segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PRIVILÉGIOS DOS SETENTÕES EASISTAS por Geraldo Seoldo

O autor assobiando "Old Man"
1 - Graças a Deus, não precisam mais fazer a barba todos os dias nem pintar os cabelos de preto, a não ser que ainda estejam paquerando ou concorrendo a algum cargo político;

2 - Não precisam mais usar cuecas nas suas casas... só se estiverem esperando visitas ou se os netinhos estiverem por perto (tempo de pensar em “Fraldas para Adultos”);

3 - Podem babar à vontade no travesseiro durante a noite... porém, nada de molhar o “berço esplêndido”;

4 – Depois de olhar para um lado e para o outro, podem soltar seus “PUNS” retumbantes livremente pelos ares e depois respirar aliviados gritando: SOU UM SETENTÃO INDEPENDENTE!!! ;

5 - Estão perdoados se esquecerem de usar seus dentes postiços ou a dentadura... banguela é moda nestas alturas;

6 - Podem e devem tirar sonecas no sofá durante o dia... até mesmo roncar, pois dormir faz ficar menos velho: umas 10 horas por dia sem serem amolados com barulhos de panelas, latidos de cães ou mesmo gritos de novelas na TV;

7 - Podem crer firmes no PT e, até mesmo, apelar para a troca de seu anjo da guarda velho por um anjo da guarda moderno... que sabe achar na Internet subterfúgios que levam às minas de ouro ou aos números mágicos da loteria... PT aqui significa: PARAÍSO TERRESTRE;

 8 - Se não tiverem: diabetes, pressão alta, problemas do coração, desequilíbrio físico/mental, barriga grande, desentendimento com a cara metade e se ainda não estiverem usando bengala, muletas, etc... então, com todo respeito, podem seguir bebendo suas 2 batidas, 2 caipirinhas, 2 geladinhas, 2 copos de vinho todos os dias depois das 16 horas;

9 - Podem fazer seu Último Testamento deixando claro que querem ir para o céu de qualquer maneira, nem que seja de carro de boi, mesmo que sejam cremados... pois lá já está a outra turma dos Easistas permanentemente estabilizada e feliz... lá  os ENCONTROS só são realizados nas praias tipo amazônicas e são infinitos... sem os problemas de roupa e transporte;

10- Agora podem raciocinar assim (contrariando Galileu): se a Lua gira em torno da Terra, por que não o Sol também? Ou, se a Terra gira em torno do Sol, por que não em torno da Lua também? Ou ainda: se a Terra é maior do que a Lua, por que não maior do que o Sol também?

11- Podem também pensar assim: se de acordo com as leis físicas a minha cabeça fica mais velha antes do que meus pés, então seria melhor dormir e viver de cabeça para baixo!!!;

 12- Nestas alturas, podem, sem vergonha, pedir dinheiro emprestado aos filhos e esquecerem-se  de pagar... pois os filhos estarão sempre devendo-lhes;

13- Podem agora duvidar de tudo, de todas as coisas da maneira mais profunda possível, pois a dúvida é a origem da sabedoria e dá mais assunto para conversar, discutir, refletir, brigar...;

14- Podem ir dormir no quarto e deixar a luz acesa com a porta aberta... e, finalmente, depois de usar o banheiro, não precisam de dar descarga;

15- Também não precisam acreditar (contrariando outra vez uma teoria da física que afirma: “Dois ou mais corpos caem com a mesma velocidade/aceleração independente de sua massa e estrutura.” Por exemplo: se o vovô Tupi, o noviço crúzio Carlo Retori, o peregrino Edgard, o meleca Ázara, o arara Raimundo, uma garrafa da Germana (protegida por 2 camadas de palha de bananeira) e um pão de queijo caírem todos, ao mesmo tempo, do galho mais alto daquele Jatobá (Hymenaea L) que recebeu muitas urinadas e que presenciou o Santana crescer / multiplicar... todos... todos, sem mentira nenhuma, vão atingir o chão duro no mesmo momento; isto sim é que se pode chamar de justiça igualitária socialista!!!;

16- Podem agora cantar desafinados e fora de ritmo sem vergonha nenhuma... pois os outros nem ligam mais, nem estão aí... só não é perdoada a dupla “italiana“ Edgard/Toinzé;

 17- Podem, sem cerimônia, cuspir/escarrar/assuar o nariz em qualquer lugar, mas usando o lenço amassado que sempre deve estar no bolso de trás;

 18- Todos podem sonhar livremente em possuir um apartamento de luxo em uma das Avenidas da Praia... olhar o mar distante e as ondas quebrando e requebrando-se sem parar , molhando banhistas, abusando de tudo;

19- Só depois de entrarem em acordo com a cara metade podem decidir tomar banho apenas nas quartas e nos sábados; a não ser que morem perto do Ribeirão Arrudas, do Córrego Feijão Cru, do Ribeirão Podre, do Riozinho Jacaré, do Riozão Amazonas, ou mesmo do Salto das Sete Quedas; hoje em dia há desodorantes para todo tipo de fedor;

20- Não precisam mais repetir nas conversas fiadas ou nas reuniões chatas aquele famoso pensamento setentão: “SE CONTINUAMOS VIVOS É PORQUE AINDA NÃO CHEGAMOS AONDE DEVÍAMOS”;  

“Que vivam por muitos mais anos os Setentões Easistas”!!!
Seoldo (Geraldo H. Seoldo Rodrigues) Outubro de 2015.

RELAÇÃO DOS EASISTAS SETENTÕES:

 Único oitentão:

O falecido Pe. Antonio Araújo Bessa (1935)

O que seria o mais jovem Setentão:

O falecido Marcos Antonio Rocha (31/12/1945)
O mais recente Setentão:

Luiz Henriques Alfenas ( 20/10/1945)

Outros recentes de 1945:

Benone Fernandes Bilheiro
Max Ordonez F. Souza
João Henrique dos Santos

Alfredo Dias da Costa (falta menos de 1 mês, mas como é teimoso...)

Setentões de 1944:

Antônio de Ázara Maia
Eustáquio de Azevedo Silva
Tupinambá P. P. A. da Silva

Setentões de 1943 :

          Raimundo Nonato Costa
          José Orlando Baliza
          Artur Meira de Melo
           Francisco Sales (Chicão)
           Adelino de Melo Freire
           Marilton Borges 
           
 Setentões de 1942:

Geraldo H. Seoldo Rodrigues
 José Maria de Carvalho Coelho
 José Geraldo de Freitas Oliveira

 Setentão de 1941

Antônio Delduque Alvarenga

Setentão de 1940 :

            João Moreira de Oliveira (Janjão)

Neil Young - Old Man (legendado)



FAVOR COMPLETAR A LISTA.... OS EASISTAS AINDA NAO SETENTÕES PODEM FICAR ESPERANDO LÁ EM CIMA DAQUELA ÁRVORE GRANDE SONHANDO COM OS PRIVILÉGIOS. NADA DE PULAR OU DE PAGAR PROPINAS (Nota:  se quiserem podem ir lendo as histórias de Setentões famosos como: Abraão, Moisés, Noé, Matusalém, Papa Francisco, Fidel Castro, etc... Seoldo (G.H.S.R.)







segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Fotos do VII Encontro da EASO Parte II

Fotos enviadas por Tupy

No Sítio da Maria era só alegria
Em busca de flores
Momento de conversa e reflexão
Com o Padre Tiago de BH
Colando a amizade 
Cibele, Tupy e Tião Coelho
Rosemere e Cibele
Cantores sempre agradam à Lua e ao Lua
Amizade 
Papo de sombra 
Três easistas e um só papo
Conta mais uma, conta!
Toda hora é hora de foto
Olha o passarinho, Benone!
Lembrando os velhos tempos e os sacos de laranjas. 
A cortesia dos Crúzios não tem limites 

Foi a EASO que passou fanfarrando  de Dom Cabral 
O estandarte sagrado  não poderia 
estar em mãos mais apropriadas. 
Dois irmãos e uma 
legenda
Com Deus tem Jeito

Todos os homens do banquete de José Geraldo e Marta






Fotos do VII Encontro da EASO Parte III

 Crúzios de Campo Belo com o Padre Tiago de BH e com presença de alguns easistas




Cátia, Padre Júlio e Edgard na capelinha do Convento

Pe. Júlio, Nicodemus e Pe. André
Padre Elione e Padre André

Padre André e Tupy
Marian, NI, Tupy e Padre André

Padre Wilson e NI
Padres Wilson, Júlio e Elione

Padre Tiago e Padre Júlio

Padre Elione, Noviço Carlo Retori e
Padre Raphael
Destaque: Padre José Cláudio
Noviço Carlo Retori


Ver  Fotos anteriores

sábado, 17 de outubro de 2015

Fotos do VII Encontro da Easo Parte I


Fotos enviadas pelo Tupy:



A partir da esquerda: primeira fileira - Antônio José, Camila, Eustáquio, Ázara, Ica, José Maria, José Geraldo, Marta; Segundo fileira - Cátia, Edgar (encoberto pelo Eustáquio) , Noviço Carlo Retori, Walter Lua, Zazá, Maria José e Edmundo; última fileira -  Lulu, Maria José, Rafael, Tupy, Marina, Nicodemus, Tião Coelho e Cibele. 


Baliza e Maria José
Nonato e Nazaré

Edgard e Cátia
José Maria Fontes e Zazá
Siovani e Rosemere
José Geraldo e Maria Marta
Edmundo e Maria
Tião Coelho e Cibele
Lulu e Maria José
Cleyton e Regina



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Relatório do VII Encontro da EASO por Siovani

I

Amanhecer de Campo Belo como visto do Convento dos
Crúzios. Foto Gentilmente cedida por Nazaré Costa (Cli-
que para abir a foto em tamanho grande)
A foto da Nazaré com que iniciamos a abertura deste relato do nosso Sétimo Encontro pode ser vista como uma feliz representação e coroação das conversas que tivemos durante o encontro; vou tentar transmitir neste relato o porquê de tal observação.

Quando chegávamos a Campo Belo, quando a cidade se abriu diante dos nossos olhos, o sol mostrava-se enorme e vermelho descendo atrás de um morro. Naquele dia, 25 de Setembro, praticamente no equinócio da primavera, esse espetáculo acontecia às seis horas. Ali ele morria para renascer na foto que o Raimundo fixou. Para conseguir o objetivo que tracei acima vou falar de duas jornadas: a do nosso VII Encontro e, entremeada, de uma outra tecida em um  poema de Fernando Pessoa que fez parte de uma conversa que mantive com o Edgard, sendo esta sua primeira estrofe:

         Eros e Psique

Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.


A simpatia acolhedora do Padre
Júlio.
O nosso Encontro, também adormecido na espera de um longo ano, renascia naquela noite com a presença dos caros amigos easistas no Convento da Santa Cruz, onde fomos acolhidos pela simpatia do Padre Júlio. Logo ao chegar já nos surpreendemos pela bela obra que encontramos, a qual víramos antes apenas nos alicerces. Feitas as inscrições, fomos levados a uma sala onde uma mesa fazia o centro para reuniões. Ao lado janelas se abriam para a cidade, que se oferecia em uma vista panorâmica. Ali nos esperava também, além dos padres brasileiros e noviços da Ordem de Santa Cruz, o representante dos antigos padres holandeses, o Padre Tiago, figura agradável, sempre com um sorriso nos lábios, uma pequena voz suave, que num momento posterior, ao responder aos agradecimentos que foram dirigidos aos padres que nos acolheram no seminário, devolveu-nos: “o que seria de nós sem vocês”.

Os padres Crúzos
Após as palavras de acolhida do Padre Júlio foram feitas as orações que o Tupi preparara em folhas impressas, cujo auge foi a música de Gonzaguinha “O que é, o que é?”. Em uma apóstrofe às orações, o casal Nonato e Nazaré recebeu um pacote, que aberto revelou uma escultura do Espírito Santo, um presente da Fátima, esposa do Santana, – esta esteve ausente ao Encontro devido a uma viagem – para que fosse instalado no sítio do casal; tendo sido a imagem abençoada, ali mesmo, pelo Padre Tiago. Em seguida o Edgard pediu a palavra para fazer a leitura da mensagem que o Seoldo, distante fisicamente e tão próximo, enviou-nos, secundado ainda pela Rosimere, que leu a mensagem também nos enviada pela Judite, com especial dedicação dirigida às amigas – ver textos abaixo.
Escultura do Espírito Santo oferecida
à Nazaré pela Fátima
E as conversas de reencontro tomaram conta do ambiente entrecortadas pela cerveja, refrigerantes e acepipes, que já nos acostumamos a enaltecer, servidos pelas irmãs do Santana. E a alegria foi se achegando à noite até que fomos convidados a dirigirmo-nos ao refeitório do convento onde nos esperava um jantar preparado pelos padres e noviços, os quais nos  foram todos apresentados, inclusive um indonésio que pouco falava o português:

Padres:
Júlio César Evangelista Resende (prior), Elione Corrêa, Wilson Burato Dias, José Cláudio Nilton, Raphael Priyo Handyanto e André Dadang;

Noviços:
 Hiago Henrique, Carlo Eduardo Sousa Retori, Marcos Antônio Rodrigues Lélis e Daniel de Souza Gomes. 

Cátia e Edgard, o re-
encontro com as ma-
ravilhas divinas. 
Durante o jantar pude conversar demoradamente com o Edgard, que expressava júbilo por tudo que lhe estava acontecendo, demonstrando um fervor inusitado com o seu (re)encontro com as maravilhas divinas. A alegria que encontramos no Edgard foi uma das melhores marcas deste Encontro.

Mas havíamos abandonado a princesa encantada lá em cima à espera do Infante, dormindo dentro do muro de sua inconsciência. E como a noite já ia alta, o sono da princesa nos convidou para sua companhia, levando aos sonhos uma esperança.


II

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.


Enquanto descansávamos o Infante cumpria sua jornada de herói entregando-se aos prazeres e cruezas do mundo. Como o grande Hércules, ele teria que, sem escolha, descer ao mundo de Hades para vencer o seu guardião, e experimentar os excessos da insanidade, antes que, redimido pela experiência, deixasse o caminho errado.

E no acordar do sábado havia a programação das Laudes  e o café da manhã.  Em seguida o Padre Júlio falou sobre a Ordem da Santa Cruz e fez suas reflexões sobre “Olhar do Papa Francisco sobre o mundo atual”, onde, se enalteceu o Papa pelo seu carisma e ativismo, também mostrou restrições a algumas atitudes que “nos incomodam”, conforme suas palavras. Solicitado a enumerar tais incômodos, falou da frase “mexicanização da Argentina”, pelo seu caráter não diplomático; pela defesa aos atacantes do Charlie Hebdo quando disse que - citando de memória - se alguém agride sua mãe, você revida com um soco na cara.

O que iniciou um debate acirrado foi a questão referente à facilitação de anulação de casamentos, onde a posição radical do Ázara contra qualquer possibilidade de dissolução de casamento se contrapôs ao Edgard, beneficiado por este dispositivo. Confesso que fiquei surpreso ao perceber no primeiro o fundamentalismo, pois parece incompatível com seu jeito brincalhão e moleque.

Tendo o Padre encerrada a sua palestra, o Tupi voltou a distribuir novas folhas de orações anteriormente preparadas. Aqui também houve um dissenso entre os easistas, pois alguns deixaram o recinto por não concordarem em transformar nossos encontros de amizade em encontros religiosos. A crença ou não crença de cada um deve ser respeitada. Não achamos que esse tipo de atividade não deva haver, mas simplesmente não deve ter caráter coercitivo; dever-se-ia fazer um convite aos que espontaneamente queiram participar.


Eustáquio também falou antes do 
almoço

Fomos chamados para o almoço no refeitório do convento nos moldes do jantar da véspera. À esta atenção dos padres temos muito a agradecer, acolhida melhor não poderíamos imaginar:
 jantar, almoço, palestra e a oferta das dependências do convento onde diversos easistas se hospedaram.

Voltemos então ao nosso Infante que abandonamos em sua hercúlea jornada através dos caminhos desregrados.

III

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.


A Princesa, ainda inconsciente das lutas pelas quais o Infante enfrenta, sonha talvez com ele. A grinalda de hera que lhe orna a fronte pode nos levar à ciumenta deusa da fidelidade, Hera, que por causa das traições de Zeus perseguiu Héracles-Hércules desde o seu nascimento: sendo a infidelidade um motor potente o suficiente para desencadear tormentos de culpa.

E a nossa jornada no sábado continuava sem compromissos escalados para a tarde. Alguns colegas foram assistir a um ensaio da fanfarra do Colégio Dom Cabral na Vila Vicentina, outros preferiram recuperar-se para a jornada da noite que se anunciava.


IV

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado,

Ele dela é ignorado,

Ela para ele é ninguém.


E o Infante continua a trilhar o caminho que lhe foi predestinado inconsciente do seu objetivo fatal.

Na noite do sábado estávamos convidados a uma missa na Capela da Santa Cruz. Após a missa, corações mais leves e liberados para alguns excessos, fomos para o pátio do Colégio Dom Cabral onde as mesas de concreto foram cuidadosamente paramentadas pelo bufê da Tuza,   BUFFET KI-KOMIDA  - assim com letras maiúsculas para tentar deixar transparecer a gigantesca qualidade e eficiência de seus serviços - ,  para o que foi programado como uma Noite de Roda de Viola.

Juntou-se ao grupo nesta noite o Clayton, nosso colega da turma de 1964, e sua esposa Regina. Ausente na noite, o Baliza não deixou de enviar pelo Eustáquio as garrafinhas de cachaça com o rótulo do VII Encontro, objeto de coleção para alguns colegas.

E a noite correu sob um elenco de músicas, muitas das quais embalaram nossos momentos na sala de recreio antes da hora de dormir. O olhar se dispersa um pouco e ainda vê o Eustáquio, um pouco mais novo, a cabeça não tão branca, a revirar os discos na vitrola, amparado pelos pitacos de alguns colegas sentados ao redor, mas, aí, a visão do Padre Humberto embaçou tudo...

Santana se revela e Ázara continua dançando
Enquanto a Germana novamente corria livre para colocar em alguns mais exaltação, o Ázara não perdia uma música,bebia  as notas caídas no seu copo e dançava, incansável, noite adentro.

Os garçons não nos deixavam descansar, sempre prontos a encherem nossos copos e a oferecer-nos os deliciosos salgados ofertados pelas irmãs do Santana.  A brincadeira mais comum na noite foi “senta aqui, puxa uma cadeira”, o que o concreto se recusava a concordar.

Não se deixou de cutucar o Rafael com a música que o Padre Humberto o repreendeu por não ser adequada a seminaristas, e lá foram pedir ao cantor que tocasse “Sapore de Sale” e “Quando Calienta El Sol”. E pudemos ouvir:

Sapore di sale
(Gino Paoli, Ricky Gianco)


Sapore di sale,                     (Sabor de sal,)

sapore di mare,                   (sabor de mar,)

che hai sulla pelle,              (que tens na pele,)

che hai sulle labbra,           (que tens nos lábios,)

quando esci dall'acqua      (quando sais da água)

e ti vieni a sdraiare             (e vens deitar-te)

vicino a me                           (pertinho de mim)

vicino a me.                          (pertinho de mim.)

Sapore di sale,                     (Sabor de sal,)

sapore di mare,                   (sabor de mar,)

un gusto un po' amaro       (um gosto meio amargo)

di cose perdute,                  (de coisas perdidas,)

di cose lasciate                    (de coisas deixadas)  

lontano da noi                     (longe de nós)

dove il mondo è diverso,   (onde o mundo é diferente,)

diverso da qui.                     (diferente daqui.)

Qui tempo è dei giorni       (Aqui o tempo é de dias)

che passano pigri                                (que passam lentos)

e lasciano in bocca             (e deixam na boca)
il gusto del sale.                   (o gosto de sal.)
Ti butti nell'acqua               (Mergulhas na água)
e mi lasci a guardarti          (e me deixas a olhar-te)
e rimango da solo               (e fico sozinho)
nella sabbia e nel sole.       (na areia e no sol.)
Poi torni vicino                    (Depois voltas)
e ti lasci cadere                   (e te deixas cair)
così nella sabbia                  (na areia)
e nelle mie braccia             (e nos meus braços)
e mentre ti bacio,               (e enquanto te beijo,)
sapore di sale,                     (sabor de sal,)
sapore di mare,                   (sabor de mar,)
sapore di te.                         (sabor de ti.)



Cuando calienta el sol










Amor estoy solo aqui en la playa,
es el sol quien me acompaña
Y me quema, y me quema, y me quema


Cuando calienta el sol aquí en la playa

Siento tu cuerpo vibrar cerca de mi
Es tu palpitar, es tu cara, es tu pelo
Son tus besos me estremezco, oh oh oh!

Cuando calienta el sol aquí en la playa
Siento tu cuerpo vibrar cerca de mi
Es tu palpitar, tu recuerdo, mi locura
Mi delirio, me estremezco, oh oh oh!


Cuando calienta el sol

Aquí en la playa
Cerca de mi
Es tu palpitar

O cansaço pouco a pouco foi cuidando de deixar as mesas de concreto ainda mais rígidas de solidão, dos últimos remanescentes o Lua encontrou um grande camarada no Carlos Eduardo, um dos noviços, lá mesmo de Campo Belo, marinheiro experimentado que já cruzou os mares do nosso globo.



V

Mas cada um cumpre o Destino 
ela dormindo encantada,

ele buscando-a sem tino

pelo processo divino

que faz existir a estrada.


No livro de Philip K. Dick, “O Homem do Castelo Alto”, pode-se ler esta frase que também fala dessa estrada difícil:
“mesmo se uma só pessoa encontrar o caminho... significa que há um caminho, mesmo que eu pessoalmente não o alcance.”

Domingo: o dia seria passado no sítio da Maria das Graças, e no Hotel Champagne já nos juntamos para o café da manhã e para a espera do ônibus.
Em Santana do Jacaré
Lá fomos novamente para Santana do Jacaré rever o rio que tantas lembranças traz aos easistas; hoje, um tanto esmaecido como todas as nossas águas, já não é mais um jacaré, talvez possamos dizê-lo um mero camaleão. Ultrapassamos o rio, atravessamos toda a cidade passando em frente ao seu mais ilustre prédio, a casa onde ainda hoje habita a mãe do Santana, Senhora Margarida, e chegamos ao sítio.
Uma mesa estava preparada com um café da manhã que me entristeceu por ter tragado o meu no hotel. Requintes dessa família que fez dos quitutes uma arte de bem servir.
Quem quis abraçou o Jatobá que viu o Toinzé crescer
Após a fartura da mesa, fomos convidados a abraçar o Jatobá. Perceberam o “o”? Pois é assim mesmo, não um jatobá, mas o Jatobá que viu o Toinzé crescer, e vice-versa; até não seria exagero dizer que conhecemos mais um irmão do Santana, e que este fica devendo-nos um livro, onde superando José Mauro de Vasconcelos, fale-nos de toda sua trajetória infantil ao pé daquele irmão. Muitos braços ao redor do tronco foram unidos para o abraço. Alguns, com saudade dos tempos do seminário, procuraram no chão algumas vagens – já não restavam na árvore – que ainda pudessem saborear, outros se interessaram nas sementes para plantar.
Vontade de beber café
Enquanto ali na sombra daquela árvore rainha do sítio, ouvimos os relatos do Toinzé sobre os tempos que ali cresceu. Do levantar-se de madrugada para fazer o café antes de pegar a estrada para ir à escola, da caminhada de cerca de uma hora ao lado da irmã, da vez em que, tonto de sono, acordou, fez o café e só então descobriu que ainda era meia-noite, pois o pai, tendo percebido o engano, ficou calado até o café ficar pronto, pois “eu vi que cê tava enganado, mas tava com vontade de beber o café”.
Enquanto caminhamos deixando o Jatobá em sua paz, vamos continuar na saga do nosso já querido Infante.
VI
E, se bem que seja obscuro c
tudo pela estrada fora,

e falso, ele vem seguro,

e, vencendo estrada e muro,

chega onde em sono ela mora.


A estrada muitas vezes causou duras penas, lutas inglórias e injustiças, mas o que importa é que a estrada existe; suas pedras pouco mudam de lugar, mas cada Infante que por ali se aventura as pisa de maneira inusitada, às vezes esmagando-as, às vezes caindo num tropeço.
Mas ali no sítio tudo é a pura alegria do compartilhamento da amizade que nos une embalada por um sol sem o sabor de mar, mas com o sabor de suor que a piscina de três lugares, como o Santana nos prometera, estava apta a mitigar.
Dona Margarida quando chegava para 
sonhar conosco. 
A turma foi se reunindo junto a muitos familiares do Santana, inclusive a Dona Margarida esteve ali na sombra conosco. Primeiro apareceram as cervejas e os refrigerantes para ajudar a expelir o calor, um pouco mais tarde, devido à coragem do irmão do Santana, Paulo Roberto, de enfrentar o calor das brasas, os churrascos passaram a tomar o tempo de todos, que não se recusavam a contrariá-los. E ainda houve o almoço servido para os mais corajosos.
Após o almoço chegou a hora de nossa reunião para decidir o futuro de nossos encontros. Falou-se em diversas opções, tendo o Benone proposto um encontro turístico em Bonito- MS, O Lua voltou a oferecer Morretes – PR, além da possibilidade de Arraial D’Ajuda, desta vez prometendo colocar seus amigos, donos das pousadas, diretamente em contato com os organizadores dos encontros.
Devido ao caráter supressivo das demais, a primeira proposta apresentada para votação foi a do Nonato: todos os nossos encontros deveriam acontecer em Campo Belo, lugar de nossas origens agregadoras, mas a maioria rejeitou-a.
Uma segunda proposta, também supressora dos encontros turísticos, foi apresentada: os encontros deveriam ser circunscritos a lugares que tivessem alguma relação com os easistas, sendo citadas as cidades de Senhora de Oliveira, Leopoldina e Juiz de Fora para os próximos encontros. A maioria aprovou esta proposta sepultando, para desaponto do Benone, a ideia de encontros em lugares turísticos.
Vista parcial de Senhora de Oliveira
Em seguida o Eustáquio propôs, Lulu e Edgard concordaram com alegria, que nosso próximo encontro acontecesse em Senhora de Oliveira, o que foi aceito quase por unanimidade, definindo assim o próximo como um encontro bucólico nos moldes do que tivemos em Nova União. 
Tudo acertado, hora de voltar a Campo Belo onde a noite ainda nos reservava algumas surpresas, pois devido ao desfile que acontecia na praça principal as ruas achavam-se bloqueadas, trazendo-nos dificuldades para circular e encontrar um restaurante para jantarmos. Mesmo que alguns não pudessem comer queijos e afins, tiveram todos que   resignarem-se a enfrentar a pizzaria.
VII
Segunda-feira:
O José Geraldo convidara-nos a todos para um almoço em seu apartamento que fica justo em frente à praça principal onde aconteceria o desfile. Devido ao compromisso com nosso netinho de buscá-lo na escola por volta do meio-dia, tivemos que declinar o convite e, em companhia do Lua, voltamos cedo para Belo Horizonte. 
Transcrevo, então, palavras do Lulu e do Santana sobre a agradável manhã:
Os anfitriões já nos haviam alertado: venham cedo porque o espetáculo merece ser visto desde o início. Rosalino cumpriu à risca essa orientação e foi o primeiro a chegar e,  como sempre acontece,  filmou tudo – não sei se para compartilhar, mas com certeza para atender a sua sina de colecionador.  O certo é que antes das nove o ap só não estava cheio porque é tão espaçoso quanto bonito.   Além dos donos da casa, amigos e vizinhos, e não eram poucos, lá estavam o Clayton e sua esposa, Regina, Nonato e Nazaré, Edgard e Cátia, Lulu e Maria José, o casal dançarino, Ázara e Ica, Rosalino e Antonio José, o Santana. O padre Wilson só chegou depois de encerrado o desfile, pois era linha de frente da fanfarra do Dom Cabral.  José Geraldo e Marta circulavam preocupados em bem receber, verificando se a fartura de bebidas e canapés estavam chegando às varandas, que são duas, uma no quarto da frente e outra  como prolongamento da grande sala de recepção.  Espaço não faltou e muito bem colocado para quem quisesse ver o que acontecia na grande Praça Cônego Ulisses, e nesse dia quem não haveria de querer:  ali passou, entre tantas, a  bem ensaiada fanfarra do Colégio Dom Cabral. Ritmo, beleza das musicas escolhidas, beleza das meninas que marchavam à frente.  Como disse o Santana,  o Padre Wilson regia a fanfarra fazendo-nos lembrar o saudoso Padre Cornélio em toda sua exuberância.  Houvesse prêmios, seria , sem dúvida, a vencedora.
Por fim, depois de muita cerveja, refrigerantes  e petiscos, posamos para fotos e fomos ao almoço. Nem precisa dizer, quem caprichou na entrada não deixaria de se esmerar no prato principal: lombo de porco, arroz à mineira, tropeiro e uma salada de fazer inveja aos melhores gourmets do mundo. 

Acendeu a chama do
amor, o castiçal da
amizade, um presente
do casal José Geraldo
e Marta..
Além de tudo isso, o casal amavelmente distribuiu presentes para as senhoras easistas, cuidando em arrumar portadores para a entrega às que ali não puderam comparecer.
Se a jornada do nosso VII Encontro acabou, a do Infante ainda está em curso. Depois de tantas voltas, tantos caminhos tortos, agora o nosso Infante, amadurecido, tal qual o filho pródigo, está pronto para o retorno.
E, inda tonto do que houvera,

à cabeça, em maresia,

ergue a mão, e encontra hera,

e vê que ele mesmo era

a Princesa que dormia.

Vista de frente do modelo em gesso patinado 'Psiquê revivida
pelo beijo de Eros', de Antonio Canova, exposta no Museu
Metropolitano de Arte, Nova Iorque.
Dante Alighieri representou nossa jornada pela vida como um semicírculo, a metade inicial do arco simbolizando o período da infância e do amadurecimento. Essa vida exterior de busca, perplexidade e incompletude atinge o ápice aos 35 anos; a partir daí, a consciência da vanidade nos empurra de volta à vida interior, à busca de nosso verdadeiro Eu, ou Alma, ou Cristo, ou o Amigo. Fernando Pessoa estruturou o poema em sete estrofes de cinco versos cada, representando os trinta e cinco anos. Há um dito popular que diz que a vida começa aos quarenta.

E assim nos despedimos certos que teremos no próximo ano um Encontro que nos será oferecido, no mínimo, com o mesmo carinho que recebemos neste, sob a coordenação, que já sabemos eficiente, do Lulu e do Edgard. A este desejamos que sua alegria continue a contagiar-nos com felicidade e esperança.

oooooooo - oooooooo


Texto do Seoldo:

 SAUDOSOS EASISTAS E FAMILIARES,

 CUMPRIMENTOS RESPEITOSOS AOS PADRES CRÚZIOS E SEMINARISTAS.

 PREZADOS DEMAIS PARTICIPANTES,


      "NENHUM VENTO SOPRA A FAVOR DE QUEM NÃO SABE PARA ONDE IR". (JÁ DIZIA O SÊNECA). GRAÇAS À PRESSÃO DA NOSSA AMIGA EASISTA ROSIMERE MOREIRA E À RÁPIDA INTERVENÇÃO DO GRUPO RAFAEL / RAIMUNDO / TUPI / LULU, O VII ENCONTRO FOI SALVO! NO FIM, PARABENS A TODOS PELA AJUDA NA ORGANIZAÇÃO, COMO O TOINZÉ  SANTANA / EUSTÁQUIO / BALIZA / PADRE JÚLIO, E OUTRO(A)S... O CARÁTER FUNDAMENTAL DESTES ENCONTROS É A RAIZ CRÚZIA, QUE NOS ATRAIU NO PASSADO E QUE SE CONFIRMA AGORA ATRAVÉS DESSA NOSSA UNIÃO. SE CIÊNCIA É CONHECIMENTO ORGANIZADO, SE SABEDORIA É VIDA ORGANIZADA, ENTÃO ESSES NOSSOS ENCONTROS SÃO SAUDADES ORGANIZADAS.



CABE  AQUI UM PEQUENO SILÊNCIO PARA EASISTAS / FAMILIARES / PADRES QUE PASSARAM PARA O "OUTRO LADO DO CAMINHO". LEMBREM-SE DO CONSELHO DE OUTRO VELHO SÁBIO: "PARA SE TER VIDA LONGA É PRECISO VIVER DEVAGAR". O SUPORTE DO GRUPO PARA AQUELES QUE LUTAM COM SEUS PROBLEMAS É UMA PEQUENA CARGA DE TODOS. COMO JÁ DISSE UMA VEZ: NÃO PODEMOS RESOLVER OS PROBLEMAS DE CADA UM, MAS, SIM, PODEMOS ABRAÇAR CADA UM COM SEUS PROBLEMAS. POR FALAR EM ABRAÇO, O TUPI FICOU ENCARREGADO DE DAR UM SEGUNDO ABRAÇO A CADA PARTICIPANTE EM NOME NOSSO (JUDITE E EU).



COMO REFERI NA MINHA ENTREVISTA:  "QUEM FALA MUITO, ERRA MUITO;  QUEM FALA POUCO, ERRA POUCO; E O SILÊNCIO NOS AJUDA A ERRAR MENOS". A VIDA MUDOU, PORÉM NÃO DESAPARECEU.


ABRAÇOS SAUDOSOS A TODOS.


OBRIGADO AO EASISTA EDGARD ALFENAS PELA LEITURA DESTA MENSAGEM.




                                                 D O N A    N O B I S    P A C E M !






 EASISTA Geraldo H. Seoldo Rodrigues

( Tucson / Arizona / USA)  -  Setembro 2015 - VII ENCONTRO EASO.




                                                oooooooo - oooooooo



Texto da Judite:

Minhas queridas amigas, companheiras e demais EASISTAS

Saudações a todas! Meu coração está cheio de saudades e ao
mesmo tempo de frustração por não lhes acompanhar neste
Encontro de Campo Belo.

As milhas nos separam, porém o espírito de amizade, de
irmandade e de preocupação para cada um de vocês supera a
distância.

Acabo de assistir a chegada do Papa Francisco – um homem de
Deus que traz uma mensagem aplicável a qualquer pessoa
humana. Chorei de emoção como muitos aqui nos Estados
Unidos – que no momento se acham um pouco des unidos. O
mundo está precisando tanto da mensagem dele – não somente
das palavras, mas da sua demonstração na vida que ele vive.

Um bom proveito a todas nestes dias juntas. Fiquem certas de que
estou com vocês espiritualmente. Que Deus nos reúna no próximo
ano.

Abraços, minhas amigas,

Judite

Tucson, Arizona
Um abraço para Judite