A família no aniversário de 3 anos da Laura |
1 - Toinzé Santana, como foi que você foi parar lá no Seminário Santa Odília em
Campo Belo? Foi mesmo influência do 'santo' Bessa quando este passava férias lá
em Santana do Jacaré com sua família? Um pequeno resumo cronológico das coisas.
Você continua admirando o ‘santo Bessa’ e rezando ainda, com fervor, para ele?
Ou foi sua irmã Maria que lhe deu alguns beliscões para ir rezar mais?
Já nasci com isso na cabeça |
Outra gozação que me faziam
quando já era um pouco mais velho, em torno de 8 a 10 anos, era a seguinte:
meus tios mais velhos e solteiros, filhos do meu avô Toniquinho Barbosa, que
acolhia o Antônio Bessa em família quando ele tirava férias, gostavam de
provocar-me dizendo que havia um segredo usado no seminário para manter os
seminaristas quietinhos, e não pensarem em namoradas. O tal segredo (será que
foi o Bessa que contou??) consistia em colocar salitre na comida ... aí os
seminaristas ficavam comportadinhos. Outros rapazes, para assustarem-me, diziam
que a primeira coisa que os padres faziam, assim que todo menino chegava ao
seminário, era mandar castrá-lo para que ele nunca mais saísse de lá ... durma
com um barulho desses!
Apesar disso, eu não mudei de
ideia e continuei firme no meu propósito. Quando terminei o curso primário, em
Santana do Jacaré, decidi ir para Campo Belo.
Quem me influenciou para eu
escolher o Seminário Santa Odília, logicamente, foi o Bessa que estudava lá.
Mas não foi somente por isto. Naquela época, a paróquia da cidade estava aos
cuidados dos Crúzios, tendo como pároco o Padre João Batista Verkaden, e também
os seminaristas crúzios, às vezes, passavam as férias do meio de ano lá em
Santana, como aconteceu no ano de 1958, conforme Crônica do próprio Bessa
publicada aqui no Blog Clique aqui para acessar a crônica.
Padre João Batista Verkaden |
Certa vez, esses seminaristas
foram ao sítio onde eu morava buscar laranjas. E num dia à tarde, conversei por
um bom tempo com um daqueles seminaristas, sentado em um matacão de pedra perto
do campo de pelada atrás da igreja matriz. Tudo isso me ajudou a decidir pelo
seminário de Campo Belo, aonde cheguei pela primeira vez no final do ano de
1960, acompanhado do José Aloísio (Zé Sapo), que já estudava no Dom Cabral e me
mostrou o caminho. Lá me entrevistei com o Pe. Marino, na época Diretor do
Seminário, que me acolheu muito bem e combinamos a minha apresentação para o início
do ano seguinte. Para isso ele me passou algumas instruções, inclusive o
enxoval necessário e o número que minha mãe deveria colocar nas roupas para não
misturar com as de outros seminaristas.
Respondendo ainda sua pergunta:
sim, continuo admirando o Bessa, embora ainda não tenha pedido sua intercessão.
Quem sabe, seja o caso de fazermos isso. Pode ser que ele nos socorra de uma
forma milagrosa e aí poderemos ter pelo menos dois milagres comprovados que
possam servir para sua santificação.
Não, a Maria, minha irmã mais
nova, nem a primeira irmã, a Lúcia, precisaram dar-me beliscões para rezar
mais. Naquela época eu era muito rezador e morria de medo de ir para o inferno,
embora não deixasse nunca de cometer os meus pecados. Ainda bem que depois o
Pe. João me perdoava nas confissões, se bem que alguns pecados eu escondia, de
vergonha.
Por falar na irmã Lúcia, tenho
uma estória sobre ela. Quando ainda íamos a pé do sítio para a escola, em
Santana do Jacaré, fazíamos um percurso de 3 km e gastávamos aproximadamente
uma hora de caminhada, uma vez que as nossas pernas eram ainda muito curtinhas.
Num determinado dia, estávamos voltando da aula, com muita fome antes do
almoço. De repente, na saída da cidade para perto de nós um veículo, tipo baú,
daqueles muito usados naquela época para transporte de mercadorias, e o
motorista nos oferece uma carona. Aqui eu faço um pequeno parêntese para
explicar algo para facilitar o entendimento daquilo que aconteceu em seguida.
Entre nós meninos de roça havia muitas conversas assustadoras de lobisomem,
mula sem cabeça, fantasmas, etc.. Entre essas, existia uma sobre os tais
veículos com carroceria fechada, que dizia que dentro daquele baú existia um moedor grande para moer crianças que os motoristas pegavam nas estradas e a
carne delas era usada para fazer salame. Aí vocês podem imaginar o que rodou em
minha cabeça na mesma hora. Assim que o motorista parou e abriu a porta do
passageiro, convidando-nos para entrar, a Lúcia imediatamente foi pondo os pés
no estribo da porta.
Eu a puxei rapidamente para trás, recusando a carona e dizendo que preferíamos ir a pé. O motorista não entendeu aquela recusa e continuou insistindo, e, por fim, vendo que eu não iria mesmo, ele falou: “então, deixa só a menina vir”, ao que, imediatamente, atalhei, segurando o braço dela: “não, ela também não vai não”. O motorista desistiu e foi embora.
Nós seguimos a pé e a Lúcia foi lamentando o tempo todo a carona perdida.
Eu a puxei rapidamente para trás, recusando a carona e dizendo que preferíamos ir a pé. O motorista não entendeu aquela recusa e continuou insistindo, e, por fim, vendo que eu não iria mesmo, ele falou: “então, deixa só a menina vir”, ao que, imediatamente, atalhei, segurando o braço dela: “não, ela também não vai não”. O motorista desistiu e foi embora.
2 - Lembro-me de
que você era um 'menor' calmo, de voz rouca, observador e que evitava confrontos
nas 'peladas' e nos jogos de botão e pingue-pongue (ou Ping-Pong), etc... Você
chegou a brigar mesmo e discutir firme com outros 'menores/maiores' por algum
maltrato ou por tentarem roubar aquele seu famoso BONÉ que o fazia parecer um
irmão da dupla Caim/Abel do Velho Testamento?
Não sei como nem por qual motivo,
logo nos inícios de minha estada no seminário, numa daquelas peladas de toda
tarde eu me entestei com o Zé Aguinaldo, mas parece que ele me deu uns tabefes
e eu acabei afinando. Só sei que um dia ou dois depois daquilo, o Zé Sapo e o
Fernando, meu tio que também era aluno do Dom Cabral, ficaram sabendo do
acontecido e me procuraram. Aí, eles me disseram: “fala quem foi que te bateu
que nós vamos pegar e dar uma coça nele”. Então eu retruquei: “não foi nada não
... eu é que fiquei com dó dele e não quis bater muito nele”. Não sei se eu
falei aquilo com pena dele ou de medo ... vamos que ele apanhasse dos meus
parentes e depois me pegasse de novo sozinho no seminário e me desse outros
tapas... e a parentela dele (de Senhora de Oliveira) lá no seminário ... achei
melhor curtir meu couro calado.
Autor muito lido no seminário |
Por causa de meu boné, não me
lembro de ter brigado. Mas parece que você sabia ou andou pesquisando essas
estórias, porque sua pergunta, nesse sentido, foi muito direta e bem no alvo.
3 - Quais suas lembranças mais marcantes do
seminário e como você via e aceitava a rotina diária: dormir/rezar/comer/estudar/brincar?
Faltava-lhe alguma coisa? Quem foram seus dois vizinhos de dormitório? Qual foi
seu número? Você chegou a conversar baixinho com o travesseiro? Qual a sua
refeição favorita: aquela feita pela Dona Luca ou a da Dona Mariazinha? Você
também cantava o 'Coração Santo' quando subia a rampa para o dormitório ou para
a capela?
As lembranças dos passeios - foto de 1962 |
Visita do Padre Provincial em 1963 |
Da rotina diária, lembro-me das
horas de estudo noturnas, onde o padre responsável quase sempre era o Pe.Lucas, que continuamente fumava o seu charuto; de como a gente sempre dava um
jeito de ler um livro ou uma enciclopédia para passar o tempo.
Faltava-me alguma coisa? Eis aí
uma pergunta difícil de responder. Para um menino vindo da roça, acostumado no
isolamento, aquele ambiente animado e cheio de novidades era tudo que eu
queria. Então eu não pensava em falta, no entanto, apesar de tudo, eu sentia
uma angústia que eu não sabia exprimir e me deixava inquieto. Parecia uma
necessidade de realizar algo que até hoje sinto.
Lembro-me de dois vizinhos no
dormitório novo: o Ildeu e o Tião Rocha. No dormitório velho, não me lembro bem.
Meu número era 1(um). O portador desse número havia deixado o seminário pouco
tempo antes de eu chegar.
Conversar baixinho com o
travesseiro, não me alembro, mas chorar no travesseiro, devo ter chorado
algumas vezes.
Eu não sabia diferenciar a comida
de uma cozinheira da outra. Parece que havia uma diferença da comida que vinha
para nossa mesa e aquela que ia para a mesa dos padres. Em relação a nossa
comida, eu gostava quando serviam carne de porco, provavelmente pernil, que
vinha com uma gordurinha branca por cima. Eu lambia os beiços!
Não me lembro de cantar o
“Coração Santo” subindo a rampa. Isto deve ser do tempo mais antigo ao meu.
Lembro-me de subir a rampa depois das peladas ou dos treinos de futebol para o
banho, com todo mundo suado e uma catinga de “suvaco” danada. Era dose para
elefante!
4 - Depois da sua saída, que aconteceu com relação
a sua educação? Andou fazendo muitas farras? Namorou muito? Continuou rezando?
Como foi seu encontro com sua esposa Fátima? Ambos caçando borboletas no jardim
da praça?
Resposta: saí do seminário no
final de 1967, tendo já cursado o 2º Científico (hoje: 6ª série do 2º Ciclo).
Como era pensamento do Pe. Justino, o aluno deveria fazer o 3º Científico em
colégio próximo à universidade onde pretendia prestar vestibular para se
adequar melhor às características de cada vestibular. Todavia o Pe. Justino
tinha uma queda para a área agrícola e, naquela época, ele indicava aos alunos
interessados nessa área que se dirigissem a Viçosa, onde existia uma famosa
escola agrícola, a UREMG, hoje UFV.
Meio sem rumo na vida, decidi ir
para Viçosa, pois lá também tinha acabado de se formar em Engenharia Florestal
meu tio Sessé e, um outro primo, o Morelinho, lá ainda se encontrava fazendo o
mesmo curso. Então eu fiz o Colégio Universitário (COLUNI) e prestei vestibular
para Agronomia, completando esses estudos ao final de 1972.
Farras? Não, não tinha jeito para
isso. Quando eu estava no seminário, fiquei muito doutrinado em meu jeito de
agir, e, em ambiente fora do seminário, eu me sentia meio deslocado e acabava
agindo feito um “santinho”: sentia-me comprometido em rezar muito e não gostava
de falar, fazer ou pensar em “bobagens” (sacanagens, indecências). Então desde
as primeiras férias no seminário, fiquei marcado como aquele menino perto de
quem não se falava besteiras nem piadas indecentes, etc, e logo fui recebendo o
apelido de padre (até hoje alguns amigos ainda me tratam por esse apelido).
As meninas de Santana, todas me viam como padre e pareciam
fugir de mim
|
Para complicar a situação, logo
que saí tive que prestar o serviço militar, do qual pelejei para escapar, mas
não teve jeito. No final, foi bom porque me ajudou a tirar a indumentária de
seminarista. Assim, comecei o Tiro de Guerra em Campo Belo no início de 1969 e
depois consegui transferência para Viçosa, onde continuaria estudando e fazendo
o tiro. Foi difícil levar as duas tarefas adiante, mas como a gente tinha uma
boa base de estudos desde o “Dom Cabral”, consegui dar conta das duas coisas.
Como já disse, eu não conseguia
arranjar namoradas. Eu tinha medo de aproximar-me de uma moça e ser rejeitado.
Normalmente eu só conseguia aproximar-me das meninas nos famosos bailes e,
assim mesmo, tomando umas e outras doses de cerveja ou da “marvada”. Quase
sempre levava um “toco”, mas aí não ligava muito, pois já estava “meio alto”.
Como dizia o humorista: “passa a régua”.
Em 1970, quando o Brasil ganhou o
tricampeonato de futebol no México, todo mundo saiu à rua para comemorar. Era
período de aula e eu estava em Viçosa e, lá, a concentração foi na praça
principal, onde era costume as pessoas ficarem dando voltas. Era de noite e
todo mundo já estava num fogo só. De repente, eu olho de lado e vejo uma linda
garota. Ela olhou para mim e sorriu. Eu fiquei mais animado, sorri também e
dei-lhe o braço. Ela aceitou e continuamos dando voltas na praça. Resumindo:
continuamos juntos até por volta da meia noite quando fui deixá-la em casa.
Nessa altura, a brasa já tinha diminuído e eu não estava mais tão eufórico.
Mesmo assim, voltei todo animado para casa, pensando ... dessa vez eu “ me
aprumei”. Acontece que alguns dos meus colegas viram a cena e, nos dias
seguintes, como numa pescaria ficaram incentivando-me a continuar lutando para
trazer o peixe para o balaio. Mas o meu medo costumeiro voltara e eu não
conseguia mais falar com a menina. Tentava telefonar e só gaguejava. No final
das contas o peixe me escapou totalmente. A conversa foi parar no ouvido do EvaldoVilela, outro primo meu de Campo Belo, que depois se tornou professor e chegou
a reitor da UFV. Na ocasião, parece que ele viu o acontecido e como também não
colocava muita fé em mim, comentou numa roda de amigos: “Também uma menina
daquelas, pro Tonho, só de tri em tri”.
Fátima e Antônio José, em 1971.
E assim perdemos o primeiro papa
brasileiro.
|
Fátima e Antônio José, em 2015, 44 motivos para um brinde. |
De vez em quando apareciam em Santana umas meninas de Lavras e era um reboliço. |
5 -
Você/Família andaram fazendo viagens no
exterior. Alguns comentários e observações. Muita coisa diferente? Mineiro
no exterior não pode ficar de cócoras, não é verdade? Você perguntou à Fatima qual a diferença
entre Nova Iorque e Santana do Jacaré?
Fátima, Flaviane, Sávio, Laura e Lucas nos EUA,, em Orlando , out/2015 |
Em frente da Igreja de Madeleine, em Paris. |
Fátima em frente da Louis
Vuitton
|
Antônio José, em Orlando, foto de 1978 |
Fátima na frente da Galeries Lafayette |
dações feitas pelos Sr. Ferreira e Swarça
no combate à broca do café. (clique para ver
os detalhes) |
Antônio José e o engenheiro agrônomo, Mr. Brown, do Coffee Industry Board Foto de 1978 |
Já a Fátima viajou neste ano para
os Estados Unidos, em companhia de nossa filha Flaviane, seu esposo Sávio e as
crianças Laura e Lucas, por ocasião da visita do Papa Francisco ao país.
Fizeram um roteiro extenso durante 17 dias, cruzando os céus americanos de sul
a oeste e depois leste, passando por Miami, Los Angeles, Nova York, Filadélfia,
Orlando e retornando ao Brasil, novamente por Miami.
Fiz a pergunta à Fátima, que você
me sugeriu, e ela respondeu: “em Nova York a gente olha pra cima e só vê
arranha-céu e em Santana, a gente só vê céu”.
6 - Por fim, fale algo sobre sua filha
Camila, que sempre está alegre presente nos nossos Encontros... também
sobre outros filhos(as) , netos(as). E, também, sobre as atividades
da Fátima, que vive promovendo casamentos aí em Lavras.
Camila e sua inseparável companhia, a Safira. Ao fundo a vó Gaída. |
Resposta: realmente a minha filha Camila gosta muito dos nossos
encontros, dos quais ela prefere participar de seu jeito característico: estar
presente, mas nem sempre participando de todos os acontecimentos. Ela se
satisfaz em encontrar e bater um papo com as amigas que ela conheceu nos
primeiros encontros como a Dita, a Nazaré, a Marina, esposa do Tupy, a Judith e outras; e, no resto do tempo, recolhida em seu canto
apreciando os seus cigarrinhos. Assim também como aqui em casa, onde ela
prefere ficar no seu quarto e nem sempre participa dos acontecimentos e festas
de família. É o seu jeito de ser que nós respeitamos e a gente apenas lamenta
que em muitas fotos de família ela não aparece porque não estava presente ao
acontecido.
Paulo Henrique, Natália e Antônio
Henrique
|
Flaviana, Sávio e as crianças, Lucas (1) e Laura (6) |
Temos dois filhos casados: o médico Paulo Henrique, casado com a Natália, estudante de Odontologia, que
nos deram um netinho, o Antônio Henrique (9 anos), e que residem em Lavras; e a Flaviane, assistente social, que eu já
citei, casada com o engenheiro agrônomo Sávio; e
que moram em Ponta Grossa – PR, juntamente com nossos dois outros netinhos, a
Laura (6 anos) e o Lucas (1 aninho).
Amanda e Junior |
Temos também o filho caçula Júnior (Antônio José), formado em Educação
Física, que trabalha na Aeronáutica em Pirassununga, e ainda não se casou, mas
está de namoro com a Amanda, engenheira de alimentos, que trabalha na empresa Jeito Caseiro de Lavras.
Decoração da Fátima no Clube Camuá, Lavras (Out 2015) |
Decoração da Fátima no Clube Camuá, Lavras (Out 2015) - detalhe |
Design floral da Fátima |
Como você me pergunta, a
Foto de outra decoração da Fátima |
7 - Qual a sua visão do Brasil de amanhã?
Resposta: Excelente pergunta, todavia de difícil resposta e para
respondê-la corretamente eu precisaria escrever um livro de, pelo menos, umas
200 páginas. Todavia, vou tentar ser sucinto.
Desde o nosso tempo de seminário ouço dizer: o Brasil é o país do
futuro. E lá se vão mais de 50 anos e parece que esse futuro nunca chega. No
entanto, de fato o Brasil era e continua sendo o país do futuro e já
reconhecido mundialmente como uma potência global, senão vejamos:
a)
Posição do Brasil no panorama mundial: 5º maior país em extensão territorial;
5º em população; 7ª economia mundial (PIB-2014).
b)
O Brasil é um dos líderes mundiais na
produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e
exportador de café, açúcar, etanol de cana-de-açúcar e suco de laranja. Além
disso, lidera o ranking das vendas externas do complexo da soja (farelo, óleo e
grão) e tem o maior rebanho bovino comercial do mundo.
c)
Atualmente, o Brasil é 13º em reserva
e 12º em produção de petróleo no mundo. Levando em conta as estimativas
conservadoras, que apontam que o pré-sal possui reservas da ordem de pelo menos
60 bilhões de barris de petróleo, o país tem chances de entrar para a lista das
10 maiores potências petrolíferas até 2030, ultrapassando Estados Unidos e
Líbia.
d)
O Brasil tem uma participação importante no cenário
mundial de reservas minerais. O Brasil é possuidor das maiores reservas de
nióbio (98,2%), barita (53,3%) e grafita natural (50,7%) em relação ao resto do
mundo. O país se destaca também por suas reservas de tântalo (36,3%) e terras raras
(16,1%), ocupando a posição de segundo maior detentor destes bens minerais. Os
minérios de níquel, estanho e ferro também apresentaram participação
significativa de valores de reserva a nível mundial.
e)
O Brasil possui a maior reserva
mundial de água doce e tem o
maior potencial hídrico da Terra;
aproximadamente 13% de toda água doce do planeta encontra-se em seu território.
f)
Segunda maior reserva florestal do
mundo, atrás apenas da Rússia. No entanto o Brasil possui a maior cobertura de
florestas tropicais do mundo, especialmente concentrada na Região Amazônica.
Por esta razão, aliada ao fato de sua extensão territorial, diversidade
geográfica e climática, nosso país abriga uma imensa diversidade biológica, o
que faz dele o principal entre os países detentores de megadiversidade do
Planeta, possuindo entre 15% a 20% das 1,5 milhão de espécies descritas na
Terra. Possui a flora mais rica do mundo, em torno de 55 mil espécies de
plantas superiores (aproximadamente 22% do total mundial); 524 espécies de mamíferos,
1.677 de aves, 517 de anfíbios e 2.657 de peixes.
Vou parar por aqui com esses dados
estatísticos porque senão esta entrevista vai se alongar além de seus objetivos
estabelecidos e nem todo o mundo tem paciência e tempo para debruçar-se sobre
tantos números.
Então, vem outra pergunta: por que
com tanta riqueza e tamanho potencial o Brasil vive num drama que parece que
vai afundar de uma vez?
Realmente é difícil de entender e eu
já me fiz esta pergunta várias vezes. Eu sou otimista e esperançoso e confio
naquela frase: “o Papa é argentino, mas Deus é brasileiro”. Mas no momento
estou um pouco temeroso. Penso que o futuro do Brasil depende do resultado dessa
briga de cachorros grandes que se está travando atualmente: de um lado um
governo progressista, comandado por uma mulher valente, corajosa e honesta, que
externamente peitou o governo americano na questão das espionagens e na criação
do grupo dos BRICS, mas internamente se encontra fragilizada pela falta de
apoio político e pela pesada campanha da mídia, e, do outro lado, uma oposição
conservadora aliada a grupos
Direitistas radicais (ambos apoiados
por grandes empresas americanas e outras multinacionais interessadas em
apropriar-se de nossas riquezas)
que não reconhecem a derrota nas
urnas e querem a todo custo destituí-la, mesmo que este custo seja implodir o
nosso país. Acho que esse confronto iniciou-se mais ou menos dois anos antes
das últimas eleições e culminou com a declaração da presidente durante a
campanha eleitoral ao manifestar a sua decisão de combater a corrupção,
desmontando pedra sobre pedra, doa a quem doer. Esta firme decisão contribuiu
para que se reunissem do outro lado todos aqueles com o “rabo preso” temerosos
das consequências desta firme determinação, se levada a termo. Isto a enfraqueceu
ainda mais politicamente, porque entre os de “rabo preso” existem grupos de
mídia, da oposição, do judiciário, do ministério público e do próprio governo e
aliados, e só Deus sabe o resultado final desse embate.
8- Lulu: Vai mais
uma pergunta para o Santana: você participou na organização de dois Encontros,
o que você recomendaria para aqueles que vão organizar os próximos? O que não
pode faltar para o sucesso de um Encontro?
Resposta: Penso que os organizadores
do próximo encontro, tendo à frente o Lulu e o Edgard, têm uma grande
experiência na organização de eventos desse tipo e acredito que o encontro em
Senhora de Oliveira será um grande sucesso, superando todos os anteriores. O
que eu posso recomendar é que depois de tudo programado, mais ou menos uma
semana antes do encontro, chequem tudo, para que não ocorram imprevistos de
última hora, como por exemplo, a banda não aparecer, faltar água durante as
viagens, entrar no cemitério para preencher o tempo enquanto a banda não vem,
etc..
9-
Siovani: O meio
acadêmico, ou boa parte dele, ainda tem sido um baluarte na sustentação do PT e
do governo Dilma. O que você tem a dizer-nos sobre o assunto?
Resposta: concordo com você neste ponto e
acrescento que isto se deve em grande parte ao grande esforço que o Lula fez em
seus dois períodos de governo para dar sustentação às universidades e
institutos federais de educação e a Dilma tem dado continuação, criando-se
nesses dois governos do PT várias novas universidades e escolas técnicas, como
também o Prouni e o Ciências sem fronteiras. Tudo isso, somado ao descalabro
que existia nas universidades anteriormente no governo FHC, era de esperar-se
que houvesse um apoio maior no meio acadêmico às políticas do governo Dilma,
todavia não é o que se observa e existem muitas resistências. Acho que isto se
deve à campanha pesada de desmoralização que a mídia faz contra o PT, Lula e
Dilma com interesses escusos. E olha que eu não sou petista de carteirinha,
apenas simpatizante porque me identifico com seus propósitos de justiça,
igualdade, patriotismo, democracia, liberdade, fraternidade e
constitucionalidade, apesar de lamentar alguns erros e fracassos.
Entrevistador: Seoldo
Revisão: Siovani
Edição: Lulu
Revisão: Siovani
Edição: Lulu
Caro Antônio José,
ResponderExcluirCom todo respeito que lhe é merecido, confirmo o desejo de participar de sua entrevista, com a liderança do nosso filósofo, Geraldo Seoldo. Prepare-se, pois ele não perdoa; suas perguntas são perigosas, com alto grau de dificuldade, embora sinta que ele começou pegando mais leve do que aconteceu comigo. Em suma: ele sabe que aí tem café no bule. Esse foi só um pequeno comentário, pois você é um homem sério, cheio de atributos e qualidades singulares. E parece cultivar esses bons costumes desde os tempos de seminário, servindo de exemplo até para alguns de nós, principalmente para mim. (Se você nasceu com alguma coisa na cabeça foi com aquele casquete de cor caqui, não tirava nem pra dormir). Seguem as perguntas que gostaria de fazer:
· Suas qualidades vêm de família?
· Você percebe que passa esse comportamento exemplar para seus filhos?
· Ou é um comportamento tão natural que se torna imperceptível para você?
Desejo-lhe uma boa entrevista.
Um fraternal abraço.
Edgard. Só pra não dizer que não falei das flores.
Este editor pede desculpas ou agradece ao Edgard por ter usado seu comentário para compor a legenda da segunda foto da postagem.
ExcluirCaro amigo Edgard,
ExcluirSinto-me lisonjeado com seus elogios. Muito obrigado. Fique você também sabendo que a recíproca é verdadeira.
É com satisfação que passo a responder-lhe:
a) Sim, acho que grande parte de minhas qualidades vêm de família. Graças a Deus, nasci numa família com bons princípios morais e éticos, desde meus avós e bisavós que conheci como minha bisavó materna, Vó Tude, o meu avô materno Toniquinho Barbosa que muitos seminaristas conheceram, meu avô paterno, Juca Ferreira, meu pai Paulinho Ferreira, já falecido e minha mãe, Margarida que muitos dos easistas conhecem.
Mas devo muito também à formação que tive no seminário Santa Odília e ao longo de minha educação formal, com professores e mestres de gabarito das universidades federais de Viçosa e Lavras. Além disso, tive a felicidade de unir-me em casamento com a Fátima, com quem aprendi muito e também com sua família, que me deram muitos bons exemplos.
b) Sim, como se diz: "a palavra convence, o exemplo arrasta". Então percebo, com muita alegria, que todos os meus filhos também procuram trilhar o bom caminho.
c) Sim, às vezes, a gente não percebe o que está emitindo e, quando recebe uma manifestação favorável de outra pessoa, como esta que veio de você, eu fico pensando: será que eu sou tudo isso mesmo que ele está me dizendo?? Fico feliz de saber que, mesmo inconscientemente, passo boas impressões para as outras pessoas.
Um abraço,
Santana/Toinzé
Bela entrevista! Parabéns ao entrevistador e ao entrevistado!
ResponderExcluirObrigado, Max. Um abraço
ExcluirQuero dizer que,o que me fez ficar parada ao lado dele depois da primeira dança,no baile,foi que me impressionava muito a sua elegância e beleza física e aquilo que era barreira para as santanenses,que o considerava como quase padre,para mim era uma grande qualidade,pois sabia que ,tinha uma formação muito bonita,além de saber que pertencia a uma família linda e com grandes princípios.
ResponderExcluirE,assim,ele se mostra o tempo todo como pessoa,como pai exemplar,amoroso e dedicado á vida dos filhos e,principalmente no dia á dia da Camila;grande companheiro e esposo carinhoso,meu grande apoiador e um avô muito querido!
Agora depois de aposentado,ele tem passado grande parte de seu dia com leituras,e uma das coisas que o tem deixado feliz é ele retornar à infância com estes reecontros de vocês e este blog,onde ele dá altas risadas com as postagens interessantes que os amigos fazem,que por sinal,também são todos ótimos escritores.
Um grande abraço a todos queridos encontristas da Easo.
Fatima.
Não falei que foi a Fátima que me achou primeiro?! Enquanto eu estava indo com o milho, ela já vinha voltando com o fubá. Já foi para o baile com a minha ficha completinha, preparada pela sua rede de informações. E o Degas, aqui, pensando que ele que era o esperto!
ResponderExcluirNa pressa de fazer um chiste, deixei de agradecer as palavras amorosas da Fátima, que me fizeram derreter o coração. Obrigado por você ser esta companheira infatigável sempre me apoiando em todas as horas, principalmente nas mais difíceis.
ExcluirCaro Santana,
ResponderExcluirvocê é um grande contador de histórias, seria bom que você nos brindasse sempre com bons casos como os que narrou.
Interessante sabermos que os santanenses, ou mesmo, que seus familiares (bem, talvez santanenses e familiares sejam mesmo, nesse caso, sinônimos) tenham tomado de assalto a Universidade de Viçosa, até mesmo fazendo um seu Reitor. Só falta que nos seja explicado qual dos dois burgos mais se beneficiou com a simbiose.
Quanto a você ter dito que era e, ainda é, muito medroso, o que pude apreender foi um péssimo julgamento que você tem de suas qualidades, pois é preciso muita coragem para acreditar, sem carteirinha, nesse governo que aí está aliado com esquerdistas radicais como Paulo Maluf, José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor, etc. Coragem que só os puros de coração podem carregar.
Brincadeiras e ideologias à parte, é bonito tudo o que nos relatou sobre você e a Fátima, sua maneira pura de abrir-se e de mostrar-nos o enorme contentamento com tudo o que realizou.
Obrigado amigo Siovani.
ExcluirUm juízo de valor desse, vindo de uma pessoa de seu gabarito linguístico é um diploma a ser dependurado na parede da sala.
Quanto ao primo destacado, trata-se de um campobelense filho de mãe santanense, da família Ferreira, que também estudou no Dom Cabral.
Em relação a nossa discordância, respeito muito a sua opinião política. Todavia, se eu acredito no governo do PT é pelas realizações que já foram apresentadas e aquelas em vias de conclusão, e, não pelos políticos que você mencionou, que ninguém garante que votaram com o PT no último pleito majoritário. É mais certo que tenham votado contra.
Um abraço.
Descobri e tenho lido lenta e pausadamente a entrevista com o Santana. Nossa convivência na EASO foi muito pouca (63-64), todavia o tempo suficiente para senti-lo como bom amigo como se apresenta até hoje.
ResponderExcluirTupy - Sabará - 09/11 - 17h04.
É isso aí, Tupy. Um abraço, caro amigo. Fátima e Camila mandam um abraço para a Marina.
ExcluirSantana/Toinzé
Caro Santana,
ResponderExcluirGostei muito de participar da edição desta entrevista, além de me divertir, pude ver o mesmo que os comentários afirmam: o menino cresceu, tirou a boina da cabeça e a batina da alma e, como fez Bento XVI, renunciou ao papado, mas, apesar de tantas mudanças, nele se percebe o mesmo espírito que já havia aflorado nos anos 1960: além de um grande coração, uma timidez não exagerada e um humor que só se aflora quando provocado. Gente simples, como a que sempre encontramos em Santana do Jacaré. Daí, acredito, os merecidos elogios à sua pessoa e à sua família. Não dou a mínima importância ao fato de termos diferenças com a relação à política, sabemos que em nossas escolhas políticas pesam o bolso, a emoção (ou ideologia) e algumas vezes a ignorância (que descarto no seu caso, pois você olha pelo lado positivo e apresenta fundamentos bem estudados; e no meu, por falta de modéstia). Em política, religião e filosofia, é difícil convencer o outro de que estando nós certos ele está errado, nesses campos, quanto mais espiritualizado e politizado é o homem mais ele acha que alcançou uma verdade inacessível ao que com ele não comunga o mesmo credo, e a razão fica pendurada no cabide mais próprio às ciências e aos não engajados. Assim, reafirmando a nossa amizade, peço licença para destacar uma chamada que você fez para a crônica do Bessa, que, a partir de sua entrevista, pode ser acessada por um simples clique. Gosto daquela crônica e acho que a sua primeira frase já é poesia pura, pois resume recordações e sentimentos muito caros para nós: “Estão de férias os seminaristas da Escola Apostólica Santa Odília”. Quem ler aquela crônica talvez possa ter a mesma sensação que tenho e acho que o Bessa arrepiou quando a escreveu.
Grande abraço
E que edição, caro amigo! A sua edição valorizou em 100% a publicação.
ExcluirObrigado pelas manifestações de apreço. Concordo muito com você sobre opiniões pessoais e o valor da crônica do Bessa.
Um abraço.