por Geraldo Hélcio
Seoldo Rodrigues
O tamanduá de focinho anuncia que haverá uma festona no céu enquanto, do lado,
'urubuservando' tudo, há alguns pássaros pretos. O sapo se esforça para fazer boca de siri. (Foto montagem) |
FÉRIAS DOS EASISTAS EM SANTANA DO
JACARÉ (ANTES/DURANTE/DEPOIS 1960)
LEMBRANÇAS/ MEMÓRIAS/ SAUDADES/
RECORDAÇÕES FANTASIADAS APÓS MAIS DE 50 ANOS
Foi
mencionado anteriormente em um comentário que o Pe. Humberto, com os braços
abertos naquela famosa foto, estava contando uma piada para o Raimundo e o
Santana. Segundo informações arrancadas sob tortura, a piada foi a seguinte:
O
Tamanduá de Focinho Fino, de cima de um murundu de cupins, rodeado de urubus
assessores, anunciou bem ALTO:
---
Atenção bicharada!!! Fui encarregado pelo anjo Carneiro de anunciar o seguinte:
vai haver um festão e uma festona no céu durante 3 dias, para todos os bichos
da Terra, animais, aves, insetos, anfíbios, etc. Vai haver cinema com o filme
KING KONG, muita comida variada (as 3 cozinheiras da EASO estarão lá), bebidas
pra valer (inclusive a Germana), doce de goiaba cascão e queijo curadinho,
biscoitos de Cristais, e até torresmo com vatapá!!!
Sem
esperar um minutinho, o Sapo Boi, que estava entre os veados e outros animais
chifrudos, logo abriu a bocona e gritou:
---
OBA!!! Tô lá!!!
Porém,
o Tamanduá foi logo esclarecendo:
Jacaré rindo da piada - Foto montagem |
Então
o Sapo olhou para um veado, olhou para um outro chifrudo e se encolhendo todo,
fazendo um biquinho com a boca, disse baixinho:
---
COITADO DO COMPADRE JACARÉ!!!!
A famosa foto - Foto do acervo do Blog |
CENÁRIO:
RIO
JACARÉ: correndo para baixo, seguindo a boa “Lei da Gravidade”, que tudo atrai
e nada repele. Nas margens: parte das matas e dos matos da região sulcando as
águas um pouco impuras do Rio e ajudando a limpar os ares das cercanias para os
sempre presentes Urubus... Tudo seguindo o ritmo da natureza das coisas, como
deve ser. EASISTAS subindo o Rio, fazendo força contra a correnteza (só podem
estar correndo de alguma coisa, pois só gostavam de ir rio abaixo, sem gastar
energia...).
REVISÃO
de alguns detalhes da foto:
1 – GERALDO LEMOS -- como que
olhando para alguém que está chamando para comer;
2 – SEOLDO -- um pouco fora da
linha, meio cambaleando, usando calção pintadinho... parece que sob efeito do
vinho que só os maiores podiam beber escondidos;
3 – QUADRADO – reagindo com grande
alegria ao chamado para comer... comia muito aquele menino de Leopoldina, mas
nunca ficou redondo!!!
4 – PIGMEU – implorando à Virgem
Santana – imagem branquinha na árvore – para que o rio sempre continue com maré
baixa;
5 – MARCINHO – meio choramingando,
também olhando para a Santinha, pedindo que ela nos proteja dos ventos fortes
de Cristais e dos vira-latas dos caminhos;
6 – RAIMUNDO NONATO – entusiasmado,
com a boca cheia de água, prestando muita atenção na piada do Pe. Humberto;
7 – SANTANIUS – na mesma situação
que o Raimundo, porém menos entusiasmado e com a boca mais fechada que aberta;
mas no final ele vai ter que rir e dar gargalhadas, senão...
8 – PE. HUMBERTO – contanto a famosa
piada, relatada acima, do folclore da região, parecendo Moisés na travessia do
Mar Vermelho;
9 – DUAS CABECINHAS – lá atrás
aparecem duas cabecinhas: a do CHICÃO e a do ROSALINO (o Benone ficou fora
dessa), porém, não sabemos com certeza se ainda tinham corpos... quem quiser
mais especulação é bom se informar com o Rosalino, que, embora um pouco
enrolão, é de mais confiança que o Chicão; este, depois do “galo” na cabeça, é
capaz de dizer que estava nadando no Rio Amazonas, gravando o ruído da
Pororoca! (Esse “galo” se explica mais adiante).
Parece
que Raimundo e Santana riram muito, ou porque gostaram mesmo da piada ou para
evitarem as cotoveladas e coices costumeiros. Pe. Humberto, além de piadeiro,
foi um entusiasmado professor de matemática, embora um pouco impaciente com os
"tapados"... Ficava vermelhão e gaguejava a ponto de fazer espumas
nos cantos da boca! Ele também chegou a escrever uns livrinhos para catecismo e
sobre outros assuntos de fé (ver uma crônica do Santana neste Blog sobre o
assunto). Gostava de andar depressa sem balançar os braços... Nadava bem.
Chegou a desafiar o Benone para uma competição de natação lá na Praça de
Esportes em Campo Belo. Não deu certo porque os dois concordaram que a piscina
era bem pequena... Disseram que era muito mais larga que comprida, e, além
disso, não tinha curvas. Pe. Humberto era um padre alegre e gostava de cantar o
"TANTUM ERGO" quando estava sozinho.
Durante
estas mesmas férias da foto ganhamos uma partida de futebol contra o time local
com o placar de 2 X 1. O segundo gol nosso foi meu, batendo uma falta de
longe... A bola passou raspando por cima da barreira, subiu, e, de repente, fez
uma curvona esquisita e foi entrar lá no ângulo esquerdo do goleiro, que
era o campeão da brincadeira "tico-tico fuzilado" muito popular em
Santana do Jacaré. Deixando a modéstia de lado, batizei aquele tipo de chute
com o nome de "anaconda santanense". Pois bem, como a ocasião desse
jogo foi justamente no famoso tradicional "Dia do Coelho", depois da
churrascada, Pe. Humberto nos presenteou com a ida ao cineminha local para
assistir ao aterrorizante filme KING KONG. Ele e os demais (Raimundo
Nonato, Santana, Rosalino, Chicão e Geraldo Lemos, como não podia deixar de
ser), foram logo sentando na fileira da frente, um pouco longe da porta de
entrada. As coisas já iam mais ou menos, pois era um filme de horror com aquele
gorilão bundudo... Alguns, de vez em quando fechavam os olhos, outros tremiam
um pouquinho, outros olhavam para baixo... Os meninos de Senhora de
Oliveira fizeram um "montinho" para proteção. Então, justamente
na cena em que o descomunal, diabólico e afrodisíaco KING KONG estava para
pegar a mocinha pela cintura com sua mãozona boba, houve um surto extra da
corrente elétrica, o qual duplicou tanto a velocidade do projetor que a fita
arrebentou e foi aquela barulhada de catraca saindo faíscas para todos os lados
no escuro, dando a impressão de ser o bocão da Besta do Apocalipse. Pe. Humberto,
que tinha nas veias um pouco de sangue de coelho de páscoa, deu uma arrancada
de uma vez só fazendo ainda mais estalos e estragos... Só ele quebrou umas 3
cadeiras... Raimundo, Santana, Rosalino e Chicão quebraram o resto da fileira
da frente... Geraldo Lemos apareceu lá fora agarrado no escapulário do Pe.
Humberto. Este sorria enquanto checava a cabeça de cada um para ver se tinha
algum "galo" (mencionado pelo Bessa). Realmente, o único que ganhou
um "galo" foi o Chicão, pois daí para cá ficou meio biruta
dizendo que Jesus Cristo tinha nascido em Belém do Pará, e que ele mesmo ia
fazer uma jangada para voltar para o Norte, para seu El Dorado do Amazonas... E
que um bolso vazio era melhor que um bolso cheio de nada... Pe. Humberto
benzeu-o e fez umas rezas fortes... Parece que ele melhorou um pouquinho, pois
agora diz que um bolso cheio de vento é melhor que um bolso cheio de sombra.
Foto montagem |
Aí
vai, como sugestão, um EPITÁFIO para o nosso Pe, Humberto Nienhuis: Descanso
Eterno!!!)
Ensinei: o quadrado de dois é quatro
A raiz quadrada de quatro é dois
Ergui a bandeira de Cristo no mastro
Fiz as contas antes, e não depois.
Em
conclusão: nossas férias em Santana do Jacaré eram divertidas... Estavam sempre
nas nossas cabeças (com ou sem galos). Fomos sempre bem recebidos e tratados
pelo povo local. Procurávamos, também, sempre usar nossas roupas mais novas,
sapatos bem engraxadinhos para impressionar bem. (O Marquinhos era o melhor
exemplo). Andávamos todos certinhos, dois a dois pelas ruazinhas da cidade.
Passavam tão rápidas!! Tomando emprestado o comentário do compadre safado
coelho que disse para a coelhinha de orelhas em pé: V A I S E R T
 O B O M... N à O F O I ?!!!
Foi
feita a Enquete para ver a opinião de cada um acerca da ida a Santana do Jacaré
por ocasião do próximo encontro. Parece que 21 votaram... Isso prova que alguns
outros escaparam do ataque dos crocodilos. Faltou, todavia, anunciar as
OPÇÕES/ALTERNATIVAS DOS MEIOS DE TRANSPORTE DE CAMPO BELO A SANTANA DO JACARÉ. Como
o editor está colhendo café, resolvi, por conta própria, fazer o anúncio sem
nenhuma ilusão ou interesse pessoal. Aí estão as 14 opções:
1 – CAMINHANDO A PÉ como
antigamente, levando os sapatos e um porrete (para se defender de cachorros,
etc.) nas mãos --- mais ou menos como fez o Marquinhos no Caminho de Santiago,
na Espanha. É permitido parar de vez em quando e ir atrás das moitas. Duração:
depende... Talvez uns 3 dias, sem levar cachorrinho de estimação. De noite há
muita sombra para dormir. Consolo: a banda do BLOCO DO UAI estará esperando no
começo da ponte.
2 – TIPO MARATONA, mas sem
acompanhamento de assistência médica. Duração: depende... Se chegar vivo,
talvez também uns 3 dias. Consolo: a turma do Congado estará esperando no fim
da ponte.
3 – DE CARROÇA DE BURRA/MULA usando
“orelheiras” para não ficar mirando de lado para aqueles maliciosos jumentos
pastando e piscando na beira da estrada. Duração: se não houver nenhuma
enrolada dos animais, com certeza uns 3 dias.
4 – DE CARRO DE BOI com seis
juntas... carreiro e candeeiro profissionais...eixo, cocões, chumaços de peroba
para ir chiando um lamentoso afinadinho. Duração: mais ou menos 3 dias, parando
para as refeições e sestas.
5 – DE CHARRETE DE LUXO puxada por
égua nova, com buzina de trombeta e amortecedores feitos de lã de carneiro.
Duração: talvez 1 ½ dia, se a égua não estiver “naquela fase”.
6 – A CAVALO, tipo tropeiros que iam
tomar banho no Rio Jacaré. Obs. : não é permitido levar sua Easista na garupa.
Duração: 1 dia, se sair logo depois da meia noite e sem parar para nada.
Consolo: os membros da cavalhada vão fazer uma recepção surpresa antes da
chegada.
7 – DE BICICLETA sem motor e sem
farol, mas com campainha de dedo. Talvez seja preciso descer para empurrar.
Duração: mais ou menos 1 dia, se sair assim que o dia clarear... Rezar para não
furar o pneu.
8 – DE TAXI, a frota do Baliza está
à disposição... Só tem que limpar os pés e não bater a porta com força... Cabem
5, com o motorista. Duração: ½ dia, se não precisar empurrar nas subidas e
segurar nas descidas, e sem parar para “ir no mato”.
9 – DE JARDINEIRA tipo Lua Cheia do
Divino. Pode-se cantar, chorar, gritar, espernear... Só não pode encher o saco
do motorista. Duração: ½ dia, se as marchas engatarem direitinho. Consolo: um
trago da Germana.
10 -- METADE JARDINEIRA – METADADE
JANGADA: ir pela Rodovia 354 (em direção a Cana Verde) até
o Rio Jacaré. Daí, rio acima, de jangada feita de toras de mulungu e de pau de
sabão. Duração: 2 horas de Jardineira e, quem sabe, uns 2 dias de jangada, por
ser rio acima, contra o vento e a Lei da Gravidade. Não precisa usar boias,
pois os passageiros serão amarrados nos paus para não desequilibrar o
jangadeiro. Proibido pescar. Pode-se, porém, cuspir no rio todas as vezes que
se desejar.
11 – TRANSPORTE AÉREO em couro
curtido carregado por urubus treinados. Combinar com antecedência. Não há
seguro de vida. Opção mais perigosa, mas muito cênica e cheia de surpresas.
Duração: depende do dia. Não comer nada 3 dias antes para estar mais leve.
Estar com seu espírito em dia, limpinho.
12 -- TRANSPOSIÇÃO BILOCAL – expressão
meio metafísica. O Espírito vai sozinho tomando ar fresco e evitando a
poeirada; o corpo fica em Campo Belo, acomodado, sem fazer nada. Duração: uma
piscada de olho.
A exemplo do tamanduá, o autor se aconselha
com os corvos (quem não tem urubu ouve os
corvos) e se inspira na sabedoria da coruja.
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14 -- POR COMPUTADOR – usando o
Google Earth pela internet, sem suar, sem gastar e sem mesmo precisar usar
roupa... Talvez seja preciso colocar e retirar os óculos.
Boa
Sorte com a escolha. Meditem bem, mas não deixem a barba crescer... TEMPUS
FUGIT, CARPE DIEM, disse aquela mesma coelhinha de orelha em pé toda assanhada
outra vez para o coelhão, já um pouco desanimado, desorientado e, enfim,
esgotado. Que todos façam/tenham uma boa
visita a esta tão orgulhosa cidadezinha que muito marcou os Easistas!
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SANTANA DO JACARE MEMORANDA EST “