Entrevista coordenada por Tupy
Padre Guilherme, que representou todos os padres de Santa
Tereza, em entrevista ao vivo, em novembro de 2013.
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As perguntas aqui apresentadas não estão dirigidas, especificamente, a um
dos senhores, mas a quem se achar mais apto a responder. As respostas não
precisam ser longas, queremos voltar ao passado e reviver com os senhores a experiência
da vinda ao Brasil, a Terra da Santa Cruz. Necessariamente, os senhores não
precisam falar da história da Ordem, posto que, membros que fomos da Escola
Apostólica Santa Odília, muito ouvimos e lemos sobre tão legendária origem.
Vamos lá?
1ª- É possível lembrar como foi, com quem foi e onde aconteceu o primeiro
contato da Igreja do Brasil com as autoridades da Ordem da Santa Cruz para
enviar padres Crúzios para nossa terra?
Resposta: Padre Theodoro Kokke, holandês da cidade Grave, foi
encarregado pelo Bispo de Belém a pedir ao Mestre Geral, van Dinther, uns
padres para ajudá-lo na pastoral, por exemplo, na pastoral de suas visitas
pastorais, na sua grande diocese de Belém. O pedido foi bem recebido
2ª- Para se tomar uma decisão é preciso definir objetivos, analisar os
prós e os contras, não é mesmo? Qual ou quais os objetivos foram estabelecidos?
O que viriam fazer aqui no Brasil?
Resposta: não foi encaminhada ao Blog.
3ª- Isto posto, pergunta-se: O que lhes foi oferecido em termos de
condições para se estabelecerem aqui? Houve um documento formal assinado entre
as duas partes, ou seja, entre aquele que fez a solicitação e quem a atendia?
4ª- Quais foram os primeiros padres a serem destacados para o Brasil?
Resposta 3 e 4 .
Os primeiros que foram enviados: padre João Batista Verkade,
padre Pedro van Bree de Santa Agatha e padre João Maria Verkuylen, de
Diest (B), onde fora mestre de noviços. Mais tarde foi nomeado também
padre Henrique Plag, que já era professor no Colégio Santa Cruz em Uden, este
viajou a partir de Portmouth, Inglaterra. De um possível documento
assinado por ambas as partes, não nos é nada conhecido.
5ª- Em relação à pergunta anterior, como foi e quais as dificuldades
encontradas durante a viagem?
Resposta: 5.
Não falaram nem escreveram sobre esse assunto.
6ª- Na chegada ao Brasil, é possível lembrar-se do local que pisaram pela
primeira vez nessa nossa terra brasileira? Quem os recebeu? Para onde foram
levados?
Resposta 6.
Os primeiros três viajaram de navio, (“Orania” era seu nome) foram para
Recife e, depois de duas semanas, a Belém; e foram recebidos por padres
Lazaristas, que os levaram para o palácio episcopal, onde ficaram os
primeiros tempos e receberam aulas e treinamentos de português. Alberto
Ramos, seminarista naquele tempo, foi encarregado disso.
7ª- E aí, qual foi o local estabelecido para a missão? Onde foram
morar? Como foram para uma casa própria? Onde ficava? Quem foi o primeiro
Superior?
Resposta: 7.
O primeiro superior foi padre João Maria Verkuylen. Dom Lustosa pediu que
os padres não ficassem limitados a acompanhamento de visitas pastorais e que
assumissem um colégio para a juventude. Mas Padre João Maria insistiu na
pastoral no meio de povo, foi atendido, porque as pessoas que moravam
entre a Baía de Guajará e o Rio Guamá concordaram com o grande
espaço “de águas a águas”...A primeira moradia era uma casa perto do Hospício
dos Alienados, que estava aos cuidados das Irmãs Filhas de Santa Ana;
elas cuidavam das refeições dos novos padres. Depois, as irmãs,
Filhas de Santa Ana, ofereceram a sua casa de noviciado e, também, um
empregado, o Sr. Benito Francisco Xavier; este, um amigo fiel, desde o
início esteve ligado aos Crúzios “para o que desse e viesse”. Em
1950, o padre Humberto Nienhuis comprou a casa no Barão de Triunfo 3161, onde
os Crúzios moraram até que o governo geral da Ordem resolveu retirar-se de
Minas Gerais (2011).
8ª- Quais foram as primeiras atividades pastorais desenvolvidas? A língua
dificultou muito?
Resposta 8. As primeiras atividades foram
paroquiais: visitas às famílias, preparação ao Batismo e 1ª Comunhão,
cuidar dos doentes, pastoral dos jovens e animação geral da sua vida. A
nova língua, o português, dificultava.
9ª- Estrangeiros em terras diferentes: clima, língua, cultura,
alimentação, doenças tropicais, etc... Muita coisa para adaptação. Havia algum
relacionamento com outros grupos de religiosos que já se achavam estabelecidos?
Ajudaram muito? Contem para nós!
Resposta: 9.
Muito claramente, desde o início foi o contato pastoral com as Filhas de Santa
Ana e os padres Lazaristas. Foi o motivo do nome da casa dos Crúzios: “Convento
de Santa Ana”.
10ª- Sabemos muito bem que Belém do Pará foi o ponto inicial das
atividades crúzias no Brasil, não é verdade? Pois bem, contem como foi o
desenvolvimento das atividades nessa Cidade das Mangueiras, como, por exemplo a
constituição da Casa, a formação das Paróquias, o trabalho missionários nas
desobrigas, etc...
Resposta: 10.
Os Crúzios, desde o início, moravam em comunidade religiosa da Ordem;
esse hábito foi o motivo de que a cada dia retornassem à sua comunidade para
rezar, alimentar-se e recrear. A partir desta comunidade fizeram-se
as atividades pastorais. A forma original foi uma única paróquia da
Santa Cruz, situada na Avenida Almirante Barroso (antigamente Tito Franco). No
início, os padres falavam com os fiéis e praticavam a obra missionária em
“capelas”; só ao redor de 1974 essas capelas se transformaram em
“paróquias”.
11ª- Daqui “Pra Frente”, gostaríamos que discorressem sobre a
descentralização, ou seja, como e por que deixaram Belém e buscaram outras
terras, para aonde foram, como chegaram a Campo Belo. Quem sabe até relatar
alguns “causos” interessantes vividos nesse tempo todo?
Resposta 11. Os Crúzios chegaram à Belém do
Pará, Brasil, em 1934. Chegou a 2ª guerra mundial. O Mestre Geral
Guilherme van Hees, eleito em Julho de 1947; foi no mesmo ano para
Belém em visita canônica; aí resolveram expandir para Minas
Gerais. O Mestre Geral van Hees junto com Sebastião Sweerts e
Martinho Arntz viajaram ao Rio de Janeiro para uma reunião dos seminários
no Brasil. Encontraram o núncio e os carmelitas e aí conheceram o carmelita
holandezWijsbeck; foi aí que ouviram dos redentoristas de Juiz de Fora
que cederiam uma capela (de Santa Rita) da paróquia redentorista da Glória; por
isso foi erigida a paróquia Santa Rita, aos cuidados dos Crúzios. A partir de
Juiz de Fora, os Crúzios foram para Belo Horizonte, e a partir de lá, para
Campo Belo, dentro da recém-criada diocese de Oliveira. Surgiu disso a
necessidade de uma “escola apostólica” que se desenvolveu até o atual
“Colégio Dom Cabral”; depois, a pedido do bispo de Leopoldina, foram lá,
sonhando em noviciado, uma casa para seminário maior e uma paróquia para
sua manutenção; tudo isso se concretizou na paróquia “São José Operário”.
12ª- Hoje, constatamos que só existem duas Casas Crúzias no Brasil, a
saber, Santa Tereza, em Belo Horizonte e Campo Belo. Pergunta-se, por que não
estabelecer apenas uma Casa?
Resposta 12. No
fim do desenvolvimento histórico encontramos a casa de Belo Horizonte; a
última marca da província adulta “Senhor Bom Jesus”; aí o governo geral
dos Cruzios reuniu os “missionários” que nasceram na Europa; formam uma
casa da “Província européia dos Crúzios”. E como sinal da esperança do futuro
no Brasil, foi destinado Campo Belo, com sua rica história do “Colégio Dom
Cabral”, com a mesma finalidade de casa de formação dos Crúzios. Os
quatro novos padres brasileiros: Júlio, Wilson, José Claudio e Elione são os
frutos da extinta província “Senhor Bom Jesus”, sob a orientação direta
do governo geral em Roma
13ª- Acreditamos que os senhores se sintam realizados com o que fizeram e
continuam fazendo; parafraseando São Paulo: “combati o bom combate, guardei a
fé... resta aguardar a coroa da vitória”. Que mensagem deixam para nós que, de
uma ou outra maneira em nossas vidas de crianças, jovens e dentro de nossas
comunidades, convivemos com os PadresCrúzios da Ordem da Santa Cruz?
Resposta: a resposta a essa pergunta não foi enviada ao Blog.
Agradecemos pela entrevista e saibam que nutrimos um grande amor pelos
Padres Crúzios.
Post scriptum
Abaixo dois vídeos com os padres crúzios de Santa Tereza. O primeiro com os padres João Maria, Teófilo e Tiago, em 13 de dezembro de 2014. O outro com o padre Tiago.
Tupi, muito boa a tentativa da entrevista. Muitos detalhes interessantes/importantes da historia dos cruzios no Brasil. Nunca fomos informados disso apesar de termos passados alguns/muitos anos como 'membros' da Ordem. Seria oportuno ver se Pe. Thiago possa responder as perguntas sem respostas. Em uma visita aos padres cruzios na Santa Teresa, Pe. Guilherme olhou para mim e disse: "Parece que nao soubemos guiar voces". Havia muita sinceridade e humildade na sua expressao. Tambem, so' para ajudar um pouquinho, ha' uma publicacao neste blog (2010) pelo Raimundo Nonato, aonde ele mostra um artigo publicado em 1957 num jornalzinho de Belem sobre os cruzios. De qualquer maneira, valeu o esforco. Seoldo.
ResponderExcluirConcordo com o Seoldo. Ficamos no Seminário tantos anos e jamais nos foi contada a história dos Crúzios no Brasil. Valeu.
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