Por Siovani
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Foto oficial do VIII Encontro - clique nas fotos para
ampliá-las. Ao abrir em outro link, elas ficarão ainda
maiores |
“O pároco de nossa
cidade, após muito empenho, conseguiu adquirir uma belíssima imagem de Nossa
Senhora de Oliveira, mais tarde Nossa Senhora “da” Oliveira. Foi realizada uma
linda festa para a chegada da imagem, quando nosso pai, na qualidade de
prefeito, fez um discurso ao seu estilo, simples e objetivo, mas com palavras
cálidas, perfumadas e contagiantes pela sinceridade. Num gesto simbólico, ele
entregou a chave da cidade a Nossa Senhora, e nas mãos da santa deveria, por
hipótese, permanecer até os dias de hoje“.
Tivemos a falta de
cerimônia de tomar estas palavras que o Edgard escreveu, sem lhe pedir
permissão, para dizer-lhe que realmente a Santa não ficou com a chave, pois naqueles
dias que ali estivemos apossamo-nos dela com grande avidez, não por descortesia
com a Senhora da Oliveira, mas pelo amor, que também refletimos no espelho de
pura amizade, que nos foi dado por essa família da terrinha que nos recebeu. Sodiga,
acreditamos sem a menor possibilidade de dúvida, sentiu-se pela segunda vez
abençoado pela Santa ao ver os gestos incansáveis de seus filhos para cumularem
de carinho os meninos easistas.
Chegamos em Senhora de
Oliveira na quinta-feira, vinte e dois de setembro, para desfrutarmos um pouco
mais do que esperávamos seriam momentos de muita paz e alegria. Logo ao
chegarmos, um pouco confusos por não enxergarmos a Igreja Matriz, paramos no
posto de gasolina para obter as informações necessárias, e ao perguntarmos a um
solícito funcionário:
- Sabe nos informar
onde mora o Edgard...
E antes que
completássemos, ele já abreviou:
- Alfenas?
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Cátia Resort |
E nos indicou como
chegar a nosso destino. E chegamos na Alameda Sadita, com grande alegria da
nossa amiga Dita, que se sentiu um tanto quanto homenageada. Lá naquela alameda
é onde está instalado o Cátia Resort, que nos abrigou camaradamente por aqueles
dias, onde a mesa estava sempre profusamente servida, até fazendo-nos sentir um
pouco ingratos em sermos tão comedidos em matéria de alimentação. E foi assim
que entramos naquela camaradagem que ronda as pequenas cidades do interior,
acolhidos por Lulu e Edgard, herdeiros de Sadita e Sodiga, pois assim eram
conhecidos os pais de nossos caros amigos.
Na
história do município, na primeira eleição para prefeito, foi eleito Sodiga,
após sua brava luta para conseguir a emancipação da cidade. Podemos apreender o
carinho e a gratidão que lhe dedicava o povo oliveirense por esta simples
poesia que circulou naquela ocasião:
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Dita sentiu-se
homenageada
pelo nome da
Alameda
Sadita
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Oh!
Nossa Senhora de Oliveira
A
chave desta cidade
Por
Sodiga vos foi entregue
Por
isto entregai-o à Prefeitura
É
os pobres que vos pede
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Padre Luiz Miguel de Souza na
frente da gruta da casa do Edgard |
Em nossas perambulações
pela cidade estivemos em certo momento na Casa Paroquial onde o Edgard nos apresentou
o Padre.Luiz Miguel e com ele mantivemos um bom bate-papo. O padre convidou-nos
para conhecermos a igreja e mostrou-nos seus detalhes. Conforme suas palavras,
embora Senhora de Oliveira não seja nem catedral nem santuário, ele abriu A
Porta da Misericórdia - instituída pelo Papa Francisco para este ano com os
mesmos benefícios das Portas Santas da Basílica de São Pedro, em Roma - para que também os mais humildes fiéis e os
que não têm meios para se deslocarem até as catedrais pudessem receber a
indulgência jubilar.
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Local onde repousam os restos
mortais de Monsenhor José Justiniano
Teixeira ao lado de seu memorial.
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Contou-nos
o padre, ainda, sobre o Monsenhor José Justiniano Teixeira, padre que o Edgard
considera como um verdadeiro santo e sábio: quando da construção da Matriz, o
Monsenhor preparara no interior da igreja, no solo, um local onde queria ser
enterrado, mas isto não aconteceu, pois o padre que fora enviado a Senhora de
Oliveira para ajudá-lo em suas tarefas quando ficou doente, ao assumir a
paróquia, recusou-se a cumprir aquele desejo, e o Monsenhor foi enterrado no
cemitério. O povo do lugar, indignado com o padre, recorreu à justiça para
garantir a transladação dos restos mortais do Monsenhor para a igreja, pleito
que lhe foi outorgado. E hoje, não no local que ele preparara, mas em um canto
junto ao Memorial que lhe foi erigido, ele repousa.
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À noite, as bandeiras vermelhas e azuis dos
dois candidatos enfrentam um combate
apaixonado sob os sons que também
disputam a primazia
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Ainda
digno de nota é o ambiente de política acirrada na cidade que pudemos
testemunhar nas conversas pelas ruas. À noite, as bandeiras vermelhas e azuis
dos dois candidatos enfrentam um combate apaixonado sob os sons que também
disputam a primazia. É somente através do número
do partido que se ouve falar dos candidatos, o povo nem sabe dizer que partido
é, ou seja, não importam os partidos, mas unicamente os candidatos.
Sexta-feira,
23 de setembro.de 2016
Após
mais um ano passado em preparações e ansiedade, enfim chegamos na Pousada Roda D´água
para o início do nosso VIII Encontro.
Em
um canto rústico, mesas alinhadas ao lado da dita roda d´água e de um pilão bem
preguiçoso, os easistas chegavam acompanhados de suas caras companheiras e,
desta vez, de diversos filhos que nos brindaram com suas presenças.
Pouco
a pouco ia confirmando-se a pesarosa ausência de alguns que sempre estiveram
presentes nos Encontros anteriores, mas também a surpresa de ver surgir algum
que não se fizera anunciar previamente, como o Olímpio, recebido com muita
alegria.
50
anos passados, rever nosso contemporâneo, o Canhão, vulgo José de Lourdes
Oliveira, foi uma emoção especial. O tempo lhe arranhou o corpo, mas não lhe conseguiu
tirar o bom humor. Depois do primeiro encontro, desaparecidos, os irmãos Ildeu
e Joaquim voltaram ao rebanho contribuindo mais um pouco pelas nossas lembranças.
Como cerimônia oficial de
abertura do VIII Encontro, como previsto no programa, o Rafael, nosso dedicado
coordenador, pediu uma pausa das bocas de todos para que fizéssemos a Oração de
abertura. Um pouco depois, leu a mensagem que o Seoldo e a
Judite nos enviaram, mas, para desfrutarmos um pouco mais da irreverência e
graça do Seoldo, peço licença ao Rafael para transcrever também o texto do
email:
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Mensagem enviada pelo Seoldo e Judite foi lida pelo Rafael.
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“Prezado “Anjo"
Rafael....
Um arcanjo me enganou. Mandei isso para que o
Santana abrisse a boca lá no Encontro saudando a todos com poucas palavras...
mas parece, conforme últimas informações, que ele não vai. Peço-lhe, então, por
amor ao "Santo" Pe. Bessa, que leia bem alto estas mal traçadas
linhas saudando o pessoal aí durante o Encontro. Você mesmo decide a hora mais
oportuna. Um abração e uma boa viagem a Senhora de Oliveira. Cuidado com os
morros... lá só tem subidas!!!
Easista Seoldo”
E
o texto lido pelo Rafael:
“Easistas e
descendentes,
Saudações para
todos(as) – um abraço para cada um(a).
Judite e eu estamos
distantes de Senhora de Oliveira... Aliás, estamos aqui em cima enquanto vocês
estão aí embaixo da linha do equador e parece que quanto mais perto do céu mais
fresco é...
Que todos os ventos
soprem a favor de vocês aí... Que todos os mulungus sem fazerem sombras
balancem contentes com as presenças de vocês... E, finalmente, que todos os
sapos-bois, todos os sapos martelos, aliás, ferreiros, ou melhor, pererecas em
conjunto com as seriemas espalhadas aí pelos morros da estrada afinem no
batuque e ajudem a alegrar e a celebrar este VIII Encontro!!!...
Podem todos crer que os
Alfenas com sangue do Sodiga e da Sadita, nascidos em Ribeirão Podre, hoje
Senhora de Oliveira, tratá-los-ão com carinho e respeito.
Outra vez, abraços
sinceros e saudosos dos easistas Judite/Seoldo”.
Voltando
a nossas difíceis tarefas, além das conversas, as bocas também estiveram
ocupadas com o que a roça tem de mais saboroso, mas também perigoso, como o
torresmo, a mandioca, e, algo que para muitos era uma grande novidade: o
Galopé, um bicho híbrido com carne de galo e pé de porco. Os entendidos
reclamaram que o pé estava um pouco duro, mas para os desentendidos foi uma
festa. Só fiquei com pesar de que o esperado exemplar vivo do bicho, prometido
e juramentado, não apareceu para tirar nossas dúvidas.
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A leitoa era só alegria em poder oferecer-se
como noiva em tão seleto jantar. |
Dúvida
não houve quando uma leitoa apareceu sobre o fogão. O Lulu prometera-a e havia
algum tempo nos afirmara que a senhorita já estava em seu poder, tratada com
aveia e soja, e que, após as cerimônias de desculpas e agradecimento que lhe
foram prestadas, ela era só alegria em poder oferecer-se como noiva em tão
seleto jantar.
Mas agora, despida do seu véu, lá estava toda faceira
com a pele bronzeada à pururuca. Foi apresentada a todos e logo levada para ser
destrinchada. Quando nos lembramos novamente da apetitosa e fomos em busca de
um pouco da tenra carne, quase nada mais havia além de desprezados ossos. Mistério
absoluto: quem consumiu a pobre noivinha?
Talvez
a fome saciada, talvez o torpor ainda vigente das viagens, talvez a noite ávida
de sono, mas a turma resolveu voltar cedo para suas acomodações sem o
programado Momento para Performances.
Sábado,
24 de setembro.de 2016
Voltamos
para a pousada Roda D´água onde havia sido programada para as 9h30 uma
apresentação de um tema, ainda então não revelado, pelo Siovani, e outro pelo
Rosalino: Um Miranda
Mirando-se no Espelho ou a Síndrome da Acumulação Compulsiva.
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Siovani mostra o `Poder do
Mito": a essência última das
religiões, a filosofia perene. |
Acomodados,
o Siovani fez a apresentação do tema que iria abordar, O Poder do Mito, baseado
em uma entrevista feita por Bill Moyers com o professor Joseph Campbell,
falecido em 1987, mas até então, ou mesmo até hoje, a maior autoridade no
estudo da mitologia e também grande estudioso da religião comparada. Devido ao
assunto muito vasto, apenas pequenos trechos da entrevista foram apresentados,
e com ênfase na filosofia perene, isto é, a essência última das religiões, a eliminação
do ego e a religação com o divino, terminando com um tema do grande poeta sufi Rumi
(Jalālad-Din Muhammad Rumi),
que, resumindo, diz-nos que na presença de Deus não pode haver dois eu’s,
somente quando o eu nada mais significar pode-se experimentar esta plena união.
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Rosalino explica porque é um
acumulador inveterado: a mão
que ajunta também distribui. |
Tomando
a palavra o Rosalino dissertou sobre a sua mania compulsiva de acumulação de
objetos, sem que haja um objetivo definido em possuí-los. Síndrome que quase
lhe destruiu o casamento e que causa a seus familiares aborrecimentos incontáveis
pela invasão dos espaços da casa, e que sua esposa “sonha em ter uma casa
limpinha, arrumadinha, sem nada”, mania que ele atribuiu a sua origem na roça,
onde a escassez de recursos levava à necessidade de guardar tudo. Mas com a
ressalva de ajudar a quem lhe solicite um dos objetos, portanto, o móvel da
ação é a acumulação e não a retenção egoísta.
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A sala apinhada registra o interesse pelas apresentações e
debates.
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O
Lua pediu a palavra e com sua graça costumeira revelou-nos que passou a saber
que também tinha aquela doença do acumulador, pois possuía cinco ferros-velhos
com máquinas antigas e sem nenhuma utilidade. E sobre a palestra do Siovani ele
também falou que estava sentindo a necessidade de livrar-se do apego, de
desvestir as roupas velhas e que tinha mesmo a chance de também tornar-se um
santo, pois nunca perseguiu Cristo como São Paulo o fez.
E,
ainda, a Rosimere falou emocionada sobre o mesmo problema que um irmão tem e
que causou muitos transtornos para os seus pais, e causa de perdas que o próprio
irmão sofreu por abandono de pessoas íntimas, amigos e familiares. O Ildeu
falou sobre sua função de acumulador e transmissor de conhecimentos como
engenheiro agrônomo, e que de tanto acumular, às vezes nem sabe para que serve
aquilo tudo.
O
Raimundo falou do lado bom da acumulação, pois muitas vezes o descarte causa
uma perda de informações importantes. E então apareceram as camisas
comemorativas do nosso VIII Encontro e foram distribuídas a todos os easistas
com a recomendação que todos as usassem durante a missa no dia seguinte. O mimo
nos fora feito pela Tatiane, filha caçula do Edgard, mostrando-se como um broto
natural daquela árvore que já nos havia circundado de carinho.
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Zazá observa Matheus no colo do
avô, Alfredo, na noite anterior à
queda.
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Episódio
triste do dia foi a queda do Matheus, netinho do Alfredo, que brincava na
carroça que atraíra tantas fotos nossas. Angústia desmedida para os pais que tiveram
que buscar cuidados médicos em Lafaiete e depois em Belo Horizonte. Felizmente
as notícias que nos chegaram aliviaram-nos ao saber que não houve consequências
além do susto e das preocupações.
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A
partir da esquerda: pé de moleque (prenda); doce de figo
em caldas; doce de laranja; doce de limão; laranjinha
kinkan em caldas; arroz doce; ambrosia (o manjar
dos deuses); doce de cidra; doce de mamão em pedaços.
(E o pote com água mineral saborizada com amora,
laranja, manjericão, hortelã e funcho).
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Depois
de tanta falação, a fome nos levou para o Sítio Meia Dúzia, onde o Lulu e a
Maria José haviam preparado uma recepção que duraria até a madrugada. Primeiro
o almoço regado com churrasco, depois, requinte dos requintes, a Maria José
havia colocado toda a sua perícia para forrar uma mesa com doces dos mais
diversos tipos, dos quais as nossas restrições nos advertiam que não ousássemos
provar, pois seguramente pagaríamos caro em não poder conter a vontade - que
mal exemplo seria após a tal palestra sobre a eliminação do ego!
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Eu era assim, tão novo, sem rugas
e cãs. |
A
decoração do sítio primou por oferecer-nos também um belo espetáculo que
alargava a nossos olhos a bela paisagem que o sítio já oferecia. O cuidado que
o sítio mereceu nas mãos dessa família caprichosa também se desvelou nos
enfeites oferecidos a nossa admiração e contentamento. A montagem, feita às
costas da varanda do belo casarão colonial, das fotos antigas registradas no
seminário atraía a atenção e curiosidade dos presentes em identificar aqueles
meninos que se perderam nas cãs e rugas dos não tanto circunspectos senhores de
hoje.
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Um
símbolo do efêmero para os monges tibetanos tornou-se
em selo da amizade duradoura entre as mulheres. Alfredo
representou os homens., como embaixador easista.
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A
maior ternura da Maria José se revelou na mandala de flores que embelezava o
gramado do sítio. Este símbolo de harmonia utilizado largamente como meio de
meditação, os monges tibetanos elaboram em delicados trabalhos feitos com o
sopro sobre finíssima areia, e, terminada a obra belíssima, sua destruição
representa a transitoriedade. Mas, no contexto, a intenção era opostamente
marcar a data de nossa reunião com uma lembrança perpétua da presença ali de suas queridas amigas, e de todos nós. Enternecidas, as
mulheres abraçaram a mandala.
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E assim nasceu o bosque easista: aqui se planta aqui se colhe.
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Momento
houve em que fomos convidados pelo Lulu a plantar, cada um, uma árvore para
fazer um bosque dos easistas, e todas as mudas tinham uma placa com a
identificação da espécie, onde também o nome do plantador podia ser registrado.
O Chicão contou-nos uma história sobre um coqueiro que havia em uma casa sua,
que com o passar dos anos já não o atraía como no início e os cocos ficavam por
lá sem serventia. Certo dia, uma menina pediu-lhe um coco e ele autorizou-a a
tirar quantos quisesse, pois o coqueiro era pequeno e os cocos ficavam ao
alcance. A menina cortou alguns frutos e se foi, poucos dias depois o coqueiro
morreu. Dizem que há pessoas com tais “dispoderes” e esperamos que não façamos
parte destas e que o bosque floresça e que lá possamos voltar e admirar nossa
pequena contribuição para o Sítio do Lulu.
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A interprete, Dita, e o autor,
Chicão.
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Lá
pelo fim da tarde chegaram os músicos que deveriam acompanhar-nos pela noite
adentro e logo começaram a apresentar um repertório de sertanejas. O Chicão
havia feito especialmente para nós uma letra para ser cantada com a música de
La Paloma, mas infelizmente os músicos não conheciam a melodia e nem
conseguiram um acompanhamento adequado, mas a Dita cantou à capela:
Voltei
buscando alegria mais uma vez
Cheguei
trazendo carinho para vocês
Estou
trocando sorriso aqui entre nós
E
vou lhes dar um pouquinho da minha voz.
Pois
esta fraternidade, gente querida,
Só
traz a felicidade pra nossa vida
Me
sinto bem amparado e feliz da vida
E
digo muito obrigado pela acolhida.
Quando
estou com vocês
Eu
me sinto criança
Nasce
em mim aquela esperança
De
um mundo bem melhor.
Quando
estou com vocês
Eu
me sinto criança
Nasce
em mim aquela esperança
De
um mundo bem melhor.
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Lembrancinhas doados por alguns easistas:
mini latas
de leite recheadas de balas (Rosa
Helena); vasinhos de
suculentas e mini-cactos (Maria
José); pacotinhos de
pés de moleque (Flávia
Linhares); caixinha com
sabonete perfumado e decorado (Cibele); porta
livros
(Rosa Helena); Livro os Benguelas...(Lulu);
camisas
com alusão ao evento (Tatiane) .
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E
a tarde foi se encurtando com o sorteio das camisas, que sobraram, para as
mulheres e das capas de livros que foram oferecidas pela Rosa Helena, esposa do
Joaquim. E a noite fez-se estrelas.
E
desfez-se a luz!
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Saudades da lamparina de
querosene,
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Ficamos
no escuro, sem música, mas com muita comida. As ações ficaram mais restritas,
mas ninguém precisa de luz para conversar. Após talvez cerca de duas horas à
luz de velas, que não trazem saudades a ninguém, alguns, para grande tristeza
do Lulu, resolveram partir, deixando para trás os patos com macarrão, prato que
o gentil casal de anfitriões havia destinado para a nossa ceia e que ainda nem
havia chegado.
E
o Lua fazia a piada deste Encontro: com o pato e o macarrão estava selado, o
próximo encontro seria feito apenas com as viúvas dos easistas, que então
passariam a ser conhecidas como as “Desunidas dos maridos”.
Os
patos e o macarrão chegaram. Delícia, mas a moderação já fazia sua exigência. E
a energia não deu mais o ar de sua graça; os músicos foram embora sem executar
seus instrumentos e nós também partimos para procurar uma boa noite de sono. Quando
partíamos, ainda recebíamos brindes diversos: a Rosa Helena ofereceu a todos
uma delicada peça de artesanato, uma latinha de leite decorada para lembrança
do VIII Encontro - Senhora de Oliveira, recheada de balas de mel; a Flávia,
nora do Lulu, ofertava-nos os saquinhos com os pés de moleque, pura meiguice; e,
ainda, um vasinho com um cacto ternamente oferecido pela Maria José, a quem
vimos desta vez, para nossa muita
alegria, ligeira a correr por todos os cantos cuidando do melhor para todos,
livre do mal que lhe afligia em passados Encontros.
Domingo,
25 de setembro.de 2016
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Depois da missa, o Padre Luiz Miguel e os easistas
uniformizados na frente do altar da igreja matriz.
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Tupy nos representou brilhantemente. |
Nossa
primeira função do dia foi a missa das 9 horas na Matriz, onde nossos lugares
estavam reservados para que ficássemos todos juntos e uniformizados, e bonitos com
as camisas da Tatiane. O pároco reservou-nos também um lugar para participação
na liturgia, para o qual indicamos o Tupy, que nos representou brilhantemente.
O Padre Luiz Miguel apresentou-nos aos demais
fiéis e disse que nos recebia com enorme prazer naquela solenidade litúrgica.
Após
a missa, o Rafael convocou-nos para uma reunião onde seria decidido o local do
próximo Encontro. A reunião foi realizada no salão do pavimento superior da
casa do Edgard, onde, em seguida, estávamos todos intimados a sofrer as agruras
de um churrasco de picanha, especialíssimo produto do Edgard.
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A assembléia easista decidiu: próximo Encontro será
em Juiz de Fora. |
Discutida
preliminarmente a decisão do Encontro anterior de que a cada dois anos o
Encontro deveria ser realizado em Campo Belo, a proposta não obteve nenhuma
adesão, e desta vez o Nonato nem mesmo a defendeu. Foi então, proposta pelo
Siovani, a possibilidade de se fazê-lo em Diamantina, solicitação que este
havia recebido de algumas participantes que desejavam assistir a Vesperata.
Colocada em votação houve apenas três votos favoráveis. Em seguida foi proposta
a cidade de Juiz de Fora, e pela quase unanimidade da aprovação sentiu-se um
certo sabor de algo há muito esperado.
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Os presentes oraram pela recuperação dos cole-
gas enfermos e para a alma dos que já partiram.
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Quanto
à Diamantina, fica proposta uma visita fora dos nossos encontros anuais. A
divulgação das datas das Vesperatas normalmente ocorre no mês de dezembro, e
neste ano começaram em abril e ocorrerão até outubro. Estaremos aguardando as
datas para tentarmos as reservas de mesas e hospedagem aos que se interessarem.
O
Lulu solicitou a participação de mais colegas nos trabalhos do blog, e foram
indicados o Benoni, o Edgard e o Ildeu.
Tudo
esclarecido e concertado teve início o almoço: churrasco com churrasco, se
havia outros tantos pratos confessamos que não damos notícia, pois só queríamos
mesmo saber da carne, mas também havia um belo arranjo de frutas das quais nos
regalamos.
Disse-nos
o Edgard que aquele músico que tocou e cantou para nós, Paulo Coelho, amigo
desde a infância, fora convidado para participar do almoço, mas que ele levou o
violão e nos presenteou com sua voz. E a Dita finalmente pode cantar a La
Paloma com acompanhamento, e a poesia do Chicão pôde ser melhor apreciada!
Quero
fazer um aparte para referir-me na primeira pessoa ao que está acontecendo-me:
-
Chicão, desde que ouvi a Dita cantar seus versos, tenho um disco girando em
minha cabeça continuamente a repetir o refrão:
Quando
estou com vocês
Eu
me sinto criança
...
Ainda
bem que estes versos só me lembram momentos tão gostosos.
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Ferragens retorcidas... o sítio irá
calar-se por alguns dias.
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Mas
toda jornada, além de um começo e um meio tem também um fim, e este se mostrou
quando as despedidas começaram e se prolongaram até que alguns poucos restaram
para passar a noite. E as nuvens negras que víamos chegando sobre a cidade
desabaram trazendo muita água e granizo. A ventania aliada da chuva causou uma
inundação no salão onde há pouco era só festa. No Sítio Meia Dúzia, aquelas
tendas que nos abrigaram ficaram com as ferragens retorcidas.
Todos
os nossos Encontros têm sabores distintos que os tornam difíceis de serem
comparados, mas neste sentimos um algo mais inusitado, um grande pesar por findarem
aqueles momentos onde as cadeias da amizade tanto se estreitam.
É
difícil achar expressões adequadas para expressar o enorme carinho que
transbordou pelo Lulu, pela Maria José, pelo Edgard, pela Cátia, pela Tatiane,
enfim, por todos os easistas. Obrigados mil pelos momentos deliciosos que
pudemos participar.