terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O quadrangular de 1959 (Ipsis litteris)

CONTINUAÇÃO DO QUADRANGULAR                                                               
   Na tarde do dia 19 de abril de abril continuou o quadrangular entre o seminário e os três times do ginásio, com o jogo do seminário e a 3ª série.
   Aos dezessete minutos do primeiro tempo o seminário furou o primeiro gol por intermédio do meia esquerda Antônio Carrara, que recebendo uma bola do comandante Reginaldo, não perdeu tempo e atirou, marcando o primeiro tento para nosso esquadrão. Aos trinta minutos o seminário marca o segundo gol, assinalado por Reginaldo, e dois minutos depois novamente Reginaldo volta a marcar para sua equipe o terceiro tento. Aos trinta e nove minutos o beque central do seminário Lydio, por infelicidade, cabeceou a bola para trás, que encobriu o arqueiro Sebastião, marcando assim um gol contra. Com esta quantia de 3 X 1 terminou o primeiro tempo.
   Aos vinte minutos do segundo tempo houve uma falta dentro da área contra a 3ª série, e o penal foi assinalado pelo juiz; porém a equipe contrária não consentiu e com estas discussões o jogo ficou paralizado por uns dez minutos. Depois de vários debates nosso esquadrão deixou que a falta fosse cobrada fora da área, apesar de ter sido dentro. Esta foi cobrada por Reginaldo que mesmo assim marcou um belíssimo tento para o seminário, ampliando o marcador para quatro gols a nosso favor. Aos vinte e nove minutos o meia direita Pe. Marino marca o quinto gol e aos quarenta e um minutos Reginaldo novamente assinala o sexto gol e com esta quantia terminou a partida. O jogo foi 6 X 1 para nós.
   Na tarde do dia 27 de abril foi realizada a segunda partida do seminário, que jogou contra a 4ª série do ginásio. Ganhamos por cinco tentos a dois.
   Aos sete minutos Reginaldo abre a contagem, marcando o primeiro gol. O segundo foi marcado pela ponta esquerda Pe. Geraldo, aos quatorze minutos. Aos vinte minutos houve um penal contra o time adversário; este foi cobrado por Benone, que assinalou o terceiro tento para o seminário. Com esta contagem encerrou-se primeiro tempo.
   No segundo tempo entrou no esquadrão da 4ª série um grande defensor, Edson. Aos dezessete minutos Clarimundo marca o primeiro gol para a equipe contrária. Aos vinte e três minutos Edson assinala o segundo tento para seu time. Aos quarenta minutos Raimundo marca para o seminário o quarto tento, e aos quarenta e quatro Reginaldo fura o quinto, pois dai a uns minutos terminaria o jogo.
   Com a entrada de Edson (acima referida) para o ginásio, a partida tornou-se mais difícil para nós, pois o seminário vencendo de três a zero, chegou a ficar três a dois. Mas com o gol de Raimundo fêz com que a 4a Série se desanimasse. Com o último tento de Reginaldo estava ganha a partida, depois de suarmos bastante.
  Na atarde do dia 5 de maio realizou-se o terreiro e último jogo para disputar o título de campeão.
  O jogo terminaria empatado de dois a dois, sendo assim o seminário campeão.
   O primeiro gol foi aos vinte e nove minutos, marcado por Edir. Quase desanimamos por completo, mas aos quarenta minutos Reginaldo assinala para o seminário o primeiro tento, assim empatando a partida. Com esta contagem terminou o primeiro período.
  Aos cinco minutos novamente Reginaldo marca o segundo gol para nós, mas o juiz por não ter visto o tento, deu por anulada. Aos sete minutos Pe. Marino marca agora o segundo gol de nosso time. Aos quarenta e dois minutos houve uma falta dentro da área, cometida por Lydio, contra o seminário. Para a cobrança foi Lúcio, que com um belo chute aumentou para dois tentos o placar a favor da 2ª série. Com esta contagem encerrou-se a partida.
   O artilheiro do campeonato foi o comandante do nosso ataque, Reginaldo, e em segundo lugar foi o meia direita da 4ª série do ginásio.
  Assim o seminário levou a cabo mais uma de suas gloriosas campanhas de futebol.
                                               Gerson de Souza Teixeira.
                                                      2ª. série
          Ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

O quadrangular de 1959 parte 1 (Ipsis litteris)

O QUADRANGULAR                                                                            

    Na tarde do dia 6 de abril, o esquadrão do seminário, pela primeira vez nêste ano, deu combate, à 2ª. série do ginásio que foi o primeiro jôgo do quadrangular.
   A princípio o jôgo estava equilibrado, mas não tardou que o placar fosse inaugurado aos cinco minutos por Seoldo ao cobrar uma falta de fora da área. Com isso a equipe adversária não jogou pior, mas não adiantou, porque quinze minutos depois do tento da abertura, Raimundo ao receber a pelota num “corner”, cabeceou-a, ampliando assim, o placar para dois gols. (2 X 0). No enanto o jôgo não parou nisso, pois, aos trinta minutos, novamente Raimundo marca o terceiro tento. Com tudo isso não ficamos satisfeitos e, o nosso ponta esquerda Marquinho, recebendo uma bola na corrida, não teve dificuldade para assinalar o quarto e último gol da primeira fase.
   No segundo período houve modificações, entrando Bessa e Alfredo. Esta etapa começou um pouco igual ao final da primeira, isto é, dando o nosso time um “banho” sensacional e brincando de muitos jeitos. Isto foi o que atrapalhou um pouco, porque surgiu o primeiro tento do adversário, por intermédio de Lúcio, uma das melhores figuras da equipe contrária. Mas, eis que surge um penal a favor da nossa equipe, mas o nosso batedor de penal, Bessa erra-o! Aos trinta minutos, novamente Marquinho, aumenta o placar para cinco. E sòmente dois minutos depois, Raimundo marca o sexto e último tento da partida, dando assim final ao primeiro jôgo.
   O segundo Jôgo foi dois dias depois, contra a 3ª série. O nosso time entrou em campo com toda a coragem. Em lugar do nosso ponta direita  Pe. Marino, entrou o Pe. Geraldo na ponta esquerda., havendo mais outras modificações. O jôgo começou animado e aos cinco minutos houve um penal a nosso favor, o qual foi cobrado por José Geraldo nosso zagueiro direito, que assustadoramente mandou a bola para fora. O jôgo continuou equilibrado e animado. Mas, aos dezenove minutos o juiz marca mais outro penal que foi cobrado pelo nosso comandante, o qual marcou o primeiro tento da partida. Novamente o comandante de nosso ataque, aos trinta minutos, aumentou o placar para dois a zero, terminando assim o primeiro tempo.
   No segundo período, aos seis minutos, a 3ª séire assinala seu primeiro gol. Mas o nosso terceiro e último gol não tardaria, pois, aos vinte e sete minutos, Pe Geraldo marca-o. Com êste nosso time foi à frente várias vezes e também perdeu vários gols. Dez minutos depois surge de repente um tento do adversário, que nos preocupou bastante, porque a 3ª série animou e nós enfraquecemos um pouco. Faltavam somente alguns minutos, os quais nossa defesa aguentou admiravelmente, terminando assim o segundo jôgo, com a nossa vitória.
   O terceiro jôgo foi com a 4ª. série, que estava com um bom time. A partida começou bem, com lances magníficos de ambas equipes. Até aos quarenta minutos continuou assim. Daí a poucos minutos houve um penal contra nós. Foi batido por Maurício e acertado, inaugurando assim o marcador. Quase perdemos a esperança. Terminou o primeiro tempo com 1 X 0 em favor da 4ª. série.
   No segundo tempo a 4ª série entrou disposta, pois aumentaram, no início, o placar para 2 X 0. Mas como os fortes não esmorecem diante dos maiores perigos, nosso “back” José Geraldo marca nosso primeiro gol; e onze minutos mais tarde Reginaldo assinala o segundo gol, terminando assim o jôgo empatado.
   Disto concluímos que êste foi o que mais trabalho nos deu nêstes três primeiros jôgos.
                                               João Cristelli Neto
                                                2ª. série.

Tiradentes (Ipsis litteris)


TIRADENTES                                                                   

    Alguns estudantes brasileiras na França pensaram em alcançar a Independência do Brasil com um movimento amparado pelos E.E.U.U. Destacaram-se entre eles: Domingos Vidal de Barbosa, José Mariano Leal e José Joaquim Maia.
   No Rio de Janeiro, Álvares Maciel encontrou-se com o Sr. Joaquim José da Silva Xavier, homem nobre, de célebre caráter e de modesta origem. Êste exercia a profissão de dentista donde lhe puseram o nome de Tiradentes.
   Maciel continuou seus planos para a libertação do Brasil, que os abraçou com entusiasmo. No grupo principal distinguiam: Tiradentes, a alma principal, o coronel Andrade, o poeta Inácio José de Alvarenga, o Pe. José de Oliveira Rolim e o Dr. Álvares Maciel. Notavam-se ainda: o sargento-mor Luis Vaz de Toledo Piza, Domingos Vidal Barbosa, o poeta e desembargador Tomaz Antônio Gonzada, o poeta Dr. Cláudio Manuel da Costa e o Cônego Luís Vieira da Silva.
   Em casa dos chefes reuniam os conjurados: pensavam em fundar uma universidade em Vila Rica, abrir escolas para o povo. Tôdos temiam a derrama, isto é, a exigência do impôsto atrasado. Os conjurados concordaram em fazer romper o movimento quando fôsse lançada a derrama.
   Em Minas, o vice-rei Luis de Vasconcelos de Souza prendeu os principais conjurados, e Tiradentes foi preso numa casa na rua dos Latoeiros. Os denunciados em Minas foram remetidos para o Rio: Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão em Vila Rica.
   No dia 19 de abril, na cadeia pública do Rio de Janeiro, o Dr. Alves da Rocha entrou no oratório para ler a sentença aos réus. Eram doze os criminosos. Estavam cercados de fôrca embalada e esperavam as últimas palavras de seus destinos. A leitura da sentença durou duas longas horas. Pela sentença os infames eram condenados à fôrca  e a alguns cabia o horror de serem esquartejados e espetados em postes. Logo depois, o mesmo ministro lera a grosseira sentença, vem anunciar a clemência da rainha aos conjurados, que poupava do suplico da morte, exceto a Tiradentes.
   Tiradentes era de espírito grandemente forte. Na manhã de 21 de abril, ao despir-se, dizia: “Que o seu Redentor morrera por êle também nu”. No campo da lampadosa erguia-se um sombrio patíbulo, com 20 degraus, destinado ao memorável exemplo. Na frente da cadeia pública organizou-se a procissão com a irmandade de Misricórida e sua colegiada. Tiradentes tinha as faces abrasadas e caminhava apressado e sem mêdo com um cruxifixo que trazia à mão e à altura dos olhos. Nunca se vira tanta constância e tamanha consolação.
   É chegada a hora do suplício. Subiu ligeiramente os degraus, sem desviar seus olhos do santo crucifixo, e pediu ao carrasco para não demorar.
   Antes do suplício um dos religiosos falou: “Não atraiçoes o teu rei nem por pensamentos, porque as próprias aves levar-te-iam o sentido dêles".  Foi profunda a impressão do povo que abandonou suas casas para ver o espectáculo horroroso. As janelas estavam tôdas cheias de gente e nas praças era impossível o  movimento. As pessoas mais delicadas haviam abandonado a cidade desde a véspera pra não testemunharem a execução.
   Morto Tiradentes, esquartejaram-no e com seu sangue rescreveu-se a certidão do suplício. A cabeça do herói foi colocada num poste em Vila Rica.
  Assim morreu um mártir da Independência do Brasil
José Aureliano da Silva.
2ª. série.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Salve 10 de Maio de 1959 (Ipsis litteris)

                         
SALVE 10 DE MAIO DE 1959
   Hoje comemoramos duas grandes festas: Dia das Mães, e o Dia mundial das Congregações Marianas.
   Antes de falar sobre nossa mãe terrestre, é necessário que falemos primeiro de Nossa Mãe Celestial.
   Ave Maria gratia plena, Ave Maria cheia de graça. Esta é uma das frases, que pronunciamos muitas vezes por dia, inconscientemente;  e a mesma que poderíamos tomar como tema para horas de meditação. Esta foi a primeira frase que o anjo Gabriel disse a Maria. Esta, com a Anunciação, acha-se em dúvida e responde: “Não conheço varão”. Eis a castidade no mais alto grau. Então, o anjo replicou: “Não receiais, Maria, o Espírito Santo descerá sobre ti e o que nascer de ti será obra do Espírito Santo”. E Maria, tendo-se dada totalmente a Deus, respondeu: “Ecce ancilla Domini; Fiat mihi secundum verbum tuum”. Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.
   Depois, Maria vai visitar sua prima Isabel, e lá que  nos defrontamos com uma cena excepcional. A mãe do futuro Salvador encontra-se com a mãe daquele que iria facilitar-lhe a grande missão. E a humilde Santa Isabel exclama: “Donde me vem o privilégio da mãe do meu Senhor visitar-me?” Desta frase se deduz, que Santa Isabel já sabia, que Maria ia ser a mãe do Salvador.
   Hoje é o Dia Mundial das Congregações Marianas. As Congregações Marianas são associações religiosas, tendo por fundador o padre Jesuíta João Leunis em 1563. Estas têm por fim a santificação e a formação de bons católicos, por meio de um amor especial a Maria Santíssima e de imitação de suas virtudes. Ser congregado não é só usar a fita e o distintivo, mas também fazer apostolado, principalmente nas paróquias, onde muitas vezes há um só padre para milhares de paroquianos.
   Mas o seminarista pode fazer apostolado? Perfeitamente. Onde? Na sua ciade, durante as férias, e até dentro do seminário, procurando nunca aborrecer os padres e os colegas, observando o regulamento e dando um bom exemplo em tudo.
   Hoje também é o Dia das mães. A elas queremos fazer tudo para que sejam felizes, porque elas nos criaram até a idade em que nos separamos. E também nossas mães querem fazer tudo por seus filhos parra serem felizes, esforçam-se para os educar, põem-nos nas escolas, mas muitas vezes não têm o necessário para sustentá-los.
   Nossas bondosas mães também pronunciam aquêle “Fiat”, que Nossa Senhora pronunciou no dia da Anunciação. Nossas mães de dizem muitas vezes durante sua vida, neste vale de lágrimas.
   Assim como Nossa Senhora é a fonte, a medianeira de tôdas as graças no céu, por que foi ela, quem nos deu o salvador, assim também uma mãe é como uma pequenina fonte, um riacho que surge e em pouco tempo já criou muitos igarapés. A mãe é que dá conta de tudo no lar. E nós mesmos, quando queremos alguma coisa, pedimos logo à nossa mãe, e, se estiver ao alcance dela, ela não nos negará. Por isso nós não devemos esquecer-nos delas, e rezar sempre por nossas mães, a fim de que sejam sempre felizes.
José Geraldo de Fr. O.
3ª. série

Resultados escolares de 1958 (Ipsis litteris)

                                               O REPÓRTER CRÚZIO
                                             Escola apostólica Santa Odília
                                              Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                           Dezembro de 1958                                  No. 7
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           Resultados escolares de 1958______
Ao início:      28 seminaristas.
ao fim   :        25 seminaristas
Admissão: 7 alunos    3ª. Série:  3     ‘’
1ª. série :   6      ‘’         6ª. série   3      ‘’
2ª. série   :  6      ‘’ 
Classificação conforme a média global
1º. Djalma Francisco Carvalho      série
2º. José Maria de C. Coelho          série              
 3º. Geraldo Hélcio Seoldo Rodr.2ª  série
4º. Gerson de Souza Teixeira        série     
5º. Reginaldo Antônio Maia          série
6º. Antônio de Ázara Maia            série              
 7º. João Henrique dos Santos      série
8º. Edison Júlio da Silva                 série     
9º. Raimundo Nonato da Costa  admissão
10º. João Cristelli Neto                  série              
 11º Benone Fernandes Bilheiro admissão
12º. José Aureliano da Silva          série     
13º. Renato Magalhães Fidelis    admissão
14º. Max J. Ordones F. de S.           série              
 15º. Antônio Araújo Bessa            série
16º. Marcos Antônio Rocha           série     
17º José Geraldo de Fr. O.           admissão
18º. Lydio Costa Reis Filho             série              
19º Antônio Edes Carraro                admissão
20º. Antônio Pinheiro Pereira      admissão     
21º. Sebastião Ans. N. Pandeló      série
22º. Alfredo Dias da Costa          admissão           
 23º. Sebastião da Silva Filho      admissão
24º. Joaquim Ivanir Gomes         admissão     
Resultado Geral
Aprovados:   16
2ª época   :     7
Reprovados:   2
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CRÔNICAS acontecimentos de 1958 (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola apostólica Santa Odília
Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                                              Dezembro de  1958                                                     No. 7
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CRÔNICAS

   Normalmente e sem grandes acontecimentos corre quase todo mês de outubro.
   No dia 29, porém, rejubila a Igreja, quando lhe é dado o novo supremo chefe, o Papa João XXIII, cuja coroação houve dia 4 de novembro.
   No dia 18 o nosso diretor completou mais uma primavera. Sendo um dia de provas, oferecemos-lhe pequenas homenagens durante o café da manhã. No domingo anterior levou-nos êle à Usina Nova, onde nadamos e fizemos algumas refeições. O tempo esteve bom e todos nós gostamos muito do passeio.
   Estamos em vésperas de prova, êste momento de alta tensão, de grande expectativa, em que os alunos se agitam e os professores ficam folgados. Agora êstes últimos inspiram mais mêdo e respeito, pois têm a arma terrível, a bomba que poderão atirar nos seus pupilos menos aplicados.
   Os alunos se afobam e, agora, os que eram simples freqüentadores das autas, começam a trabalhar numa faina louca.
   Mas, em vão... Não há mais tempo.
   Mesmo os estudiosos e conscientes do seu dever passam tristes momentos, à espera inquietante das provas fatais e do momento em que ouvirão os resultados. São estes os maus momentos do fim de ano. Mas ao lado dêstes, há também os momentos de grande alegria.
   Alegrias para os bons alunos, aquêles que souberam aproveitar o tempo e não deixaram para outra época o que mandava a consciência do dever.
   Alegrias para os professores, aquêles que enfrentaram os trabalhos com espírito jovem, sem se irritar; que souberam manter com os alunos uma verdadeira amizade e que, com grande compreensão e paciência suportaram os defeitos de seus discípulos; enfim, para os que aceitaram cristãmente os espinhos que a difícil missão lhes impôs.
   Haverá a alegria das férias, descanso merecido depois de tanto cansaço, na qual os seminaristas e alunos internos terão a felicidade de voltar ao lar e rever os entes queridos, há muito distantes.
   Despediu-se de nós, nos últimos dias do mês de novembro, o Pe. Cornélio, nosso professor de Inglês, Francês e Canto, que foi a Holanda, em gôzo de férias e para fazer um tratamento cirúrgico. Enquanto êle viaja, pedimos a Deus que seja feliz na viagem, nas férias e no tratamento.
   Com as últimas provas no dia 5 de dezembro, começaram finalmente as nossas férias. Todos contam agora os dias que faltam para o esperado momento de visitar os parentes.
   Dia 8 de dezembro, a festa da Imaculada Conceição. Depois da missa, na própria capela, houve a posse da nova diretoria da Congregação Mariana, pela recepção de fita. Foram empossados Antônio Bessa e Reginaldo respectivamente presidente e vice-presidente; Geraldo Seoldo e Marcos Antônio, secretário e 2º. Secretário, respectivamente. Em seguida, em nossa sala de recreio, houve nova reunião da Congregação, na qual discursou o ex-presidente Edison Júlio da Silva, que passou o cargo ao novo presidente, e em seguida José Maria, ex-secretário leu a ata da reunião anterior. Com algumas palavras do diretor se encerrou a reunião.
   A noite do mesmo dia, no Colégio São José, houve a festa da formatura e da despedida de Edison, José Maria e eu, que faremos no próximo ano o noviciado em Leopoldina.
   Na primeira parte da festa dirigiu-nos algumas palavras o nosso diretor, que aproveitou a oportunidade para agradecer aos benfeitores do seminário, aos quais foi também oferecida a festa.
   Seguiram-se dois belos discursos. O primeiro foi feito pelo nosso colega Reginaldo Antônio Maia, em nome de todos os colegas; o segundo foi feito pelo nosso professor de Latim, o Pe. Lucas, nosso paraninfo. Ambos disseram belas palavras sobre a dignidade e a beleza da carreira cuja segunda etapa a iniciaremos.
   Agradeci em seguida a todos que conosco conviveram no seminário, aos nossos bem-feitores e, em nome dos colegas, fiz também a despedida.
   Com um número de canto encerrou-se a 1ª. Parte da festa.
   Antes de iniciar a 2ª. Parte, foram oferecidos refrescos e gostosos salgados.
   Na segunda parte nossos colegas nos brindaram com duas peças teatrais. A primeira se intitula: “ As Calças penhoradas”. A segunda foi uma criação dos nossos colegas juntamente com o Pe. Marino, na qual representaram, em caricatura, os primeiros dias do seminário: os primeiros seminaristas, o nosso diretor e o prédio do seminário.
   Embora os colegas que representaram, sejam principiantes e nunca se tenham apresentado em teatro, fizeram bem e superaram tôda a espectativa, agradando até ao Pe. Luís. O que mais de admirar é que, das duas peças, agradou mais a segunda, sendo a primaria tirada de um livro. Conclui-se, pois, que temos aqui não só atores, mas também bons autores. Parabéns, meus colegas, e continuem sempre, para desenvolver as qualidades, que lhes foram dadas por Deus.
   Nos diversos intervalos tivemos bonitos números de canto por quatro seminaristas: João Cristelli, Gerson, Alfredo e João Henrique.
  Depois do último número de canto “Canção do estudante”, encerrou-se a bonita festa, com as últimas palavras do diretor do seminário, que agradeceu a todos que colaboraram na sua organização.
   Aproveitamo-nos destas crônicas para fazer aqui novamente um agradecimento ao Pe. Marino, aos colegas, em particular ao Reginaldo, pelas suas belas palavras que nos dirigiu, e ao Pe. Lucas, de quem ouvimos também uma bela oração de paraninfo, às Irmãs do Colégio São José e a todos aquêles que estiveram presentes a nossa festa. Levamos para o Seminário Maior a grata recordação dêsse dia festivo em que mais uma vêz êstes  de quem agora nos separamos, mostraram a grande amizade que nos têm.
                                                                              Moacir Borges Beleza
                                                                                              6ª. Série
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AOS LEITORES
FELIZ NATAL
E
PRÓSPERO ANO NOVO
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A vida de um Missionário - visão de 1958 (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola apostólica Santa Odília
Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                           Dezembro de 1958                                                                         No. 7
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A vida de um Missionário

   Vivia em Borken um casal muito piedoso. O homem chamava-se João Geraldo Neuhaus e a mulher chamava-se Cristina Haddick.
   Tiveram eles quatro filhos e, entre eles, havia um muito piedoso, Henrique, que queria ser sacerdote.
   Borken, a paróquia em que nasceu e se criou, é dos mais antigos distritos cristãos do lado direito do Reno. Banhada pelo Rio Aa e por muitos ribeiros, começou como antiga colônia germânica.
   Henrique não morava no centro da cidade, mas numa povoaçãozinha  que pertence a ela, chamava Grutholn. Esta povoação, que possui cêrca de 560 habitantes, é toda católica. Seus habitantes viviam da agricultura. A escola de Grutholn, até pouco tempo, só tinha um professor: o de Henrique. A viagem para os pequenos Neuhaus, da casa paterna à escola de Grutholn, era pequena: gastavam-se, no máximo, dez minutos; para percorrer a distância até a igreja matriz, porém, havia 3,7 quilômetros.
   Aos domingos o pai obrigava seus filhos a assistir à Missa e, quando chegavam em casa, tinham de contar o que o padre falara na pregação. Corria o ano de 1870, quando chegou a ocasião de o menino Henrique começar a estudar e, a cada passo, aumentava a sua vocação para o sacerdócio. Com treze anos fez a sua primeira Comunhão – naquela terra era costume fazer a primeira Comunhão com essa idade.
   Certo dia, depois da missa, Henrique foi falar ao padre que tinha um grande desejo de ser sacerdote e queria o mais breve possível entrar no seminário. Nesse tempo, já tinha feito o seu estudo do grupo e do ginásio. O padre vigário combinou com o pai dele e foi saber de seus professores a sua aplicação e seu comportamento. Informaram-no de que era um menino estudioso, aplicado em tudo e, finalmente, um santo. Levou-o para o seminário, onde os padres e os seminaristas simpatizaram com ele.
   Terminado o noviciado, recomeçaram-se os estudos em regra: a filosofia e teologia. Frei Rogério – assim passou a chamar-se – fêz os votos simples, isto é, para três anos, no dia 24 de maio de 1885; os votos solenes, para a vida tôda, em Bleyerheide, nas mãos de Frei Antônio.
   Frei Rogério continuou sempre feliz e obediente no seminário. Chegou finalmente o dia de realizar o seu grande ideal de ser ministro de Deus. Foi ordenado no dia 7 de agôsto de 1890, e recebeu aprovação para cura d’almas só em 21 de outubro do ano seguinte, quer dizer, poucos dias antes de sua viagem para o Brasil, sua nova pátria.
   Passava o Brasil nesse tempo por uma fase religiosa bem difícil.
   No ano seguinte à sua ordenação Frei Rogério e mais sete frades foram nomeados para o Brasil. Chegaram os oitos padres ao Brasil, em Santa Catarina, onde o superior mandou Frei Rogério para um dos arraiais do estado. Não sabendo falar direito o português, custou a se acostumar com o povo dêsse lugar. 
   Sendo um lugar sem recursos, nem caminho direito tinha o arraial para que se buscasse qualquer coisa na cidade; o caminho que lá havia, mal servia para carro de boi.
   Frei Rogério era vigário dêsse arraial. As vêzes o pobre frei passava noites inteiras e chuvosas, para ir à casa dos doentes. Num lugar daquele, que nunca viu padre, as pessoas mal eram batizadas. Essas pessoas viviam a pear e o pobre frei atrás da salvação de suas almas.
   Algumas estavam para morrer e não queriam receber a Extrema-unção. Já estavam nas mãos do demônio e começavam a chingar o frei, querendo até bater nêle.
   Muitas e muitas vêzes ia êle à casa de alguns paroquianos para benzê-la, porque tinha um filho atentado. Havia também nesse arraial muitos mações que viviam a brigar com o frei, querendo obriga-lo a fazer o entêrro de maçons que morriam.
   Um dia, num domingo à tarde, foi ele ao convento, em Santa Catarina, visitar o superior e lá ficou uns dias. Êste desconfiado de sua saúde pela magreza e por uma tosse esquisita, mandou que êle  fizesse uma consulta médica. Chegando ao hospital, os médicos descobriram que êle estava tuberculoso.
   Mais tarde morria o frei com essa doença, no mesmo hospital.
                                                                                                              Sebastião A. N. Pandeló
                                                                                                                             2ª. série