Na entrada de Nova União o Zeta Hotel já nos recebeu com alegria, pois ali encontramos os primeiros amigos na portaria, preenchendo as fichas de registro. Tomamos posse de nosso quarto e, ligeiros, nos dirigimos para a futura Pousada Pé de Banana, onde o nosso queridoWalter Caetano, o Lua, com a assistência de sua esposa Shirley, ou seria o contrário, preparara a nossa recepção.
Chegam uns, trazem outros, e breve o salão estava totalmente tomado. Um sanfoneiro fora trazido pelo Lua para esquentar os abraços de reencontro. Nessa noite, três novos encontristas nos alegraram com suas presenças: o José Geraldo, da turma de 1965; o Seoldo, que veio dos Estados Unidos com a esposa, Judith; e o José Maria, que pouco faltou para se ordenar padre. Eu estava ao lado do Olímpio quando o José Maria chegou e tive a felicidade de captar a sua expressão de alegria e contentamento ao ver ali presente seu antigo professor.
Chope na mão, conversa para todo lado, sanfona e cantoria pela noite adentro. Se a fome apertava, um belo caldo de feijão ou canjiquinha estava ao alcance do apetite de cada um. A pururuca acrescida ao caldo elevou-o ao ápice gastronômico de todo o encontro, se bem que alguns afoitos se arrependeram por se acharem mais espertos que a pimenta que se ofertava.
A noite já ia alta quando fomos para o hotel acalmar os espíritos excitados pelas emoções que nos assaltaram.
Sábado, 15/09/12.Para os que estávamos hospedados no Zeta Hotel, o café da manhã reuniu-nos a todos em torno dos pães de queijo, bolos e frutas. Aliás, as dependências desse hotel surpreenderam bastante pelo bem-estar proporcionado e também pelo seu tamanho em uma cidade tão pequena.
A galharda jardineira, com ar condicio-
nado e tudo, aguentou firme
|
ela parava, aceitava uma primeira meio claudicante e vencia mais aquele desafio. Lembramo-nos do caminhão do Tião e dos padres meio loucos que jogavam cinquenta crianças em cima de bancos de tábuas na carroceria para levar-nos para os piqueniques, pelo menos a jardineira tinha um teto, se bem que não muito confiável, para não permitir que o céu caísse em nossas cabeças de irredutíveis ex-seminaristas que buscavam novamente os deuses da natureza.
Chegamos todos sãos e salvos na Fazenda Germana, agradecidos pela experiência do Ildeu, motorista da brava velhinha. Na bela sede da fazenda, recoberta de hera, fomos apresentados aos retratos da família do Lua, à veneração que ele tem por sua falecida mãe e visitamos a maternidade, o quarto onde ele nasceu.
A Fazenda Germana |
Acompanhando o processo industrial ouviam-se ávidos comentários sobre quando se faria a degustação da famosa Germana, e, chegado o momento, aprendeu-se a apreciar a cachaça: o cheiro inicial, para causar a preparação do organismo para o irreverente líquido que se está prestes a ingerir, o leve toque nos lábios para anestesiar a língua e, aí sim, a liberação para o desfrutar. Em seguida, estávamos na lojinha da fazenda onde se podia adquirir o produto nobre por preços bem convenientes.
Tomados os aperitivos, o almoço já se fazia premente, mas ainda tínhamos que novamente bambolear na jardineira para chegar ao pasto, não me interpretem mal, pasto no sentido de lugar onde se faz nutrição. E lá fomos para o meio de uma mata para um verdadeiro piquenique. Sentados à sombra das árvores, com cerveja e acepipes, aguardando o almoço, ouvimos o Pe. Wilson nos falar sobre o projeto dos padres crúzios em construir um convento em Campo Belo para continuar sua obra no Brasil e poder formar novos padres. Pediu-nos a todos que contribuíssemos com o esforço financeiro que a obra exigia. OTupi, tomando a palavra, propôs que cada um contribuísse com um salário-mínimo por ano, ou cinquenta reais por mês, afinal, poderemos retribuir pelo tempo que lá estudamos gratuitamente e mesmo se considerarmos alguma indenização pelos cuidados do Pe. Humberto, ainda há um saldo a favor dos crúzios. De minha parte, só não vou querer considerar minhas aulas de piano com professora da cidade, porque meu ouvido surdo brigava com aquela obrigação e sempre perdia, causando-me muita aflição.
E o almoço foi liberado. Ufa! Já era tempo. Canjiquinha, ora-pro-nóbis, carneiro assado, frango ensopado, prato na mão à procura de um assento, briga com o frango, depois bananada com queijo e pausa para pegar a jardineira.
Capela da Serra da Piedade |
Domingo, 16/09/12, a atividade do dia seria uma visita ao Caraça, nobre santuário mineiro onde no passado existiu um dos mais famosos colégios do país. Não sabíamos se algum ônibus teria sido providenciado para a viagem, ficamos aguardando na porta do hotel até que chegaram os carros dos que estavam na Pousada da Dadinha e, estava definido, iríamos nos próprios carros.
A viagem de Nova União ao Caraça, cerca de sessenta quilômetros, correu tranqüila e agradável sem nenhum dos contratempos que enfrentavam os peregrinos que desde a antiguidade remota sobem as montanhas para se aproximarem de Deus. Logo estávamos na portaria do parque que controla a entrada dos visitantes e, em seguida, a paisagem da bela igreja surgida do nada entre a mata e as montanhas da Serra do Espinhaço. O isolamento é total, e nós, que vivêramos internos no meio urbano de Campo Belo, não podíamos deixar de sentir uma certa angústia por aqueles meninos que deixavam tão longe suas casas para ambiente tão solitário, apesar da natureza gratificante dos arredores. E lá estudaram muitos homens ilustres de nossa história, dentre eles, Afonso Pena.
O grupo se dirigiu para a igreja de estilo neogótico onde participou da missa iluminado pela luz que os vitrais traziam ao recolhimento de cada um. Após a missa, fotos no interior do templo:
O grupo se dirigiu para a igreja de estilo neogótico onde participou da missa iluminado pela luz que os vitrais traziam ao recolhimento de cada um. Após a missa, fotos no interior do templo:
Ouvimos, ainda, o depoimento emocionado da Judith, de nacionalidade norte-americana, que agradeceu a oportunidade e a felicidade de conhecer e participar de uma parcela tão importante da vida de seu esposo, o Seoldo, em terras tão distantes.
E chegou a hora da despedida para muitos que dali do Caraça partiriam para suas cidades, prometendo estar de volta ao encontro do próximo ano em Campo Belo, em 28 de setembro, dia do aniversário da cidade.
E contaram-me que um grupo voltou à Nova União e ainda se reuniu à noite na Pizzaria Minuano, acompanhado pelo Lua e o proprietário da Pousada da Dadinha. Pizza, cerveja e a Germana correram à vontade.
A bela Capela no alto da Serra da Piedade |
Na subida da Serra da Piedade, parada ao lado da quarta estação da Via Sacra |
O casal Seoldo visita a Gruta do Eremita na
Serra da Piedade.
|
E encerrou-se mais um encontro sob as bênçãos da amizade que nos une a todos e nos dá a alegria de podermos participar de momentos tão reconfortantes de uma família que agora tem um braço estendido em Tucson, Arizona, EUA.
Graaaaade, Siovani ! Excelente, a narrativa ! Me senti de volta a aqueles momentos tão agradáveis.
ResponderExcluirEste cara é um escritor!
Mudando de assunto:
belembelembelem !
Atençao, senhores ! Max e Maice, Lua e Shirley tambem aderiram à ida a Belem ! Agora já são l7.
E voce, Siovani ? Estamos contando com voce e esposa. Abraços - Benone
CORREÇÃO: na primeira foto e na primeira fila, temos, não o José Carlos, mas o nosso querido amigo e uma de nossas recentes "aquisições", Zé Geraldo Assnção. Abraços - Benone
ResponderExcluirObrigado, Benone. Correção efetivada.
ExcluirAgradeco ao Siovani pelo excelente relatorio.Cada detalhe do nosso Encontro foi lembrado com riqueza de detalhes. As fotos escolhidas complementaram o trabalho.
ResponderExcluirParabens, vou imprimir este Relatorio para guardar com carinho.
Rafael