacional:
Tudo começou em 1996, quando  minha esposa e eu fizemos E.C.C.Durante as reuniões para os encontros, foi despertando-me o desejo de participar de  algum movimento ou pastoral.Reunimos cinco casais e fundamos a pastoral familiar, que funcionou dois anos, mais ou menos. Depois, uns saíram e outros morreram, foi até acabar.  Fiquei novamente pensando no que fazer.
Conversei com o padre Donizete, que era o pároco, isso em 1997. Foi aí que tudo engrenou, eu e a Irmã Eufronésia fomos para Oliveira fazer um curso, começamos com cinco agentes. Promovemos palestras nas escolas, várias reuniões, indo atrás de jovens que manifestassem interesse, e a encontros de jovens vocacionados de fora de Campo Belo.Desses encontros, hoje temos quatro padres: Padre Tiago, da paróquia Nossa Senhora do Carmo; Padre Sebastião Israel, capelão da Vila Vicentina e Padre Robson, de Cristais, e, ainda, Frei Agnaldo, um franciscano que trabalha em São Paulo.
A Irmã Eufronésia trabalhou aqui no antigo Colégio São José, onde foi professora por vários anos. Trabalhou muito para que fosse fundada a paróquia de São Sebastião. Hoje ela mora e trabalha em Belo Horizonte, no bairro Taquaril.
Continuamos à procura de novos vocacionados,fazendo reuniões, rezando pelas vocações e agora vamos rezar o terço vocacional todo dia 5 de cada mês.
Por favor, reze pelas vocações sacerdotais e religiosas. Obrigado.


*******

Pergunta 8:   

´
Reunião de 2008, em Campo Belo, com Ázara, Nonato,
Nicodemo, Ni e Rafael. 

Nonato - Depois de tantos anos que se passaram daquele convívio no seminário, começamos (alguns ex-seminaristas) a nos encontrarmos. Você acha que tem valido a pena, mudou ou influencia alguma coisa na vida dos que têm participado dos nossos encontros?

NicodemoSim, vale muito ver no rosto de cada um a alegria estampada, lembrar as histórias daquele tempo; pena que é uma só vez por ano.
Cada vez que nos reunimos, eu, particularmente, tiro proveito de alguma coisa.
Você se recorda dessa nossa reunião? (vide foto ao lado)


*********
Pergunta 9

Padre Humberto (primeiro assentado à direita); Padre 
Marino (primeiro assentado à esquerda); Padre Lucas (com
a cruz colorida)
Nonato - Ainda no seminário, qual padre você acha que melhor nos servia como exemplo para a vida religiosa? 

Nicodemo - Eu penso que cada um tinha as suas qualidades, eu vou enumerar 3:
1 - Pe. Humberto, como catequista;
2 - Pe. Marino, amigo e conselheiro;
3- Pe. Lucas, pela espiritualidade.


Um pequeno comentário:


Na comemoração dos 60 anos de ordenação do Padre Lucas, o bispo, naquela ocasião era Dom Francisco Barroso, em sua homilia falou que se quisesse encontrar com o Padre Lucas no colégio Dom Cabral, era só ir à capela, que lá estaria ele fazendo suas orações.


**********


Pergunta 10

Lulu -  Nicodemo, que perguntas você mesmo faria para o cidadão Nicodemo, e como as responderia? Fique à vontade e mostre a que veio.

Nicodemo: Lulu, esta foi muito boa.


As perguntas seriam estas:

a) Você já foi humilhado ou discriminado?


b) Você se sente inferior a outras pessoas?


E estas seriam as respostas:     


a) Sim! Algumas vezes por não ter um curso superior ou por não ter uma situação financeira boa.


b) Não! Não existe ninguém melhor que o outro, somos todos iguais, filhos de um mesmo pai, DEUS.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Relatório do VII Encontro da EASO por Siovani

I

Amanhecer de Campo Belo como visto do Convento dos
Crúzios. Foto Gentilmente cedida por Nazaré Costa (Cli-
que para abir a foto em tamanho grande)
A foto da Nazaré com que iniciamos a abertura deste relato do nosso Sétimo Encontro pode ser vista como uma feliz representação e coroação das conversas que tivemos durante o encontro; vou tentar transmitir neste relato o porquê de tal observação.

Quando chegávamos a Campo Belo, quando a cidade se abriu diante dos nossos olhos, o sol mostrava-se enorme e vermelho descendo atrás de um morro. Naquele dia, 25 de Setembro, praticamente no equinócio da primavera, esse espetáculo acontecia às seis horas. Ali ele morria para renascer na foto que o Raimundo fixou. Para conseguir o objetivo que tracei acima vou falar de duas jornadas: a do nosso VII Encontro e, entremeada, de uma outra tecida em um  poema de Fernando Pessoa que fez parte de uma conversa que mantive com o Edgard, sendo esta sua primeira estrofe:

         Eros e Psique

Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.


A simpatia acolhedora do Padre
Júlio.
O nosso Encontro, também adormecido na espera de um longo ano, renascia naquela noite com a presença dos caros amigos easistas no Convento da Santa Cruz, onde fomos acolhidos pela simpatia do Padre Júlio. Logo ao chegar já nos surpreendemos pela bela obra que encontramos, a qual víramos antes apenas nos alicerces. Feitas as inscrições, fomos levados a uma sala onde uma mesa fazia o centro para reuniões. Ao lado janelas se abriam para a cidade, que se oferecia em uma vista panorâmica. Ali nos esperava também, além dos padres brasileiros e noviços da Ordem de Santa Cruz, o representante dos antigos padres holandeses, o Padre Tiago, figura agradável, sempre com um sorriso nos lábios, uma pequena voz suave, que num momento posterior, ao responder aos agradecimentos que foram dirigidos aos padres que nos acolheram no seminário, devolveu-nos: “o que seria de nós sem vocês”.

Os padres Crúzos
Após as palavras de acolhida do Padre Júlio foram feitas as orações que o Tupi preparara em folhas impressas, cujo auge foi a música de Gonzaguinha “O que é, o que é?”. Em uma apóstrofe às orações, o casal Nonato e Nazaré recebeu um pacote, que aberto revelou uma escultura do Espírito Santo, um presente da Fátima, esposa do Santana, – esta esteve ausente ao Encontro devido a uma viagem – para que fosse instalado no sítio do casal; tendo sido a imagem abençoada, ali mesmo, pelo Padre Tiago. Em seguida o Edgard pediu a palavra para fazer a leitura da mensagem que o Seoldo, distante fisicamente e tão próximo, enviou-nos, secundado ainda pela Rosimere, que leu a mensagem também nos enviada pela Judite, com especial dedicação dirigida às amigas – ver textos abaixo.
Escultura do Espírito Santo oferecida
à Nazaré pela Fátima
E as conversas de reencontro tomaram conta do ambiente entrecortadas pela cerveja, refrigerantes e acepipes, que já nos acostumamos a enaltecer, servidos pelas irmãs do Santana. E a alegria foi se achegando à noite até que fomos convidados a dirigirmo-nos ao refeitório do convento onde nos esperava um jantar preparado pelos padres e noviços, os quais nos  foram todos apresentados, inclusive um indonésio que pouco falava o português:

Padres:
Júlio César Evangelista Resende (prior), Elione Corrêa, Wilson Burato Dias, José Cláudio Nilton, Raphael Priyo Handyanto e André Dadang;

Noviços:
 Hiago Henrique, Carlo Eduardo Sousa Retori, Marcos Antônio Rodrigues Lélis e Daniel de Souza Gomes. 

Cátia e Edgard, o re-
encontro com as ma-
ravilhas divinas. 
Durante o jantar pude conversar demoradamente com o Edgard, que expressava júbilo por tudo que lhe estava acontecendo, demonstrando um fervor inusitado com o seu (re)encontro com as maravilhas divinas. A alegria que encontramos no Edgard foi uma das melhores marcas deste Encontro.

Mas havíamos abandonado a princesa encantada lá em cima à espera do Infante, dormindo dentro do muro de sua inconsciência. E como a noite já ia alta, o sono da princesa nos convidou para sua companhia, levando aos sonhos uma esperança.


II

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.


Enquanto descansávamos o Infante cumpria sua jornada de herói entregando-se aos prazeres e cruezas do mundo. Como o grande Hércules, ele teria que, sem escolha, descer ao mundo de Hades para vencer o seu guardião, e experimentar os excessos da insanidade, antes que, redimido pela experiência, deixasse o caminho errado.

E no acordar do sábado havia a programação das Laudes  e o café da manhã.  Em seguida o Padre Júlio falou sobre a Ordem da Santa Cruz e fez suas reflexões sobre “Olhar do Papa Francisco sobre o mundo atual”, onde, se enalteceu o Papa pelo seu carisma e ativismo, também mostrou restrições a algumas atitudes que “nos incomodam”, conforme suas palavras. Solicitado a enumerar tais incômodos, falou da frase “mexicanização da Argentina”, pelo seu caráter não diplomático; pela defesa aos atacantes do Charlie Hebdo quando disse que - citando de memória - se alguém agride sua mãe, você revida com um soco na cara.

O que iniciou um debate acirrado foi a questão referente à facilitação de anulação de casamentos, onde a posição radical do Ázara contra qualquer possibilidade de dissolução de casamento se contrapôs ao Edgard, beneficiado por este dispositivo. Confesso que fiquei surpreso ao perceber no primeiro o fundamentalismo, pois parece incompatível com seu jeito brincalhão e moleque.

Tendo o Padre encerrada a sua palestra, o Tupi voltou a distribuir novas folhas de orações anteriormente preparadas. Aqui também houve um dissenso entre os easistas, pois alguns deixaram o recinto por não concordarem em transformar nossos encontros de amizade em encontros religiosos. A crença ou não crença de cada um deve ser respeitada. Não achamos que esse tipo de atividade não deva haver, mas simplesmente não deve ter caráter coercitivo; dever-se-ia fazer um convite aos que espontaneamente queiram participar.


Eustáquio também falou antes do 
almoço

Fomos chamados para o almoço no refeitório do convento nos moldes do jantar da véspera. À esta atenção dos padres temos muito a agradecer, acolhida melhor não poderíamos imaginar:
 jantar, almoço, palestra e a oferta das dependências do convento onde diversos easistas se hospedaram.

Voltemos então ao nosso Infante que abandonamos em sua hercúlea jornada através dos caminhos desregrados.

III

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.


A Princesa, ainda inconsciente das lutas pelas quais o Infante enfrenta, sonha talvez com ele. A grinalda de hera que lhe orna a fronte pode nos levar à ciumenta deusa da fidelidade, Hera, que por causa das traições de Zeus perseguiu Héracles-Hércules desde o seu nascimento: sendo a infidelidade um motor potente o suficiente para desencadear tormentos de culpa.

E a nossa jornada no sábado continuava sem compromissos escalados para a tarde. Alguns colegas foram assistir a um ensaio da fanfarra do Colégio Dom Cabral na Vila Vicentina, outros preferiram recuperar-se para a jornada da noite que se anunciava.


IV

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado,

Ele dela é ignorado,

Ela para ele é ninguém.


E o Infante continua a trilhar o caminho que lhe foi predestinado inconsciente do seu objetivo fatal.

Na noite do sábado estávamos convidados a uma missa na Capela da Santa Cruz. Após a missa, corações mais leves e liberados para alguns excessos, fomos para o pátio do Colégio Dom Cabral onde as mesas de concreto foram cuidadosamente paramentadas pelo bufê da Tuza,   BUFFET KI-KOMIDA  - assim com letras maiúsculas para tentar deixar transparecer a gigantesca qualidade e eficiência de seus serviços - ,  para o que foi programado como uma Noite de Roda de Viola.

Juntou-se ao grupo nesta noite o Clayton, nosso colega da turma de 1964, e sua esposa Regina. Ausente na noite, o Baliza não deixou de enviar pelo Eustáquio as garrafinhas de cachaça com o rótulo do VII Encontro, objeto de coleção para alguns colegas.

E a noite correu sob um elenco de músicas, muitas das quais embalaram nossos momentos na sala de recreio antes da hora de dormir. O olhar se dispersa um pouco e ainda vê o Eustáquio, um pouco mais novo, a cabeça não tão branca, a revirar os discos na vitrola, amparado pelos pitacos de alguns colegas sentados ao redor, mas, aí, a visão do Padre Humberto embaçou tudo...

Santana se revela e Ázara continua dançando
Enquanto a Germana novamente corria livre para colocar em alguns mais exaltação, o Ázara não perdia uma música,bebia  as notas caídas no seu copo e dançava, incansável, noite adentro.

Os garçons não nos deixavam descansar, sempre prontos a encherem nossos copos e a oferecer-nos os deliciosos salgados ofertados pelas irmãs do Santana.  A brincadeira mais comum na noite foi “senta aqui, puxa uma cadeira”, o que o concreto se recusava a concordar.

Não se deixou de cutucar o Rafael com a música que o Padre Humberto o repreendeu por não ser adequada a seminaristas, e lá foram pedir ao cantor que tocasse “Sapore de Sale” e “Quando Calienta El Sol”. E pudemos ouvir:

Sapore di sale
(Gino Paoli, Ricky Gianco)


Sapore di sale,                     (Sabor de sal,)

sapore di mare,                   (sabor de mar,)

che hai sulla pelle,              (que tens na pele,)

che hai sulle labbra,           (que tens nos lábios,)

quando esci dall'acqua      (quando sais da água)

e ti vieni a sdraiare             (e vens deitar-te)

vicino a me                           (pertinho de mim)

vicino a me.                          (pertinho de mim.)

Sapore di sale,                     (Sabor de sal,)

sapore di mare,                   (sabor de mar,)

un gusto un po' amaro       (um gosto meio amargo)

di cose perdute,                  (de coisas perdidas,)

di cose lasciate                    (de coisas deixadas)  

lontano da noi                     (longe de nós)

dove il mondo è diverso,   (onde o mundo é diferente,)

diverso da qui.                     (diferente daqui.)

Qui tempo è dei giorni       (Aqui o tempo é de dias)

che passano pigri                                (que passam lentos)

e lasciano in bocca             (e deixam na boca)
il gusto del sale.                   (o gosto de sal.)
Ti butti nell'acqua               (Mergulhas na água)
e mi lasci a guardarti          (e me deixas a olhar-te)
e rimango da solo               (e fico sozinho)
nella sabbia e nel sole.       (na areia e no sol.)
Poi torni vicino                    (Depois voltas)
e ti lasci cadere                   (e te deixas cair)
così nella sabbia                  (na areia)
e nelle mie braccia             (e nos meus braços)
e mentre ti bacio,               (e enquanto te beijo,)
sapore di sale,                     (sabor de sal,)
sapore di mare,                   (sabor de mar,)
sapore di te.                         (sabor de ti.)



Cuando calienta el sol










Amor estoy solo aqui en la playa,
es el sol quien me acompaña
Y me quema, y me quema, y me quema


Cuando calienta el sol aquí en la playa

Siento tu cuerpo vibrar cerca de mi
Es tu palpitar, es tu cara, es tu pelo
Son tus besos me estremezco, oh oh oh!

Cuando calienta el sol aquí en la playa
Siento tu cuerpo vibrar cerca de mi
Es tu palpitar, tu recuerdo, mi locura
Mi delirio, me estremezco, oh oh oh!


Cuando calienta el sol

Aquí en la playa
Cerca de mi
Es tu palpitar

O cansaço pouco a pouco foi cuidando de deixar as mesas de concreto ainda mais rígidas de solidão, dos últimos remanescentes o Lua encontrou um grande camarada no Carlos Eduardo, um dos noviços, lá mesmo de Campo Belo, marinheiro experimentado que já cruzou os mares do nosso globo.



V

Mas cada um cumpre o Destino 
ela dormindo encantada,

ele buscando-a sem tino

pelo processo divino

que faz existir a estrada.


No livro de Philip K. Dick, “O Homem do Castelo Alto”, pode-se ler esta frase que também fala dessa estrada difícil:
“mesmo se uma só pessoa encontrar o caminho... significa que há um caminho, mesmo que eu pessoalmente não o alcance.”

Domingo: o dia seria passado no sítio da Maria das Graças, e no Hotel Champagne já nos juntamos para o café da manhã e para a espera do ônibus.
Em Santana do Jacaré
Lá fomos novamente para Santana do Jacaré rever o rio que tantas lembranças traz aos easistas; hoje, um tanto esmaecido como todas as nossas águas, já não é mais um jacaré, talvez possamos dizê-lo um mero camaleão. Ultrapassamos o rio, atravessamos toda a cidade passando em frente ao seu mais ilustre prédio, a casa onde ainda hoje habita a mãe do Santana, Senhora Margarida, e chegamos ao sítio.
Uma mesa estava preparada com um café da manhã que me entristeceu por ter tragado o meu no hotel. Requintes dessa família que fez dos quitutes uma arte de bem servir.
Quem quis abraçou o Jatobá que viu o Toinzé crescer
Após a fartura da mesa, fomos convidados a abraçar o Jatobá. Perceberam o “o”? Pois é assim mesmo, não um jatobá, mas o Jatobá que viu o Toinzé crescer, e vice-versa; até não seria exagero dizer que conhecemos mais um irmão do Santana, e que este fica devendo-nos um livro, onde superando José Mauro de Vasconcelos, fale-nos de toda sua trajetória infantil ao pé daquele irmão. Muitos braços ao redor do tronco foram unidos para o abraço. Alguns, com saudade dos tempos do seminário, procuraram no chão algumas vagens – já não restavam na árvore – que ainda pudessem saborear, outros se interessaram nas sementes para plantar.
Vontade de beber café
Enquanto ali na sombra daquela árvore rainha do sítio, ouvimos os relatos do Toinzé sobre os tempos que ali cresceu. Do levantar-se de madrugada para fazer o café antes de pegar a estrada para ir à escola, da caminhada de cerca de uma hora ao lado da irmã, da vez em que, tonto de sono, acordou, fez o café e só então descobriu que ainda era meia-noite, pois o pai, tendo percebido o engano, ficou calado até o café ficar pronto, pois “eu vi que cê tava enganado, mas tava com vontade de beber o café”.
Enquanto caminhamos deixando o Jatobá em sua paz, vamos continuar na saga do nosso já querido Infante.
VI
E, se bem que seja obscuro c
tudo pela estrada fora,

e falso, ele vem seguro,

e, vencendo estrada e muro,

chega onde em sono ela mora.


A estrada muitas vezes causou duras penas, lutas inglórias e injustiças, mas o que importa é que a estrada existe; suas pedras pouco mudam de lugar, mas cada Infante que por ali se aventura as pisa de maneira inusitada, às vezes esmagando-as, às vezes caindo num tropeço.
Mas ali no sítio tudo é a pura alegria do compartilhamento da amizade que nos une embalada por um sol sem o sabor de mar, mas com o sabor de suor que a piscina de três lugares, como o Santana nos prometera, estava apta a mitigar.
Dona Margarida quando chegava para 
sonhar conosco. 
A turma foi se reunindo junto a muitos familiares do Santana, inclusive a Dona Margarida esteve ali na sombra conosco. Primeiro apareceram as cervejas e os refrigerantes para ajudar a expelir o calor, um pouco mais tarde, devido à coragem do irmão do Santana, Paulo Roberto, de enfrentar o calor das brasas, os churrascos passaram a tomar o tempo de todos, que não se recusavam a contrariá-los. E ainda houve o almoço servido para os mais corajosos.
Após o almoço chegou a hora de nossa reunião para decidir o futuro de nossos encontros. Falou-se em diversas opções, tendo o Benone proposto um encontro turístico em Bonito- MS, O Lua voltou a oferecer Morretes – PR, além da possibilidade de Arraial D’Ajuda, desta vez prometendo colocar seus amigos, donos das pousadas, diretamente em contato com os organizadores dos encontros.
Devido ao caráter supressivo das demais, a primeira proposta apresentada para votação foi a do Nonato: todos os nossos encontros deveriam acontecer em Campo Belo, lugar de nossas origens agregadoras, mas a maioria rejeitou-a.
Uma segunda proposta, também supressora dos encontros turísticos, foi apresentada: os encontros deveriam ser circunscritos a lugares que tivessem alguma relação com os easistas, sendo citadas as cidades de Senhora de Oliveira, Leopoldina e Juiz de Fora para os próximos encontros. A maioria aprovou esta proposta sepultando, para desaponto do Benone, a ideia de encontros em lugares turísticos.
Vista parcial de Senhora de Oliveira
Em seguida o Eustáquio propôs, Lulu e Edgard concordaram com alegria, que nosso próximo encontro acontecesse em Senhora de Oliveira, o que foi aceito quase por unanimidade, definindo assim o próximo como um encontro bucólico nos moldes do que tivemos em Nova União. 
Tudo acertado, hora de voltar a Campo Belo onde a noite ainda nos reservava algumas surpresas, pois devido ao desfile que acontecia na praça principal as ruas achavam-se bloqueadas, trazendo-nos dificuldades para circular e encontrar um restaurante para jantarmos. Mesmo que alguns não pudessem comer queijos e afins, tiveram todos que   resignarem-se a enfrentar a pizzaria.
VII
Segunda-feira:
O José Geraldo convidara-nos a todos para um almoço em seu apartamento que fica justo em frente à praça principal onde aconteceria o desfile. Devido ao compromisso com nosso netinho de buscá-lo na escola por volta do meio-dia, tivemos que declinar o convite e, em companhia do Lua, voltamos cedo para Belo Horizonte. 
Transcrevo, então, palavras do Lulu e do Santana sobre a agradável manhã:
Os anfitriões já nos haviam alertado: venham cedo porque o espetáculo merece ser visto desde o início. Rosalino cumpriu à risca essa orientação e foi o primeiro a chegar e,  como sempre acontece,  filmou tudo – não sei se para compartilhar, mas com certeza para atender a sua sina de colecionador.  O certo é que antes das nove o ap só não estava cheio porque é tão espaçoso quanto bonito.   Além dos donos da casa, amigos e vizinhos, e não eram poucos, lá estavam o Clayton e sua esposa, Regina, Nonato e Nazaré, Edgard e Cátia, Lulu e Maria José, o casal dançarino, Ázara e Ica, Rosalino e Antonio José, o Santana. O padre Wilson só chegou depois de encerrado o desfile, pois era linha de frente da fanfarra do Dom Cabral.  José Geraldo e Marta circulavam preocupados em bem receber, verificando se a fartura de bebidas e canapés estavam chegando às varandas, que são duas, uma no quarto da frente e outra  como prolongamento da grande sala de recepção.  Espaço não faltou e muito bem colocado para quem quisesse ver o que acontecia na grande Praça Cônego Ulisses, e nesse dia quem não haveria de querer:  ali passou, entre tantas, a  bem ensaiada fanfarra do Colégio Dom Cabral. Ritmo, beleza das musicas escolhidas, beleza das meninas que marchavam à frente.  Como disse o Santana,  o Padre Wilson regia a fanfarra fazendo-nos lembrar o saudoso Padre Cornélio em toda sua exuberância.  Houvesse prêmios, seria , sem dúvida, a vencedora.
Por fim, depois de muita cerveja, refrigerantes  e petiscos, posamos para fotos e fomos ao almoço. Nem precisa dizer, quem caprichou na entrada não deixaria de se esmerar no prato principal: lombo de porco, arroz à mineira, tropeiro e uma salada de fazer inveja aos melhores gourmets do mundo. 

Acendeu a chama do
amor, o castiçal da
amizade, um presente
do casal José Geraldo
e Marta..
Além de tudo isso, o casal amavelmente distribuiu presentes para as senhoras easistas, cuidando em arrumar portadores para a entrega às que ali não puderam comparecer.
Se a jornada do nosso VII Encontro acabou, a do Infante ainda está em curso. Depois de tantas voltas, tantos caminhos tortos, agora o nosso Infante, amadurecido, tal qual o filho pródigo, está pronto para o retorno.
E, inda tonto do que houvera,

à cabeça, em maresia,

ergue a mão, e encontra hera,

e vê que ele mesmo era

a Princesa que dormia.

Vista de frente do modelo em gesso patinado 'Psiquê revivida
pelo beijo de Eros', de Antonio Canova, exposta no Museu
Metropolitano de Arte, Nova Iorque.
Dante Alighieri representou nossa jornada pela vida como um semicírculo, a metade inicial do arco simbolizando o período da infância e do amadurecimento. Essa vida exterior de busca, perplexidade e incompletude atinge o ápice aos 35 anos; a partir daí, a consciência da vanidade nos empurra de volta à vida interior, à busca de nosso verdadeiro Eu, ou Alma, ou Cristo, ou o Amigo. Fernando Pessoa estruturou o poema em sete estrofes de cinco versos cada, representando os trinta e cinco anos. Há um dito popular que diz que a vida começa aos quarenta.

E assim nos despedimos certos que teremos no próximo ano um Encontro que nos será oferecido, no mínimo, com o mesmo carinho que recebemos neste, sob a coordenação, que já sabemos eficiente, do Lulu e do Edgard. A este desejamos que sua alegria continue a contagiar-nos com felicidade e esperança.

oooooooo - oooooooo


Texto do Seoldo:

 SAUDOSOS EASISTAS E FAMILIARES,

 CUMPRIMENTOS RESPEITOSOS AOS PADRES CRÚZIOS E SEMINARISTAS.

 PREZADOS DEMAIS PARTICIPANTES,


      "NENHUM VENTO SOPRA A FAVOR DE QUEM NÃO SABE PARA ONDE IR". (JÁ DIZIA O SÊNECA). GRAÇAS À PRESSÃO DA NOSSA AMIGA EASISTA ROSIMERE MOREIRA E À RÁPIDA INTERVENÇÃO DO GRUPO RAFAEL / RAIMUNDO / TUPI / LULU, O VII ENCONTRO FOI SALVO! NO FIM, PARABENS A TODOS PELA AJUDA NA ORGANIZAÇÃO, COMO O TOINZÉ  SANTANA / EUSTÁQUIO / BALIZA / PADRE JÚLIO, E OUTRO(A)S... O CARÁTER FUNDAMENTAL DESTES ENCONTROS É A RAIZ CRÚZIA, QUE NOS ATRAIU NO PASSADO E QUE SE CONFIRMA AGORA ATRAVÉS DESSA NOSSA UNIÃO. SE CIÊNCIA É CONHECIMENTO ORGANIZADO, SE SABEDORIA É VIDA ORGANIZADA, ENTÃO ESSES NOSSOS ENCONTROS SÃO SAUDADES ORGANIZADAS.



CABE  AQUI UM PEQUENO SILÊNCIO PARA EASISTAS / FAMILIARES / PADRES QUE PASSARAM PARA O "OUTRO LADO DO CAMINHO". LEMBREM-SE DO CONSELHO DE OUTRO VELHO SÁBIO: "PARA SE TER VIDA LONGA É PRECISO VIVER DEVAGAR". O SUPORTE DO GRUPO PARA AQUELES QUE LUTAM COM SEUS PROBLEMAS É UMA PEQUENA CARGA DE TODOS. COMO JÁ DISSE UMA VEZ: NÃO PODEMOS RESOLVER OS PROBLEMAS DE CADA UM, MAS, SIM, PODEMOS ABRAÇAR CADA UM COM SEUS PROBLEMAS. POR FALAR EM ABRAÇO, O TUPI FICOU ENCARREGADO DE DAR UM SEGUNDO ABRAÇO A CADA PARTICIPANTE EM NOME NOSSO (JUDITE E EU).



COMO REFERI NA MINHA ENTREVISTA:  "QUEM FALA MUITO, ERRA MUITO;  QUEM FALA POUCO, ERRA POUCO; E O SILÊNCIO NOS AJUDA A ERRAR MENOS". A VIDA MUDOU, PORÉM NÃO DESAPARECEU.


ABRAÇOS SAUDOSOS A TODOS.


OBRIGADO AO EASISTA EDGARD ALFENAS PELA LEITURA DESTA MENSAGEM.




                                                 D O N A    N O B I S    P A C E M !






 EASISTA Geraldo H. Seoldo Rodrigues

( Tucson / Arizona / USA)  -  Setembro 2015 - VII ENCONTRO EASO.




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Texto da Judite:

Minhas queridas amigas, companheiras e demais EASISTAS

Saudações a todas! Meu coração está cheio de saudades e ao
mesmo tempo de frustração por não lhes acompanhar neste
Encontro de Campo Belo.

As milhas nos separam, porém o espírito de amizade, de
irmandade e de preocupação para cada um de vocês supera a
distância.

Acabo de assistir a chegada do Papa Francisco – um homem de
Deus que traz uma mensagem aplicável a qualquer pessoa
humana. Chorei de emoção como muitos aqui nos Estados
Unidos – que no momento se acham um pouco des unidos. O
mundo está precisando tanto da mensagem dele – não somente
das palavras, mas da sua demonstração na vida que ele vive.

Um bom proveito a todas nestes dias juntas. Fiquem certas de que
estou com vocês espiritualmente. Que Deus nos reúna no próximo
ano.

Abraços, minhas amigas,

Judite

Tucson, Arizona
Um abraço para Judite